18 maio 2016

'A pena de 23 anos para Dirceu é o triunfo da perversão de justiça feita por Moro'



Por Paulo Nogueira*
Não era contra a corrupção. Era contra o PT.
Essa é uma das conclusões essenciais da campanha movida pela plutocracia em nome da “moralidade” da qual resultou o golpe.
Dirceu, condenado hoje por Moro a 23 anos de prisão, foi uma das vítimas dessa perversão de justiça.
Três líderes petistas tinham que ser destruídos para o golpe plutocrático funcionar. Lula, Dilma e ele, Dirceu.
O primeiro da fila foi Dirceu. A imprensa, sobretudo a Veja, abandonou qualquer  fundamento jornalístico para assassinar sua reputação e colocá-lo na prisão.
Transformaram-no no que ele definitivamente não é: um monstro. Esquarteje-se esse monstro.
Na perseguição, a Justiça foi cúmplice da mídia. Primeiro foi Joaquim Barbosa, durante o Mensalão. Barbosa sabia que quanto mais espezinhasse Dirceu mais seria louvado pela imprensa.
Depois, Moro com a Lava Jato completaria o serviço sujo. A condenação absurda de Dirceu a 23 anos é o fecho da obra de Moro contra um dos grandes arquitetos do PT.
Uma sessão de interrogatório de Moro contra Dirceu é exemplar. Moro revelou, ou fingiu, uma ignorância desumana em relação a atividades que renderam dinheiro a Dirceu.
Com seus relacionamentos com líderes internacionais, Dirceu era o consultor ideal para empresas interessadas em fechar negócios em outros países.
É uma atividade comuníssima no mundo globalizado e capitalista. A Ambev, para ficar num caso, tinha uma pendência na Venezuela. Quem melhor que Dirceu, amigo de Chávez e de Maduro, para auxiliar a Ambev nessa tarefa?
É um serviço sempre remunerado. Dependendo dos valores em questão, muito bem remunerado.
Foi constrangedor ouvir as questões de Moro, com sua voz fina tão contranstante com a fantasia de super-heroi que a imprensa tentou lhe por.
A única manifestação de decência, naquele interrogatório, veio do interrogado. Pacientemente, Dirceu explicou ponto por ponto das questões que Moro lhe fez. Num gesto de altivez e lealdade, quando lhe foi indagado se tinha algo a dizer a mais no final, afirmou que “o presidente Lula” jamais participara de nada que pudesse incriminá-lo.
O real crime de Dirceu, neste país que deixa um psicopata ladrão como Eduardo Cunha roubar durante décadas, é ser um inimigo da plutocracia.
O resto é encenação.
A sentença de 23 anos lavrada por Moro é o ápice dessa antijustiça. É uma coisa tão patética e abstrusa quanto os exercícios de “dosimetria” que fixaram as penas do Mensalão.
Na Noruega, uma sociedade imensamente mais avançada que o Brasil construído pelos plutocratas predadores, 21 anos de cadeia foi a sentença de Anders Breivik, o fanático de direita que matou dezenas de jovens de um partido para ele complacente contra a “estratégia” de dominação muçulmana. Dois anos menos que Dirceu, portanto.
Ou a Noruega está errada ou Moro e a Justiça brasileira estão errados. Faça sua escolha. (Breivik, caso se mostre perigoso ao fim da sentença, poderá ficar preso mais tempo.)
Mais que tudo, a decisão de Moro sobre Dirceu é uma evidência mais do que justiça parcial é ainda pior do que justiça nenhuma.
Na justiça parcial, você autoriza determinado grupo – a plutocracia – a esmagar o resto da sociedade. Na justiça igualmente falha, você estabelece ao menos uma meritocracia darwiniana: vence quem melhor se adapta às circunstâncias, não importa o dinheiro em jogo.
Moro vai passar para a história como um servo da plutocracia. Dirceu, como uma vítima dela.
...
*Jornalista, Editor do 'Diário do Centro do Mundo'
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/

17 maio 2016

Ataque de Temer à democracia atinge também comunicação


DivulgaçãoFuncionários da EBC durante assembleia

Com exoneração de presidente da EBC por golpista, governo golpista mostra ter pressa para afastar a sociedades das instâncias de decisão


O golpista Michel Temer (PMDB) confirmou os boatos e publicou no Diário Oficial da União nesta terça-feira (17) a exoneração do diretor-presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), o jornalista Ricardo Pereira de Melo.

A EBC foi criada através da Lei 11.652/2008. Seu estatuto reza que a nomeação do diretor-presidente é de responsabilidade da Presidência da República e tem duração de quatro anos, só podendo ser exonerado em duas situações. Uma delas é quando o próprio titular do cargo pede exoneração. A outra situação é quando há duas notas de desagravo por parte do Conselho Curador.

Melo foi nomeado pela presidenta eleita Dilma Rousseff no dia três de maio deste ano e, de acordo com o estatuto, teria mandato até 2020.

A medida recebeu críticas da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) , de representantes do Conselho Curador e de movimentos sociais que lutam pela democratização da comunicação.

Presidenta do Conselho, Rita Freire, apontou que os conselheiros repudiam a medida e lembram que o próprio Temer aprovou a lei que desrespeita agora.

“O que estamos fazendo é defender um lei que foi aprovada inclusive com o voto do presidente interino da República. Ele também aprovou essa lei na época, da criação da EBC, que garante todos esses instrumentos”, afirmou.

Rita aponta ainda que a decisão antidemocrática do golpista ameaça um sistema de comunicação que envolve TV internacional, agência e nove rádios, inclusive emissoras que chegam a população ribeirinha e do interior da Amazônia.

“Falamos do direito à comunicação que não pode ser do governo ou do partido. Não podemos cogitar que o  governo agrida lei que defende a EBC. Mexer com o que já conseguimos construir é atacar a nossa carta magna”, ressaltou.

Atentado à democracia

Secretário de comunicação da CUT, Roni Barbosa, classifica a medida como um atentado ao amplo acesso à produção e distribuição de informação.

“Isso vai interferir nas políticas públicas de comunicação no Brasil. Rechaçamos esse atentado e recorreremos aos meios legais. A democratização da comunicação, uma luta grande que já vem sendo travada há muito tempo, sofre um revés e estamos regredindo ao monopólio”, criticou.

Para a secretária de Formação da CUT e também conselheira da EBC Rosane Bertotti, o objetivo de Temer é justamente colocar a empresa a serviço do golpe.

“Temer não entende o que é uma comunicação pública e estatal, não entende que a EBC não é estrutura com governo. Essa é uma prova de que o processo de comunicação pública ainda não está consolidado. Os governos passam. Estados ficam. Por isso a importância de conquistarmos políticas de Estado.  É um patrimônio público, é uma forma de desmerecer a história e conquista da sociedade brasileira.”
...
*Escrito por: André Accarini e Luiz Carvalho 
Fonte: http://cut.org.br/

16 maio 2016

PP, PSC e SD pedem votação na Câmara para confirmar afastamento de Cunha. Esperneio ou bóia?


Por Fernando Brito*
Deu no Valor, agora há pouco, que o PP, o PSC e o Solidariedade do Paulinho da Força entraram com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo  que a decisão suspendendo o mandato do deputado Eduardo Cunha e seu afastamento dele da presidência da Câmara seja submetida à votação no plenário da Casa, para confirmar ou para ser revogada.
Não vou opinar sobre a questão jurídica, porque ela nunca foi tratada de forma jurídica, mas política.
Se não o fosse, um pedido apresentado ainda em dezembro, com pedido de medida liminar de tamanha gravidade não dormiria nas gavetas de Teori Zavascki . Não seria apreciado somente em abril, assim mesmo depois que Cunha tinha feito, até a última fala, o papel sujo de preparar o afastamento de Dilma Rousseff,  comandando a votação deprimente de 17 de abril.
Não se conhece um precedente jurídico à decisão que afastou Cunha. Também não se registram precedentes de algum Eduardo Cunha.
A questão é política e, neste sentido, soa muito mal a declaração do Ministro Luís Roberto Barroso, hoje, de que o STF pode liberar o financiamento empresarial de candidatos, caso o Congresso aprove legislação sobre o assunto.
Parece, até mesmo neste país onde o que parece impossível acontece, que a ação não tem espaço para prosperar.
Mas também ninguém achava que, um dia após ser designado relator do inquérito sobre Aécio Neves , Gilmar Mendes fosse suspendê-lo.
Repito: não há, hoje, sinal de que isso possa ir além de uma esperneada da turma do Cunha.
Amanhã, não se sabe.
É uma corda, algo para Cunha se agarrar e ele é bom (desculpem pela palavra) nisso.
Principalmente para enforcar os outros.
*Fonte: http://www.tijolaco.com.br/

15 maio 2016

O golpe usou a toga - O Judiciário e o Ministério Público não barraram as ofensas contra a democracia porque eram parte da conspiração


Gilmar Mendes e Temer

Por Maria Inês Nassif*

A estratégia do golpe institucional, com papel ativo do baixo clero do Legislativo e de instâncias judiciárias (o juiz de primeira instância Sérgio  Moro e o Supremo Tribunal Federal), e ação publicitária dos meios de comunicação tradicionais (TV Globo e a chamada grande imprensa)  começou a ser desenhada no chamado Escândalo do Mensalão. Um ano antes das eleições presidenciais que dariam mais um mandato ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o país foi sacudido por revelações de que o PT usara  dinheiro de caixa dois de empresas para pagar as dívidas das campanhas das eleições municipais do ano anterior, suas e de partidos aliados. O tesoureiro do partido, Delúbio Soares, era o agente do partido junto a empresários e a uma lavanderia que até então operava com o PSDB de Minas, a agência de publicidade DNA, de Marcos Valério. Delúbio tornou-se réu confesso. Outro dirigente do partido, Sílvio Pereira, foi condenado por receber um Land Rover de presente de um empresário.

Em torno do episódio – crime de captação de caixa dois pelo partido que está no governo e recebimento de presentes em troca de favores – se iniciaria a maior ofensiva institucional contra um partido político jamais ocorrida em períodos democráticos do país. Toda a máquina midiática tradicional foi colocada a serviço de provar – com fatos amplificados, versões ou falsificações – que o governo de Lula estava corroído pela corrupção, que o PT aparelhara a máquina pública para auferir ganhos desonestos para o partido ou para os seus aliados, que o governo corrompera os aliados – ironia das ironias, os “corrompidos”, os partidos da base aliada, eram o PMDB, o PTB, o PP, o PR.... – com mesadas para os parlamentares, destinadas a garantir as maiorias em plenário necessárias para aprovar matérias de interesse do Executivo. O termo “mensalão” foi criado nessa jogada de marketing, destinada a transformar um escândalo de caixa dois, no qual todos os partidos estavam envolvidos (a lavanderia de Marcos Valério não tinha restrições ideológicas à adesão de qualquer um deles), em um modo peculiar de corrupção do PT, a compra direta do parlamentar, sem que em nenhum momento houvesse sido provado o pagamento regular a deputados e senadores da base aliada. Afinal, o dinheiro da lavanderia de Marcos Valério foi direto para o caixa dois de outros partidos políticos, no período pós-eleições municipais – e o “denunciador” do mensalão, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, chegou a confessar, quando se viu em tribunal, que  dinheiro era para pagamento de dívidas de campanha.

Para ser corrupção, todavia, era preciso que se caracterizasse o dinheiro do caixa dois como originário dos cofres públicos. O Ministério Público, então presidido pelo procurador Antônio Fernando de Souza, hoje advogado do deputado tardiamente afastado da presidência da Câmara, Eduardo Cunha, inventaria a ficção de um dinheiro desviado da empresa Visanet pelo diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolatto. A Visanet era uma empresa privada, do grupo internacional Visa, e esse dinheiro foi tratado indevidamente como produto de desvios do Banco do Brasil, estatal, num julgamento na maior instância judiciária do país, que não poderia se dar ao luxo de um erro deste tamanho. Pizzolatto não tinha autonomia para assinar uma única ação de marketing sozinho. A “prova” que Souza apresentaria contra ele, aceita pelo relator Joaquim Barbosa, do STF, foi assinada por outras três pessoas e submetida a um comitê, e depois à diretoria de um banco – a ação publicitária, ao final, fora autorizada por mais de uma dezena de pessoas. Não existia possibilidade de que Pizzolatto tivesse desviado o dinheiro:  para isso, teria que ter mais de dez cúmplices, e ainda assim atuaria sobre dinheiro privado, que não era do Banco do Brasil.

O Supremo Tribunal Federal, nas vésperas da eleição de 2014, julgou midiaticamente o caso e perpetrou barbaridades jurídicas nunca antes vistas na história desse país. O relatório do ministro Joaquim Barbosa transformou um crime de captação de caixa dois em desvio de dinheiro público, e jogou as provas de que o dinheiro definitivamente não havia sido desviado do Banco do Brasil para um inquérito paralelo. Por fim, decretou segredo de Justiça. Sequer os advogados de defesa tiveram acesso a elas. Também não tiveram acesso a provas da origem do dinheiro lavado por Marcos Valério: a transferência de fartos recursos do caixa de um empresário interessado em decisões de governo (que não foram tomadas, inclusive por oposição do ministro José Dirceu, condenado sem provas), repassados aos partidos da base aliada. O empresário em questão chegou a aparecer no início do escândalo na mídia e sumiu como um fantasma das páginas dos jornais e dos inquéritos policiais e judiciais. 

Com a opinião pública dominada por uma campanha diária de nove anos, o STF legitimou sua decisão de avalizar as conclusões de Barbosa, acatou o estranho instrumento do “domínio do fato” e, a partir disso, a pretexto de ouvir a voz das ruas, aceitou as barbaridades que seriam praticadas pelo Ministério Público e pela justiça de primeira instância na Operação Lava Jato, nos últimos três anos.

O STF transformou um crime de caixa dois em crime de corrupção, de formação de quadrilha, etc. etc. sem provas. Dos réus que foram condenados, alguns cometeram crimes, mas não os que os levaram para a prisão; outros eram inocentes de quaisquer crimes e foram condenados assim mesmo. Poucos foram condenados por crimes que efetivamente cometeram. A Agência DNA foi punida por atuar como lavanderia do PT e dos partidos aliados, mas tardiamente responsabilizada pelo Mensalão do PSDB (que vai deixar todos os implicados soltos até a prescrição do crime, o mesmo que levou o PT e seus aliados à cadeia). O deputado José Genoíno, então presidente do PT, foi preso por um empréstimo efetivamente feito pelo partido e quitado no prazo estipulado em contrato. Dirceu foi eleito o vilão nacional e encarcerado – e de novo encarcerado no Lava Jato – sem nenhuma prova contra si. E Pizzolatto, depois de uma fuga sensacional, amarga cadeia porque, junto com um comitê de dezenas de pessoas, autorizou uma campanha publicitária do Banco do Brasil paga pela Visa Internacional. Alguns membros do mesmo comitê respondem a um processo na primeira instância que está esquecido na gaveta de um juiz da capital federal.

Desde então, o Ministério Público Federal e o Supremo Tribunal Federal se constituem em peças fundamentais nas articulações contra os governos petistas, iniciadas em 2005 e que tiveram desfecho no golpe institucional deste 2016. Eduardo Cunha e Michel Temer não existiriam sem a cumplicidade das duas instituições e a inexplicável ingenuidade do PT: o mesmo partido que em determinado momento se dispôs a jogar com as armas da política tradicional, indo à cata de dinheiro de caixa dois das empresas para financiar campanhas eleitorais, não entendeu a natureza da elite que o financiava, nem a impossibilidade de acordo com a política tradicional e com instituições de vocação conservadora que mantiveram seu perfil conservador e corporativo, apesar de seus membros terem sido majoritariamente escolhidos pelos presidentes petistas. O PT não entendeu que jogava as suas fichas, a nível institucional, numa política de conciliação de classes num quadro onde as próprias políticas do governo davam as bases para uma acirrada luta de classes, que se tornou explícita quando o golpe começou a mostrar sua cara. Essa foi uma contradição inerente aos governos petistas. Na campanha eleitoral de 2014, a presidenta Dilma Rousseff venceu no segundo turno porque rapidamente as forças de esquerda se articularam em torno dela, em reação à onda de comoção criada pela direita, que se utilizou do clima proporcionado pelo julgamento político do Mensalão levado a termo pelo Supremo Tribunal Federal (STF) durante a campanha eleitoral municipal de 2012 e cujo espetáculo midiático e judiciário de prisões se desenrolou até 2013, quando já se preparava a campanha eleitoral para a reeleição da presidenta Dilma que ocorreria  no ano seguinte; e da campanha midiática reforçada  pela entrada em cena do juiz de primeira instância Sérgio Moro que, aproveitando-se das licenças jurídicas a que se permitiu o STF em 2013, fez o seu próprio tribunal político, fechando o cerco ao PT por um esquema de corrupção na Petrobras que – basta ler com atenção as delações premiadas – era enraizado na empresa e mantinha em diretorias protegidos de partidos que estavam aliados aos governos petistas depois de 2002, mas igualmente aos governos anteriores, do PSDB e do PMDB e do governo Collor.

Já são 11 anos de massacre, com armações com grande similaridade. O Ministério Público encontra um escândalo qualquer e começa a investigar, considerando provas basicamente de um lado. Sem consistência para pedir um inquérito, vaza os dados para um órgão de imprensa, que os publica como grande escândalo, desconhecendo o fato de que as provas não existem. Imediatamente, a matéria do jornal, baseada em vazamentos do próprio MPF, vira o indício que o MPF usa para pedir ao juiz – a Moro, ou ao STF, ou a algum outro  – para abrir o inquérito. No caso de Moro, seguem-se prisões sem base legal e coações à delação premiada. Chovem no Youtube reproduções de interrogatórios presididos pelo próprio juiz Moro onde ele deixa claro ao interrogado – normalmente um velho com problemas de saúde -- que será libertado apenas se delatar; e de advogados protestando contra ele por não considerar sequer uma prova apresentada pela defesa antes de condenar um implicado. Nesses vídeos, é claro que Moro está investido da intenção de condenar antes de ouvir a defesa. Para ele, não existem inocentes em um campo político. No outro campo político, suas intenções são dóceis. O justiceiro é bastante permissivo com o campo político da direita.

Nada justifica que um juiz de um tribunal de exceção sobreviva numa democracia com amplos poderes, acima daqueles que a Constituição lhe confere, sem a aquiescência da maior instância judiciária. Moro existe e faz o que quer porque o sistema jurídico está contaminado pelo partidarismo. Moro não existiria sem um Barbosa que o precedesse. Moro não existiria sem o ministro Gilmar Mendes, que impunemente transformou o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em palanques contra os governos do PT. Não existiria sem o ministro Dias Toffoli, que se tornou moleque de recados de Mendes; sem a tibieza das duas ministras mulheres; sem o conservadorismo ideológico de Teori Zavascki (que contamina o seu discernimento jurídico); sem a falsa objetividade jurídica de Celso Melo; sem a frouxidão de Edson Fachin; sem a excessiva timidez de Ricardo Lewandowisk. A Justiça não evitou o golpe porque é parte do golpe. O Ministério Público não reagiu ao golpe porque era um dos conspiradores.


*Fonte: cartamaior.com.br
Créditos da foto: Anderson Riedel/ VPR

Sabres em punho! O PMDB golpista nos leva de volta ao século 19

Foto: Caco Argemi

A foto aí foi tirada ontem à noite pelo fotógrafo gaúcho Caco Argemi.
É da carga, de sabre em punho, feita pela cavalaria da Brigada Militar, na Avenida Ipiranga, próximo à sede do jornal Zero Hora, em Porto Alegre.
A Brigada,  corporação equivalente à Polícia Militar, em outros tempos uma das mais respeitadas (e armadas) instituições militares estaduais, desde que Borges de Medeiros criou seu Grupamento de Metralhadoras, ainda na esteira dos conflitos que o Rio Grande enfrentava com o governo central.
A ordem para a carga de espada, provavelmente, não é dada há décadas aos brigadianos.
O governador José Ivo Sartori, mais conhecido nacionalmente por ter sido o primeiro a sacrificar seus funcionários – inclusive os brigadianos – com atrasos e suspensão do pagamento de seus salários, é pessoalmente responsável por qualquer infortúnio que venha a ocorrer com este tipo de ataque a sabre, mais adequado a quem pensa estar no século 19.
A foto de Argemi  não é apenas uma desonra para a Brigada Militar.
É um libelo não apenas contra o governo gaúcho ou o de seu colega usurpador, Michel Temer.
É uma vergonha para o Brasil.
Quem se disporá a vir a um lugar onde a polícia avança de espada contra manifestantes?
Quem não está autorizado a reagir como puder a um cavalariano que vem de sabre em punho contra ele?
Sabre não serve para dispersar, senão pelo medo de quem o vê.
Mas, se não tiver medo, como é tradição gaúcha não ter,  só serve para matar.
O Rio Grande do Sul não é mais a terra da degola, ainda bem.
Argemi prestou um serviço ao Brasil e sua foto deve ser compartilhada o quanto se puder nas redes sociais.
Para ver se alguém sente vergonha.
Será que, vendo isso, alguém toma uma providência para evitar uma tragédia?
Quando menos, para que se veja a primeira cena brutal da ditadura que se está implantando no Brasil.
*Por Fernando Brito no (excelente!) Blog 'Tijolaço'

14 maio 2016

Pela segunda noite consecutiva, Brigada Militar lança bombas contra manifestantes


Foto: Caco Argemi


Porto Alegre - Sul21 - A Cidade Baixa foi palco, pela segunda noite consecutiva, de violência policial contra manifestantes. Um ato convocado justamente em resposta à ação policial registrada na quinta-feira (12), acabou dispersado com bombas de gás lacrimogêneo e detenções. Foram cerca de três horas de protesto que seguiu pacificamente por diversas ruas de Porto Alegre, com poucos momentos de tensão, antes dos ataques da Brigada Militar começarem, quando o ato parecia estar acabando.


A manifestação desta sexta-feira (13) teve início por volta das 18h30, na Esquina Democrática, e reuniu milhares de pessoas que saíram em caminhada pela Borges de Medeiros, Salgado Filho, João Pessoa, Ipiranga, Erico Verissimo, João Alfredo, República, até chegar ao Largo Zumbi dos Palmares, na Loureiro da Silva.
A multidão repetia cantos contra o impeachment e o governo interino liderado por Michel Temer e marchava pacificamente, saudando pessoas que apareciam nas janelas com bandeiras do PT e aplaudindo. Em alguns momentos, moradores favoráveis ao impeachment também se manifestavam, com bandeiras do Brasil, e recebiam cantos de “golpistas, fascistas, não passarão”. Na Avenida João Pessoa, além de “Temer ladrão, teu lugar é na prisão”, “fora Temer” e “vem pra rua vem, contra o Temer”, as mulheres do ato começaram a entoar “nem recatada e nem do lar, a mulherada tá na rua pra lutar”. (...)
CLIQUE AQUI para continuar lendo.

13 maio 2016

Hoje é treze, sexta-feira, Prenda Minha ...





*Prenda Minha - Telmo de Lima Freitas

Hoje é treze sexta-feira, prenda minha
É dia de louvação
Me fugiram os amigos mais antigos
Me deste consolação

Já passaram muitas luas, prenda minha
Muitas luas já passei
Fiz promessa pro negrinho, coitadinho
Por isso que eu te encontrei

Acho cedo muito cedo, prenda minha
Pra dizer que escureceu
Foi a noite dos teus olhos, prenda minha
Que acordou os olhos meus

Foi teu riso disfarçado, prenda minha
Que laçou o meu bem querer
Se eu fugir do sul do mundo, num segundo
Voltarei pra te rever

Abre o poncho desta alma, prenda minha
Que eu preciso me abrigar
Se o inverno for intenso, como penso
Muito frio eu vou passar

Hoje é treze sexta-feira, prenda minha
É dia de louvação...                   

Leticia Sabatella: “Aceitar Michel Temer é só para tolos, ignorantes ou mal-intencionados”


Atriz afirmou nas redes sociais que o golpe contra Dilma Rousseff foi fruto de “ódio” e que irá comprometer “todos os direitos dos cidadãos”. Ela ressaltou ainda que Temer seria inelegível caso disputasse o cargo nas urnas e que é preciso continuar lutando em defesa da democracia




A atriz Leticia Sabatella costuma usar com frequência as redes sociais para se posicionar sobre a situação política brasileira. Com o avanço do golpe orquestrado contra Dilma Rousseff, a artista fez questão de alertar seus seguidores para o que representa um governo liderado por Michel Temer.
“O ódio já fez este Golpe contra todos os direitos dos cidadãos. E aceitar Michel Temer com menos de 1% de popularidade, simplesmente inelegível, Michel Temer, responsável pelo pior do Governo, é só pra tolos, ignorantes, ou mal-intencionados. A Democracia deve ser defendida pelo povo, sim!”, desabafou no Facebook.

Ao ser questionada por um internauta sobre o que pode ser feito após o afastamento de Dilma, Leticia afirmou que continuará lutando por mudanças no país. “Tudo o que está acontecendo hoje sempre houve e sempre resistimos, sempre resistiremos. Nossa árvore é maior que um partido, nossa raiz nutre-se de pura essência do amor ao próximo, ao justo, ao impossível para os que têm medo de mudança. Nós sempre desejaremos a mudança, por isso ela sempre acontece mesmo com toda a força contrária. Nós somos movidos pela utopia e rechaçamos o comodismo. Nasceremos e renasceremos a cada morte, a cada traição, a cada golpe, cada vez mais fortes”, respondeu a atriz.
*Via http://www.revistaforum.com.br/

11 maio 2016

Glenn Greenwald: A democracia brasileira sofrerá duro revés com Michel Temer, um neoliberal corrupto


Temer
A Democracia Brasileira Sofrerá um Duro Revés com a Posse de um Inelegível e Corrupto Neoliberal
May 11 2016, 12:43 p.m.

(The English version of this article can be read by clicking here)
Em 2002, o Partido dos Trabalhadores (PT), de centro-esquerda, chegou à presidência depois da expressiva vitória de Lula da Silva sobre o candidato de centro-direita do PSDB (ao longo do ano de 2002, os “mercados” ficaram indignados com a mera possibilidade de vitória do PT).
O PT permaneceu no poder quando Lula, em 2006, foi reeleito com outra expressiva vitória contra um candidato diferente, também do PSDB.
Os inimigos do PT pensaram que teriam sua chance de acabar com o partido em 2010, quando Lula não podia mais disputar as eleições por limites legais, mas suas esperanças foram esmagadas quando a sucessora escolhida por Lula, a anteriormente desconhecida Dilma Roussef, ganhou com uma vantagem de 12 pontos, do mesmo candidato do PSDB que foi derrotado por Lula em 2002.
Em 2014, os inimigos do PT investiram enormes quantias de dinheiro e recursos para derrotá-la, acreditando que ela estaria vulnerável e que finalmente teriam encontrado um candidato bem-aventurado no PSDB, mas perderam novamente, dessa vez numa eleição apertada, quando Dilma foi reeleita com 54 milhões de votos.
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Então, se você é um plutocrata dono dos maiores e mais influentes meios de comunicação, o que você faz? Você ignora a democracia por completo – afinal, ela segue empoderando candidatos e políticas que o desagradam – explorando seus meios para incitar distúrbios e depois implantar um candidato que jamais seria eleito por conta própria, mas que seguirá fielmente sua agenda política e ideologia.
Isso é exatamente o que o Brasil fará hoje. O Senado brasileiro votará à tarde a admissibilidade do processo de Impeachment iniciado na Câmara, que resultará no afastamento automático da Presidente Dilma até o fim do julgamento.
Seu sucessor será o Vice-Presidente Michel Temer, do PMDB. Ele está submerso em corrupção: foi acusado por delatores de envolvimento em um esquema ilegal de compra de etanol, acaba de ser considerado culpado, e multado, por irregularidades nos gastos de campanha, e enfrenta a possibilidade de ficar inelegível por 8 anos. 

Ele é profundamente impopular: apenas 2% dos brasileiros o apoiariam como presidente, e quase 60% querem seu impeachment. Mas ele servirá fielmente aos interesses dos ricos do Brasil: ele está planejando indicar executivos do Goldman Sachs e do FMI para controlar a economia e instalar uma equipe neoliberal sem nenhuma representatividade (composta em parte pelo mesmo partido – PSDB – que perdeu quatro eleições seguidas para o PT).(...)
CLIQUE AQUI para continuar lendo (via Viomundo*)

O golpe marcha acelerado





Companheiros(as), Amigos(as), Camaradas:

Provavelmente perderemos esta batalha - o fétido golpe jurídico/midiático/empresarial/parlamentar está conseguindo se impor (através de manobras, mentiras, traições e crimes continuados contra o sagrado voto popular, contra a Constituição e a Democracia) ... e já impregna o ar. Mas não vamos esmorecer!

A luta segue! 'É de batalhas que se vive a vida!'.

-Golpistas, exploradores, fascistas, vendidos e traidores: Não Passarão! Os próximos dias/meses serão de combate em defesa do Mandato Popular e da Democracia, protagonizado por aqueles que não capitulam jamais!

-Resistir, denunciar, organizar - para Avançar a Luta!

-Até a Vitória, Sempre! (Júlio Garcia, via face)
...


*MANIFESTO:  Serenamente dizemos ao lado do povo: 'vai ter luta'

Longas horas de vergonha




POR FERNANDO BRITO* 11/05/2016

Vou escrever pouco, porque não é hora de adivinhações, além da óbvia de que o que se passa hoje já está definido.
Nem, tampouco, de avaliações ou recriminações.
Independente de seus erros, há uma mulher,de extrema honradez e seriedade, à beira do cadafalso como se uma criminosa fosse.
É a forca a que, afinal, a levam seus linchadores: os derrotados da eleição, a mídia, a elite empresarial e a extrema-direita que, afinal, passou a ter cara própria no Brasil, o que não tinha desde os tempos do regime militar.
Também é constrangedor ver as instituições brasileiras, mesmo sem ter nenhuma ilusão quanto à sua natureza de classe, rebaixarem a antros de dissimulados, desclassificados, irresponsáveis e desprovidos de qualquer traço de dignidade pessoal.
Mas não é só piedade e constrangimento.
Talvez a tristeza vá além disso, porque é inevitável que da usurpação se passem a outros crimes, porque quem ascende ao Governo pela perfídia , na perfídia terá seu método de governar.
“O  que ascende ao principado com o auxílio dos grandes mantém-se com dificuldade maior do que o que o faz com auxílio do povo”escreveu Maquiavel, “pois se vê rodeado de muitos que lhe parecem ser seus iguais, e por isso não pode nem comandá-los nem manobra-los à sua vontade”.
Vamos entrar num período extremamente crítico na vida brasileira.
O autoritarismo -judicial, policial e governamental – já força as portas das liberdades democráticas.
Ele será a forma de reagir à insatisfação popular com o que virá, que é muito pior do que o que aqui está.
Estamos apenas começando um estranho “quanto tempo dura” de um governo ilegítimo, usurpador e, além disso, urdido para fazer retroceder o Brasil a uma situação colonial que já não é compatível com o nosso presente, como nunca foi com o nosso futuro.
*Via http://www.tijolaco.com.br/

E.T. O Editor deste Blog compartilha da mesma indignação do comp. Fernando Brito - e assina embaixo. (JG)

10 maio 2016

Teori Zavascki vai julgar mandado de segurança da AGU


Jornal do Brasil
O mandado de segurança da Advocacia-Geral da União (AGU) para anular o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff será analisado pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), após sorteiro realizado na tarde desta terça-feira (10), mesmo dia em que o governo impetrou o pedido.
Diante do cronograma do processo -- o Senado inicia a votação em Plenário do relatório do senador Antônio Anastasia (PSDB-MG) nesta quarta-feira (10) -- a expectativa é que a decisão do Supremo seja dada no início da manhã de quarta-feira.

O mandado de segurança da Advocacia-Geral da União (AGU) para anular o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff será analisado pelo ministro Teori Zavascki
O mandado de segurança da Advocacia-Geral da União (AGU) para anular o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff será analisado pelo ministro Teori Zavascki

Na ação, a AGU argumenta que Eduardo Cunha, presidente afastado da Câmara de Deputados,  cometeu desvio de finalidade ao acolher o pedido de impeachment de Dilma. O mandado se baseará na decisão do próprio STF que afastou Cunha, atendendo a um pedido da Procuradora-Geral da República que alega que o presidente afastado da Câmara utilizou o cargo para se beneficiar.

Dilma: “carrego comigo a força dos que se tornaram protagonistas dos seus direitos nos últimos 13 anos”


Presidenta Dilma Rousseff acena para a plateia durante cerimônia de abertura da 4ª Conferência Nacional de Política para as Mulheres. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Presidenta Dilma Rousseff durante cerimônia de abertura da 4ª Conferência Nacional de Política para as Mulheres. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
A presidenta Dilma Rousseff abriu, nesta terça-feira (10), a 4ª Conferência Nacional de Política para as Mulheres, em Brasília. E, na presença de uma plateia formada por mulheres, falou sobre sua resistência para enfrentar o processo de impeachment e os pedidos de opositores para que ela renuncie ao cargo — estratégia para evitar, segundo a presidenta, que o governo continue expondo o golpe contra a democracia. A presidenta explicou que, além da força que possui por ser mulher, ela tem conseguido resistir com o mesmo empenho de todos os brasileiros que forma beneficiados pelas transformações sociais nos últimos 13 anos, por meio de programas como o Mais Médicos, o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida,
“Eu carrego comigo a força das mulheres e também dos homens que se tornaram protagonistas de seus direitos, sujeitos dos seus direitos, nesses últimos 13 anos”, disse. “Carrego comigo os 63 milhões de brasileiros e de brasileiras que não tinham atendimento médico e, agora, têm pelo Mais Médicos. Carrego os 9 milhões e 500 mil do Pronatec. […] Carrego em mim a força de vida dos 36 milhões de brasileiros e brasileiras que saíram da pobreza. Eu carrego comigo os 11 milhões que moram em casa própria do Minha Casa Minha Vida, em que mulheres são a maioria. Carrego também todos os mais de 4 milhões que fizeram ProUni, que fizeram Fies, que entraram na universidade. E carrego todos aqueles filhos de pedreiros que viraram doutores”.
Com apoio das participantes da conferência — que entoaram gritos como “não vai ter golpe, vai ter luta” e “fica, querida” –, Dilma destacou o legado dos governos do ex-presidente Lula e do seu para concluir que o processo de mudança pelo qual o país passa desde 2003 é irreversível.
“Quando as pessoas contam que o filho do pedreiro vai virar doutor, que o filho da doméstica vai se transformar em médico, este é o caminho pela qual lutamos nos últimos treze anos. É esta a nossa proposta, a mudança radical em relação às oportunidades (…) E quando se mostra que é possível mudar a realidade, ninguém vai deixar de garantir que ela continue mudando”.
A presidenta também foi enfática sobre a participação do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e do vice-presidente Michel Temer na tentativa de tirá-la do cargo, apesar dela ter sido democraticamente eleita com mais de 54 milhões de votos. “Eu quero dizer a vocês que eu não estou cansada de lutar, eu estou cansado é dos desleais e dos traidores. E tenho certeza que o Brasil também está cansado dos desleais e dos traidores. E é esse cansaço dos desleais e dos traidores que impulsiona a mim a lutar cada dia mais”.
Dilma ressaltou, mais uma vez, que não cometeu nenhum crime de responsabilidade, o que seria necessário para deflagar um processo de impeachment. E demonstrou preocupação com a agenda de “retrocessos” do grupo que pretende assumir a Presidência, caso ela seja afastada.
“Quero dizer a vocês que os golpistas carregam outro tipo de promessa com eles mesmos. Eles carregam promessas que nós não votamos nelas. Elas foram derrotados nas urnas em 2014. Eles carregam com eles a promessa de retrocesso. Prometem eliminar a obrigatoriedade dos gastos em saúde e educação. Prometem desvincular os benefícios do salário mínimo, principalmente os previdenciários. Prometem privatizar tudo que for possível. Prometem acabar com o pré-sal. E é isso que nos diferencia. Eu não fui eleita para isso.”

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Maranhão anula a anulação do golpe; movimentos fazem atos em todo o Brasil até quarta


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CONTRA O GOLPE
Movimentos populares e centrais sindicais mantêm protestos nesta terça-feira (10)
Apesar da anulação da votação do impeachment, frentes de movimentos sociais reforçam a necessidade de se manter nas ruas
As centrais sindicais e movimentos populares confirmam as paralisações convocadas na última semana pelas Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo nesta terça-feira (10), independentemente das consequências da anulação da sessão de votação do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, assinada nesta segunda pelo presidente interino da Câmara dos Deputados, o deputado federal Waldir Maranhão (PP-MA).
Em nota, a Frente Brasil Popular saudou a decisão de Maranhão, que “corrobora o apelo e o clamor da sociedade que defende a democracia”.
“Somente com muita mobilização popular poderemos assegurar essa decisão. Assim, é fundamental mantermos a mobilização nos Estados e em Brasília, bem como a realização das atividades já agendadas para os próximos dias”, diz um trecho do texto.
Ânimo
Desde o início da manhã, haverá mobilizações de categorias e bloqueios de rodovias em diversas cidades e capitais do país, relata Raimundo Bonfim, coordenador geral da Central de Movimentos Populares (CMP). O objetivo é promover “muitos agitos em defesa da democracia, contra o golpe e a retirada de direitos”.
Segundo ele, as ações já estavam coordenadas desde semana passada e nada muda com a alteração do cenário político em Brasília e a possível retardação da votação no Senado, que está prevista para esta quarta-feira (11).
Bonfim conta que a Frente Brasil Popular recebeu com ânimo a notícia da nulidade, pois reforça os argumentos da rede sobre o caráter ilegal dos procedimentos do processo de impeachment. “É um sinal positivo para nossa luta. Estamos em um processo de disputa que não terminou. Essa decisão reanima a militância a continuar denunciando o golpe”, disse.
Permanência nas ruas
O coordenador da CMP também ressaltou a importância de os movimentos populares não saírem das ruas, porque “as forças golpistas vão tentar reverter a medida”. Ele conta que haverá um ato e uma vigília em Brasília.
“Só estamos estudando o caráter do ato do dia 12. Vamos nos reunir para pensar como ajudar a sustentar essa decisão [do deputado Maranhão] e pressionar Renan [Calheiros] a devolver o processo imediatamente”, afirmou.
O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Guilherme Boulos, que integra a Frente Povo Sem Medo, acredita que a decisão do presidente interino da Câmara dos Deputados “reestabelece minimamente a legalidade da Constituição” e “reforça da ilegitimidade do golpe”.
“Abriu-se, da forma como o processo foi conduzido por Eduardo Cunha, um precedente de instabilidades que revelou toda a ilegalidade que permeia o processo”, disse.
No entanto, ele afirma que as atividades devem ser mantidas, pois a decisão pode ainda ser revertida. “Há outros atores interessados no golpe. Não podemos nos iludir. Devemos continuar na ruas”, disse. Para ele, as mobilizações desta terça serão “mais um recado de que eles [oposição] podem até ganhar no tapetão, mas não vão ter condições de governar”.
Edição: Camila Rodrigues da Silva
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PS do Viomundo: Na madrugada desta terça-feira, o presidente da Câmara oficialmente anulou a anulação!