Por Janio de Freitas, na FSP*
Se Dilma não pode “resistir por três anos e meio com esse índice baixo” de popularidade, aí está uma hipótese feita por seu vice Michel Temer; que Dilma Rousseff não pode melhorar seu índice de aprovação com a atual política econômica e social, isto é uma realidade.
Do ponto de vista ético, o vice que se diz aliado não poderia fazer, para um auditório de adversários extremados da presidente, as declarações que Michel Temer lhes presenteou. Como conduta pessoal e dever político, não importa quem sejam o vice aliado e o presidente: é ato de aliado desleal. Ainda mais por ser apresentada como certeza, a hipótese de Temer inclui o estímulo indireto de mais hostilidades públicas à sua aliada.
Não termina aí. Temer opinou que Dilma, sendo “uma guerreira”, parece-lhe avessa a renúncia. Ou seja, não termina o mandato sem melhorar a popularidade e não renuncia: Temer fala, sem dizer, em derrubada.
Há um mês, o vice aliado disse ser “preciso alguém com capacidade de unir a todos”. Muitos comentaristas e, claro, o PT acharam que estava se propondo à sucessão imediata. Vê-se que tal papel de unificador não lhe fica bem.
Mas o índice é uma linguagem. Mesmo com as ressalvas que as estatísticas possam merecer, a queda brutal da aprovação a Dilma exprime a dimensão gigantesca da repulsa à sua política econômica e, portanto, também social. E seus efeitos estão só no começo. Como, de resto, estão as próprias medidas apregoadas por Joaquim Levy.
Parece não haver, em Dilma e na equipe central do governo, nem a menor percepção desse problema. Dilma está preocupada e ocupada com a Câmara, com os partidos, com os cargos reivindicados na chantagem de líderes de bancadas. Mas tudo isso é efeito. O seu problema fundamental está na política econômica e na maneira como (não) é conduzida. Uma e outra não aprovadas por absolutamente ninguém. O pequeno grupo de empresários que pleiteou a permanência de Levy, nos últimos dias, deixou perceptível a ação por medo de agravarem-se ainda mais, na área econômica, a sinuosidade da condução e a obscuridade das medidas vindouras.
Mesmo para a opção por uma política econômica neoliberaloide, como Dilma quis, Joaquim Levy e Alexandre Tombini, no Banco Central, são as pessoas convenientes? Oito meses, dois terços do ano, de respostas insuficientes ou contrárias ao esperado –como dito pelo próprio Joaquim Levy– indicam que não. E atribuir as dificuldades à Câmara é fácil, mas pouco verdadeiro. A perplexidade, os desencontros e a falta de criatividade na condução econômica é que proporcionam espaço e clima para as saliências da Câmara. Quando percebem segurança e clareza, com o consequente apoio de setores influentes, os congressistas não desafiam nem abusam.
O problema fundamental de Dilma Rousseff está onde ela supõe estar a solução.
*Via http://www.viomundo.com.br/
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