19 julho 2025

"Inaceitável", diz Lula sobre "intimidação" e "ameaça" de Trump a ministros do STF

Estados Unidos suspenderam os vistos de Alexandre de Moraes e outros magistrados. Presidente Lula fala em "medida arbitrária"

     Donald Trump e Lula (Foto: Reuters | ABR)

247* - Em nota oficial divulgada neste sábado (19), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) repudiou a decisão do governo dos Estados Unidos de suspender os vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A medida foi anunciada por Marco Rubio, secretário de Estado da gestão do presidente Donald Trump, e já provocou reações no governo brasileiro. 

Lula expressou solidariedade aos ministros e classificou a decisão como “mais uma medida arbitrária e completamente sem fundamento” por parte do governo norte-americano. “A interferência de um país no sistema de Justiça de outro é inaceitável e fere os princípios básicos do respeito e da soberania entre as nações”, declarou o chefe do Executivo. “Estou certo de que nenhum tipo de intimidação ou ameaça, de quem quer que seja, vai comprometer a mais importante missão dos poderes e instituições nacionais, que é atuar permanentemente na defesa e preservação do Estado Democrático de Direito".

A reação do governo brasileiro ocorre após Rubio, em publicação na rede social X, afirmar que ordenou “a revogação dos vistos de Moraes e seus aliados no tribunal, bem como de seus familiares próximos, com efeito imediato”. Segundo o secretário, o motivo seria o que chamou de “caça às bruxas política” promovida por Moraes contra Jair Bolsonaro (PL), o que, na visão de Rubio, violaria direitos básicos não apenas de brasileiros, mas também de norte-americanos.

Ainda segundo Rubio, Trump teria deixado claro que sua gestão “responsabilizará estrangeiros responsáveis pela censura de expressão protegida nos Estados Unidos”. No início do mês, o republicano anunciou um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, relacionando a medida diretamente às investigações conduzidas no Brasil sobre a tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023.

Medidas cautelares e suspeitas de fuga - A ofensiva de Washington acontece após o ministro Alexandre de Moraes determinar novas medidas cautelares contra Jair Bolsonaro, com base em indícios de que o ex-presidente estaria articulando para fugir do país e pressionar autoridades internacionais — entre elas o próprio governo Trump — para que impusessem sanções contra o Brasil.

As providências foram justificadas por evidências levantadas pela Polícia Federal e pela Procuradoria-Geral da República, que expressaram preocupação com uma possível fuga e com gestões internacionais para desestabilizar o funcionamento das instituições brasileiras. Moraes destacou que tanto Bolsonaro quanto seu filho, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), radicado nos EUA, estariam implicitamente reconhecendo irregularidades ao buscar ingerência estrangeira em processos judiciais em curso.

Entre as determinações do STF estão: uso obrigatório de tornozeleira eletrônica, toque de recolher noturno e nos finais de semana, proibição de acessar redes sociais, vedação de contato com diplomatas e acusados, além da interdição de frequentar ou se aproximar de embaixadas e consulados. Bolsonaro enfrenta cinco acusações criminais, que incluem formação de quadrilha, danos ao patrimônio público, subversão da ordem constitucional e tentativa de golpe, podendo somar mais de 30 anos de prisão.

Retaliação política e guerra comercial - A escalada da retaliação norte-americana preocupa o Itamaraty e o Planalto, especialmente após o anúncio da elevação de tarifas de importação. Além disso, o Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) iniciou uma reavaliação das relações comerciais bilaterais. Em resposta, o governo Lula estuda contramedidas e articula respostas diplomáticas em fóruns multilaterais.

*Via Brasil247

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