12 janeiro 2021

Caso Ford alimentou guerra diária contra governo Olívio Dutra: ‘foi um moedor de carne’

 

Caso Ford alimentou bombardeio midiático contra governo Olívio Dutra e contra imagem do governador. Foto: Guilherme Santos/Sul21

No dia 29 de abril de 1999, o jornal Zero Hora, de Porto Alegre, publicou um editorial intitulado “Desfecho melancólico”, tratando da decisão da Ford de instalar-se na Bahia, por não ter aceitas as condições apresentadas ao governo Olívio Dutra para instalar uma montadora da empresa no Rio Grande do Sul. O editorial em questão, entre outras coisas, afirmou: “A sociedade riograndense, que lutou muito e fez grandes sacrifícios para conquistar as montadoras de automóveis, merece compensações à altura das expectativas frustradas.” No dia seguinte, o mesmo jornal acrescentou: “O maior prejuízo que o Rio Grande irá sofrer com a desistência da Ford (…) nunca chegará a ser avaliado inteiramente, tal o seu vulto”.

O episódio envolvendo a decisão da Ford de cancelar a instalação de uma unidade montadora no Rio Grande do Sul, durante o governo Olívio Dutra (1999-2002), transferindo o projeto para Camaçari, na Bahia, foi marcado, entre outras coisas, por uma guerra midiática e simbólica que reverbera até os dias de hoje. A guerra, no caso, foi dirigida contra o governo de Olívio Dutra e contra a figura pessoal do governador e de outras lideranças petistas que tinham frustrado, nas eleições de 1998, os planos de reeleição de Antonio Britto (MDB). A Ford virou carro chefe da direita gaúcha, e também em nível nacional, para atacar governos e candidaturas do PT e de outros partidos de esquerda em períodos eleitorais. Duas décadas depois, o tema seguiu sendo usado em debates eleitorais, como ocorreu contra a candidatura de Manuela D’Ávila (PCdoB) à Prefeitura de Porto Alegre. No dia 11 de janeiro deste ano, porém, uma notícia caiu como uma bomba: a Ford anunciou o fechamento de suas fábricas em todo o Brasil. A memória do governo Olívio Dutra veio imediatamente à tona e, com ela, as lembranças do bombardeio midiático que sofreu.

“Foi um moedor de carne diário. Poucos davam espaço pro contraditório. Acho que foi algo igual, claro que em proporções diferentes, que ocorreria mais tarde contra Lula e Dilma”, assinala o jornalista Guaracy Cunha, que foi secretário de Comunicação do governo Olívio. “Foram momentos duros para todos nós. Só quem passou lembra como foi difícil superar e tocar em frente para fazer um dos melhores governos que o Rio Grande do Sul já teve”, acrescenta. (...)

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