14 agosto 2024

A Folha pariu um rato

"A Folha pariu um rato. E os ratos roem tudo, até a democracia"

Alexandre de Moraes, invasores em Brasília em 8 de janeiro e Bolsonaro (Foto: Carlos Moura/SCO/STF | ABr | REUTERS/Marco Bello)

Por Alex Solnik*

Quando a Folha de S.Paulo enterrou seu slogan “um jornal a serviço da democracia” ninguém desconfiou que um dia estaria a serviço de quem quer matar a democracia, como estamos vendo hoje.

Ao estampar uma das manchetes mais absurdas de sua longa existência, anunciando que o ministro do STF Alexandre de Moraes é um criminoso que persegue os inocentes bolsonaristas, o jornal dá munição aos golpistas que tentam derrubá-lo (e a democracia) desde as eleições de 2022, que só foram limpas, pacíficas e seguras graças à sua firmeza. 

É preciso distorcer muito os fatos para comparar esse tiro n’água à Vaza Jato, que mostrou, aí sim, perseguição  a um ex-presidente, pois foi condenado, sem provas, por aceitar um imóvel como propina que nunca aceitou. 

As pessoas cujos processos, segundo os repórteres Glenn Greenwald e Fábio Serapião, teriam sido prejudicados por abuso de poder de Moraes, que não seguiu o rito que deveria, são bandidos cujos crimes contra a democracia foram demonstrados por eles próprios. 

Eles conspiraram com Bolsonaro para consumar um golpe de estado cuja intenção era mantê-lo no poder à revelia das urnas.

Não se entende porque muitos deles ainda continuam soltos, sobretudo o chefe, eles mereciam rito sumário e não a presunção de inocência.

A Folha pariu um rato.

E os ratos roem tudo, até a democracia.  

*Jornalista. Via Brasil247

12 agosto 2024

Luto e luta na Amazônia: morre Tuíre Kayapó, a indígena que adiou o fim do mundo

A cada tentativa do Estado para calar os povos indígenas, se erguia a voz de Tuíre, falecida neste sábado (10)

   A liderança indígena Tuíre Kayapó - Mídia Ninja

Por Fernando Neto*

Tuíre Kayapó, uma das maiores lideranças indígenas do Brasil, morreu neste sábado (10) em um hospital na cidade de Redenção, no Pará. Ela tinha 57 anos e enfrentava um câncer de útero. Sua morte encerra uma trajetória marcante na defesa dos direitos dos povos indígenas e da floresta amazônica. Desde as disputas em torno da Usina Hidrelétrica de Belo Monte até o Marco Temporal, Tuíre sempre se posicionou em relação aos ataques do governo contra os povos da floresta.

Tuíre despertou atenção internacional em 1989. Nesse ano, ocorreu em Altamira (PA) o 1º Encontro das Nações Indígenas do Xingu. O evento, que reunia cerca de 600 indígenas, todos pintados para a guerra, tinha o objetivo de discutir os projetos da Usina Hidrelétrica de Kararaô, que posteriormente passou a se chamar Belo Monte.

  Créditos da foto: Arquivo/Paulo Jares

Em determinado momento, Tuíre, então com 19 anos, colocou um facão no rosto do presidente da Eletronorte, José Antônio Muniz Lopes [foto acima]. Conforme ela lembra em entrevista de 2023 ao Instituto Socioambiental (ISA), ela disse ao presidente da empresa: "Branco, você não tem floresta. Essa terra não é sua. Você nasceu na cidade e então veio para cá atacar nossa floresta e nossos rios. Você não vai fazer isso".

A foto de seu ato correu o mundo e despertou a atenção de autoridades, ativistas e artistas internacionais, adiando a construção da usina em cerca de vinte anos. Depois de construída, Belo Monte ficou conhecida como o "fim do mundo" da Volta Grande do Xingu. Tuíre foi, para usar as palavras de Aílton Krenak, a mulher que adiou o fim do mundo.

Importante lembrar que os Kayapó se autodenominam Mẽbêngôkre, palavra que significa, em sua língua, "povo que saiu do buraco d'água". Para chegar ao mundo, de acordo com sua cosmologia, eles fizeram uma longa travessia, alcançando a superfície da terra através das águas. Os rios são, portanto, as suas raízes. Dessa forma, fica fácil compreender porque esses indígenas se opuseram de forma tão veemente contra Belo Monte: um rio barrado e desviado representaria não apenas o fim da pesca e o fim da navegação, mas também o fim de uma forma de ver o mundo. Se o rio são as suas raízes, com a usina, os Mẽbêngôkre ficariam "desenriozados".

Além disso, um outro elemento marcou profundamente as disputas em torno da usina. A princípio, Belo Monte se chamaria Kararaô, um grito de guerra na língua mẽbêngôkre. Os Kayapó são um povo guerreiro. A coragem e a força são, para eles, atributos sagrados, expressos nos gritos de guerra. Impedir que a grande usina hidrelétrica fosse batizada como Kararaô era uma forma de deixar demarcadas as separações entre a força dos brancos, no caso a energia elétrica, e a força dos indígenas. Era uma forma de deixar bem explícito que, enquanto a força dos brancos era para destruir, a força dos Mẽbêngôkre era para proteger a floresta.

Estive na presença de Tuíre apenas uma vez, durante uma entrevista na cidade de Belém, no ano passado. Na ocasião, ela já estava realizando tratamento de saúde, mas decidiu falar com a imprensa sobre o Marco Temporal, então em votação no Congresso. Tuíre falou em língua mẽbêngôkre, tendo sido traduzida por seu marido, o cacique Dudu. Apesar de não poder entender diretamente as palavras ditas por ela, eu pude sentir a força de sua fala, a firmeza de seu olhar, a convicção de sua entonação. Força, firmeza e convicção que se mantiveram as mesmas ao longo de toda a sua vida, independentemente do interlocutor.

Trinta anos após o Encontro das Nações Indígenas em Altamira, em uma audiência na Câmara, em 2019, Tuíre enfrentou o deputado bolsonarista José Medeiros, então filiado ao Podemos do Mato Grosso. Durante a audiência, o deputado criticou as ONGs que trabalham com os povos indígenas e defendeu a exploração de minério em terras indígenas, tendo sido duramente contestado por Tuíre.

Em 2023, ela enfrentou sua última batalha: o Marco Temporal. Na entrevista concedida a mim, publicada aqui no Brasil de Fato, Tuíre critica os políticos que, mesmo sem conhecer a floresta, insistem em querer dizer o que é melhor para ela: "Porque senador vive na cidade, deputado vive na cidade. Eles não moram dentro da floresta. Nós não, nós vivemos na floresta, na Amazônia (...). Eles deveriam fazer alguma coisa, algum programa deles para dentro da cidade. Eles só querem fazer os programas deles, projetos deles, dentro da nossa reserva, nossa floresta, nossa Amazônia. Essa terra aqui é nossa. Nós que vamos criar algum projeto, que vamos fazer algo dentro da nossa floresta".

Essas palavras ecoam aquelas outras, que foram ditas por ela ao presidente da Eletronorte, e expressam seu descontentamento com a política dos brancos: decidir o destino dos povos indígenas sem ouvi-los. Nos últimos 35 anos, foram muitas as tentativas do Estado para calar os povos indígenas. A cada uma dessas tentativas, no entanto, se erguia a voz de Tuíre.

A saudade é um sentimento muito presente na vida dos Mẽbêngôkre. Isso vale tanto para os vivos, que sentem saudade de seus mortos, quanto para os mortos, que sentem saudade dos vivos. Depois que uma pessoa Mẽbêngôkre morre, sua alma, chamada karon, sai de seu corpo e inicia uma travessia em direção à aldeia dos mortos. Lá, o karon vive uma vida semelhante à vida dos vivos: casa-se, tem filhos, guerreia. No entanto, o karon dos mortos costuma frequentar a aldeia dos vivos, principalmente durante as festas. Os rituais mẽbêngôkre são, ao mesmo tempo, uma celebração da vida e uma homenagem aos mortos. Os Kayapó se recusam a se esquecer de seus mortos, e os karon não se esquecem dos vivos. Os Mẽbêngôkre são tão unidos que nem a morte os separa.

Boa travessia, Tuíre. A cosmologia Kayapó diz que, quando aqui é dia, na aldeia dos mortos é noite, e quando aqui é noite, lá é dia – sempre o oposto. Que a aldeia dos mortos seja uma enorme Amazônia em que as árvores permaneçam de pé e em que os rios corram livres, sem barragens.

*Edição: Nicolau Soares - Via BdF (Edição final deste Editor)

09 agosto 2024

Tramóia de bolsonaristas no TCU para livrar Bolsonaro no roubo de jóias expõe milicianização das instituições

Escancarada na atuação mafiosa da extrema-direita lavajatista, a milicianização das instituições se aprofundou com a extrema-direita bolsonarista

Joias, TCU e Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução | Leopoldo Silva/Agência Senado | Alan Santos/PR)

Por Jeferson Miola*

O processo de milicianização das instituições da República representa uma ameaça contínua à democracia brasileira.

Ocupantes regulares de funções públicas no aparelho de Estado ou agentes eleitos para a representação política agem como milícias ideológicas que subvertem seus cargos para materializar objetivos do extremismo e do fascismo.

Escancarada na atuação mafiosa da extrema-direita lavajatista, a milicianização das instituições se aprofundou com a extrema-direita bolsonarista. E continuará avançando perigosamente, caso não encontre resistências e respostas contundentes do campo democrático.

Numa articulação das suas bancadas no Congresso e no Tribunal de Contas da União/TCU, bolsonaristas promoveram nova ofensiva, desta vez para livrar a responsabilidade criminal de Bolsonaro pelo roubo de jóias e objetos valiosos pertencentes ao patrimônio da União.

A operação começou com uma representação do deputado bolsonarista Sanderson/PL-RS em agosto de 2023 junto ao TCU questionando situação já consolidada e devidamente legalizada pelo próprio Tribunal sobre um relógio recebido por Lula em 2005, há 19 anos.

No TCU, o ministro bolsonarista Jorge Oliveira, indicado para o cargo pelo próprio Bolsonaro em julho de 2020, contrariou parecer da assessoria técnica do Tribunal para criar uma brecha jurídica favorável à defesa de Bolsonaro no inquérito criminal.

Bem antes desta esdrúxula decisão de Oliveira, outro ministro bolsonarista do TCU havia atuado de modo estratégico para salvar Bolsonaro e seus cúmplices civis e militares que participaram do esquema de roubo das jóias, contrabando delas para venda nos EUA e lavagem do dinheiro resultante da venda ilegal no exterior.

Este ministro é João Augusto Nardes, político com carreira iniciada na ARENA, partido da ditadura, autor da farsa das pedaladas fiscais que embasou o impeachment fraudulento da presidente Dilma, e que em novembro de 2022 gravou áudio para a horda fascista com informe sobre o “movimento forte nas casernas” na preparação do golpe de Estado.

Pois bem, em março de 2023 Nardes enriqueceu seu robusto currículo de agente orgânico do fascismo e do militarismo na decisão estratégica que converteu Bolsonaro em fiel depositário dos bens roubados da União, ao invés de mandar o ladrão devolver os itens roubados e pedir sua condenação.

Aquela medida foi providencial para a “operação resgate”. A quadrilha de ladrões bolsonaristas ganhou tempo para recomprar parte de objetos vendidos.

Até hoje este Nardes continua incólume, sem que o TCU tenha aberto qualquer procedimento disciplinar, e sem que a PGR tenha analisado a denúncia formalizada contra ele ainda em março de 2023 no marco do inquérito sobre os atos antidemocráticos.

Esta tramóia de bolsonaristas do TCU para livrar Bolsonaro no roubo das jóias expõe o fenômeno de milicianização das instituições que corrói a democracia.

A naturalização dessas práticas lesivas que esgarçam a legalidade é um passaporte para a destruição do Estado de Direito.

*Via https://www.brasil247.com/

-Leia também: Decisão de Lula de devolver relógio frustra defesa de Bolsonaro

08 agosto 2024

MILONGA PRA LOCO


*Bebeto Alves, Marcello Caminha e Clóvis Boca Freire 

Extremistas brasileiros e internacionais contestam reeleição de Maduro na ONU

Objetivo é apoiar os resultados divulgados pelos opositores Maria Corina Machado e Edmundo Gonzalez, o autoproclamado presidente

Nicolás Maduro e comando militar em evento em Caracas (Foto: Leonardo Fernández Viloria/Reuters)

247* - A extrema-direita brasileira disse que acionou a Organização das Nações Unidas (ONU) contra os resultados da eleição de 28 de julho de Venezuela. O presidente Nicolás Maduro foi reeleito para um terceiro mandato, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país, mas tanto a extrema-direita venezuelana quanto seus aliados brasileiros já se articulavam antes do resultado ser divulgado.

Enquanto extremistas promoviam atos violentos ao redor da Venezuela, representantes da extrema-direita brasileira divulgavam informações falsas nas redes sociais, como o vídeo  onde o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, supostamente abraça o presidente Nicolás Maduro.

O objetivo da iniciativa, segundo a deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP), é apoiar os resultados divulgados pelos opositores Maria Corina Machado e Edmundo Gonzalez, o autoproclamado presidente do país. No Uruguai, um deputado ligado à extrema-direita global, Pablo Viana, chegou a solicitar uma intervenção militar da ONU na Venezuela.

"A intervenção da ONU é crucial para prevenir mais atrocidades e garantir a proteção dos direitos humanos fundamentais na Venezuela", disse Zambelli em postagem nas redes sociais.

A iniciativa ocorre após o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, manifestar ao secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que as atas eleitorais divulgadas pela oposição comprovam vitória de Edmundo Gonzalez na Venezuela. Eles também expressaram nesta quarta-feira a sua disponibilidade para apoiar um “processo liderado pela Venezuela para o restabelecimento das normas democráticas”, afirmou o Departamento de Estado.

Sem esperar pelos resultados da contagem de votos e subsequente auditoria, Washington pediu à comunidade internacional que reconhecesse González como o vencedor da eleição presidencial na Venezuela. Parlamentares dos EUA e da UE, responsáveis por supervisionar as relações internacionais, também ameaçaram Maduro na última sexta-feira com "responsabilidade" caso ele não abdicasse voluntariamente de seus poderes como chefe de estado após a eleição, alegando que os resultados da votação foram fabricados.

Os governos de Brasil, Colômbia e México, que mantêm boas relações com a Venezuela, pediram uma “verificação imparcial” do resultado.

A eleição presidencial na Venezuela foi realizada em 28 de julho, e o CNE declarou Nicolás Maduro como vencedor. No dia seguinte, protestos contra os resultados das eleições irromperam no país, com confrontos entre forças de segurança e manifestantes em Caracas e outras cidades, que começaram a atirar pedras e coquetéis molotov nos oficiais de segurança. Mais de 250 postos policiais foram destruídos, múltiplos atos de vandalismo e roubos foram relatados, e dois militares foram mortos.

Na semana seguinte às eleições, as forças de segurança detiveram mais de 2.000 pessoas, acusadas de destruir infraestrutura estatal, incitar ódio e terrorismo. A agitação violenta na Venezuela continuou por um dia após as eleições, após o qual o governo retomou o controle da situação nas ruas. Nos dias seguintes, apoiadores tanto do presidente quanto da oposição realizaram inúmeros comícios, declarando sua vitória, mas foram pacíficos e não envolveram confrontos. (Com agências). 

*Via https://www.brasil247.com/

Eleições 2024 - CUT lança Carta Compromisso para que candidatos/as defendam pauta dos trabalhadores

Central quer que candidatos/as às câmaras municipais e às prefeituras nas próximas eleições assumam compromissos em apoiar oito pontos de interesse da classe trabalhadora

Trabalhadores e dirigentes sindicais devem votar em candidatos/as que tenham compromisso com direitos trabalhistas

São Paulo - RBA* – Com oito pontos que abrangem direitos dos trabalhadores e trabalhadoras da iniciativa privada e de servidores e servidoras públicos, a CUT lançou uma “Carta Compromisso” direcionada aos candidatos e candidatas a vereadores e prefeitos para as próximas eleições, que serão realizadas em outubro deste ano. No texto a ser assinado pelos candidatos e/ou candidatas estão os oito compromissos que compreendem desde geração de emprego e renda como a valorização dos servidores públicos e coibir assédios, entre outros.

A presidenta interina da CUT Nacional, Juvandia Moreira , ressalta a necessidade de que os trabalhadores e dirigentes sindicais votem em quem tem compromisso com a defesa dos direitos trabalhistas e em ações que gerem emprego e renda visando o bem-estar da população. Ela defende ainda a participação da entidade nos debates que interessam à toda a sociedade, especialmente aos trabalhadores e às trabalhadoras.

Segundo ela, essas propostas precisam ser divulgadas e implementadas pelos governos federal, estadual e municipal e, foi o que ocorreu em 2022, após a plataforma da classe trabalhadora ser entregue pela CUT ao presidente Lula que, inclusive, já implementou vários pontos da proposta.

“É preciso fazer esse debate em todos os fóruns possíveis. As eleições são um espaço importantíssimo. Quando nós, quando da eleição do governo federal, discutimos com o presidente Lula a importância da política de valorização do salário mínimo, o reajuste salarial do servidor público, a ampliação da isenção do imposto de renda e a retomada Ministério do Trabalho. Tudo isso foi discutido na campanha eleitoral, para que o trabalho tenha uma centralidade”, conta Juvandia.

A dirigente destaca o papel do servidor público para a sociedade e sobre a necessidade de valorização da categoria, principalmente nos municípios em que há servidores ganhando salários muito baixos, em condições de trabalho precarizadas.

“É preciso ter uma mesa permanente de negociação, que haja o diálogo com a representação sindical para olhar para a carreira do servidor, para as carreiras que estão prejudicadas, os serviços que estão parados por falta de funcionário, como atender bem a população. Então, tem vários dos nossos pontos da nossa pauta nessas eleições municipais”, afirma.

Outro ponto que precisa de atenção nessas eleições, segundo Juvandia, é a qualidade de vida das pessoas e como elas são acolhidas, afinal é nos municípios que elas vivem, seja o trabalhador da ativa, seja o aposentado

“Nós temos uma série de políticas públicas que passam pelo município e temos trabalhadores nesses municípios. Eles precisam ser recebidos. O agricultor familiar, que é base da representação nossa, precisa ter política pública para que consiga produzir na terra dele, escoar essa produção, e essa produção de alimentos chegue barata na mesa de outro trabalhador”, afirma.

“A eleição deste ano é uma grande oportunidade de debatermos com a população e com os candidatos quais são as propostas da classe trabalhadora para as cidades”, diz Juvandia

Confira os oito compromissos defendidos pela CUT

  1. 1. Implementar as diretrizes e regras da Convenção 151 da OIT, assegurando o direito efetivo de negociação coletiva às entidades sindicais representativas dos servidores e das servidoras municipais, bem como dos trabalhadores e das trabalhadoras das empresas públicas e autarquias eventualmente existentes no município, visando assegurar condições de trabalho e remuneração decentes.
  2. Realizar concursos públicos em todas as áreas.
  3. Criar instrumentos eficazes para coibir práticas de assédio moral, sexual e discriminações de gênero, racial, de orientação sexual e capacitistas.
  4. Cumprir com as obrigações previdenciárias a fim de garantir a segurança dos servidores e servidoras na aposentadoria.
  5. Estabelecer e manter permanente diálogo social com entidades representativas dos servidores e das servidoras municipais, de trabalhadores e trabalhadoras de empresas públicas e autarquias, inclusive de empresas terceirizadas, quando estas não respeitarem os direitos trabalhistas e previdenciários.
  6. Respeitar e assegurar condições objetivas para o exercício das atividades sindicais aos e às dirigentes, assegurando as liberações solicitadas, a garantia de emprego, bem como o acesso aos locais de trabalho.
  7. Implementar programas de qualificação e atualização profissional, voltados a atender as necessidades dos servidores e das servidoras em face do impacto das transformações tecnológicas, dentre elas o uso da Inteligência Artificial.
  8. Desenvolver iniciativas políticas de industrialização para gerar empregos decentes e renda no município.

Clique aqui para baixar a Carta Compromisso

*Por Rosely Rocha, da CUT Nacional - via Rede Brasil Atual

05 agosto 2024

A façanha de Rebeca é um ato de soberania contra a viralatice

"A façanha de Rebeca resgata o orgulho do Brasil contra o falso patriotismo de louvação a símbolos dos EUA e de Israel"

A medalhista de ouro Rebeca Andrade, do Brasil, comemora com a medalhista de prata Simone Biles, dos Estados Unidos, e a medalhista de bronze Jordan Chiles, dos Estados Unidos, no pódio (Foto: REUTERS/Athit Perawongmetha)

Por Tiago Barbosa*

A sucessão de imagens na sequência da vitória incontestável de Rebeca Andrade produz simbolismos para além do esporte. E aquece a alma de um Brasil habituado - por força de uma fração vira-lata da população - a se ver por baixo na esfera internacional.

A cena da ginasta venerada pelas concorrentes norte-americanas enxota a subserviência aos EUA cultuada por mentes colonizadas. É grito de soberania esportiva - com reflexos reais - contra a continência a essa bandeira estrangeira naturalizada pela degeneração da extrema-direita.

A façanha de Rebeca resgata o orgulho do Brasil contra o falso patriotismo de manifestações guiadas por flâmulas, genuflexões, influência e louvação a símbolos dos EUA e de Israel. Reposiciona o sentido de país a partir de um povo fortalecido na própria identidade - negra e feminina - e potência atlética sem alienações à propaganda ou a modelos ocidentais de submissão. Valoriza a coletividade materializada no papel do Estado através de incentivos públicos em contraponto à retórica enganosa do mercado como fiador exclusivo do triunfo.

A ascensão da bandeira brasileira sob o hino destituído de acenos golpistas de ruminantes e ladeada pelas norte-americanas é reencontro. Do Brasil com seu povo. Do Brasil com seu potencial. Do Brasil com o futuro. Livre, soberano, plural, igualitário e vencedor: o ouro de Rebeca é a plenitude da nossa gente - a glória que vira-lata de direita detesta ver.

*Fonte: https://www.brasil247.com/

03 agosto 2024

Maduro, não entregue as atas

"Países fazem à Venezuela exigências exorbitantes, que não são dirigidas a nenhum outro"

    Nicolás Maduro (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Por Mário Vitor Santos*

Presidente, não aceite o que estão tentando fazer com a Venezuela. Trata-se de uma campanha em que estão até alguns que se dizem seus amigos.

O senhor já sabe por experiência política. Estão querendo mais uma vez pôr seu país de joelhos. 

O senhor acabou de ter uma vitória consagradora como foi anunciado oficialmente pelo poder eleitoral de seu país e ratificado pela Assembleia Nacional.  Todos deveriam estar lhe felicitando pela vitória,  seguindo a praxe, como aliás fizeram vários paises, China e Rússia entre eles.

Em vez disso, até alguns antigos amigos inexplicavelmente inclusive o Brasil, se juntaram aos seus arqui-inimigos para humilhá-lo e ao seu povo. Fomentam a desconfiança no processo eleitoral. Na prática, atiçam uma desestabilização, um golpe comtra seu processo institucional. Os cabeças desse golpe dentro da Venezuela são bandidos fascistas, como Maria Corina Machado e Edmundo González, aliados de Bolsonaro e de Javier Milei, na Argentina. Deveriam estar presos. 

Países fazem à Venezuela exigências exorbitantes, que não são dirigidas a nenhum país.

Exija, presidente,o devido  respeito, tratamento igualitário, reciprocidade. Mantenha-se firme. Não se dobre ao bullying. Não  para beneficio próprio, mas pela dignidade do povo e do país.

Não mostre as atas. Quem quiser que surte. Mande-os para aquele lugar.

Não se iluda, o senhor, com falsas promessas. A exigência esdrúxula das atas lança uma suspeita inaceitável. Na verdade, a imposição da apresentação das atas é apenas uma desculpa para assediar seu país uma vez mais. Apresentadas as atas, as pressões não vão se aliviar. Ao contrário, novas suspeitas vão ser interpostas. A presunção de culpa recrudescerá. Responda chumbo com chumbo, a única linguagem que entendem. Não tenha ilusões, presidente.

A origem de tudo, como muitos sabem, mas fingem não saber, é a Casa Branca. Atas não vão mudar a atitude sabotadora do governo estadunidense. Este quer usar o episódio para, se possivel, derrubar seu governo. Quer mandar  um recado à America Latina de que não adianta, toda desobediência aos desígnios do imperialisno será punida exemplarmente. Martirizaram o seu país sabotando de todas as formas a indústria do petróleo.

Mais de novecentas sanções trouxeram doenças, fome e morte. Desnutrição e falta de remédios sacrificaram crianças e idosos. 

Sem a pressão inpiedosa de Washington e a campanha que realiza contra o país desde o advento da revolução bolivariana ninguém estaria preocupado com as atas das urnas venezuelanas. Na verdade, existe um plano, mais um, para desacreditar o resultado das eleições, desestabilizar as instituições, fomentar a desordem e promover um golpe.

Atas não vão mudar nada nos intentos da Casa Branca, que precisa desesperadamente reafirmar que sua hegemonia não está decadente.

Maduro, não entregue as atas. Exija da Inglaterra as atas das recentes eleições em Exeter, por exemplo. Ou, da França, as atas Saint-Denis 

Se quiserem, EUA e auxiliares que busquem as atas no lugar de direito: o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que é um poder independente. Envie os interessados a um guichê do CNE.

São tão demagógicos  que fingem ignorar que não é o Executivo, Nicolas Maduro, que divulga as atas, mas o Poder Eleitoral. O senhor não tem que a priori provar sua honestidade. Quem acusa, inclusive seus ex-amigos, tem o ônus da prova.

A Casa Branca quer fazer com o senhor e a Venezuela o que já fizeram com Saddam Hussein, Muamar Gadafi e Salvador Allende. Com Fidel e Cuba tentaram e não conseguiram.  Determinaram que qualquer dos inimigos deles deveriam ser chamados de ditadores.  Os vassalos da mídia obedecem. 

Os carneirinhos diplomáticos se perfilam, reproduzindo as mesmas exigências. Repetem demandas para a Venezuela que não se fazem a mais ninguém. 

O ucraniano Volodimir Zelenski prolonga seu mandato e o que acontece: segue sendo chamado de presidente. Os teleguiados de Washington gozam de boa fé. Alguém pediu as atas de La Matanza, na Grande Buenos Aires, por exemplo, na eleição de Milei? Já contra o senhor e seu país os chacais da mídia antiga e das big techs latem em uníssono dando crédito aos gangsters e seus resultados falsos.

O mundo deveria ter reconhecido a sua vitória eleitoral na noite de domingo. Seria o normal. Mas não existe o normal contra a Venezuela. Para desmoralizar seu país toda covardia será justificada. 

Eles roubaram dos venezuelanos 31 toneladas de ouro depositadas no Banco da Inglaterra que valem R$ 14 bilhões na cotação de hoje. Eles roubaram a rede venezuelana de distribuição de combustíveis Citgo, que vale R$ 68 bilhões. Roubaram aviões venezuelanos em solo estrangeiro. Impuseram e reconheceram o  usurpador autoproclamado Juan Guaidó como presidente,  recebido na Casa Branca e ovacionado no mesmo Capitólio que exulta diante do genocida sionista Benjamin Netanyahu. Tentaram assassinar o senhor mais de uma vez.

Com clímax no domingo passado, a Venezuela foi atingida por um novo intento de golpe com múltiplos ingredientes: guerra cibernética, guerra diplomática, guerra midiática, guerra de pesquisas, guerra psicológica, guerra ideológica, guerra cultural, guerra cognitiva, guerra elétrica e guerra civil.

Como resposta, o governo do presidente Lula, vítima de tentativa semelhante partida de Bolsonaro, versão brasileira do mesmo extremismo fascista internacional, deveria ter reconhecido logo sua eleição, como fizeram os  chineses e russos, parceiros brasileiros nos Brics.

Presidente Maduro, não ceda, não. Se as tiver, não dê as atas. Encare-os. O mundo está olhando.

*Mario Vitor Santos é jornalista. É colunista do 247 e apresentador da TV 247. Foi ombudsman da Folha e do portal iG, secretário de Redação e diretor da Sucursal de Brasilia da Folha.

**Via https://www.brasil247.com/

01 agosto 2024

EM SANTIAGO/RS: NOSSA IRRESTRITA SOLIDARIEDADE AO POVO PALESTINO!

 


*Via Instagram

Derrota da direita venezuelana não surpreendeu ninguém – nem poderia

O objetivo é claro: reintegrar a Venezuela e suas valiosas reservas minerais ao domínio imperialista


Líder da oposição venezuelana María Corina Machado e o candidato presidencial da oposição Edmundo González 29/07/2024 (Foto: REUTERS/Leonardo Fernandez Viloria)


Um bom resumo do comportamento da mídia reacionária diante da reeleição de Nicolás Maduro na Venezuela encontra-se na última linha do editorial de O Globo (29/07/2024): "O Brasil precisa denunciar a farsa eleitoral de Maduro", conclama o texto, numa sugestão que, apesar de ridícula, envolve ambições políticas óbvias.

Numa operação de sabotagem contra o voto de 11 milhões de eleitoras e eleitores que foram às urnas neste domingo, propõe-se que o governo Lula dê um tiro no próprio pé, somando a reconhecida influência regional do país e seu governo numa investida de inspiração imperialista contra um aliado histórico, já integrado a memória política e econômica desta região do planeta.

"Em nenhum momento o processo na Venezuela inspirou confiança. As irregularidades foram constantes", prossegue a Vênus Platinada, numa retórica previsível de quem encara uma tarefa vergonhosa – pressionar o governo brasileiro a cometer uma traição contra um parceiro histórico – e com essa finalidade procura reescrever os fatos conforme seu interesse e conveniência.

O que se quer, aqui, é devolver a Venezuela e suas riquíssimas reservas mineiras ao circuito imperialista, impedindo que parcelas consideráveis desses benefícios sejam partilhados com as camadas pobres da população, em projetos de investimentos públicos e distribuição de renda que são a marca principal dos governos chavistas.

Encerrada a campanha, o problema de um palavreado tão contundente encontra-se na consistência gelatinosa – para não dizer nula – das observações negativas sobre uma votação ocorrida sob o olhar atento da maioria da população do país.

Foram 11 milhões de eleitores e eleitoras – ou 54% do eleitorado total – que saíram de casa, neste domingo, obviamente informados sobre a relevância da pauta do dia e em sua maioria já resolvidos sobre a atitude a tomar nas urnas.

A derrota do candidato de direita, o diplomata Edmundo Gonzales, não surpreendeu ninguém – nem poderia. Sua expressão política é nula e ele só ganhou relevância na vida pública como testa de ferro assumido de uma deputada, Maria Corina Machado, milionária de extrema direita, que perdeu os direitos políticos por 15 anos depois que foi condenada numa investigação sobre ocultação da própria fortuna.

Neste ambiente, a eleição de domingo foi um clássico pleito sul-americano, onde questões como a fome, o emprego, a escola dos filhos e a aposentadoria dos mais velhos se encontravam no centro da agenda – e ali devem permanecer enquanto a Venezuela, ao lado de seus vizinhos, permanecer um país de muitas oportunidades para poucos e uma imensa desigualdade amargada por quase todos.

Alguma dúvida?

*Via https://www.brasil247.com/

31 julho 2024

Maduro foi vitorioso e cumprirá seu novo mandato

 


Por José Dirceu, em perfil de rede social*

O presidente Nicolás Maduro foi proclamado o vitorioso nas eleições venezuelanas e cumprirá seu novo mandato.

O discurso de desconfiança foi imediato, mas já vimos esse filme antes.

Somos experientes em relação à alegação de fraude eleitoral perante a derrota. Com Jair Bolsonaro foi assim, e antes dele Aécio Neves. Em comum a ideia de colocar o órgão eleitoral em suspeição e a própria urna eletrônica.

Até Donald Trump apelou para a fraude.

É preciso lembrar que, na Venezuela, o voto é impresso e depositado numa urna. Logo o sistema é seguro e inviolável. Há fiscais em todas as sessões e no órgão eleitoral nacional – o CNE – a oposição tem 3 membros.

Não podemos fazer como setores da mídia brasileira, que parte do princípio de que Maduro não pode vencer, e se venceu é porque houve fraude.

Precisamos aguardar a conferência das atas e não dar razão à oposição, muito menos às manifestações violentas.

É importante destacar ainda que na oposição há setores golpistas articulados a interesses norte-americanos, que apoiaram as sanções e o sequestro das reservas da Venezuela, isto é, violaram a soberania do país e da lei internacional.

Em 2013, Henrique Capriles perdeu a eleição e creditou a derrota à fraude. Mas nunca apresentou provas.

Não dá para apontar fraude sem provar e sem a conferência das atas.

Eis por que se posicionaram corretamente México, Colômbia e Brasil, a despeito de toda a gritaria da oposição venezuelana e do entusiasmo da mídia brasileira com a tese da fraude.

*José Dirceu foi ministro-chefe da Casa Civil no primeiro governo Lula (2003-2005), presidente nacional do Partido dos Trabalhadores e deputado federal por São Paulo.

-Via Viomundo

30 julho 2024

Venezuela: o golpe está aí, cai quem quer

Golpismo ganha fôlego com fake news, apoio dos EUA e conivência de uma parte da esquerda

    Revolução colorida se arma na Venezuela = Créditos: Reprodução/Twitter


Por Yuri Ferreira*

Existe um golpe de Estado em curso na Venezuela. Os atos terroristas de opositores ao redor do país, como o fechamento de estradas, ataques a hospitais e manifestações violentas, têm se intensificado. As táticas são similares às registradas no Brasil entre outubro de 2022 e janeiro de 2023.

Iniciou-se o tal "banho de sangue" ou a "guerra civil fratricida" das previsões de Maduro na semana passada.

Maria Corina Machado afirma que possui as atas eleitorais. Não as apresenta publicamente, mas diz que em sua contagem paralela, seu candidato Edmundo González tem mais de 70% dos votos.

Segundo a contagem dos opositores, Maduro teria menos de 3 milhões de votos. Curiosamente, o bolivarianismo teria perdido mais de um milhão de votos comparados com os 4,3 milhões que teve em eleições boicotadas pela oposição em 2020, quando o país estava em situação econômica muito mais frágil.

Ou seja: a revolução bolivariana teria ficado menos popular depois de apresentar um crescimento de 18% em 2022, 4% em 2023 e projeção de 4,2% para 2024, segundo dados oficiais do banco central do país.

O problema é que esse fato eleitoral sem precedentes apresentado pela oposição não teve provas publicadas, apenas as declarações de Maria Corina Machado. É bravata. 

O CNE afirmou que publicará hoje as atas eleitorais. Independentemente da publicação, a oposição de extrema direita continuará gritando golpe.

E o golpe anda em marcha rápida:

  • Nas ruas, além dos atos golpistas, derrubam-se estátuas de Chávez, no mesmo modelo das revoluções coloridas, como as ocorridas na Ucrânia, Geórgia e na Primavera Árabe.
  • O secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, já deu o sinal: "Temos sérias preocupações de que o resultado anunciado não reflita a vontade ou os votos do povo venezuelano".
  • A OEA deve se reunir rapidamente para decidir se apoiará a tomada violenta do poder. Em 2002 e 2017, apoiou as tentativas de golpe na Venezuela. Em 2019, repetiu o fato na Bolívia.
  • Edmundo González já foi proclamado presidente eleito pela oposição e pelo ex-presidente paralelo, Juan Guaidó.
  • A direita neoliberal e a extrema direita já sinalizaram apoio aos golpistas, nomeadamente os continuistas do Grupo de Lima, somado ao Chile de Boric, El Salvador de Bukele e outros países governados pela direita.

Tudo indica um golpe de Estado.

O peso virá do Brasil, México e Colômbia, que podem reconhecer o resultado eleitoral e diminuir o volume da gritaria sobre golpe. Lula conversará com Biden nesta terça-feira (30). E pode decidir o futuro da Venezuela pelos próximos anos.

*Via Revista Fórum