24 julho 2012

“Estado de Exceção no Brasil?”



Por Tarso Genro*

Leio um texto de Bia Barbosa na “Carta Maior”, cujo título é “Brasil forjado na ditadura representa estado de exceção permanente”. Ele cobre um Seminário realizado em São Paulo, com a participação de importantes personalidades da esquerda intelectual do país e ativistas dos direitos humanos. A matéria informa que ali foi consagrado que o Brasil vive um “estado de exceção permanente”, condição ensejada pela própria Constituição de 88 ; que a “elite brasileira branca” permitiu-se molhar a mão de sangue e freqüentar e financiar câmaras de tortura; que a ditadura se retirou, não porque foi derrotada, mas porque cumpriu os seus objetivos; e que paira no Brasil, sobre os mortos e desaparecidos, um grande acordo do “não esclarecimento”.

O que parece (pelo menos pela matéria que foi publicada na Carta Maior), é que o radicalismo das visões ali expostas, joga para outro lado da cerca -para a cumplicidade com a transição conciliada - todos os que defendem que não há um “estado de exceção permanente” no Brasil, logo, quem não concorda com a estratégia política que parte desta constatação original (oposição extrema aos governos Lula e Dilma) é um cúmplice da legitimação do tal “estado de exceção permanente” em nossa democracia.

O suposto radicalismo desta análise levou - pelo menos alguns dos seus destacados representantes - a jogarem água no moinho da direita autoritária e neoliberal durante a chamada “crise do mensalão”, cujo objetivo, como se vê pelo destino de um dos seus mais destacados jacobinos da moral (o Senador Demóstenes), não era combater a corrupção, mas inviabilizar o governo democrático reformista do Presidente Lula. Certamente os que participaram daquele movimento fizeram-no pela concepção, ora esclarecida, de que vivemos numa “exceção permanente” e, assim, Lula encarnaria (como Líder no sentido schmittiano), a plena soberania estatal. Por isso poderia ditar reformas e mudanças profundas, inclusive expressamente de natureza anticapitalista, usando as prerrogativas da “exceção” para realizá-las.

Felizmente, a cobertura que a mídia lhes deu naquele momento, não somou a ponto de potencializar a derrota do Presidente. O resultado é que quase 40 milhões de brasileiros saíram da pobreza, começaram a comer e a estudar, o que aparentemente não sensibiliza os nossos teóricos da exceção. (...)

CLIQUE AQUI para ler a íntegra do artigo (postado originalmente no sítio da Ag. Carta Maior).

*Tarso Fernando Herz Genro (foto): Advogado; ex-prefeito de Porto Alegre/RS;  ex-deputado federal; ex-ministro do Governo Lula;  atual Governador do Estado do Rio Grande do Sul.

Ai, fone - 2


*Charge do Kayser

23 julho 2012

STF: imprensa prepara espetáculo da carta jogada



O presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, e o jornalista "imortal" Merval Pereira tocam instrumentos diferentes, mas nada impede que atuem na mesma fanfarra quando o assunto é a proximidade do julgamento do chamado "mensalão".

O presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, e o jornalista Merval Pereira tocam instrumentos diferentes, mas nada impede que atuem na mesma fanfarra quando o assunto é a proximidade do julgamento do chamado "mensalão". Anos a fio, cada qual no seu campo específico, foram companheiros da banda de música do consórcio demotucano. Não surpreende, assim, a total semelhança entre o artigo do colunista, publicado no jornal O Globo, em 12 de junho, e a declaração de Guerra sobre uma suposta ofensiva do PT e do ex-presidente Lula contra o Supremo Tribunal Federal (STF), que representaria uma ameaça ao regime democrático. 

“Vivemos um momento grave. Uma crise institucional. A democracia no Brasil está ameaçada. O Lula e o PT ameaçam o STF e o Procurador-Geral da República. Isso nunca aconteceu na história do país" (Sérgio Guerra, no encontro de pré-candidatos da legenda). 

"Alegando que o “monopólio da mídia” quer condená-lo a qualquer custo, Dirceu exige um “julgamento técnico”, mas, no discurso, diz que “este julgamento é uma batalha política” que “deve ser travada nas ruas também”, marcando não apenas a contradição entre suas palavras e atos, mas, sobretudo, uma ameaça de pressão ilegítima de forças do aparelho partidário sobre o Supremo Tribunal Federal nunca vista antes"(Merval Pereira, em sua coluna de 12/06, no diário da família Marinho).

O jornalista, um imortal sob encomenda, toca violino e o deputado arrisca no bumbo. O jornalista tenta lidar com o vernáculo simulando fluência e elegância, esgrimindo sua cantilena com graciosa malignidade. Já o estilo do deputado está mais para manifesto udenista às vésperas de golpe. Mas o colunista e o parlamentar estacionam na mesma calçada da crítica veemente aos que insistem em denunciar o enredo midiático do "escândalo" e seus melancólicos intérpretes. 

Fica a impressão de que ambos se apressam a dizer o que os outros querem ouvir com sofreguidão de primeiro da classe na hora da prova da chamada oral. Mas esta lição aprende-se depressa, como veremos abaixo. O jornalismo, como já definiu Bernardo Kucinski (2000:173), "é intervenção, é conhecimento em ação: implica escolhas, opções, direções a seguir, com diferentes consequências" [1]. E bem conhecemos as escolhas da nossa imprensa partidarizada e seus métodos. 

Bem mais que os 300 volumes da Ação Penal 470, estão novamente em questão a imprensa e seu poder de agenda. As regras do xadrez determinam que o rei não pode ficar em xeque e, para escapar à ameaça do mate, a mídia corporativa terá de se movimentar com intensidade no tabuleiro político. 

Voltam à ribalta os arrazoados de seus Torquemadas, repletos de incongruências, adjetivações fáceis e contorcionismos de estilo. Ressurge uma sucessão de relatos que nunca comportaram o princípio do contraditório. Em suma, o que os ministros da mais alta Corte do país têm que superar é, acima de tudo, produto de um jornalismo de ilações e invenções, obra de manipulação contextual e de acusação sem apuração.

Uma farsa que, como já tive oportunidade de escrever aqui mesmo, espera averbação judicial que legitime sua narrativa. Ou melhor, uma força que pretende legislar, submetendo o Judiciário aos mesmos constrangimentos impostos ao Executivo e ao Legislativo.

Querer não é necessariamente poder. E é justamente na distância entre esses dois verbos que repousam, agora, as preocupações do baronato midiático. Dela darão conta, além de Merval Pereira e outros articulistas, cientistas políticos e juristas de viés ideológico conhecido. O que teremos em telas e páginas? A intensificação de processos conhecidos. Métodos de desinformação que decorrem de uma escolha ético-política. 

Teremos a multiplicação dos títulos inexatos ou tendenciosos para uma notícia fielmente escrita; uso tendencioso de aspas e adjetivos; editorialização do noticiário; distorção de fatos, mantendo uma parte da verdade, de modo que a inexatidão proposta pelo resto da notícia pareça verossímil; simulação de objetividade e desequilíbrio de informações. 

A grande imprensa não só exerce a desinformação como também a utiliza como um código, uma gramática normativa dessa prestidigitação diária. Os nossos bravos "cães de guarda" sabem que devem se ater a esse conjunto de normas que sofre permanentes reajustes e atualizações. Disso depende o prestígio no campo jornalístico e a própria manutenção do emprego. Sabem que o verdadeiro diploma que o patronato quer é um atestado diário de fidelidade à ideologia das corporações. 

Merval Pereira, o nosso "imortal" de coletânea, teria, como seus pares, condições para ser cidadão da modernidade. No entanto, como fiéis súditos de Macunaíma preferem alimentar o discurso primitivo de um Sérgio Guerra qualquer. No fundo, todos se merecem. Conluiados no propósito de desestabilizar o governo, nos próximos dias estarão empenhados em sair do ridículo e reinventar a roda. Um exercício inútil.

NOTA
[1] Kucinski, Bernardo. Jornalismo Econômico.São Paulo, Edusp, 2000.


Gilson Caroni Filho (foto)  é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil

Fonte: Carta Maior http://www.cartamaior.com.br

20 julho 2012

Belo Monte: faltam os esclarecimentos necessários



BELO MONTE

Por Wladimir Pomar*

Durante a Cúpula dos Povos, na Rio + 20, a construção da hidrelétrica de Belo Monte foi transformada num dos crimes ambientais mais graves a ser derrotado pelos guerreiros ambientalistas, de quase todas as correntes. Convenhamos que alguns dos argumentos que eles apresentam são procedentes. O histórico de agressões sociais e ambientais praticadas no processo de construção de hidrelétricas no Brasil pode constituir uma folha corrida policial relativamente extensa.

A construção de alternativas de vida às populações que habitavam nas áreas alagadas pelas barragens foi, em geral, negativa, seja em termos de produção agrícola, seja em termos de pesca, os principais meios de vida dessas populações. Governos e engenheiros simplesmente não se preocuparam em construir escadas apropriadas para os peixes realizarem a piracema e desovarem a montante da região das barragens. Com essa falta, introduziram uma mudança drástica na reprodução das espécies desses animais.

O mesmo ocorreu com a navegação fluvial, pelo simples fato dos projetos não incluírem comportas que permitissem elevar e baixar as embarcações à montante e à jusante. Isso, para não falar dos grandes desastres ambientais e financeiros promovidos pelas construções das represas de Balbina e Tucuruí, que inundaram extensas massas de florestas, causando a emissão de gases e a mortandade de parte considerável da fauna das regiões onde se localizaram.

Todas essas populações, que em geral chamam a si mesmas de barrageiras, contam histórias que se assemelham a tragédias. Indenizações que não foram pagas, ou foram insuficientes para a retomada da vida, já em condições diferentes das que viviam antes. Ausência de serviços públicos nas vilas em que foram instaladas, assim como uma série de outros problemas que as deixam saudosas da vida anterior, embora tal vida também fosse de pobreza e dificuldades, oudificulidades, como costumam frisar. A rigor, nenhuma nova oportunidade de trabalho e desenvolvimento social lhes foi apresentada.

Talvez diante disso e da crescente mobilização social contra Belo Monte, a Norte Energia, o consórcio estatal-privado responsável pela construção da hidrelétrica de Belo Monte, tenha decidido trazer a público um anúncio sobre a obra. Esperava-se que tal anúncio não só detalhasse o fato de que a represa de Belo Monte terá um baixo impacto ambiental, em parte devido à alagação mínima, por empregar turbinas de geração de fio d’água, em parte por ter planos para permitir a piracema e a navegação fluvial. E que comprovasse que o impacto social previsto deverá ser mais positivo do que negativo, por incluir medidas de promoção do desenvolvimento econômico e social das populações indígenas e não-indígenas atingidas pela obra, além daquelas necessárias para evitar o colapso dos serviços públicos de saúde, educação e outros, em virtude do aumento populacional da região durante as obras.

No entanto, o que se viu foi um anúncio institucional tradicional sobre a grandeza da obra. O que nos leva a considerar quatro possibilidades. Primeira, os dirigentes desse empreendimento não estão cientes das forças econômicas e políticas interessadas em impedir o processo de desenvolvimento econômico e social do Brasil, do qual a hidrelétrica de Belo Monte é peça estratégica. Segunda, eles sabem disso, mas desprezam a crescente mobilização social que pode emparedar o governo. Terceira, consideram que não precisam levar em conta os argumentos levantados por essa mobilização, por avaliarem que tais argumentos se baseiam no histórico passado de construção hidrelétrica, não nos detalhes do projeto de Belo Monte. Quarta, o que seria pior, ignoram todas as possibilidades acima e acham que basta fazer a publicidade institucional.

Porém, independentemente das possibilidades acima serem verdadeiras ou não, chegou a hora dos responsáveis por essa obra estratégica considerarem seriamente que há uma profunda disputa internacional e nacional para impedir essa obra, disputa que não está restrita a governos e empresários, mas está desbordando para uma mobilização social e política. E que isso está ocorrendo, em grande parte, em virtude da falta de ações ofensivas de informação e de debate técnico, social e político por parte dos que consideram a obra estratégica para o desenvolvimento brasileiro.

Em outras palavras, chegou a hora dos responsáveis pela execução do projeto, que possuem todas as informações necessárias, entrarem na batalha social e política, explicando em detalhes tudo o que está planejado para evitar os erros do passado e atender às demandas de mitigação ambiental e desenvolvimento social, transformando a mobilização contra a represa de Belo Monte em mobilização a favor. Mesmo porque já há experiências concretas de correção dos erros do passado, a exemplo da escada para a piracema da barragem de Itaipu e das comportas de Tucuruí.

A missão de travar essa batalha não pode ficar restrita à militância política que compreende a importância do projeto, pelo simples fato de que a voz dessa militância não tem o peso dos que são diretamente encarregados de dirigi-lo. Portanto, é uma missão a ser realizada principalmente por estes e pelos setores do governo envolvidos no problema. A não ser que aquelas possibilidades sejam reais.

*Wladimir Pomar é escritor e analista político. (Via Correio da Cidadania)

18 julho 2012

Economia

  O recuo do PIB e a retomada

     
    Por João Motta*

Em 2011, há pouco mais de seis meses, o Rio Grande do Sul comemorava o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 5,7%, equivalente a quase o dobro da média nacional. O bom momento da agropecuária, junto à expansão dos serviços e da indústria, garantiu um ano excelente para a economia gaúcha, apesar do cenário de crise internacional. Entretanto, já naquele momento identificávamos as dificuldades que o Estado teria devido ao período de estiagem, que, somado ao recrudescimento da crise na Europa - ainda sem solução à vista - e com reflexos para os países "emergentes", que antes sustentavam a demanda mundial, indicam claros sinais de forte desaceleração.

Em nível nacional, a produção industrial encontra-se estagnada, e as exportações apresentam queda. No Rio Grande do Sul, os efeitos da forte estiagem deste ano vem somar-se a esse contexto. A história recente da economia gaúcha mostra que, quando a agricultura tem uma quebra de safra, o PIB do Estado cresce abaixo da média nacional. Foi assim nos anos de 2004, 2005 e 2008. Em 2012, a redução de 27,0% na produção da agropecuária fez com que o PIB total do Estado caísse 1,8% no primeiro trimestre do ano, enquanto, no mesmo período, a economia brasileira cresceu 0,8%.

É importante destacar, entretanto, que, em 2012, ao contrário da grande estiagem ocorrida em 2005, as perdas econômicas com origem na agricultura gaúcha estão restritas a esse setor. Os preços agrícolas em alta e a boa capitalização do produtor, que resulta de três boas safras consecutivas, estão servindo de freio à queda da renda agrícola. Isso é muito importante, pois atenua os efeitos indiretos sobre os outros setores econômicos do Estado, como a produção de bens de capital ligados à agricultura e às vendas do comércio. Os setores da indústria (+0,9%) e serviços (+2,4%) apresentaram resultados positivos, que, mesmo modestos, mostram crescimento superior à média brasileira.

O Estado do Rio Grande do Sul, assim como o governo federal, entende que a estratégia para enfrentar os efeitos da crise é investir. Os dados já revelam que, a despeito das adversidades, a economia gaúcha se mostra resistente. Isso se deve, em grande medida, à continuidade dos investimentos públicos e aos fortes investimentos privados em nosso Estado, tanto para a ampliação da capacidade produtiva, quanto em infraestrutura. Na iniciativa privada, com a expansão da GM, Marco Polo, do Polo Naval e Hyundai, temos R$ 6 bilhões no Estado. O governo federal adota medidas anticíclicas para sustentar o nível de emprego e renda. A estratégia do governo do Estado, buscando investimentos externos que já somam R$ 3,7 bilhões, entre financiamentos do Bird, BID e BNDES, e programas federais, como PAC1 e 2, foi antecipada, resultando em um momento em que o Estado tem recursos para investir na retomada do desenvolvimento. Temos a confiança de que a afirmação da função do Estado na indução da economia indicará taxas de crescimento mais expressivas tanto para a economia nacional, quanto para o Rio Grande do Sul.

*João Constantino Pavani Motta é secretário de Planejamento, Gestão e Participação Cidadã do Rio Grande do Sul  

Fonte: http://www.pauloferreira.net.br

17 julho 2012

#2BlogProgRS



O 2º Encontro de Blogueir@s do RS vai ser nos dias 3 e 4 de agosto em Porto Alegre. As inscrições já estão abertas. Veja mais clicando  AQUI

16 julho 2012

Declaração do Foro de São Paulo sobre comunicação



DEMOCRATIZAR A COMUNICAÇÃO: DESAFIO DOS GOVERNOS DE ESQUERDA 


De Caracas (Venezuela) – A necessidade de democratização dos meios de comunicação foi um dos 41 pontos que compõem a Declaração de Caracas, lida no encerramento do XVIII Encontro do Foro de São Paulo, realizado nos dias 4, 5 e 6 de julho na capital venezuelana. Segundo os organizadores, participaram 800 delegados e delegadas de 100 partidos e organizações de esquerda de 50 países dos cinco continentes, a maioria da América Latina e Caribe.
Eis na íntegra o ponto 6, o das comunicações e, em seguida, alguns destaques:
“A direita vem desencadeando uma ampla campanha midiática orquestrada pelo poderoso consórcio internacional de comunicações. A atitude dos grandes meios de comunicação e da direita é um tema recorrente na agenda política regional. As grandes corporações desenvolvem planos para desestabilizar governos, comportando-se como um poder capaz de se colocar acima de autoridades públicas emanadas do sufrágio universal. Grandes empresas midiáticas desafiam dia a dia a democracia e suas instituições. Este é talvez um dos maiores desafios que têm pela frente os governos de esquerda: a democratização da comunicação”. (...)
CLIQUE AQUI para ler na íntegra (via Blog Fazendo Media).

200.000 acessos!!!


Mídia Livre -  Por óbvio,  não nos move o interesse de competir - nem  de comparar -  nossa 'performance' com blogs e sites que já andam  na 'casa dos milhões'...  Mas,  não poderíamos deixar de fazer - muito honrados! - o presente registro, ainda mais que este pode até ser  um número singelo, mas  é real, verdadeiro, sem truques e 'otras cositas (tecnológicas) mas': o Blog, hoje, atingiu - e superou - 200 mil acessos!!!

Obrigado a tod@s pelas visitas, contribuições e comentários. Continuem nos visitando!


'É pra frente que se anda!'  A luta segue!

O Editor 

15 julho 2012

Comissão da Verdade no RS


Tarso Genro cria Comissão Estadual da Verdade no Rio Grande do Sul

Porto Alegre/RS -  Agência Carta Maior - O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, assina terça-feira (17) o decreto que cria a Comissão Estadual da Verdade, destinada a facilitar o acesso da sociedade a documentos oficiais da ditadura civil-militar (1964 - 1985). A comissão terá como objetivo resgatar a memória política e histórica do Estado e subsidiar os trabalhos da Comissão Nacional da Verdade, criada no final de 2011 pela presidenta Dilma Rousseff através da lei 12.528/2011.

A solenidade de criação da Comissão Estadual da Verdade ocorrerá durante a conferência Direitos Humanos, Desenvolvimento e Criminalidade Global, que será apresentada pelo juiz espanhol Baltasar Garzón, a partir das 18h, no auditório do Ministério Público do Estado (Avenida Aureliano de Figueiredo Pinto, 80). Garzón vem ao Brasil a convite do governador Tarso Genro, que o homenageará com a Comenda da Ordem do Ponche Verde. 

A conferência também terá a presença do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e atual coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Gilson Dipp, da ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, do ministro de Defesa do Uruguai, Eleutério Huidobro, além do procurador aposentado do Estado, Jacques Alfonsin.

A entrada é gratuita e não depende de inscrições.

Collor, Globo, Veja...



*Discurso do senador Fernando Collor de Mello (PTB)  na CPI do Cachoeira (ou a origem/motivo da reportagem do Fantástico de hoje à noite)...

14 julho 2012

A Globo, Collor e Cia...



A Globo, a Veja* e Fernando Collor, entre beijos e tapas...


Do Viomundo - Vinte anos depois de um dos episódios mais dramáticos da História do Brasil – o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello – Rosane Collor, a ex-primeira dama da época, conta em detalhes o que viu e viveu ao lado  do ex-marido. (...)


CLIQUE AQUI para ver mais.

*A (não)Veja - nem leia! - deu também, como a Globo, grande contribuição na eleição de Collor em 1989... 

'Às armas, Cidadãos! Formai vossos batalhões!'




* La Marsellaise -  (Hino Nacional da França) - Autor:  Rouget de Lisle  - 1792 - com Milva (Maria Ilva Biolcati) 
...
(Outra singela homenagem do Blog, na data em que é comemorada a Tomada da Bastilha, episódio central da Revolução Francesa de 1789).

13 julho 2012

Minha Geração!




*The Who - My Generation

(Singelo registro do Blog pela passagem do  'Dia Mundial do Rock'!) 

FHC ouviu o galo cantar; achou que era um tucano



Fernando Henrique Cardoso recebeu um prêmio da Biblioteca do Congresso dos EUA, cuja primeira edição agraciou a tradição dos intelectuais arrependidos da esquerda. O polonês Leszek Kolakowski inaugurou a fila do 'Pluge' em 2003 depois de concluir uma baldeação do marxismo ortodoxo à rejeição radical da obra de Marx, classificada por ele como a 'maior ilusão do século XX". No caso de FHC, o prêmio de U$ 1 milhão brindou os desdobramentos políticos de suas reflexões sobre a dependência. No entender dos curadores, elas teriam demonstrado como os países periféricos 'podem fazer escolhas inteligentes e estratégicas' (leia-se dentro dos marcos dos livres mercados) mesmo estando em desvantagens em relação às nações industrializadas".

O tucano não decepcionou. Na entrevista após embolsar o galardão falou grosso. E acusou Lula de ser responsável pelas agruras atuais da indústria nativa (perda de competitividade e de peso no PIB), ao interromper as reformas liberalizantes. Isso mesmo, aquelas das quais seu governo foi um instrumento e cuja correspondência no plano internacional, como se verifica, legou-nos um mundo de fastígio e virtudes sociais. O diagnóstico do sociólogo, como se sabe, vem ancorado em atilada visão macroeconômica.(...)

-CLIQUE AQUI para ler a íntegra da postagem (via Agência Carta Maior).

12 julho 2012

Na CORAG


* Registro da visita que fiz ao companheiro Homero Paim  (ao centro, na foto acima), Presidente da CORAG (Cia Riograndense de Artes Gráficas),  na companhia do vereador e Presidente do PT de Porto Alegre,  companheiro Adeli Sell.

A CORAG tem por missão 'publicar os atos oficiais, prestar serviços gráficos e de preservação documental, suprindo as necessidades do mercado, com qualidade e tecnologias adequadas, contribuindo para que a sociedade disponha de informações exatas e serviços confiáveis'. Edita, dentre outras publicações,  o Diário Oficial do Estado do RS.  

Foi criada através da lei n.° 6.573 publicada no Diário do Estado de 05.06.1973. Transformada de Departamento de Imprensa Oficial para Sociedade de Economia Mista em 11 de setembro de 1973, atualmente é vinculada à Secretaria da Administração e dos Recursos Humanos.A sede da CORAG está localizada em uma área de 10.600 m² em Porto Alegre. Possui um parque gráfico totalmente informatizado, com capacidade instalada para transformar 100 toneladas de papel por mês em informação. Está localizada  na Av. Aparício Borges, 2199, no Bairro Partenon, em Porto Alegre/RS.

-Na tarde de ontem, 11/07/2012.

(Créditos da foto: Tiago Belinski)

11 julho 2012

Entrevista com o SANTIAGO




'A charge como espaço de combate'


Se nos últimos anos o Brasil no exterior deixou de ser reconhecido apenas por seu futebol e seu samba graças ao crescimento econômico e de influência política, alguns personagens antes disso já furavam as barreiras fronteiriças e carregavam a ideia de “brasileiro” como sinônimo de charges contundentes e de qualidade.
Santiago é um dos chargistas brasileiros que sempre teve grande reconhecimento fora do país. Passou por algumas redações da mídia dominante no país, mas quase sempre foram passagens curtas e tumultuadas, graças à vocação crítica do desenhista e ao rabo preso das empresas.
Na entrevista a seguir, Santiago fala sobre o mundo das charges e o mundo fora delas, ambos tão grandes e complexos.
CLIQUE AQUI para  ler a entrevista concedida por Santiago (Neltair Rebés Abreu) ao Jornalismo B (fonte desta postagem).

10 julho 2012

Em Porto Alegre/RS...


*Em Porto Alegre, o caminho da mudança - e para recolocar a capital dos gaúchos no ritmo pujante que vive hoje o Rio Grande e o Brasil -  se dará através da eleição da FRENTE POPULAR com o companheiro   #VILLA13 PREFEITO! (na foto acima com o blogueiro), devidamente acompanhado de uma forte bancada de vereador@s do PT e aliados, a começar pelo meu amigo e companheiro vereador ADELI SELL (na foto abaixo com o blogueiro, durante a  festa da vitória no PED do PT/Poa de 2010, quando foi eleito Presidente do PT de Porto Alegre). 


 Adeli Sell está no seu 4º  mandato como vereador e  concorre à reeleição.


-CLIQUE AQUI para ler mais (Blog do Adeli).

09 julho 2012

Em Santiago/RS...


Em Santiago/RS, com BUENO e a UNIDADE POPULAR!
   
   Por Júlio Garcia

Do ‘O Boqueirão’ - Estive visitando Santiago neste final de semana, oportunidade em que revi meu pai, amigos e familiares e participei de atividades da campanha da UNIDADE POPULAR, coligação que é integrada pelo PT/PDT/PPL, com o apoio do PSD. Participei no sábado também de uma importante reunião com os companheiros que integram a Unidade e Luta Democrática (ULD), tendência que integro no PT e que em Santiago apresentou seis candidatos à vereança. O companheiro ANTÔNIO BUENO, candidato a Prefeito pelo PT (ao centro da foto acima, juntamente com este blogueiro e com o companheiro Ruben Finamor, Coordenador Geral da campanha da UP), também integra os quadros da ULD. O companheiro Moacir Nazário, o Ci, candidato a vereador por Unistalda  - igualmente integrante  da ULD do PT - também se fez presente na reunião.

Estive ainda prestigiando (e degustando!), domingo ao meio-dia, o excelente risoto organizado pela Associação Comunitária do Bairro Lulu Genro,  um dos mais importantes e participativos de Santiago. A entusiástica equipe organizadora do  elogiado risoto foi  comandada  pelo amigo Miguel Bianchini, vereador do PPL, nosso companheiro e  aliado,  grande liderança no bairro (e  no município) e também candidato à reeleição à vereança.

O clima de entusiasmo e determinação de todos foi  contagiante e  é prenúncio de que faremos uma  campanha criativa, propositiva, demarcatória e com grandes possibilidades de surpreender positivamente nas eleições de outubro.  Como foi dito mais de uma vez na reunião: "Santiago não pode ficar na contramão do Estado e do País.  Com Tarso, com Dilma, temos que, também, andar pra frente! É a hora da Unidade Popular governar Santiago. Onde o PT Governa, dá certo. Chega dos mesmos!" (...)

-CLIQUE AQUI para ver mais.

O perigo da partidarização ... da Justiça!

 

Partidarização da justiça ameaça a democracia brasileira

     *Por Eduardo Guimarães

Este ano, uma das principais anomalias da democracia brasileira emergirá com força. A proximidade do julgamento do “mensalão” do PT revela que, dos três pilares da República (Executivo, Legislativo e Judiciário), um não passou pela depuração da hegemonia conservadora oriunda da ditadura.

A democracia tratou de equilibrar a correlação de forças políticas e ideológicas nos Poderes Executivo e Legislativo. A renovação de quadros que os processos eleitorais impõem a esses Poderes a cada quatro ou oito anos (neste caso, nas eleições para o Senado Federal) permite que acompanhem os anseios da sociedade por pluralidade.

Esse efeito benfazejo da democracia, porém, não atinge a terceira perna do tripé que sustenta a República, o Judiciário.

Ainda que a cúpula desse Poder seja designada pelos poderes Executivo e Legislativo através da indicação dos membros do Supremo Tribunal Federal pelo Executivo, com referendo do Legislativo, o resto do corpo da Justiça brasileira ainda sofre os efeitos de décadas a fio de controle conservador das instituições.

O funcionamento da Justiça brasileira, no varejo, mostra seu viés conservador. Da juíza que mandou massacrar milhares de famílias do bairro de Pinheirinho em São José dos Campos para beneficiar um ricaço corrupto às decisões judiciais nos Estados que atendem aos interesses das famílias midiáticas e de seus prepostos, é claro o viés político-ideológico que distorce a Justiça.

Mesmo no Supremo Tribunal Federal, espanta constatar como o julgamento do “mensalão” do PT, de interesse da direita midiática, ultrapassou, temporalmente, o julgamento de escândalos mais antigos (como o mensalão do PSDB mineiro), que se arrastam simplesmente porque a mídia não se interessa por eles.

Bastou a mídia fazer pressão para o julgamento do mensalão ser marcado, ultrapassando ilegalmente casos mais antigos que se arrastam. Aí se tem a demonstração de que mesmo em um Supremo renovado pela indicação de juízes sem vínculos políticos como os indicados pelos governos anteriores ao de Lula, o poder de chantagem da mídia ainda intimida a Justiça. (...)

-LEIA a íntegra da postagem CLICANDO AQUI

*Editor do Blog da Cidadania, fonte desta postagem.

05 julho 2012

O início da campanha eleitoral em Porto Alegre


PT de Porto Alegre mobiliza militância e apoiadores da candidatura de Adão Villaverde

Nesta sexta ocorre também o primeiro debate entre os candidatos à prefeitura da capital dos gaúchos

Nesta sexta-feira, 06 de julho, a militância do Partido dos Trabalhadores está sendo convocada a estar desde cedo presente na rua. Além de ser o primeiro dia da campanha eleitoral, o  candidato petista, deputado Adão Villaverde, participará do primeiro debate público, que será realizado a partir das 8h:10min, na Câmara Municipal de Porto Alegre, com os demais  candidatos à prefeitura de Porto Alegre.  O debate será transmitido  pela TV Com e Rádio Gaúcha.

Com o objetivo de aglutinar a militância petista, em conjunto com os partidos que apóiam a candidatura de Adão Villaverde prefeito, a direção do PT está convocando  "todos e todas a pegar suas bandeiras, vestir sua camiseta e tomar as ruas de Porto Alegre, para juntos darmos a largada oficial na nossa campanha".

"Nosso objetivo é conseguir reviver os gloriosos tempos de militância do nosso PT, que saía às ruas para defender nossas ideias. É isto que queremos mais uma vez, por isso nosso chamado para estarem presentes desde cedo, nas redondezas da Câmara Municipal”, resumiu o presidente do PT de Porto Alegre, vereador Adeli Sell.

Segundo ele, após o debate, a militância será convidada a se deslocar até o Largo Glênio Peres, no centro da Capital, onde será realizado mais um 'bandeiraço', em conjunto com todos os partidos da aliança: PT, PR, PV, PPL, PTC, PRTB e PTdoB.

*Com o Blog do Adeli -  http://blogdoadeli.blogspot.com.br/

04 julho 2012

Votação das Prioridades do RS


População do Estado vota projetos prioritários do Orçamento 2013 na quarta-feira
Porto Alegre/RS - Todos os cidadãos gaúchos que possuem título eleitoral poderão participar nesta quarta-feira (04) da definição dos projetos regionais para o Orçamento Estadual 2013. A Votação de Prioridades, que ocorre em todo o Estado, é uma das etapas finais da discussão participativa do Orçamento do Estado. Em 2011, 1 milhão 134 mil pessoas deram o seu voto, o equivalente a 14% do eleitorado gaúcho. 

"Milhares de gaúchos e gaúchas já participaram das plenárias regionais do Orçamento Participativo, honrando o Sistema Estadual de Participação Popular e Cidadã que nosso governo está instituindo progressivamente no Estado. Vamos a partir da consciência que adquirimos neste debate, escolher aquela prioridade mais importante para a vida cotidiana, para a organização de cada comunidade e para o desenvolvimento da região", afirma o governador Tarso Genro, em vídeo no qual convida a população à votação (http://bit.ly/LN5F6G). O chefe do Executivo votará, às 8h30, no Palácio Piratini. 

Voto em urna, internet e celular

Os eleitores podem votar em até quatro projetos regionais, e em até duas prioridades estratégicas. Na votação presencial, as cédulas estarão disponíveis em milhares de urnas distribuídas em todos os municípios gaúchos. Os cidadãos também poderão votar pela internet, através de um sistema que estará instalado a partir das 8h desta quarta-feira (04), no Portal da Participação (www.participa.rs.gov.br).


Nas regiões Metropolitano Delta do Jacuí e Vale do Sinos, também será possível votar por mensagem via celular, enviando sms para o número 28506, registrando nº do título de eleitor#nº do RG#nº do projeto# (os códigos dos projetos podem ser acessados no Portal, e nos jornais diários da região). 


No Portal da Participação, já podem ser acessadas todas as cédulas das 28 regiões dos Coredes, com a descrição dos projetos regionais. No total, são 422 projetos, que disputam um mínimo de R$ 165 milhões em verbas do Orçamento 2013. Nos locais de votação, o processo se estenderá das 9h às 18h. Já pela internet, através do sitewww.participa.rs.gov.br, o horário será das 8h às 24h. Acesse o tutorial que explica como votar online:http://www.estado.rs.gov.br/arquivos/arqs_anexos/votacaodeprioridades_resumo_v11.pdf 


Todo o processo de discussão do Orçamento Estadual 2013 já mobilizou mais de 70 mil pessoas em pelo menos 550 reuniões e assembleias regionais e municipais em todo o Estado. A elaboração do Orçamento de forma participativa faz parte do Sistema Estadual de Participação Popular e Cidadã, formado também pelos instrumentos e programas desenvolvidos pelo Gabinete Digital, Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), Gabinete dos Prefeitos e Relações Federativas, Gabinete do Vice-Governador e Secretaria Geral de Governo. 
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Texto: Carine Prevedello Edição: Redação Secom (51)3210-4305 - Via Portal do  Governo do RS  - Edição final e grifos deste blog

03 julho 2012

'Rompimento em BH é parte de movimento mais amplo do PSB'


PT de BH já vive tempos de candidatura Patrus Ananias

  Por José Dirceu*

Apesar das declarações contraditórias do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), que rompeu a aliança de seu partido com o PT nos últimos dias da semana passada, mas desde então faz juras de fé no restabelecimento do acordo, na capital mineira nós estamos com Patrus Ananias (foto), o ex-ministro de Desenvolvimento Social do governo Lula, agora nosso candidato à Prefeitura.

Vamos com Patrus para prefeito e temos tudo para ganhar com a coligação já fechada com o PMDB e abertos aos entendimentos com as demais forças politicas da capital mineira que apoiam uma alternativa a aliança preferencial de Márcio Lacerda com o PSDB, como ele mesmo deixa claro nas entrevistas.

Na prática, e apesar das declarações em contrário, o prefeito Márcio Lacerda é que rompeu o acordo PT-PSB. Faltou à palavra empenhada com a direção nacional do PT. empenhada por ele e pelo presidente estadual do PSB de Minas, o ex-ministro do Turismo, Mares Guia, fiador do acordo até o final mas que, na prática, foi desautorizado pelo seu companheiro prefeito.

Rompimento em BH é parte de movimento mais amplo do PSB

Agora, diante dos desdobramentos políticos em Minas, fica cada vez mais claro que o movimento nessa linha não foi apenas em BH. O PSB mineiro rompeu ao mesmo tempo vários acordos em todo o Estado - e em diversos pontos do país - atendendo à pressão do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e do tucanato e dando uma sinalização clara da preferência por uma aliança em 2014 com os tucanos.

É um direito legítimo do PSB e do PSDB, ainda que o movimento pró-rompimento tenha se dado quase na calada da noite, em cima do prazo final (30.06) para a realização de convenções municipais e quando praticamente não havia mais tempo para os aliados desenvolverem as articulações.

Tampouco as declarações pró-reatamento feitas pelo prefeito Márcio Lacerda encobrem o fato de que eles romperam um acordo selado pela palavra empenhada deles, como se faz lealmente em política. Mas, depois do que aconteceu em Recife, onde o presidente nacional do partido, o governador Eduardo Campos, também rompeu acordo semelhante feito ali, tudo é possível em se tratando do PSB.

Fonte: www.zedirceu.com.br  - Edição final  e grifos deste blog

02 julho 2012

Castro Alves: 'Ode ao Dois de Julho'


          Ode ao Dous de Julho


         Era no Dous de Julho. A pugna imensa
         Travara-se nos cerros da Bahia...
         O anjo da morte pálido cosia
         Uma vasta mortalha em Pirajá.
         "Neste lençol tão largo, tão extenso,
         "Como um pedaço roto do infinito ...
          O mundo perguntava erguendo um grito:
         "Qual dos gigantes morto rolará?! ...
        
          Debruçados do céu. . . a noite e os astros
          Seguiam da peleja o incerto fado...
          Era tocha — o fuzil avermelhado!
          Era o Circo de Roma — o vasto chão!
          Por palmas — o troar da artilharia!
          Por feras — os canhões negros rugiam!
          Por atletas — dous povos se batiam!
          Enorme anfiteatro — era a amplidão!

         Não! Não eram dous povos os que abalavam
         Naquele instante o solo ensangüentado...
         Era o porvir — em frente do passado,
         A liberdade — em frente à escravidão.

         Era a luta das águias — e do abutre,
         A revolta do pulso — contra os ferros,
         O pugilato da razão — com os erros,
         O duelo da treva — e do clarão! ...

         No entanto a luta recrescia indômita
         As bandeiras - corno águias eriçadas —
         "Se abismavam com as asas desdobradas
         Na selva escura da fumaça atroz...
         Tonto de espanto, cego de metralha
         O arcanjo do triunfo vacilava...
         E a glória desgrenhada acalentava
         O cadáver sangrento dos heróis!
        ......................................................
         ......................................................

       Mas quando a branca estrela matutina
       Surgiu do espaço e as brisas forasteiras
       No verde leque das gentis palmeiras
       Foram cantar os hinos do arrebol,
       Lá do campo deserto da batalha
       Uma voz se elevou clara e divina.
       Eras tu — liberdade peregrina!
       Esposa do porvir — noiva do Sol!...

      Eras tu que, com os dedos ensopados
      No sangue dos avós mortos na guerra,
      Livre sagravas a Colúmbia terra,
      Sagravas livre a nova geração!
      Tu que erguias, subida na pirâmide
      Formada pelos mortos do Cabrito,
      Um pedaço de gládio — no infinito...
      Um trapo de bandeira — n'amplidão!...

                       Castro Alves

      (São  Paulo,  junho de 1868)
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Nota do Editor: 2 de julho 1823 é considerada a data Magna (da Independência) da Bahia, que finalmente  livrou-se  do jugo português após uma série de combates que determinaram a  expulsão das tropas invasoras. Castro Alves recitou-o em junho de 1868 no Teatro de São Paulo, sendo aplaudido efusivamente  - e de pé  - pelo público extasiado . (JG)