Pobre...
Mas livre! Gauchito 
no
sol-a-sol, sou o que sou. 
Pois
nem dom Pedro Segundo 
não
pode – o senhor de um mundo! 
dobrar
o meu bisavô. 
Com
esta alma guapa nos tentos 
debaixo
do meu sombreiro, 
pelo
Poder e o Dinheiro 
nunca
ninguém me levou. 
Pois
nem o taura Castilhos, 
famoso
pelos codilhos, 
pode
voltear meu avô.
E
ao tranco do meu Lobuno, 
passam
por mim carros finos, 
com
espertos e ladinos 
que
a escovação empilchou. 
Sigo...
Às vez’ sem nenhum cobre, 
sem
que a secura me dobre! 
–
Se meu Velho está índio pobre, 
porque
a ninguém se dobrou.
Conterrianos,
moços lindos, 
com
humildades de escola, 
curvam
a espinha de mola, 
no
culto de um ditador, 
seja
qualquer que ele for! 
–
Com a fumaça de um bom fumo, 
chapéu
torto, corto o rumo, 
ao
tranco do meu Lobuno, 
sem
dar louvado a um senhor.
Deus
velho dá o sol também 
ao
que sabe ser torena 
e
não suporta cadena 
de
feiticeiro ou papão. 
Não
me enredo nessas trampas! 
E
vou cruzando estes Pampas, 
só
escravo do coração...
.........................
AMGOS!...
Quando eu me for 
ao
país do eterno olvido, 
aqui
fica este pedido 
antes
que a Morte comande! 
–
Ponham-me ao peito sem chucho 
o
santo trapo gaúcho 
da
tricolor do Rio Grande!
      Aureliano de Figueiredo Pinto

 
 
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