O recuo do PIB e a retomada
Por João Motta*
Em 2011, há pouco mais de seis meses, o Rio Grande do Sul comemorava o
crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 5,7%, equivalente a quase
o dobro da média nacional. O bom momento da agropecuária, junto à
expansão dos serviços e da indústria, garantiu um ano excelente para a
economia gaúcha, apesar do cenário de crise internacional. Entretanto,
já naquele momento identificávamos as dificuldades que o Estado teria
devido ao período de estiagem, que, somado ao recrudescimento da crise
na Europa - ainda sem solução à vista - e com reflexos para os países
"emergentes", que antes sustentavam a demanda mundial, indicam claros
sinais de forte desaceleração.
Em nível nacional, a produção industrial encontra-se estagnada, e as
exportações apresentam queda. No Rio Grande do Sul, os efeitos da forte
estiagem deste ano vem somar-se a esse contexto. A história recente da
economia gaúcha mostra que, quando a agricultura tem uma quebra de
safra, o PIB do Estado cresce abaixo da média nacional. Foi assim nos
anos de 2004, 2005 e 2008. Em 2012, a redução de 27,0% na produção da
agropecuária fez com que o PIB total do Estado caísse 1,8% no primeiro
trimestre do ano, enquanto, no mesmo período, a economia brasileira
cresceu 0,8%.
É importante destacar, entretanto, que, em 2012, ao contrário da
grande estiagem ocorrida em 2005, as perdas econômicas com origem na
agricultura gaúcha estão restritas a esse setor. Os preços agrícolas em
alta e a boa capitalização do produtor, que resulta de três boas safras
consecutivas, estão servindo de freio à queda da renda agrícola. Isso é
muito importante, pois atenua os efeitos indiretos sobre os outros
setores econômicos do Estado, como a produção de bens de capital ligados
à agricultura e às vendas do comércio. Os setores da indústria (+0,9%) e
serviços (+2,4%) apresentaram resultados positivos, que, mesmo
modestos, mostram crescimento superior à média brasileira.
O Estado do Rio Grande do Sul, assim como o governo federal, entende
que a estratégia para enfrentar os efeitos da crise é investir. Os dados
já revelam que, a despeito das adversidades, a economia gaúcha se
mostra resistente. Isso se deve, em grande medida, à continuidade dos
investimentos públicos e aos fortes investimentos privados em nosso
Estado, tanto para a ampliação da capacidade produtiva, quanto em
infraestrutura. Na iniciativa privada, com a expansão da GM, Marco Polo,
do Polo Naval e Hyundai, temos R$ 6 bilhões no Estado. O governo
federal adota medidas anticíclicas para sustentar o nível de emprego e
renda. A estratégia do governo do Estado, buscando investimentos
externos que já somam R$ 3,7 bilhões, entre financiamentos do Bird, BID e
BNDES, e programas federais, como PAC1 e 2, foi antecipada, resultando
em um momento em que o Estado tem recursos para investir na retomada do
desenvolvimento. Temos a confiança de que a afirmação da função do
Estado na indução da economia indicará taxas de crescimento mais
expressivas tanto para a economia nacional, quanto para o Rio Grande do
Sul.
*João Constantino Pavani Motta é secretário de Planejamento, Gestão e Participação Cidadã do Rio Grande do Sul
Fonte: http://www.pauloferreira.net.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário