11 outubro 2022

Exigência de nome de Lula para Economia é pretexto para apoiar Bolsonaro

Por Janio de Freitas, na Folha de S. Paulo*

Só um candidato idiota cairia na exigência, muito mais idiota, de que Lula revele já o seu ministro da Fazenda/Economia, para ser aceitável como Bolsonaro pelo empresariado.

Se exposto o escolhido, que talvez nem exista ainda, nada impediria que esses empresários continuassem financiando e atuando por Bolsonaro. Nem Lula, se eleito, estaria impedido de em pouco tempo demitir o ministro associado aos tais empresários.

A pobreza mental e moral desse empresariado que age na política só por interesse direto, dominado por ganância e egoísmo patológicos, é responsável por grande parte das desgraças que assolam o país. A corrupção grossa começa por aí.

Lula governou por oito anos, encerrados há menos de 12, e saiu com 82% de aprovação ao seu governo.

Não saber quais são as ideias e métodos, que o caracterizam como governante e como pessoa, só se explica por asnice insolúvel.

A exigência do nome já, e que saia da turma obcecada pelos cifrões privados, é só pretexto para apoiar Bolsonaro com o engodo de que o fazem por indefinição de Lula.

Decisivas

As mulheres e o Nordeste são os fatores mais relevantes desta eleição presidencial.

Ciro Gomes, paulista do Ceará, não deixou de acompanhar o grau de influência nordestina, embora à sua nova maneira surtada: a subida de Bolsonaro, nas primeiras pesquisas do segundo turno, saiu de Ciro Gomes por intermédio de seus aficionados persistentes.

Um presente dado ao bolsonarista explícito pelo bolsonarista implícito.

Bolsonaro deu sua explicação para o fracasso no Nordeste: “Lula venceu em 9 dos 10 estados com maior analfabetismo. São do nosso Nordeste”.

É a explicação de analfabeto. E analfabeto muito especial.

Dinheiro público deu-lhe o longo ensino escolar, os cursos da preparatória e da academia militar. Nessas etapas até foi pago para ser aluno.

Recebeu teto, comida e roupa lavada do ensino até ser apenas excluído do Exército, por terrorismo, em tramoia na Justiça Militar. Apesar de tudo isso, é um ignorantaço que mal disfarça o analfabetismo.

Como é possível que isso aconteça nas Forças Armadas, e está visto que não é raro, prova que não é pela escola fundamental ou média que a reforma do ensino se faz urgente.

*Jornalista - Via Viomundo

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