Por Fernando Brito*
É impressionante como a grande imprensa brasileira tem a ideia do “partido único”.
Tudo o que não é aquilo que ela defende é errado, arcaico, desastroso e – numa palavra – inadmissível.
Hoje, a “Coluna do Estadão” diz que “os devotos de Lula [não] têm coragem de admitir” mas, apesar da liderança folgada nas pesquisas, o calejado ex-presidente petista vem cometendo, sim, erros táticos na condução de sua pré-campanha e revelando fragilidades e inconsistências de sua agenda”.
O maior deles, diz, seria o anúncio de que pretender revogar a “reforma trabalhista” de Michel Temer.
Abstraia-se o fato de que, por eliminar direitos e garantias trabalhistas, não poderia ser outra a posição de um líder trabalhista; mais, de alguém que brotou para a política de suas origens sindicais. “Inconsistente” seria se a defende-se.
Olhe-se apenas sob o ângulo da efetividade da reforma para o que ela se propôs, destravar a criação de postos de trabalho e gerar ” 6 milhões de empregos”, nas palavras do festejado Henrique Meirelles. Passaram-se quatro anos e o resultado, quando não foi zero, foi negativo.
Então, por que é errado? Ora, é porque é, e não é preciso nem conveniente dizer qual a razão.
Lula se aproxima da vitória eleitoral, talvez já no primeiro turno justamente por significar para a a população a retomada do emprego, da ocupação e dos direitos do trabalho, o revés das posições de Bolsonaro, às quais não mereceram reparo do jornal quando se expressaram na frase “melhor algum emprego sem direitos do que direitos sem emprego”.
Perderam-se os dois.
O jornal apressa-se em dizer que Sergio Moro e João Dória “acordaram” e protestaram fortemente contra a intenção de Lula.
Seria conveniente que ambos, então, expusessem claramente que direitos pretendem tomar em troca de que empregos pretendem dar.
*Jornalista e Blogueiro. Via Blog Tijolaço
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