04 dezembro 2008
Poema
Como Neruda
De tanto nadar contra a maré
de tanto receber
em plena luz do sol ou
na calada da noite
de onde menos esperava
traiçoeiras e quase fatais
punhaladas
de tanto ver a miséria
e a injustiça campeando a rédeas soltas
abatendo os mais fracos
& os mais humildes
& o sonho da igualdade
& da fraternidade distancioando-se
no espaço & no tempo
& a impunidade grassando
quase incólume
com sua cabeça de medusa
& sua hipocrisia aristocrática
às vezes dá vontade
de 'chutar o balde'
(e mandar às favas as regras
de convivência
ou da 'boa educação')...
....
Mas resisto, respiro fundo e
buscando forças nas reservas da carne
& do espírito
& nos músculos que já não respondem
como em outros tempos
mas que se superam e reagem
- como Fênix
& nauseado e triste
mas resoluto, determinado
continuo em frente
(navegar é preciso)
& então combato com as armas mais diversas...
Resistindo entre um
& outro round
sobrevivendo, lambendo as feridas
reciclando-me
faço então como Neruda
e escrevo alguns
frágeis (mas cálidos)
poemas de amor
e uma canção ...
(desesperada)
Júlio Garcia - inverno de 2008
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