Se
Se és capaz de manter a tua
calma quando
Todo o mundo ao teu redor já
a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão
todos duvidando,
E para esses no entanto
achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem
te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao
mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao
ódio te esquivares,
E não parecer bom demais,
nem pretensioso;
Se és capaz de pensar --sem
que a isso só te atires,
De sonhar --sem fazer dos sonhos
teus senhores.
Se encontrando a desgraça e
o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a
esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor
de ver mudadas
Em armadilhas as verdades
que disseste,
E as coisas, por que deste a
vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco
que te reste;
Se és capaz de arriscar numa
única parada
Tudo quanto ganhaste em toda
a tua vida,
E perder e, ao perder, sem
nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto
de partida;
De forçar coração, nervos,
músculos, tudo
A dar seja o que for que
neles ainda existe,
E a persistir assim quando,
exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que
ainda ordena: "Persiste!";
Se és capaz de, entre a
plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a
naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer
maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de
alguma utilidade,
E se és capaz de dar,
segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor
e brilho,
Tua é a terra com tudo o que
existe no mundo
E o que mais --tu serás um
homem, ó meu filho!
Rudyard Kipling - Tradução: Guilherme de
Almeida
2 comentários:
Parabéns, caro Júlio Garcia! Rudyard Kipling expressa muito bem a alma de quem defende suas própria convicções com coerência e honestidade de propósitos! O nome disto é integridade! boa luta!
Paulo Torelly
Obrigado pela visita e, sobretudo, pelo belo comentário, caro amigo e companheiro Torelly. Grande abraço!
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