17 março 2019

Um país avacalhado



Por Fernando Brito*

Talvez não se precisasse mais do que sermos um país onde Lula está preso numa solitária e Jair Bolsonaro está no Palácio do Planalto para justificar o título acima.

Mas, como há gente tola o suficiente para acreditar que um homem que tinha autoridade sobre o uso de centenas de bilhões em investimentos públicos e favores fiscais possa ter conspurcado sua autoridade em troca de uma reforma de segunda num pombal no Guarujá e que outro, que jamais propôs alguma coisa além de atirar, matar, castrar e estuprar possa ser o caminho para a paz social, gasto algumas linhas para provar o que afirmo.

A Justiça, depois de desmoralizar-se numa perseguição inquisitorial, por anos a fio, está em frangalhos. Um procurador da província faz um acordo para ficar com R$ 2,5 bilhões à sua disposição. A Procuradora Geral da República pede a anulação da monstruosidade e a categoria, até onde se sabe, revolta-se contra ela. O Supremo Tribunal Federal, depois de apanhar na cara por longa temporada – até mesmo oferecendo a face para isso – converte-se em delegado de polícia para, depois de arrombadíssimas todas as suas portas, “descobrir” quem o está enlameando e difamando, quando isso está mais do que claro para qualquer um que ligue o computador e acesse as redes sociais.

A economia, há três anos, não tem projeto algum senão vender o que puder, cortar onde não deve e dizer que todos os insucessos que coleciona são “culpa dos governos anteriores”. Que, tendo ganho o bilhete premiado da descoberta de uma imensa jazida de petróleo coloca na presidência da empresa estatal que o encontrou um homem que sonha em privatizá-la.  Um ministro da Economia que apresenta como proposta “genial” deixar que se esvazie o Estado, eliminando metade de seus servidores (sem efeitos econômicos de curto ou médio prazo, pois aposentar-se-ão os funcionários eliminados) e que eliminem as vinculações do Orçamento que obrigam a gastos em saúde e em educação.

Educação, aliás, que está entregue às intrigas diárias entre incompetentes, fascistoides e um charlatão que despeja ofensas e obscenidades diariamente no Facebook, chamando de drogados e homossexuais os jornalistas que – timidamente, até – ousam criticar essa situação de barbárie. A ordem para formarem as crianças para ouvirem o slogan presidencial é até pouco diante do quadro que lá se instalou.

Ordem nas escolas, exceto por um massacre ou outro, desordem nos quartéis, com as Forças Armadas sendo desmoralizadas pela barganha pública de suas aposentadorias enquanto generais reformados vão ocupando a máquina pública e circulando, desenvoltos, com atores pornô e louvadores de milicianos.

A imagem do Brasil no exterior, antes tão cara a eles, transformada em objeto de chacota, com o fundamentalismo dominando o Itamarati e poderia seguir adiante, em quase todas as áreas do Governo, ou pseudogoverno, talvez nome mais apropriado ao que temos.

O fato objetivo é que não há saída da crise para um país que degrada sua vida institucional.

Como não há legitimidade em quem ascendeu ao poder, embora pelo voto, através de um processo ilegítimo. A vontade nacional, quando se expressa, como aconteceu, no sentido destrutivo, só destruição traz, se não se move por esperanças.

A falta de sonhos é o portão do pesadelo.

*Jornalista (RJ), Editor do Blog Tijolaço

16 março 2019

Lula: “Resisto porque sei que ainda tenho uma missão importante a cumprir”

Em longa e contundente carta direcionada aos Comitês Lula Livre, o ex-presidente disse que "o tempo está revelando a verdade" e citou o acordo ilegal entre a Lava Jato e o governo dos EUA que envolve uma quantia de R$2,5 bilhões da Petrobras; leia

Foto: Ricardo Stuckert


Por Redação*

Neste sábado (16), dia em que está sendo realizado, em São Paulo, o Encontro Nacional Lula Livre, o ex-presidente Lula escreveu uma carta direcionada aos comitês instalados no Brasil e em cidades estrangeiras em prol de sua liberdade em que agradece toda a mobilização e reafirma sua inocência.

No longo e contundente texto, Lula resgata todo o processo fraudulento que o colocou na prisão em abril do ano passado, denuncia a manobra que foi feita para retirá-lo das eleições e relaciona o reconhecimento da sua inocência como parte da defesa da democracia.

Demonstrando estar disposto a seguir pleiteando sua liberdade, o ex-presidente diz que resiste porque sabe que tem, ainda, “uma missão importante a cumprir neste momento em que a democracia, a soberania nacional e os direitos do povo brasileiro são ameaçados por interesses econômicos e políticos poderosos, inclusive de potências estrangeiras”.

O petista cita ainda, na carta, a morte de seu neto Arthur, que tinha apenas 7 anos, e revela a promessa que fez.

“O pequeno Arthur foi discriminado na escola por ser meu neto e sofreu muito com isso. Então, prometi a ele que não vou descansar até que minha inocência seja reconhecida num julgamento justo. Na emoção daquele momento, recordo-me de ter dito: ‘Vou te mostrar que os verdadeiros ladrões são os que me condenaram'”, escreve o ex-presidente.

Neste momento do texto, então, Lula cita o acordo ilegal entre a Lava Jato e o governo dos Estados Unidos que envolve uma quantia de R$2,5 bilhões da Petrobras e dispara: “Estes moralistas sem moral ocupam hoje altos cargos no governo que só foi eleito porque eles impediram minha candidatura. Mas quem está preso é o Lula, que nunca foi dono de apartamento nem de sítio, que nunca assinou contratos da Petrobras, que nunca teve contas secretas como essa fundação que foi descoberta agora. Mais do que manifestar indignação com esses fatos, quero dizer a vocês que o tempo está revelando a verdade”.

Leia a íntegra. 

Meus amigos e minhas amigas,

Quero, em primeiro lugar, agradecer a solidariedade e o carinho que tenho recebido do povo brasileiro e de lideranças de outros países, neste quase um ano em que me encontro preso injustamente. Agradeço especialmente aos companheiros da vigília em Curitiba, que me confortam todos os dias, aos companheiros que constituem os comitês Lula Livre dentro e fora do Brasil, aos advogados, juristas, intelectuais e cidadãos democratas que se manifestam pela minha libertação.

A força que me faz resistir a essa provação vem de vocês e da convicção de que sou inocente. Mas resisto principalmente porque sei que ainda tenho uma missão importante a cumprir neste momento em que a democracia, a soberania nacional e os direitos do povo brasileiro são ameaçados por interesses econômicos e políticos poderosos, inclusive de potências estrangeiras.

Como sempre fiz em minha vida, e lá se vão mais de 45 anos de atividade sindical e política, encaro essa missão como um desafio coletivo. A luta que faço para ter um julgamento justo, em que minha inocência seja reconhecida diante das provas irrefutáveis da defesa, só faz sentido se for compreendida como parte da defesa da democracia, da retomada do estado de direito e do projeto de desenvolvimento com inclusão social que o país quer reconstruir.

A cada dia que passa fica mais claro para a população e para a opinião pública internacional que fui condenado e preso pelo único motivo de que, livre e candidato, seria eleito presidente pela grande maioria da população. Minha candidatura era a resposta do povo ao entreguismo, ao abandono dos programas sociais, ao desemprego, à volta da fome, a todo o mal implantado pelo golpe do impeachment. É uma luta que temos de levar juntos, em nome de todos.

Para me tirar das eleições, montaram uma farsa judicial com a cobertura dos grandes meios de comunicação, tendo a Rede Globo à frente. Envenenaram a população com horas e horas de noticiário mentiroso, em que a Lava Jato acusava e minha defesa era menosprezada, quando não era simplesmente censurada. A Constituição e as leis foram desrespeitadas, como se houvesse um código penal de exceção, só para o Lula, no qual meus direitos foram sistematicamente negados.

Como se não bastasse me prender, por crimes que jamais cometi, proibiram que eu participasse dos debates e das sabatinas no processo eleitoral; proibiram minha candidatura, contrariando a lei e a ONU; proibiram que eu desse entrevistas, proibiram até que eu comparecesse ao velório de meu irmão mais velho. Querem que eu desapareça, mas não é de mim que têm medo: é do povo que se identifica com nosso projeto e viu em minha candidatura a esperança de recuperar o caminho de uma vida melhor.

Dias atrás, ao me despedir do meu querido neto Arthur, senti todo o peso da injustiça que atingiu minha família. O pequeno Arthur foi discriminado na escola por ser meu neto e sofreu muito com isso. Então, prometi a ele que não vou descansar até que minha inocência seja reconhecida num julgamento justo.

Na emoção daquele momento, recordo-me de ter dito: “Vou te mostrar que os verdadeiros ladrões são os que me condenaram”. Pouco depois, o jornalista Luís Nassif revelou ao público o acordo ilegal e secreto entre os procuradores da Lava Jato, a 13a. Vara Federal de Curitiba, o governo dos Estados Unidos e a Petrobras, envolvendo uma quantia de 2,5 bilhões de reais.

Essa quantia foi tomada à maior empresa do povo brasileiro por uma corte de Nova Iorque, com base em delações levadas a eles pelos procuradores do Brasil. 

  E eles foram lá aos Estados Unidos, com a cobertura do então procurador-geral da República, para fragilizar ainda mais uma empresa que é alvo de cobiça internacional.

Em troca dessa fortuna, a Lava Jato se comprometeu a entregar ao estrangeiro os segredos e informações estratégicas da nossa Petrobras.

Não se trata de convicções, mas de provas concretas: documentos assinados, atos de ofício de autoridades públicas. Estes moralistas sem moral ocupam hoje altos cargos no governo que só foi eleito porque eles impediram minha candidatura. Mas quem está preso é o Lula, que nunca foi dono de apartamento nem de sítio, que nunca assinou contratos da Petrobras, que nunca teve contas secretas como essa fundação que foi descoberta agora.

Mais do que manifestar indignação com esses fatos, quero dizer a vocês que o tempo está revelando a verdade. Que não podemos perder a esperança de que a verdade vencerá, e ela está do nosso lado. Por isso, peço a cada um e a cada uma que fortaleçam cada vez mais a nossa luta pela democracia e pela justiça. E só vamos alcançar esses objetivos defendendo os direitos do povo e a soberania nacional, porque foi contra estes valores que fizeram o golpe e interferiram na eleição. Foi para entregar nossas riquezas e reverter as conquistas sociais. Que os comitês Lula Livre tenham isso bem claro e atuem cada vez mais na sociedade, nas redes, nas escolas e nas ruas.

Tenho fé em Deus e confiança em nossa organização para afirmar com muita certeza: nosso reencontro virá. E o Brasil poderá sonhar novamente com futuro melhor para todos.

Muito obrigado, e vamos à luta, companheiros e companheiras.

Um grande abraço do

Luiz Inácio Lula da Silva

Curitiba, 16 de março de 2019

*Via Revista Fórum

Crítica & Autocrítica - nº 154



Por Júlio Garcia**

*A Coluna hoje reproduz, pela relevância, magistral artigo do consagrado jornalista Janio de Freitas (foto), publicado originalmente no jornal Folha de S. Paulo. Discorre, com o brilhantismo de sempre, sobre as atitudes, ações (ou falta delas ... condutas e postagens alucinadas) do ex-capitão Bolsonaro e sua troupe - que foi galgado a condição de presidente da República com o apoio inconteste da “classe média e rica” deste país, principalmente, à quem Janio chama a atenção: “Não se façam de escandalizados!” O artigo tem por título “A escolha ideal”.

*Leiam a seguir:

“O autor da cafajestada tuiteira que escandaliza as classes média e rica tem todo o direito de estar, ele sim, com o mais sincero e legítimo espanto. Tudo o que levou a fazê-lo presidente veio de iniciativas dessas classes. Não por acaso, as mais informadas sobre o tenentinho desordeiro, depois sobre o político estadual defensor da ditadura e das milícias, e logo o deputado federal que enriqueceu as características precedentes com duas demonstrações: a ignorância sem brechas e uma variedade insuperável de atos qualificáveis, desde sempre, como molecagens, cafajestices, falta de decoro e de educação, e daí para pior. Não cabe falar em deselegância, em falta de sensibilidade.

Foram três décadas de exibição, bem exposta ao país pela comunicação em geral, até que esse personagem anômalo se revelasse o ideal, político e de governante, das classes média e rica para o Brasil. O direitismo de Geraldo Alckmin e Henrique Meirelles foi desprezado como insignificância diante do “mito”.

O Jair Bolsonaro com título de presidente é o Jair Bolsonaro que todos, mesmo se dotados só de informações mínimas da política, puderam saber quem era, como era e do que se mostrava capaz. E quem, em 30 anos, não teve sequer esse resíduo de informação, na campanha recebeu do candidato uma síntese bastante fiel da sua sedução pela violência, pela morte alheia, pelas palavras e atos moldados no primarismo feroz.

Não há eleitor ingênuo nesse drama brasileiro, se não for tragédia. Não há, portanto, eleitor inocente nos que produziram a vitória nas urnas. Nem mesmo o grande contingente dos evangélicos. Do qual não se sabe se mais usou ou foi usado pela classe rica, na busca de um poder que só compartilham na aparência, enquanto afiam as lâminas.

Nas responsabilidades da classe média estão as dos militares, em particular a da oficialidade do Exército, ativa e reformada. É imaginável que seu pudor profissional, já com muitos hematomas, esteja agora envolto em sentimentos misturados que a perplexidade silencia. Aos olhos da paisanada, a formação do militar do Exército está sob muitas interrogações. Não só pela figura central, mas também pelo endosso que lhe foi dado e pela associação que, noticiou o “Estado de S. Paulo”, já conta com mais de uma centena de militares em postos do governo.

Aos militares do núcleo de poder há que reconhecer o respeito demonstrado por suas funções, na relação com os cidadãos. Nada de arroubos, nem de exibicionismo. Apesar de daí decorrer, também, o desconhecimento geral do que pensam esses militares, mesmo que só como definições de políticas públicas. E isso inquieta, porque é quase unânime a percepção do péssimo estado do país. E do que alguns ministros já começaram para piorá-lo.

Má conduta tuiteira tem a ver com o Ministério da Justiça, embora também com a área da comunicação. O cargo de ministro pode ser um prêmio, ou retribuição, mas isso não dispensa de deveres. O ex-juiz hoje é tão ministro quanto fugitivo: sempre fugindo de indagações a que não responde porque não disse, nem fez, o que as dispensaria, e era do seu dever.

Na casa de Sergio Moro, a vitória de Jair Bolsonaro teve comemoração, levada por sua mulher às redes sociais. Prova de identificação que elimina as hipóteses de encontro com o inesperado, por parte de quem renegou a toga para estar ao lado de quem hoje escandaliza. Moro leva a muitas afirmações de surpresa, entre seus admiradores, mas não pode se surpreender com “o mito”.

Jair Bolsonaro encerrou sua mensagem suja com este pedido: “Comentem e tirem suas conslusões” (sic). No que me cabe, pedido atendido.”
...
**Júlio César Schmitt Garcia é Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado, Poeta e Midioativista. Foi um dos fundadores do PT e da CUT. - Publicado originalmente no Jornal A Folha (do qual é Colunista) em 15/03/2019.

15 março 2019

The Doors - Light My Fire

No dia de hoje… 15 de março de 1936


 

No dia de hoje…


Em 15 de março de 1936, nasceu o filho de dona Etelvina Soares. Aos 19 anos ele entrou para o Exército. Foi cabo, sargento e por aí permaneceu. Em 1963 foi removido contra a vontade, depois expulso, perseguido, preso em 1966, barbaramente torturado e assassinado. Seu corpo foi encontrado por um pescador no dia 24 de agosto de 1966, com as mãos e os pés atados às costas, boiando no Rio Jacuí nas proximidades de Porto Alegre. O caso ficou conhecido como o “Caso das Mãos Amarradas”. 

O Sargento Manoel Raimundo Soares sofreu todas essas sevícias porque fazia parte de uma minoria de agentes do Estado que defendiam a legalidade e, portanto, eram contrários à movimentação interna que havia pela deposição do presidente eleito. Agentes como o Coronel Alfeu de Alcântara Monteiro, aviador da Força Aérea Brasileira, que foi morto a tiros no próprio Quartel general em que trabalhava, em Canoas (RS), no dia 04 de abril de 1964. Dias após o golpe. Sua morte foi abafada no noticiário, que informou ter havido troca de tiros, quando o Coronel resistiu à ordem de prisão que recebeu de seu Comandante.

Mas o “Caso das Mãos Amarradas” gerou grande comoção. O enterro de Raimundo foi acompanhado por uma pequena multidão e foram instaurados uma CPI e um Inquérito Policial.

Apurou-se que o Sargento Manoel Raimundo foi preso em 11 de março de 1966, pela Companhia de Polícia do Exército (PE), onde começaram as sessões de espancamento. Posteriormente, Manoel foi entregue ao DOPS com a recomendação de que só poderia ser solto por ordem da Polícia do Exército. No DOPS, foi submetido a novas torturas até que no dia 19 de março foi transferido para a ilha-presídio existente no Rio Guaíba. Segundo depoimentos, ele era diariamente torturado, foi colocado várias vezes no pau-de-arara, sofreu choques elétricos, espancamentos e queimaduras por pontas de cigarros. Em 13 de agosto foi novamente recambiado para o DOPS e, em 24 de agosto, cinco meses depois de sua prisão, seu corpo foi encontrado no rio.

A necrópsia do cadáver indicou marcas de violência e que Manoel faleceu entre os dias 13 e 20/8/1966, quando, amarrado, foi submetido a “caldo” ou afogamento e seu corpo foi “desovado” posteriormente.

Uma possível explicação para tanta crueldade é o fato de que, por ser um militar, era preciso fazê-lo de exemplo para os demais que não pactuassem com o novo regime.

O tempo passou, os militares articuladores do golpe deixaram o poder. A Comissão de Anistia indenizou e reintegrou centenas de outros militares afastados e punidos naquele período, mas eles ainda são tratados com escárnio e como um subgrupo, sem os mesmos direitos que outros militares da reserva. Muitos sofreram sérios danos psicológicos e sempre tiveram dificuldades em assimilar a sua não aceitação pela Forças Armadas que tanto admiravam, conforme relataram às Clínicas dos Testemunhos, hoje extintas.

Grande parte desses militares anistiados sequer sabia o que ocorria no país no âmbito político. A maioria deles era composta de jovens de origem humilde, que viam no Exército uma possibilidade de estudar e de ter um trabalho digno. Jovens como o nortista Manoel Raimundo, que era filho apenas de Etelvina, registado sem o reconhecimento paterno e que aos 17 anos veio para as regiões Sudeste e Sul para procurar uma vida melhor.

Em nome do Sargento Manoel Raimundo Soares, o “Caso das Mãos Amarradas”, homenageamos a todos os militares que foram perseguidos e que pereceram por defenderem a ordem jurídica. 

“Para que não se esqueça, para que não se repita” 

P.S.: texto baseado nos arquivos da CEMDP; publicado para divulgação da I Caminhada do Silêncio pelas Vítimas de Violência Estatal. 

-Por Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos 

*Via https://jornalggn.com.br

Agronegócio 'Jair se arrependeu' por apoiar Bolsonaro



247*O setor do agronegócio nacional, que apoiou o golpe contra a presidente deposta Dilma Rousseff e a eleição de Jair Bolsonaro, vem esboçando reações contra a atual política externa implantada pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, devido ao seu forte viés ideológico, mais especificamente contra a China. 

"Estamos comprando briga com nosso maior parceiro comercial e nem sabemos porque, só para imitar o Trump (presidente dos Estados Unidos, Donald Trump)", disse o vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira e ex-secretário de comercialização e produção do Ministério da agricultura, Pedro de Camargo Neto.

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, os representares do setor dizem ter recebido sinais do governo Bolsonaro de que é preciso diminuir a "sino-dependência", buscando abrir novos mercados. Em uma reunião realizada na sede da Frente Parlamentar da Agropecuária, afirmaram que não haverá nenhuma espécie de rompimento com a China, mas orientaram os produtores e exportadores a não ampliar as exportações para o país asiático.

Nesta segunda-feira (11), o ministro Ernesto Araújo afirmou que "o Brasil não vai vender sua alma" para exportar soja e minério de ferro, o que foi entendido como uma crítica à China, maior importadora destes produtos. "Nós queremos vender soja e minério de ferro, mas não vamos vender nossa alma. Querem reduzir nossa política externa simplesmente a uma questão comercial, isso não vai acontecer", afirmou o chanceler na ocasião.

O agronegócio já vem emitindo sinais de desconforto desde o início do governo, quando foi anunciada a intenção de transferir a embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, o que irritou os países árabes, um dos maiores importadores de carnes de aves do Brasil.

14 março 2019

A semente virou árvore: 1 ano após morte, Marielle é símbolo mundial



CartaCapital traça a linha do tempo dos últimos 365 dias – sem a vereadora, mas com infindáveis atos de resistência com seu nome

 

O dia 14 de março de 2018 poderia ser apenas mais uma data no mês que fecha o verão. Naquele dia, na cidade do Rio de janeiro, acontecia o evento “Roda de conversa Mulheres Negras Movendo Estruturas”, no qual mulheres discutiam sobre projetos na Casa das Pretas, espaço de convivência localizado na Lapa, Centro do Rio.

Entre as ilustres convidadas estava a vereadora Marielle Franco. A integrante do PSOL discursava sobre as dificuldades que mulheres negras enfrentam na sociedade e quais os caminhos para driblar esses obstáculos. “Sou fruto do pré-vestibular comunitário”, disse Marielle ao lembrar de quando, anos atrás, se engajou num cursinho no complexo da Maré, uma das maiores favelas do mundo.

Marielle cursou sociologia e fez mestrado em Administração Pública. Foi assessora do deputado estadual Marcelo Freixo, até que em 2016 se elegeu vereadora da Câmara do Rio de Janeiro com 46.502 votos.

Fim do evento, hora de ir para casa encontrar sua esposa, Mônica Benício, e sua filha, Luyara Franco. Marielle foi para o carro com a assessora Fernanda Chaves encontrar o motorista, Anderson Gomes. Tudo normal, não fosse um carro parado logo atrás do da vereadora. O veículo ficou ali por duas horas, sem desligar os motores.

Os três iniciaram viagem sem perceber que eram seguidos. Na rua Joaquim Palhares, no Estácio, o carro traseiro fez uma emboscada e um sonho se perdeu. Com 14 tiros, Marielle e Anderson morreram no local. Fernanda escapou. (...) 

CLIQUE AQUI para continuar lendo.

NOTA DO PT/RS

 
O Partido dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul tem orgulho da liderança do presidente Lula e das realizações do seu governo, que promoveu crescimento econômico, reduziu desigualdades sociais e regionais e destacou o Brasil internacionalmente. 

Apoiamos nossa direção nacional, liderada pela companheira Gleisi Hofmann, na defesa da unidade das forças políticas que se opõe às tentativas de destruição da soberania nacional e à liquidação dos direitos do povo brasileiro pelo governo Bolsonaro e seus aliados, ao mesmo tempo que denuncia a farsa da lava-jato contra o presidente Lula. 

São lamentáveis os ataques ao PT, à sua direção e ao presidente Lula, em entrevista à Rádio Gaúcha nesta terça feira, por parte de Ciro Gomes. Ao fazer coro com os que tentam criminalizar o PT ele auxilia aqueles que atacam os direitos do nosso povo e a nossa soberania. 

O PDT é maior do que Ciro. Seus ataques não diminuirão nossa busca pela unidade das forças populares e democráticas em defesa do Brasil e do nosso povo.

Porto Alegre, 13 de Março de 2019. 

Pepe Vargas – Presidente PT RS.

*Via http://www.ptrs.org.br 

**Edição e grifos deste Blog 

A milícia contra ataca





Por Leandro Fortes, para o Jornalistas pela Democracia*

O afastamento do delegado Giniton Lages, do caso Marielle, é um sinal de que os milicianos infiltrados no governo Witzel estão se movimentando - e rápido - para tentar desvincular os assassinos da família Bolsonaro.

Ao mesmo tempo, tenta-se consolidar a tese ridícula de que dois assassinos de aluguel, um deles flagrado com 117 fuzis, teriam matado Marielle e Anderson por ódio ideológico.

Essas antas, como 100% dos bolsomínions, entendem, sim, de ódio, mas são completamente analfabetos sobre ideologia. Como Bozo, repetem chavões de apostilas da Guerra Fria sem nenhuma relação com a realidade. É gado alimentado com ração de veneno.

Vem aí um novo delegado, dessa vez, adestrado para falar só o que interessa aos Bolsonaro e a Witzel, o cara de pau que está capitalizando para si uma investigação sobre a qual não teve nenhuma participação. E, pior, jogando com a covardia da triste imprensa carioca, que não teve coragem de lembrar a participação dele no ato fascista que destruiu a placa de Marielle.

13 março 2019

O culto às armas do bolsonarismo vai multiplicar massacres como o de Suzano






Por Mauro Donato*

Em pouco mais de dois meses o governo estimulador de franco atiradores já colhe sua primeira tragédia.

Ao melhor (ou pior) estilo americano, dois adolescentes entraram na escola Professor Raul Brasil, em Suzano. O número total de mortes ainda não está confirmado, mas elas passam de nove. A escola atende aos ensinos fundamental e médio.

Os dois atiradores suicidaram-se em seguida.

Mais armas nas mãos da população não tem como dar em algo diferente. Desde que a extrema direita, que hoje está no poder, já vinha falando em rever o estatuto do desarmamento, escrevi (lá em 2015) neste DCM:

“Estão brincando com fogo e empurrando-nos para uma sociedade tão doente quanto a do tio Sam. Facilitar o acesso às armas é criar um oceano de tragédias. Um levantamento feito nos casos investigados pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) aponta que 83% dos assassinatos esclarecidos foram cometidos por motivos fúteis como brigas de trânsito, discussões de casal, rivalidades entre torcedores fanáticos. Quando se tem uma arma à mão, este é o resultado”.

Esse tipo de evento está deixando de ser raro no país. E morbidamente motiva imitadores.

Há alguns anos, em Realengo (RJ), um ex-aluno que dizia sofrer bullying entrou na escola e disparou mais de 100 tiros. Matou 12 crianças.

Tempos depois, em Goiás, um adolescente de 14 anos dirigiu-se até o Colégio Goyases, matou dois colegas e feriu outros tantos.

Ele disse ter se inspirado no atirador de Realengo (além de Columbine, claro). O autor dos disparos usava uma pistola calibre 40 que era da mãe, uma policial militar.

Em 2013, o menino Marcelo Pesseghini, de apenas 13 anos, pegou uma arma, foi até a escola e depois matou seus pais.

Um laudo psiquiátrico polêmico feito após a morte do garoto relatou uma doença mental (encelopatia hipóxica) e também um suposto vício pelo game Assassin’s Creed como causas determinantes.

Seja como for, sem uma arma em mãos o garoto não teria feito o que fez.

Os casos de tiroteios em escolas obedecem a alguns padrões que estudos comprovam. Meninos, menores de idade, busca pela fama, frustração. E armas, obviamente.

O acesso a elas não traz nada de positivo a ninguém, em lugar nenhum.

Se Bolsonaro e seus seguidores não conseguem compreender isso, que esse massacre de hoje sirva para abrir-lhes os olhos.

*Jornalista 


12 março 2019

Presos PM e ex-PM acusados de serem os assassinos de Marielle e Anderson - Aparece foto de Bolsonaro com um dos assassinos; ele é vizinho do outro

 


O ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, de 46 anos, que dirigia o automóvel usado para o assassinato de Marielle Franco em 14 de março de 2018, ostenta em seu perfil no Facebook uma foto ao lado de Jair Bolsonaro; na foto, o rosto de Bolsonaro está cortado; os dois aparecem sorrindo; ela foi postada depois do assassinato, em 4 de agosto último; quanto ao policial militar reformado Ronnie Lessa, de 48 anos, apontado como o autor dos 13 disparos que mataram Marielle e Anderson, mora no mesmo condomínio de Bolsonaro -e lá foi preso às 4h desta terça.

CLIQUE AQUI para ler na íntegra (via 247)

11 março 2019

Sob ameaças, Márcia Tiburi decide sair do Brasil


A filósofa e política recém terminou um livro sobre as eleições de 2018 e fake news, cujo prefácio foi escrito por Lula

 

A filósofa Márcia Tiburi, que em 2018 se lançou às águas turvas da política nacional com a candidatura ao governo do Rio de Janeiro, decidiu sair do país após sofrer ameaças.

Com a obrigatoriedade de andar com seguranças em eventos, e uma enorme força-tarefa para contra-atacar mentiras na internet, além de ter a vida pessoal virada do avesso, a escritora afirma que se viu forçada a mudar-se do Brasil.

Ela está vivendo em algum lugar do nordeste dos EUA desde dezembro, onde foi convidada para uma residência literária (ela prefere não revelar o local por razões de segurança).

Márcia, que é autora de mais de vinte livros de filosofia e ficção, acaba de lançar “Delírio do poder”. Na nova obra, ela trata justamente da loucura coletiva na era da (des)informação e da necessidade de se valorizar a reflexão em meio aos descaminhos de um governo que ameaça a democracia e induz ao narcisismo adquirido.

O livro é dedicado a Lula e Marielle Franco e inspirado parcialmente por “Memórias do cárcere”, de Graciliano Ramos, e “Totem e tabu”, de Freud, entre outros.

“O Delírio do Poder”, editado pela Record, é um ensaio sobre o Brasil político de 2018 e as eleições. Ao mesmo tempo, traz uma narrativa interna sobre a participação de Tiburi na campanha do Rio. É um livro de testemunho e filosofia.

Na semana passada, ela recebeu uma carta de Luiz Inácio Lula da Silva que irá para a orelha do livro. Aqui está, na íntegra: 

“À Márcia Tiburi não falta coragem. Nas suas opiniões, ideias e atitudes, ela não tem medo de arriscar, de dizer o que pensa e sente, de correr o risco de desagradar. Ela não vai se calar diante de uma injustiça ou para manter um espaço em um canal de TV. Ela não vai nunca abdicar da sua voz e das suas reflexões. Ela vai dizer e escrever o que ela pensa. O seu leitor pode ter certeza disso.

Conheci a Márcia pela sua coragem nas suas análises, opiniões, livros e na sua vida.E ano passado ela teve a coragem de ir além de analisar e escrever sobre o cenário político para participar das disputas eleitorais, algo que pouca gente tem coragem de fazer. 

A política é ao mesmo tempo a atividade mais exigida pela sociedade e a mais criticada. As pessoas exigem mais de um político do que muitas vezes exigem de si mesmas. E não importa quem seja o político, a satisfação a quem depositou sua confiança nele.” 

*Fonte: Carta Capital

09 março 2019

Fundo de Dallagnol vilipendia a Constituição, macula a Petrobras e privatiza dinheiro público

Deltan Dallagnol
POR VINÍCIUS SEGALLA* 

Os procuradores da Operação Lava Jato, capitaneados por Deltan Dallagnol, estão prestes a criar um fundo bilionário com recursos retirados da Petrobras, que, de uma só tacada, altera a letra da Constituição, cria novas funções institucionais para o Ministério Público no Brasil, afronta o Código Penal ao dar destino privado para verbas públicas e reduz a pó a prerrogativa da maior estatal brasileira de lutar pelos seus direitos na Justiça. 

Tudo devidamente homologado pela Justiça brasileira, por decisão da juíza federal substituta Gabriela Hardt, de Curitiba.

Em resumo, o MPF-PR assinou acordos com autoridades dos Estados Unidos e com a Petrobras que obrigam a estatal brasileira a depositar em uma conta gerida pelo MPF-PR o montante de R$ 2,5 bilhões, ou 80% do valor em que ela estaria sendo multada nos EUA, em uma espécie de acordo de leniência assinado por lá em virtude de ilícitos que a companhia teria cometido naquele país.

O montante será dividido em duas partes. Metade (R$ 1,25 bilhão) será destinada ao pagamento de credores da Petrobras, que teriam sido onerados pelas operações ilícitas em que a estatal teria se envolvido.

Este dinheiro ficará em uma conta judicial sob gestão do MPF-PR. O restante irá para um fundo privado que será criado e gerido pelos procuradores da Lava Jato e mais quem eles escolherem.

O dinheiro envolvido é muito mais do que todo o orçamento deste ano direcionado ao MPF-PR. Na verdade, é mais do que 60% do orçamento do MPF no Brasil todo, que será de R$ 4 bilhões no exercício financeiro de 2019.

Todo o processo que culminará na criação do fundo bilionário, de número 5002594-35.2019.4.04.7000, corrente na 13ª Vara Federal do Paraná, corre sob segredo de Justiça.

Era só para todo o país ter ficado sabendo do acordo secreto fechado por Dallagnol quando todo o dinheiro já estivesse em uma conta bancária gerida pelo procurador e quem mais ele delegar.

Assim prometeu a juíza Gabriela Hardt, no despacho em que autoriza a criação do fundo: “Assim que efetuado o depósito, levanto o sigilo sobre o acordo e a homologação.”

Os procuradores desejavam ainda mais segredo. A magistrada, no entanto, achou que, daí, eles estariam quebrando alguns princípios legais, e negou: 

“Não cabe a manutenção de sigilo sobre o próprio conteúdo do acordo e de sua homologação, o que seria contrário ao princípio da publicidade, aplicável ao processo judicial e à Administração Pública.” 

No início da semana, porém, vazaram alguns dos mais importantes documentos relacionados ao caso. E o que neles se observa é algo de dimensão tal que o país ainda nem conseguiu tomar pé de tudo.

Veja, abaixo, quais são as maiores inovações, ilegalidades e impossibilidades jurídicas vindas à tona com o vazamento dos acordos secretos assinados pelos procuradores da Lava Jato. 

1 – A farsa de Dallagnol. Foi ele quem decidiu que o MPF-PR será o gestor do fundo 

A primeira vez que o Brasil ouviu falar dos acordos que perpetrava o MPF-PR com dinheiro da Petrobras nos EUA foi em 27 de setembro do ano passado. A estatal e os procuradores informaram à nação que as partes haviam fechado um acordo prevendo que a Petrobras entregasse ao MPF o montante de R$ 2,5 bilhões.

A informação foi passada sem que o documento que selava acordo – protegido sob o manto do segredo judicial – fosse exibido aos brasileiros.

O que a Petrobras e os procuradores deram a entender era que as autoridades norte-americanas tinham feito constar no acordo assinado por eles que todo o montante deveria ser entregue à gestão do MPF.

O jornalista e blogueiro Valdo Cruz, do jornal Valor Econômico e do Portal G1, foi o primeiro a dar a notícia. Ele escreveu: “Pelo entendimento (o acordo), cerca de R$ 2,7 bilhões serão pagos ao Ministério Público brasileiro.”

No dia seguinte, o portal Migalhas, especializado em notícias jurídicas, abordou o assunto, criticando esta exigência, que constaria no acordo com os norte-americanos: 

“O que não se compreende é que, segundo o acordo, a penalização seja destinada ao MPF. Isso mesmo, consta no documento que 682 milhões de dólares, algo como R$ 2,7 bilhões, vá para a Lava Jato para que eles apliquem em ‘projetos sociais e educacionais visando à promoção da transparência, e cidadania e conformidade no setor público’. Diz-se que as autoridades americanas não aceitavam o dinheiro ir para o Estado brasileiro, porque ele seria o sócio majoritário da Petrobras, de forma que não seria uma ‘penalização’.” 

Eis que nesta semana, porém, os documentos vazaram. E o que se descobriu é que isso apenas não é verdade.

Não, os Estados Unidos jamais assinaram acordo algum determinando que a Petrobras entregasse a multa bilionária à gestão de Dallagnol e seus procuradores. Veja, abaixo, o trecho do acordo referente a este ponto: 

“The Fraud Section and the Office will credit 80% of the criminal penalty against the amount the Company pays to Brazilian authorities, pursuant to their resolution.” 

Em tradução livre, o acordo determina que a Petrobras pague 80% do valor da multa devida (R$ 2,5 bi) a autoridades brasileiras, da maneira que se resolver.

Em outro trecho: 

“The Fraud Section and the Office agree to credit the remaining amount of the Total Criminal Penalty against the amount the Company pays to Brazil, up to 80 percent of the Total Criminal Penalty, equal to $682,560,000.” 

Ou seja, que a companhia (Petrobras) pague ao Brasil, e não ao MPF, o valor devido.

Assim, sem meias palavras: a Petrobras e o MPF mentiram. Não, não foi uma condição imposta pelos EUA que eles, procuradores da Lava Jato, ficassem a cargo de gerir o dinheiro. (...) 

CLIQUE AQUI para continuar lendo esta importante e esclarecedora postagem do jornalista Vinícius Segalla (via DCM)

08 março 2019

Zé de Abreu chega ao Brasil e é saudado como presidente


O autoproclamado presidente da República do Brasil, Zé de Abreu, chegou ao Brasil nesta sexta-feira, 8 de Março, no Aeroporto do Galeão, e foi recebido por muitas pessoas que gritavam seu nome e clamavam que ele é "presidente do Brasil"; o ator segurava a placa da vereadora assassinada Marielle Franco; em um curto discurso, ele prometeu defender e cumprir a Constituição e promover o bem geral do povo brasileiro e a independência do Brasil.

CLIQUE AQUI para assistir (via 247)

Que 'chá' foi esse que eu tomei?!!!


Mídia não sabe mais o que fazer com seu ogro Bolsonaro


Em pouco mais de dois meses do atual governo, a mídia conservadora e ligada às elites, que por causa do ódio ao ex-presidente Lula e por medo do PT, apoiou a candidatura de extrema direita de Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto, caiu em si de que sua aposta foi uma fraude; em editoriais fortíssimos, os maiores jornais do país, O Globo, o Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo, dispararam duras críticas contra Bolsonaro e seu governo, ou melhor, a falta dele; em todos uma linha comum: que Bolsonaro deixe as redes sociais, desça do palanque que ainda acha que está e comece, de fato, a governar o país; as revistas semanais Veja e IstoÉ também questionam em suas reportagens de capa onde foi parar o decoro presidencial

247*- Em pouco mais de dois meses do atual governo, a mídia conservadora e ligada às elites, que por causa do ódio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por medo do PT, apoiou a candidatura de extrema direita de Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto, caiu em si de que sua aposta foi uma fraude. Em editoriais fortíssimos, os maiores jornais do país, O Globo, o Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo, dispararam duras críticas contra Bolsonaro e seu governo, ou melhor, a falta dele. Em todos uma linha comum: que Bolsonaro deixe as redes sociais, desça do palanque que ainda acha que está e comece, de fato, a governar o país. As revistas semanais Veja e IstoÉ, que chegam às bancas neste final de semana, também questionam em suas capas o decoro por parte de Boslonaro em função da postagem do vídeo obsceno feita por ele nas redes sociais como forma de rebater as críticas de milhões de foliões durante o Carnaval. 
 
Para o jornal o Globo, "o desastrado tuíte do presidente Bolsonaro, com cenas pornográficas do carnaval de rua, recebeu o merecido repúdio e deflagrou incontáveis análises sobre quais seriam as motivações do presidente", ressalta o editorial. "Bolsonaro precisa descer de vez do palanque, arregaçar as mangas e trabalhar com afinco para executar o que prometeu na campanha", diz o texto mais à frente. "Ser presidente exige postura e também trabalho duro", ressalta o editorial do jornal da família Marinho.

Também em seu editorial, o jornal O Estado de S. Paulo diz que "vai mal um país cujo presidente claramente não entende qual é seu papel, especialmente quando não consegue dominar os pensamentos que, talvez, lhe venham à mente". "A julgar pelo comportamento muitas vezes grosseiro e indecoroso de Bolsonaro, o presidente provavelmente se considera acima do cargo que ocupa, dispensado dos rituais e protocolos próprios de tão alta função. Até à disseminação de pornografia pelas redes sociais ele tem se dedicado, para estupefação nacional e internacional", dispara o texto.

Mais adiante, o editorial destaca que diante dos desatinos cometidos por Bolsonaro, "a ala adulta do governo parece ter decidido trabalhar por conta própria, tentando reparar os danos da comunicação caótica e imprudente de Bolsonaro – desde os prejuízos econômicos causados pelo despropositado antagonismo público do presidente em relação à China e aos países árabes, até a dificuldade de arregimentar apoio a uma reforma da Previdência na qual Bolsonaro parece não acreditar".

Nesta quinta-feira (7), a Folha de S. Paulo já havia publicado um editorial intitulado "Governe, presidente", onde ressaltava que o atual governo age feito criança e está recheado de ministros que prezam mais o cunho ideológico do que uma administração voltada para os interesses do país.

"O governo infante, ademais, demonstra dificuldades precoces no modo de lidar com um Congresso Nacional que bateu na eleição o recorde de fragmentação partidária. Ministros que agradam ao círculo ideológico, como o da Educação e o das Relações Exteriores, exibem estrepitosa inapetência técnica", diz o texto.

"No Brasil, um presidente da República há 66 dias no cargo tem mais a fazer do que publicar boçalidades e frases trôpegas numa rede social", destaca o editorial do jornal da família Frias.

06 março 2019

Carnaval “da representatividade e resistência” é o que Bolsonaro tem para mostrar ao mundo, diz músico da Mangueira



"É um recado político também para o presidente, que tem que mostrar que o Carnaval é isso aqui. O Carnaval é a festa do povo, é a cultura popular, o Carnaval não é o que ele acha que é", disse autor do samba enredo vitorioso da Mangueira

Jornal GGN* - por Cíntia Alves - Autor do samba enredo da Mangueira, escola que saiu vitoriosa do Carnaval 2019 no Rio de Janeiro, Leandro Vieira mandou um recado para o presidente Jair Bolsonaro, durante uma coletiva de imprensa, na noite desta quarta (6). “O Carnaval não é o que ele [Bolsonaro] acha que é”, disse Vieira. “Ele deveria mostrar para o mundo o Carnaval da Mangueira, o Carnaval da arte, da luta, do povo, da cultura popular”, disparou.

A declaração foi uma resposta à conduta de Bolsonaro, que na noite anterior divulgou um vídeo com atos obscenos nas redes sociais, na tentativa de desqualificar o Carnaval brasileiro, por conta das críticas e ataques que recebeu em desfiles e blocos de rua em todo o País.

Vieira fez um discurso da vitória recheado de “recados políticos”

Ele disse que a Mangueira fez um “Carnaval da representatividade” ao exaltar a história de Marielle Franco e outras lideranças negras e indígenas que foram marginalizadas pela história. “São esses homens e essas mulheres aqui que são os heróis do meu enredo, que merecem sempre ser exaltados”, disse. “Aqui mora o que tem de melhor nesse País, e o que tem de melhor nesse País está nessa festa que todo o mundo aplaude”, defendeu.

Vieira ainda disse que “aqui todo mundo está vivo porque resiste” e que o samba é um “um recado político para o País todo, que tem de entender que isso [a luta pela representatividade e resistência] é importante.”

“É um recado político também para o presidente, que tem que mostrar que o Carnaval é isso aqui. O Carnaval é a festa do povo, é a cultura popular, o Carnaval não é o que ele acha que é. Ele deveria mostrar para o mundo o Carnaval da mangueira, o Carnaval da arte, da luta, do povo, da cultura popular”, encerrou o carnavalesco.

*Via https://jornalggn.com.br 

**Grifos deste Blog

A obsessão de Jair Bolsonaro

O Brasil tornou-se um filme de terror, com cenas de desumanidade assustadora intercaladas com sexo anal e pornografia explícita?


 
Por Lucia Helena Issa, no GGN*

Imagine um país tão distópico, mas tão distópico que o próprio Presidente da República, em sua conta oficial no Twitter, seguida por milhões de crianças e adolescentes, posta um vídeo pornográfico, onde um homem aparece introduzindo o dedo em seu próprio orifício anal e depois urinando sobre a cabeça de outro homem.

Esse país distópico não é fruto de uma trama cinematográfica, como Jogos Vorazes, ou sequer fruto da imaginação da fantástica Margaret Atwood , criadora de Handmaid’s Tale, mas é um país real, que já foi celebrado do mundo todo como o  "país do futuro", “nova potência mundial”, mas foi tomado por um um grupo de gângsteres, falsos cristãos e milicianos medievais.

Depois de publicar o vídeo pornográfico, ter sua publicação obscena criticada no mundo inteiro e até mesmo por seus apoiadores (por quebra de decoro e crime de responsabilidade pelo cargo que ocupa, sem ter a menor sanidade ou a estatura moral para tal), o possível impeachment de Bolsonaro chegou aos trending topics do Twitter.

A plataforma também poderá banir a conta de Jair Bolsonaro ou aplicar diferentes punições já que o post do sujeito desrespeita as diretrizes básicas da empresa sobre publicações de conteúdo adulto, pornográfico ou obsceno.

O inacreditável é que o despreparo total para o cargo, a insanidade, a idade mental de 11 anos, a obsessão pelo ânus alheio e o falso moralismo, típicos de frustrados sexuais, sempre presentes nas falas de Jair Bolsonaro (o sujeito que tem como guru o Olavo de Carvalho, um completo obcecado por orifícios anais) foram sempre muito claras para mim, mas não para milhões de eleitores “moralistas” e não para os generais que o levaram ao poder. Os mesmos generais que há 30 anos expulsaram Bolsonaro do exército por insanidade mental.

O escândalo internacional é tão grande que o correspondente do britânico do The Guardian, meu amigo Tom Philips pediu ontem, diante de leitores do mundo todo, que alguém tire o telefone de Jair Bolsonaro!

O Brasil tornou- se um filme de terror, com cenas de desumanidade assustadora intercaladas com sexo anal e pornografia explícita?

*Via GGN

05 março 2019

Globo ignora alusão a Lula em samba da Tuiuti - A escola carioca usou a história do bode eleito no Ceará nos anos 20 para fazer metáfora com situação atual do país

 
A Tuiuti usou a história verídica do Bode Ioiô, que nos anos 1920 chegou a ser eleito vereador em Fortaleza, para fazer alusão a Lula. / Mídia Ninja

Por Tayguara Ribeiro* 

Com um enredo fazendo alusão ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Paraíso do Tuiuti foi a quinta escola a entrar no Sambódromo da Sapucaí na madrugada desta terça-feira (5), no segundo dia de desfiles do Carnaval do Rio de Janeiro. Com o tema intitulado “O Salvador da Pátria”, a vice-campeã de 2018 apresentou diversas referências ao líder petista.

A agremiação de São Cristóvão escolheu não tratar do assunto de forma direta. Para isso, usou a história verídica do Bode Ioiô, que nos anos 1920 chegou a ser eleito vereador em Fortaleza, mas não assumiu. 

O paralelo com o ex-presidente é feito pelas coincidências nas trajetórias: carismático e amado pelo povo (assim como Lula), Ioiô perambulava pelas ruas da capital cearense. Em 1922, quando o voto era feito em pedaços de papel e por escrito, Ioiô ganhou uma vaga para a Câmara de Vereadores, mas foi impedido pela elite cearense e teve sua eleição impugnada, algo semelhante ao que aconteceu no ano passado com o líder petista, impedido de concorrer a Presidência da República, justamente quando estava muito a frente dos outros candidatos e era franco favorito a vencer a disputa, possivelmente, no primeiro turno.  

Uma das estrofes do samba cantado pela escola traz uma das passagens mais marcantes da trajetória de Lula, quando ele deixou o sertão nordestino em busca de melhores condições de vida. “Do nada, um bode vindo lá do interior, destino pobre, nordestino sonhador, vazou da fome, retirante ao Deus dará, soprou as chamas do dragão do mar”.

Em outro trecho, a Tuiuti lembra que em um dos momentos da história em que o Brasil foi mais próspero o país estava nas mãos de um sindicalista, sem curso superior e com origem popular. “Ora, meu patrão, vida de gado, desse povo tão marcado, não precisa de dotô, quando clareou o resultado, tava o bode ali sentado, aclamado o vencedor”.

Na comissão de frente, a Tuiuti trouxe o tema “Vendeu-se o Brasil”, mostrando políticos com aparência vampiresca, com dinheiro saindo dos bolsos e fazendo promessas ao povo em cima de um palanque. Durante a performance, os bailarinos caracterizados como políticos “pisam” no povo brasileiro. Em meio a apresentação surge o Bode, eleito pelo povo. Os políticos, então, impugnam a eleição (o político vampiresco toma a faixa presidencial para si). Uma curiosidade é que os bailarinos que representam os políticos são mais altos que os bailarinos que representam o povo, mostrando a soberba com a qual a população, especialmente a mais humilde, é tratada pela elite brasileira.

Na ala “A farra” A Paraíso da Tuiuti tratou sobre o coronelismo que existe em alguns locais do Brasil. Na composição seguinte “Relando o Povo” mostra as pessoas sendo usadas para deixar os poderosos mais ricos e ficando cada vez mais pobres. Na ala “Mamulengo do coronel” a escola fala do povo sendo utilizado como “fantoche” para os interesses dos poderosos. A ala “povo no cabresto” mostrou a manipulação dos votos populares.

Um dos destaques da escola foi a ala “A peleja entre o bode da resistência e a coxinha ultraconservadora”, mostrando as “coxinhas” empunhando armas que miravam para qualquer lado e poderiam atingir qualquer um. Essa composição fez uma referência a defesa que o governo do presidente Jair Bolsonaro faz do armamento da população. A ala foi tão emblemática que levou a apresentadora Fátima Bernardes, da TV Globo, a gaguejar durante a transmissão e perder o compasso da locução. Na sequência, ela teve que admitir que a escola “trazia uma mensagem sobre a polarização política atual do Brasil”.  

O último carro teve bandeiras da comunidade LGBT, símbolos da luta do movimento negro e a frase “Ninguém solta a mão de ninguém”, lema utilizado pelos movimentos sociais brasileiros para enfrentar os tempos de retrocessos de direito e liberdade. Além disso, o carro trouxe algumas ironias como a “barbie facista” e frases fazendo alusão a meritocracia, direitos trabalhistas e racismo de forma jocosa.

Durante a transmissão pela Rede Globo, em um dos poucos momentos em que a analogia entre Lula e o Bode Ioiô esteve explicitada, os apresentadores da emissora reproduziram a justificativa oficial da escola para o enredo. “Não existe comprovação da existência do Bode Ioio, é uma metáfora para a democracia nos tempos atuais, é uma história de resistência”. 

Em 2018, a Tuiuti ganhou projeção nacional com o enredo "Meu Deus, Meu Deus! Está extinta a escravidão?" que denunciou o racismo brasileiro. O samba também questionou a retirada da ex-presidente Dilma Roussef do poder e mostrou o "vampirão neoliberalista" (Michel Temer) e os Manifantoches (uma crítica em relação aos manifestantes que foram as ruas protestar nos anos de 2014 e 2015).

Edição: Luiz Felipe Albuquerque

PROIBIDO O CARNAVAL - Daniela Mercury & Caetano Veloso