10 agosto 2009

RS FASHION WEEK




















*By Sátiro-Hupper

Coluna C & A















Crítica & Autocrítica – nº 58

* A coluna não poderia deixar de registrar os acontecimentos verificados esta semana no RS, agora amplamente divulgados pela imprensa (depois de furada a prolongada blindagem realizada pela ‘mídia amiga’), que atingiram - de forma praticamente letal - o centro do governo do Estado, inclusive – e principalmente - a (triste) figura da governadora Yeda Crusius (PSDB), cujos desmandos, ações e omissões originaram uma série impressionante de irregularidades (que a oposição vinha há meses denunciando), e que foram, competente e corajosamente, enumeradas pelos Procuradores do MPF na Ação Civil por Improbidade Administrativa que os mesmos encaminharam à Justiça Federal de Santa Maria. Foi também pedido na referida Ação o afastamento da governadora Yeda e o bloqueio dos seus bens, como também dos demais indiciados, incluindo seu ex-marido, deputados (do PP e PMDB), assessores, o presidente do Tribunal de Contas (ex-deputado pedetista João Luis Vargas), etc... Concomitantemente foi, até que enfim, instalada a CPI da Corrupção da AL gaúcha e formalizado o pedido de impeachment da governadora.
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* Tudo parece indicar que se trata agora do ‘início do fim’ desse (des)governo que tantos escândalos, autoritarismos, estragos e vergonha tem causado ao ‘Rio Grande velho de guerra’, como diria aquele senador ‘parlapatão, ético do Mampituba para cima’. E, coisas da vida, os primeiros ratos já começam a abandonar o navio...
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* Segundo consta na petição inicial da Ação Civil Pública por Improbidade Administrativa movida pelo Ministério Público Federal (MPF), a eventual manutenção nos cargos de Yeda Rorato Crusius e demais réus seria “inoportuna e tumultuária”, uma vez que os atos dos mesmos “denotam desprezo no trato da coisa pública e indiciam total falta de limites entre o certo e o errado”. E mais: “(...) Os demandados agiram de forma imoral, pessoal, desleal, desonesta e improba, valendo-se da condição de ou em conjunto com agentes políticos e servidores públicos para obterem vantagens pessoais, utilizando-se dos respectivos cargos, de bens públicos e verbas públicas afetadas ao desenvolvimento de serviços públicos em área sujeita a suas atribuições funcionais e políticas”. Quer mais?
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* No final de semana, a determinada e corajosa juíza Simone Barbisan Fortes, da 3ª Vara da Justiça Federal de Santa Maria, segundo foi divulgado pela mídia, autorizou o presidente da AL, deputado Ivar Pavan (PT), a consultar os autos da Ação Civil Pública movida pelo MPF contra a governadora Yeda e aliados. A juíza decidirá, nos próximos dias, se também vai liberar a tirada de cópias do processo. Seria de bom alvitre que a sociedade pudesse, finalmente, inteirar-se por completo das denúncias sobre as ações nefastas cometidas pelo grupo criminoso que se apropriou de parte considerável das finanças públicas gaúchas.
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* Já o deputado Miki Breier (líder da bancada do PSB), que é corregedor da Comissão de Ética da Assembléia Legislativa, afirmou que irá solicitar à juíza federal uma cópia do documento e a quebra de sigilo do processo. Enfatiza o deputado Miki que “não é bom nem para a sociedade gaúcha, nem mesmo para os réus que o processo tramite em segredo de justiça”.
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* Coincidência ou não, o meu conterrâneo, jornalista, bacharel em Direito e sociólogo Júlio César de Lima Prates (atualmente sem partido) estará lançando (no próximo dia 13, na URI/Santiago, e dia 18, no Memorial do RS, em Porto Alegre) seu mais recente - e polêmico - livro: ‘A Arte de Enganar o Povo’. Segundo Prates, ‘“o livro é um texto leve, sintético e nada lembra os artigos maçantes e cansativos. A temática é a política, mas sob uma ótica diferente”. Adianta ainda que escreveu-o inicialmente ‘com escárnio, humor e deboche’ e que o livro versa sobre os embustes, golpes e manipulações que os políticos usam para enganar as pessoas. O livro tem o patrocínio de empresários locais e apoio do governo do Estado do RS, através da Secretaria Estadual da Cultura. À conferir. (...)
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* Recebi recentemente convite (que muito me honrou, mas que ainda estou analisando) para coordenar um dos projetos do PRONASCI (Programa de Combate à Criminalidade com Cidadania) na região da Grande Porto Alegre. O PRONASCI é um dos mais importantes e ousados projetos desenvolvidos pelo Ministério da Justiça, sob a batuta do ministro Tarso Genro, em parceria com as prefeituras dos mais importantes (e populosos) municípios brasileiros. Também estou avaliando outros convites para retornar à área pública, aliás, o principal foco da Pós-graduação (acima referida) que estou realizando. Trabalhar na área pública, confesso, me traz muita satisfação, pois também alimento a convicção de que tenho condições de contribuir, mesmo que modestamente, para o aprimoramento e o melhor funcionamento de nossas tão questionadas (às vezes injustamente, às vezes não) instituições. Afinal, já são mais trinta anos de uma militância ininterrupta (que se pretende coerente) e de dez de uma rica experiência acumulada entre assessoria parlamentar federal, governo do Estado e governo Federal. (...)
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* Então, estou analisando todas elas (as propostas) com carinho e, sobretudo, com muita responsabilidade. Mas ainda faltam alguns ajustes e definições. A experiência que estou tendo com o trabalho que estou realizando na área da advocacia (Civil, principalmente) tem sido muito interessante e gratificante, mas ... a área pública é desafiadora e me atrai bastante. Não quero frustrar ninguém – muito menos frustrar-me – novamente; por isso, a cautela é sempre necessária. Só que, por enquanto, como as coisas ainda estão em ‘tratativas’, prefiro não declinar mais detalhadamente os convites, que ficarão para o momento oportuno.
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* As crises (reais e/ou artificiais) da esfera política (agora o Senado e Sarney são a bola da vez, juntamente com a – ainda – 'mandatária maior' do governo estadual), têm hegemonizado as manchetes e os telejornais, juntamente com a pandemia da gripe A. Continuo pensando que, mesmo que muitas pessoas – e principalmente a mídia monopolista – tentem passar diariamente a idéia de que a política ‘é coisa suja, antiética, de oportunistas etc.’, temos que saber separar o ‘joio do trigo’ e não nos deixarmos levar pelo ‘senso comum’, contaminado pelas campanhas rasteiras e interesseiras que transforma tudo em tábula rasa e, ao fim e ao cabo, termina ajudando aqueles que se locupletam da política para conquistar seus interesses escusos, egoístas, anti-povo e antinacionais, ou seja, as ditas ‘classes dominantes’. Como diz o ditado, tem muito lobo por aí com pele de cordeiro, tentando tirar – sempre – proveito da situação.
...

* Eu, como ‘ser’ e como ‘agente’ político que sou, nunca me envergonhei - e pretendo não me envergonhar jamais - da minha trajetória política, em particular do trabalho que tive na esfera pública, com meus acertos e com meus erros (os quais assumo em plenitude), mas, sobretudo, jamais descuidando de um princípio fundamental representado por uma palavra chamada ‘Ética’. Procuro sempre distinguir a mesquinha e viciada ‘política minúscula’ (clientelista, fisiológica, nepotista, assistencialista etc.) da verdadeira Política com ‘P’ maiúsculo. Também não tenho visão maniqueísta ou sectária, de achar que tudo é perfeito do lado que estou, e que todos os defeitos estão somente no ‘outro lado’. Quem me conhece realmente, quem priva comigo e acompanha minha militância, sabe muito bem disso. E sabe ainda que, além da crítica que faço reiteradamente aos partidos tradicionais (de vários matizes, a maioria de direita) que traem, enganam e infelicitam nosso sofrido povo, também tenho sido duro crítico (internamente), sempre que necessário, dos rumos trilhados pelas direções do partido que ajudei a fundar e construir, o PT. Assim sou e assim pretendo continuar a ser; quem viver, verá...
...

* Ficar ... ou sair do PT? Dilema doloroso, preocupante e, lamentavelmente, vivenciado hoje por muitos militantes honestos, históricos, inclusive por fundadores do PT, como é o caso da combativa senadora acreana Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula, a quem muito respeito e admiro. Marina Silva está sendo cortejada agora pelo PV para concorrer à presidência da República nas próximas eleições. A senadora está muito desencantada com os rumos seguidos ultimamente pelo partido – e com a política do governo federal em relação ao meio ambiente. Bombeiros já entraram em ação. A decisão final da senadora deverá ser tomada nos próximos dias. Mas esse debate não deve parar aí...

...

* Acho demasiado oportuno, por tudo o que vimos acima - e para encerrar a coluna - a transcrição da citação que segue, oriunda da obra do grande poeta, militante revolucionário e dramaturgo alemão Bertold Brecht (foto acima), extraída do texto ‘O Analfabeto Político’, que não envelhece jamais:

“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel da casa, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais, multinacionais e dos exploradores do povo. “ (Por Júlio Garcia, especial para ‘O Boqueirão’)

*****

*Crítica & Autocrítica - coluna que escrevo (i)regularmente para o Blog 'O Boqueirão'.

**Leia esta, na íntegra, no end. http://oboqueirao.zip.net/

LIVRO













Convite

* O jornalista Júlio Prates convida para o lançamento
de seu novo livro 'A Arte de Enganar o Povo':

- Dia 13/08 em Santiago, às 19,30 h, no Campus da URI

- Dia 18/08 em Porto Alegre, às 19 h, no Memorial do RS

Problemas 'técnicos'...






COMUNICADO AOS BLOGUEIROS:

Prezados(as) companheiros(as):
Hoje, ao anexar mais um blog na relação dos meus 'BLOGS INDICADOS', por acidente (ou barbeiragem!) acabei excluindo involuntariamente TODA a seleta relação... e não era pequena!

Peço escusas aos companheiros blogueiros pelo sucedido mas, no decorrer da semana, procurarei reparar o estrago, restaurando, na medida do possível, a listagem original. (Júlio Garcia)

08 agosto 2009

Poema











Aos que virão depois de nós

I

Eu vivo em tempos sombrios.
Uma linguagem sem malícia é sinal de
estupidez,
uma testa sem rugas é sinal de indiferença.
Aquele que ainda ri é porque ainda não
recebeu a terrível notícia.

Que tempos são esses, quando
falar sobre flores é quase um crime
pois significa silenciar sobre tanta injustiça?
Aquele que cruza tranqüilamente a rua
já está então inacessível aos amigos
que se encontram necessitados?

É verdade: eu ainda ganho o bastante para viver.
Mas acreditem: é por acaso. Nada do que eu faço
dá-me o direito de comer quando eu tenho fome.
Por acaso estou sendo poupado.
(Se a minha sorte me deixa estou perdido!)

Dizem-me: come e bebe!
Fica feliz por teres o que tens!
Mas como é que posso comer e beber,
se a comida que eu como, eu tiro de quem tem fome?
Se o copo de água que eu bebo, faz falta a
quem tem sede?
Mas apesar disso, eu continuo comendo e bebendo.

Eu queria ser um sábio.

Nos livros antigos está escrito o que é a sabedoria:
manter-se afastado dos problemas do mundo
e sem medo passar o tempo que se tem para
viver na terra;
seguir seu caminho sem violência,
pagar o mal com o bem,
não satisfazer os desejos, mas esquecê-los.

Sabedoria é isso!

Mas eu não consigo agir assim.
É verdade, eu vivo em tempos sombrios!

II

Eu vim para a cidade no tempo da desordem,
quando a fome reinava.
Eu vim para o convívio dos homens no tempo
da revolta
e me revoltei ao lado deles.

Assim se passou o tempo
que me foi dado viver sobre a terra.
Eu comi o meu pão no meio das batalhas,
deitei-me entre os assassinos para dormir,
fiz amor sem muita atenção
e não tive paciência com a natureza.

Assim se passou o tempo
que me foi dado viver sobre a terra.

III

Vocês, que vão emergir das ondas
em que nós perecemos, pensem,
quando falarem das nossas fraquezas,
nos tempos sombrios
de que vocês tiveram a sorte de escapar.

Nós existíamos através da luta de classes,
mudando mais seguidamente de países que de
sapatos, desesperados!
quando só havia injustiça e não havia revolta.

Nós sabemos:

O ódio contra a baixeza
também endurece os rostos!
A cólera contra a injustiça
faz a voz ficar rouca!

Infelizmente, nós,
que queríamos preparar o caminho para a
amizade,
não pudemos ser, nós mesmos, bons amigos.

Mas vocês, quando chegar o tempo
em que o homem seja amigo do homem,
pensem em nós
com um pouco de compreensão.


Bertold Brecht

Gravura: Guernica (Pablo Picasso)

06 agosto 2009

CPI DA CORRUPÇÃO





Protocolado pedido para abertura da CPI

Líderes dos PT, PDT, PCdoB, PSB e DEM protocolaram, no início da tarde desta quinta-feira (6), o requerimento para a instalação da CPI da Corrupção. No momento da entrega do documento ao presidente da Assembleia Legislativa do RS, Ivar Pavan (PT), os deputados Cassiá Carpes, Aloísio Classmann e Abílio dos Santos, do PTB, e o deputado Mano Changes, do PP, aderiram ao pedido, elevando para 24 o número de assinaturas. No plenário, a bancada do PMDB e outros integrantes do PP também subscreveram o requerimento, totalizando 37 assinaturas. “O momento é de extrema gravidade e exige que o parlamento gaúcho cumpra a missão da qual está investido”, frisou o líder da bancada do PT, Elvino Bohn Gass.

Engavetado há três meses por falta de duas assinaturas, o requerimento ganhou fôlego a partir da ação de improbidade administrativa ajuizada pelo Ministério Público Federal contra a governadora e mais oito integrantes do governo. Ontem, após o anúncio do MPF, três pedetistas – Gerson Burmann, Giovani Cherini e Kalil Sebhe – subscreveram o pedido, garantindo o número de assinaturas para que o documento fosse protocolado.

O requerimento propõe a investigação de quatro fatos determinantes. O primeiro são irregularidades em licitações de obras viárias e de saneamento sob a responsabilidade do Estado, que vieram à tona a partir da Operação Solidária, da Polícia Federal. Há indícios de direcionamento dos certames e de vazamento de informações privilegiadas para beneficiar determinadas empresas. Também deverá ser investigada a conexão entre os fatos e os personagens investigados pela Operação Rodin, que desvendou o esquema de corrupção montado para desviar recursos do Detran, e a Solidária, que apurou crimes de lavagem de dinheiro, ocultação de bens, formação de quadrilha e fraude em licitações. O requerimento prevê, ainda, a investigação de denúncias de interferência irregular de agentes públicos na gestão do Detran com o propósito de manter contrato com a empresa Atento Service, que presta serviços de remoção e depósito de veículos. Por fim, o propõe a investigação das denúncias apresentadas pelo PSol em fevereiro.

Primeira a assinar o documento, a deputada Stela Farias (PT) (na foto om Pavan), pela tradição da Casa, deverá presidir a comissão de inquérito. Segundo ela, há uma nítida interligação entre o núcleo dirigente do esquema que desviou mais de R$ 44 milhões do Detran e o grupo responsável pela fraude em licitações de obras no Rio Grande do Sul. “Os fatos apurados pelas operações Rodin e Solidária, indicam que personagens comuns transitam nas duas cenas. Queremos saber qual o elo entre o que parece ser duas quadrilhas montadas para desviar recursos públicos. Só através da CPI a Assembléia poderá ter acesso às informações já levantadas pelo Ministério Público Federal e, a partir daí, exercer seu papel constitucional”, acredita a petista.

Tramitação

O requerimento para a instalação da CPI será enviado à Procuradoria da Assembleia, encarregada de analisar o pedido do ponto de vista legal. Se o parecer for favorável, as bancadas têm cinco dias úteis para indicar seus representantes. Depois disso, a presidência do Legislativo deve instalar a comissão de inquérito em três dias. “Vamos conduzir este processo sob a perspectiva do interesse público, com cautela, serenidade e responsabilidade”, declarou Pavan. (Por Luciane Fagundes, do sítio PTSul)

CPI









Requerimento pedindo instalação da CPI será protocolado hoje na AL

Líderes dos partidos de oposição na Assembleia entregam logo mais, às 14h, ao presidente do Legislativo, Ivar Pavan (foto), o requerimento solicitando a instalação da CPI da Corrupção. O documento é subscrito por 20 parlamentares.

Conforme o líder da bancada petista, Elvino Bohn Gass, juntamente com o requerimento, o presidente da Casa receberá as listas de abaixo-assinados que circularam pelo Estado pedindo a abertura da investigação na Assembleia. Ao todo, cerca de 20 mil assinaturas foram recolhidas pelos apoiadores da Comissão Parlamentar de Inquérito.

Após receber o requerimento, Ivar Pavan irá encaminhá-lo à procuradoria do Legislativo, que fará a análise dos requisitos legais e devolverá o documento à presidência. A partir daí, as bancadas têm o prazo de cinco sessões plenárias para indicar seus representantes. (Por Luciane Fagundes, do sítio PTSul)

05 agosto 2009

Coletiva do MPF: bomba!!!





MPF pede o afastamento de Yeda do cargo de governadora

Os Procuradores do Ministério Público Federal (MPF), em entrevista coletiva realizada agora à pouco na sede da Procuradoria da República, em Porto Alegre, informaram que teve ingresso na Justiça Federal de Santa Maria uma Ação Civil por improbidade administrativa (enriquecimento ilícito, dano ao erário, entre outros crimes relacionados à investigação - feita através da Operação Rodin da PF - de desvios ocorridos no DETRAN) contra nove pessoas. São elas: a governadora Yeda Crusius (PSDB), Carlos Crusius (ex-marido), José Otávio Germano (deputado federal do PP), Luiz Fernando Zachia (deputado estadual do PMDB), Frederico Antunes (deputado estadual do PP), João Luiz Vargas (presidente do Tribunal de Contas do Estado), Walna Villarins Meneses (assessora da governadora), Delson Martini (ex-secretário geral do governo estadual), Rubens Bordini (do PSDB, vice-presidente do Banrisul e também ex-tesoureiro da campanha de Yeda). A petição inicial da Ação, relatando todas as denúncias e solicitando as providências da Justiça, conta com mais de 1.300 páginas.

Dentre outros pedidos, foi solicitado o bloqueio dos bens e o afastamento de Yeda Crusius do cargo de governadora do Estado do Rio Grande do Sul, assim como dos demais indiciados acima relacionados.

Mais detalhes a qualquer momento.

Operação Rodin

















Coletiva do MPF sobre a Operação Rodin será hoje à tarde

Forte expectativa ronda a coletiva que procuradores do Ministério Público Federal (MPF) concederão hoje à tarde em Porto Alegre, na sede da Procuradoria da República. Na pauta, detalhes dos desdobramentos da Operação Rodin (que investiga, dentre otras cositas más, o paradeiro de mais de 40 milhões de reais desviados do DETRAN) e nomes dos novos indiciados.
A cúpula do Piratini está em polvorosa. A oposição está 'na moita'. Governadora Yeda Rorato Crusius (PSDB)... subiu a serra.

04 agosto 2009

O PMDB o pariu, que o embale...










Raul Pont diz que PMDB é responsável por José Sarney

O deputado Raul Pont (foto) disse que o PMDB é responsável pelo senador José Sarney. “Ao invés de criar um bode expiatório, o PMDB deveria expulsar o senador ou pedir o seu afastamento do partido”. A manifestação do parlamentar, na tarde desta terça-feira (4), foi em repúdio à nota da bancada do PMDB na Assembleia Legislativa, que se diz “perplexa à blindagem política ofertada e afiançada a Sarney pelo governo petista”.

Raul Pont (PT/RS) estranha que o PMDB mantenha no seu quadro partidário figuras como a de José Sarney. “Não fomos nós que o elegemos. O nosso candidato à presidência do Senado foi o senador Tião Viana”, esclareceu o petista, para quem o papel dos partidos políticos também é o de fiscalizar os eleitos e de zelar pelo cumprimento do programa.

O deputado ressaltou ainda que a posição da bancada do PT no Senado já foi expressa pelo senador Aloísio Mercadante. Além disso, observou que a atitude do governo federal se deve ao fato de que o afastamento de Sarney abre espaço para partidos de extrema direita como o PSDB e o DEM. “Portanto, com essa nota, o PMDB tenta criar um bode expiatório para desviar o assunto do seu verdadeiro tema que é a responsabilidade do partido com seus eleitos”, arrematou. (Por Stella Máris Valenzuela, do sítio PT Sul)

03 agosto 2009

Lixo inglês










Minc: País não será a lata de lixo do planeta

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc (foto), prometeu nesta segunda-feira ampliar a fiscalização e a vistoria de contêineres nos portos brasileiros para evitar a chegada de novas remessas de lixo ilegal e resíduos tóxicos ao país.

O ministro anunciou que irá "fechar o cerco" contra as remessas ilegais de lixo nos principais portos brasileiros, que serão equipados com aparelhos de Raio-X para ajudar a Polícia Federal na vistoria dos contêineres.

Minc estima que 85 por cento das mercadorias que passam pelas alfândegas dos portos do país ou não são vistoriadas, ou não são abertas ou não tem a documentação analisada.

Os contêineres com lixo importado ilegalmente da Grã-Bretanha --inclusive resíduos hospitalares e metais tóxicos-- que chegaram ao Brasil pelos portos de Santos, em São Paulo, e Rio Grande, no Rio Grande do Sul, foram recolhidos neste fim de semana e estão sendo levados de volta para a Inglaterra.

"Vamos fazer uma investigação de mercadorias que já entraram para saber o quanto foi queimado ou enterrado aqui", disse Minc a jornalistas no Rio de Janeiro.

O ministro disse ainda que a mesma empresa responsável pela vinda desse material para o Brasil importou no ano passado 500 contêineres. "Queremos saber onde foi parar", afirmou ele.

Minc garantiu que questionará os países ricos sobre a exportação de lixo nessa semana quando encontrar representantes de Grã-Bretanha e Estados Unidos para discussões sobre o clima.

"Vamos chamar a responsabilidade dos países ricos. Eles não podem fazer um discurso de que vão salvar o planeta e, ao mesmo tempo, mandam lixo para os países em desenvolvimento", afirmou. "Isso eticamente e moralmente não é correto e vou avisar que o Brasil não será a lata de lixo do planeta." (Por Rodrigo Viga Gaier, da Reuters).

Golpe em Honduras (V)















Honduras e a Sociedade Interamericana de Imprensa

*Por Atilio Boron

O prolongamento da crise em Honduras não tem um efeito neutro, pois joga a favor dos golpistas. O repúdio e o isolamento universais não comovem os usurpadores. Todo o contrário: confirmam sua visão paranóica de um mundo dominado por comunistas, subversivos e revolucionários que conspiram sem trégua para frustrar sua empreitada patriótica. Tanto os militares como os civis hondurenhos compartilham esse delírio que continua sendo alimentado, dia a dia, pelo Pentágono, CIA e boa parte do establishment político do império, para os quais a guerra não terminou nem vai terminar jamais.

Guerra, sobretudo, contra esse imenso e inesperado movimento social que se pôs em marcha a partir do golpe e que transborda ampla – e talvez irreversivelmente – os estreitos marcos da mal chamada "democracia representativa" em Honduras. Bastou que aquele pretendesse honrar tal fórmula para que a santa aliança abandonasse em tropel as cavernas e saísse para a batalha: ali se juntaram, para unir forças, os representantes militares e políticos do império com a corrupta oligarquia local, a perversa hierarquia da Igreja Católica, as diversas frações do patronato e o poder midiático que este conglomerado da riqueza e do privilégio controla sob seu capricho, fazendo da liberdade de imprensa uma brincadeira sangrenta.

Não é casualidade que o website da benemérita Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol), sempre tão atenta a tudo que ocorre com os meios em Cuba, Venezuela, Bolívia e Equador, tenha ocultado arteiramente o que está ocorrendo em Honduras. A resolução mais importante sobre o assunto dos meios de comunicação, adotada em 24 de julho, é uma condenação... ao presidente Rafael Correa (!), por incentivar o ‘incessante clima de confrontação e injúrias contra jornalistas, proprietários de meios de comunicação e suas empresas’. Nenhuma palavra sobre Gabriel Fino Noriega, jornalista hondurenho da Radio Estelar, assassinado por forças paramilitares, o que informa a Missão da ONU enviada para investigar a situação dos direitos humanos em Honduras.

A mesma delegação comprovou que em Tegucigalpa, o Canal 36, a Radio TV Maya e a Radio Globo foram militarizadas, constatando-se ainda o assalto a diversas sedes de meios de comunicação e ameaças de morte a jornalistas, bloqueio de suas transmissões ou a interceptação telefônica e bloqueio do acesso à internet. A missão também corroborou o fogo aberto por metralhadoras contra a cabine de transmissão da Rádio Juticalpa, em Olancho, e as ameaças de morte feitas contra jornalistas como o diretor do diário El Libertador, Johnny J. Lagos Enríquez, assim como contra o jornalista Luis Galdanes.

Na cidade de Progresso, os militares silenciaram as transmissões da Rádio Progresso, sendo hostilizado seu diretor, o sacerdote jesuíta Ismael Moreno, e detido temporariamente um de seus jornalistas enquanto outros recebiam ameaças de morte. Outro caso é o do Canal 26, TV Atlântica, cujo diretor declarou à missão da ONU que os militares indicaram aos veículos de comunicação da cidade que deveriam abster-se de transmitir outras versões ou informações que não emanassem do governo de fato.

Diante da agressão sofrida pelos jornalistas da Telesur e a rede Venezuelana de Televisão (VTV) – sem cujo valente trabalho o mundo jamais teria se inteirado do que ocorria em Honduras – a SIP se limitou a emitir um tímido comunicado lamentando os fatos; a resolução dura, em troca, foi tomada contra Correa.

Seria muito demorado enumerar todas as violações à liberdade de imprensa e aos direitos humanos, à parte o assassinato de Noriega, que passaram despercebidas ante os atentos censores da SIP e seus ventriloqüentes, Mario Vargas Llosa e a turma dos "mais que perfeitos idiotas latino-americanos". Seu silêncio cúmplice revela a descompostura moral do império, suas permanentes mentiras e a impunidade com a qual se movem esses falsos defensores da ‘liberdade de imprensa’. E frente a esse cenário, a secretária de Estado Hillary Clinton se atreve a qualificar como imprudente o gesto de Zelaya de viajar até a fronteira de seu país (!), ao passo que seu porta-voz, Philip Crowley, advertia contra "qualquer ação que possa conduzir à violência" em Honduras.

Já falta muito pouco para que Washington comece a declarar que o verdadeiro golpista é Zelaya e foi ele e não outro que lançou seu país em um caos de violência e morte. A promessa de novas mediações a cargo da Casa Branca só servirá para desfigurar ainda mais a verdade e inclinar o fiel da balança a favor dos golpistas e seus mandantes.

*Atílio Boron é doutor em Ciência Política pela Universidade de Harvard, professor titular de Teoria Política na UBA (Universidade de Buenos Aires) e recebeu o Prêmio Jose Marti 2009, por sua "incansável contribuição para a unidade e a integração da América Latina e do Caribe", de acordo com o júri internacional da UNESCO, idealizadora da premiação.

**Traduzido por Gabriel Brito, jornalista. (Via Correio da Cidadania)

01 agosto 2009

Poemas


















Leon e Natália em Coyoacan

desta vez não vai ter neve como em petrogrado aquele dia
o céu vai estar limpo e o sol brilhando
você dormindo e eu sonhando
nem casacos nem cossacos como em petrogrado aquele dia
apenas você nua e eu como nasci
eu dormindo e você sonhando
não vai mais ter multidões gritando como em petrogrado aquele dia
silêncio nós dois murmúrios azuis
eu e você dormindo e sonhando
nunca mais vai ter um dia como em petrogrado aquele dia
nada como um dia indo atrás do outro vindo
você e eu sonhando e dormindo

***

Quando eu tiver setenta anos

quando eu tiver setenta anos
então vai acabar esta minha adolescência

vou largar da vida louca
e terminar minha livre docência

vou fazer o que meu pai quer
começar a vida com passo perfeito

vou fazer o que minha mãe deseja
aproveitar as oportunidades

de virar um pilar da sociedade
e terminar meu curso de direito

então ver tudo em sã consciência
quando acabar esta adolescência

***

Para a liberdade e luta

me enterrem com os trotskistas
na cova comum dos idealistas
onde jazem aqueles
que o poder não corrompeu

me enterrem com meu coração
na beira do rio
onde o joelho ferido
tocou a pedra da paixão

(Poemas de Paulo Leminsky)

Foto: Praça dos Coiotes - Coyoacan - México

31 julho 2009

UNE rebate Veja


















'A mentira como medida para esconder a luta dos estudantes brasileiros'

Na sua última edição a revista Veja publicou um artigo sobre o congresso da UNE.
Na matéria, foi utilizada uma foto de apoiadores da nossa tese UNE É PRA LUTAR em que nós reivindicávamos uma “Petrobras 100% estatal”, afirmando que “O pré-sal é nosso” e exigindo a “Anulação dos leilões de privatização das áreas de petróleo”.
A matéria acusa os estudantes presentes no congresso de serem iguais as juventudes fascistas, a serviço do governo!
A foto é uma prova do contrário do que afirma a matéria. Nossa faixa mostrava uma posição dentro do debate desenvolvido no Congresso da UNE em defesa da Petrobras, onde apresentamos uma exigência concreta ao governo contra a política de privatização das áreas de exploração de petróleo e pelo restabelecimento do monopólio da Petrobras.
A revista Veja, por outro lado esconde as posições aprovadas no 51º Congresso, tais como resoluções da UNE que exigem do governo Lula reivindicações como a “Recuperação Imediata dos Orçamentos Públicos da Educação, Ciência & Tecnologia”, “Exigência ao MEC de uma portaria que garanta a matrícula dos estudantes inadimplentes” ou a “Exigência de uma medida do MEC pelo congelamento das mensalidades”.
O que incomoda é a existência de uma UNE, instrumento que os estudantes podem utilizar na lutas por suas reivindicações.
São inaceitáveis as acusações da Veja de que os estudantes tem traços em comum com “a Juventude Hitlerista e os squadristi fascistas”. Cadê a prova?
A verdade é que os estudantes brasileiros que participaram e participam da UNE sempre estiveram na linha de frente da luta pela democracia, pelo livre direito de organização, reunião e expressão. O que a Veja tenta fazer, por outro lado, é aplicar a regra de Goebbels, ministro da propaganda de Hitler que “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”.

Não permitiremos.

Luã Cupollilo*

*Diretor eleito da UNE pela tese UNE É PRA LUTAR no 51º Congresso da União Nacional dos Estudantes

**Fonte: sítio Vi o Mundo

30 julho 2009

'Tá lá'!



















BICA NA BOCA

Aí, meu, e você que já nasceu pra ser pisado,
abandonado, carente, infrator,
calcula só se o cara que te deixa nesse estado,
aquele mesmo chamado de doutor,
tropeça e vem pro chão com todo o peso, estatelado,
que nem a bola no pé do jogador...
já pensou? ou ou ou ou ou ou
Sabor de gol!
Um chute só e você barbariza a dentadura!
Que dá vontade dá, nem cana dura te segura...
Tá lá!

Aí, meu, e você que trampa duro e tá mal pago,
contribuinte, freguês e eleitor,
calcula só se o cara que te deixa nesse estrago,
o tal de chefe, cacique, diretor,
cai do cavalo, escancara a perna e mostra o bago
na posição de quem já tá sentindo dor...
já pensou? ou ou ou ou ou ou
Sabor de gol!
Só um pisão e você estrela o ovo na fritura!
Que dá vontade dá, nem desemprego te segura...
Tá lá!

Aí, meu, e você que se diz bom rocabileiro,
que é bom de "Tutti Frutti", "Peggy Sue", "High School",
calcula só se um progressivo, um funky, um metaleiro,
ou desses monstros do brega, reggae ou soul,
der zebra e pendurar na beira do despenhadeiro
em frente ao teu pisante de camurça azul...
já pensou? ou ou ou ou ou ou
Sabor de gol!
É só um pontapezinho e o cara desce das altura!
Que dá vontade dá, nem a galera te segura...
Tá lá!

Glauco Mattoso - 1988

Gripe 'A' ... ou 'gripe suína'?














Burrice?

Cristóvão Feil escreve:

Em 1º de maio último a OMS (Organização Mundial de Saúde) definiu a denominação do vírus da gripe que é pandemia mundial como Influenza A (H1N1) ou simplesmente Gripe A.

Grande parte da imprensa internacional usa a denominação correta, evitando chamá-la de gripe suína. Mas no Brasil, a rede Globo ainda insiste com gripe suína, assim como a estatal Agência Brasil.

O motivo da burrice é desconhecido.

...

É 100% eficaz e muito barato, talvez por isso não é divulgado pela mídia brasileira

Uma das principais disciplinas da medicina é a profilaxia, e entre esta, os métodos de higiene. Dizem que o hábito de lavar as mãos constitui o principal salto da ciência médica, em todos os tempos. É possível.

Portanto, a higiene das mãos é um cuidado que previne doenças e custa quase nada. Talvez por isso não seja divulgado como meta médico-sanitária a ser buscada por todos, onde cada vez mais avança a monetização de todas as esferas da vida social.

Na presente pandemia de gripe A, esses elementos ficam bastante evidentes. As pessoas são induzidas a buscar numa droga caríssima – o tamiflu – o que podem conseguir no simples hábito de limpar as mãos.

A mídia, tão pródiga em divulgar alarmes exagerados sobre a pandemia de gripe, não se preocupa em esclarecer com a mesma ênfase sobre os benefícios da higiene e profilaxia.

Tanto na Argentina quanto no Uruguai há uma visível consciência sobre a higiene das mãos. Em qualquer lugar que se vá, encontramos frascos de álcool gel para que as pessoas higienizem as mãos. Em bares, restaurantes, farmácias, saguão de edifícios públicos e particulares, museus, hotéis, cinemas, lojas avulsas e de condomínios comerciais, terminais rodoviários e até no metrô de Buenos Aires (no pé das escadarias de saída), em todos os lugares se pode ter acesso grátis ao gel que mata os vírus da gripe A e de qualquer outra virose humana.

É 100% eficaz e muito barato, mas exige a participação de todos, especialmente dos comerciantes e donos de estabelecimentos públicos. Um dono de quiosque de jornais me disse que é preferível investir alguns pesos em álcool do que ver o seu faturamento zerar por falta de transeuntes que lhe comprem revistas e publicações.

Ontem, no centro de Rio Grande, perguntei num bar (onde comi e gastei) se tinha gel para limpar as mãos. O dono, em tom atrevido, me disse que não trabalhava "com essa mercadoria", e indicou a farmácia da esquina para adquirir o álcool gel. (CF)

*****

Obs: o titular do blog concorda plenamente com o indignado registro sobre a 'burrice' da Globo & outros meios (em relação ao nome e à forma como está sendo tratada a pandemia da gripe A), realizado pelo Cristóvão Feil, sociólogo e editor do excelente 'Diário Gauche'. Da mesma forma, muito oportuna e importante a contribuição dele sobre os necessários cuidados de higiene, em particular o de lavar bem as mãos (acima), tão simples e tão necessária, para evitar o contágio com o vírus. (Júlio Garcia)

*Postagem atualizada às 11,50 h de 31/07/2009)

Fonte: http://www.diariogauche.blogspot.com/

29 julho 2009

Sarney













Quem quer liquidar Sarney?

*Por Wladimir Pomar

O senador Sarney é um dos remanescentes das antigas oligarquias, que participaram, por longo tempo, do comando do Estado brasileiro. Como todos os demais, ele migrou da classe dos latifundiários para a burguesia. Apoiou o golpe militar de 1964 e foi figura de proa na Arena. No final desta, foi para a Frente Liberal. Mas apercebeu-se, antes dos outros de seu partido, que o regime militar estava no fim e que, para salvar sua classe, era preciso trocar de lado e realizar uma transição negociada.

Foi essa visão que lhe valeu a candidatura a vice-presidente, na eleição indireta de Tancredo, e a presidência, ante a morte prematura do cabeça da chapa. Seu governo foi medíocre, embora tenha contribuído positivamente para a concretização das primeiras eleições presidenciais diretas, após mais de 25 anos, fundamentais para a consolidação do processo democrático no Brasil. O que não foi pouco.

Bem vistas as coisas, Sarney foi, antes de tudo, um fiel servidor de sua classe social. Algumas vezes esteve na frente dela, ao captar as tendências sociais e políticas. O que o levou a adotar posturas para salvá-la de seus próprios desacertos. Em certo sentido, ele parece acompanhar os passos sagazes de Vargas que, em seu tempo, salvou tanto os latifundiários quanto a burguesia com seu faro agudo para as mudanças em gestação na base da sociedade.

Provavelmente, foi essa intuição que levou Sarney, em 2002, bem à frente de seus partidários, a vislumbrar que era o momento de permitir que representantes dos trabalhadores experimentassem o mel e o fel de ser governo, sem ter o poder. O que lhes garantiu canais de negociação e influência no governo Lula, e benefícios evidentes para sua classe, como um todo.

Diante desse histórico, o que se pergunta é: por que uma parte da burguesia decidiu liquidar, com desonra, um de seus mais sagazes representantes políticos? Seus pecadilhos, assim como vários dos seus grandes pecados, não são em nada diferentes dos que a maioria dos senadores e deputados deve confessar a seus pastores. E não se diferem em nada da prática diária da burguesia, ao realizar seus negócios. Então, por que a fúria para derrubar o senador?

A resposta a essas questões pode estar no fato do senador Sarney haver demonstrado propensão a considerar que o governo, com participação de representantes dos trabalhadores, deva ter continuidade, em 2010. Isto pode resultar na negativa de utilizar a presidência do Senado como instrumento para paralisar o governo atual. Se isso for verdade, a suposta falta de decoro parlamentar do senador não passa de cortina de fumaça. Ela esconde apenas a tentativa de derrubar o senador para, através da presidência do Senado, virar o jogo de 2010 no tapetão, impedindo o governo Lula de realizar seus principais projetos.

Porém, a resposta pode mesmo estar relacionada com deslizes na emissão de decretos secretos, ou na omissão diante deles, assim como com atos de favorecimento para empregos no Senado e na Câmara dos Deputados. Se esta for a verdade, os senadores deveriam acabar com a hipocrisia e realizar uma investigação séria, colocando-se todos sob suspeição.

Com uma investigação desse tipo, separando-se os que realmente não participaram de qualquer daqueles atos dos que os praticaram, é provável que o senador Sarney não saia ileso. Mas, certamente, levaria muita gente consigo. Seria o justo. O resto não passa de engodo de falsa moralidade e objetivos escusos.

*Wladimir Pomar é escritor e analista político.

Fonte: Correio da Cidadania
Charge: www.chargemania.com.br

Defenda a Orla!



















*Para ampliar, clique no cartaz.

**Via Dialógico

27 julho 2009

Ética














O Código de Ética petista e a tradição política brasileira

*Por Tarso Genro

Um partido de esquerda contemporâneo deve enfrentar seriamente o debate a respeito da atual “crise” da democracia, em especial, no que se refere aos limites da representação e ao “desencantamento” da sociedade civil com a política.

O tema da “ética” e da incorporação de princípios republicanos pelos partidos e, além disto, a discussão em torno da renovação moral e geracional dos quadros partidários, deve situar-se no centro de uma estratégia política de esquerda, que tencione promover uma profunda reforma da política e dos partidos políticos no Brasil.

O PT ao aprovar, recentemente, seu Código de Ética e ao prever, nas eleições internas marcadas para este ano, a substituição dos dirigentes que ocupam há mais de duas gestões a mesma função, oferece uma contribuição inestimável à cultura política brasileira e à renovação da esquerda neste início de século.

Diversos autores já argumentaram em favor da hipótese de que o surgimento do Partido dos Trabalhadores representou uma profunda inovação – ou mesmo uma ruptura – na tradição política brasileira. Um partido constituído de “baixo para cima” e que introduziu na cena política nacional, pela primeira vez, a participação ativa de um amplo espectro social e político historicamente excluído dos grandes debates da nação. Esta é uma marca fundamental da identidade política petista que nem o mais rancoroso escriba da catequese conservadora do país poderá subtrair do PT.

É certo, no entanto, que os dilemas e impasses vividos pelo partido em sua trajetória recente – em especial, após a crise de 2005 – ofuscaram este ethos renovador do PT, aproximando-o, ainda que involuntariamente, dos aspectos mais nefastos da tradição política brasileira.

Os traços mais marcantes de nossa cultura política tradicional – patrimonialista e arrivista – tangenciam a cultura política petista desde seu nascedouro, o que é absolutamente compreensível em um partido com vocação hegemônica, que rejeitou as fórmulas simplistas de demarcação sectária e colocou-se diante da perspectiva concreta de exercício do poder político. O que diferencia um partido político de esquerda transformador daqueles partidos que cumprem a mera tarefa de reprodução do status quo e suas práticas políticas tradicionais, é menos a inexistência de práticas antirepublicanas e antiéticas e mais a sua capacidade de reagir, com regulação e medidas corretivas, às indesejáveis, e talvez, inevitáveis, ocorrências de atos contraditórios com a ética republicana e a perspectiva transformadora da ação política.

Neste sentido, é absolutamente salutar que o PT tenha, há poucos dias, apresentado à sociedade brasileira mais uma decisiva contribuição à nossa sinuosa trajetória de consolidação da democracia e da República. O código de ética petista é um sinal de que as forças vivas que compuseram a brilhante e exitosa trajetória política do maior partido de esquerda das Américas permanecem ativas na luta pela transformação política do país e não se renderam ao implacável senso de domesticação que nosso sistema político impele incansavelmente.

O Código de Ética vem somar-se à uma outra medida profundamente inovadora aprovada pelo último Congresso do partido: a substituição imperativa dos dirigentes partidários ocupantes de cargos de direção há mais de duas gestões. É uma medida animadora, que contribui tanto para o combate à burocratização de seus quadros, quanto para a renovação de suas instâncias dirigentes, estabelecendo a rotatividade das direções que tanto poderia ter sido útil à experiência do socialismo real no Século XX.

Considero uma vitória de todo o PT estas conquistas. Independentemente das divergências que possamos ter a respeito da importância decisiva que deve ter uma ética republicana na construção do socialismo democrático, a democracia petista, mais uma vez, funcionou e proporcionou um resultado positivo. Uma ética republicana é uma ética universalista. Ela independe dos compromissos de classe e, no fundamental, seu compromisso é com a democracia e a república.


*Tarso Genro é ministro da Justiça e membro do Diretório Nacional do PT. É pré-candidato ao governo do Estado do Rio Grande do Sul em 2010.

**Fonte: sítio do PT Nacional