A Amazônia já está à beira do colapso e não pode sobreviver a mais uma década de destruição, critica Greenpeace
Vista aérea de um desmatamento na Amazônia para expansão pecuária, em Lábrea, Amazonas. (Foto: Victor Moriyama / Amazônia em Chamas)
O Greenpeace Brasil divulgou nota criticando o acordo anunciado na COP26 para “proteção” das florestas, destacando principalmente o que ele significa para a continuidade da destruição na Amazônia. Entre os diversos acordos anunciados na COP26, está um, incluindo o Brasil, para conter o desmatamento até 2030. Esse acordo, na prática, assinala o Greenpeace, substitui a Declaração de Nova York sobre Florestas de 2014, que estabeleceu a meta para o ano de 2020 (embora o Brasil não o tenha assinado).
Para a diretora executiva do Greenpeace Brasil, Carolina Pasquali, há um bom motivo pelo qual Bolsonaro se sentiu confortável em assinar este novo acordo. “Ele estende o prazo para acabar com a destruição da floresta em dez anos, não é obrigatório e, quando se trata de limpar as cadeias de abastecimento, parece ter como alvo apenas o desmatamento ilegal. Mas a Amazônia já está à beira do colapso e não pode sobreviver a mais uma década de destruição, legal ou não. Os povos indígenas estão clamando pela proteção de 80% da Amazônia até 2025, e eles têm razão; é o que é preciso. O clima e o mundo natural não têm condições de pagar por esse acordo”, afirmou.
Após três anos sem planos para reduzir o desmatamento, o governo Bolsonaro promete agora cortar 15% do desmatamento em 2022, ano que termina o mandato. “Se tivermos em 2021 taxas iguais de desmatamento dos últimos dois anos, esse número estaria por volta de 9.000 Km2, um aumento de 22% em relação ao ano de 2018, véspera do início do atual mandato. O governo antecipou também a meta de zerar o desmatamento ilegal até 2028, mas a conta não fecha, até lá o governo estaria admitindo quase 42.200 km2 de desmatamento ilegal, uma área maior que a Holanda ou Suíça, por exemplo”, aponta o Greenpeace.
Enquanto o governo brasileiro se aproveita da visibilidade da COP 26 para lançar diversos programas, anunciar novas metas de redução do desmatamento ilegal, cortes de emissões e um plano para acelerar a economia verde, nos bastidores, a prática é outra, critica ainda a organização ambientalista. “O Brasil, ao lado de outros países, tentou interferir nas recomendações do relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) para excluir as menções à agropecuária como vilão do clima e a importância da adoção de uma dieta baseada em vegetais. É importante lembrar que o desmatamento e a agropecuária representam 72% do total das emissões dos gases do efeito estufa do Brasil. As emissões no país aumentaram 9,5% em 2020, impulsionadas pela destruição da Amazônia — resultado de escolhas políticas deliberadas do governo Bolsonaro”.
Para o Greenpeace, a falta de ação para reduzir a demanda por carnes e laticínios industriais — uma indústria que está causando a destruição do ecossistema por meio da produção de gado e do uso de soja para ração animal -, mostra que há poucas chances do governo cumprir esse acordo e instigar políticas que colocariam o Brasil de volta ao caminho certo para diminuir o desmatamento. “Enquanto não adotamos dietas baseadas em vegetais e reduzimos a quantidade de carne industrial e laticínios que consumimos, os direitos dos povos indígenas continuarão a ser ameaçados e a natureza continuará a ser destruída, em vez de ter a oportunidade de se restaurar e se recuperar”, adverte a entidade.
*Via Sul21 - Com informações do Greenpeace Brasil
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