11 julho 2023

Jornalistas abandonam Julian Assange e cortam as suas próprias gargantas

"O fracasso dos jornalistas em montarem uma campanha para libertar Assange é mais um erro catastrófico e auto-destrutivo", considera Hedges




LONDRES - Por Chris Hedges: A perseguição a Julian Assange, juntamente com o clima de medo, de vigilância por atacado do governo dos EUA e o uso da Lei de Espionagem para processar judicialmente delatores, castraram o jornalismo investigativo. A imprensa não só falhou em montar uma campanha contínua para apoiar Julian, cuja extradição parece iminente, mas ela já não tenta mais jogar luz sobre as maquinações internas do poder. Esta falha não só é indesculpável, mas é sinistra.

O governo dos EUA, especialmente as forças militares e agências como a CIA, o FBI, a NSA e a Segurança da Pátria, não têm intenção alguma de se limitarem a Julian – que enfrenta 170 anos de prisão caso seja culpado de violar 17 acusações sob a Lei da Espionagem. Elas estão cimentando no lugar mecanismos de censura estatal draconiana, algumas características da qual foram denunciadas por Matt Taibbi nos Arquivos Twitter, para construírem um totalitarismo corporativo distópico.

Os EUA e o Reino Unido violam descaradamente uma série de normas judiciais e protocolos diplomáticos a fim de manterem Julian preso por sete anos na Embaixada Equatoriana em Londres depois que ele recebeu asilo político do Equador. A CIA, através da empresa espanhola de segurança UC Global, fez gravações das reuniões de Julian com os seus advogados – o que, por si só, deveria invalidar o caso de extradição. Julian ficou detido por mais de quatro anos na notória prisão de alta-segurança de Belmarsh desde quando a Polícia Metropolitana Britânica o arrastou para fora da embaixada em 11 de abril de 2019. Supõe-se que a embaixada seja um território soberano do Equador. Neste caso, Julian não foi condenado por um crime. Ele é acusado sob a Lei de Espionagem dos EUA, apesar de não ser um cidadão estadunidense e do Wikileaks não ser uma publicação com sede nos EUA. Os tribunais britânicos, que se engajaram naquilo que só pode ser descrito como um julgamento-espetáculo, parecem dispostos a entregá-lo aos EUA quando o seu pedido final de apelação for rejeitado, como se prevê. Isso poderá ocorrer em questão de alguns dias ou poucas semanas. (...)

CLIQUE AQUI para continuar lendo o artigo de Chris HedgesJornalista vencedor do Pulitzer Prize (maior prêmio do jornalismo nos EUA), foi correspondente estrangeiro do New York Times, trabalhou para o The Dallas Morning News, The Christian Science Monitor e NPR. -Via Brasil247

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