O presidente Lula foi para a prisão nos braços do povo, em 7 de abril de 2018, e saiu dela, em 9 de novembro de 2019, também nos braços do povo. Fotos: Paulo Pinto e Ricardo Stuckert
Por Fábio Buonavita*
Algumas coisas começam a fazer sentido para além da trama golpista — e é exatamente isso que deve estar apavorando Bolsonaro.
E aí entram as comparações inevitáveis.
Na prisão de Lula, em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, estávamos eu, Agnes Franco, meu filho João Gabriel (hoje presidente do Sindsep-SP) e muita gente que ficou ali porque Lula já tinha negociado com a PF a data e o horário para se entregar.
Mesmo injustiçado, mesmo diante de um claro caso de lawfare — que depois ficou mais do que comprovado — Lula manteve a serenidade e afirmou sua inocência.
Naquele dia, todo mundo estava disposto a resistir. Havia tensão, indignação, o sentimento de que o país estava cometendo uma violência política contra um inocente.
Mas foi o próprio Lula quem pediu calma. Ele disse que aceitaria a sentença da Justiça — mesmo sabendo que era uma farsa — porque tinha certeza de que a verdade prevaleceria. E prevaleceu.
No caminhão de som, deixou uma espécie de testamento político: Boulos, Haddad, Manuela, Gleisi… Foi uma passagem de bastão simbólica, de esperança, não de caos.
E ali, naquela fala, muita gente desabou. Nós três — eu, João e Agnes — choramos sem parar, junto da multidão que ocupava a frente da casa do deputado Barba, de onde saiu aquela foto histórica: Lula sendo carregado para dentro do sindicato, já consciente do que viria a seguir.
Houve quem defendesse fuga, exílio, qualquer saída dramática. Mas Lula não fugiu. Não se escondeu. Não pediu proteção divina para driblar a Justiça. Entrou de cabeça erguida. Foi um gesto de coragem política e de respeito ao país.
Pois é. Como não comparar?
Agora vemos Bolsonaro se enrolando nos próprios depoimentos, se incriminando sem perceber, dizendo bobagens, contradições, as mesmas bravatas de sempre — só que agora com consequências reais.
E, para completar, monta uma falsa vigília, convoca um “deus dos Exércitos” sob encomenda, prepara um teatro para criar um suposto clima de resistência e, no fundo, facilitar sua fuga. Já estava até tentando tirar a tornozeleira.
É isso.
A diferença entre Lula e Bolsonaro cabe num único parágrafo: um enfrentou a maior injustiça da vida com dignidade, o outro tenta escapar da própria culpa fabricando caos.
Além de tudo, Bolsonaro é — e sempre foi — um covarde.
*Fábio Buonavita, superintendente do Ibama em SP, membro da Executiva Frente Ampla Democrática Socioambiental (Fads) e voluntário na Feira Esquerda Livre.
Fonte: Viomundo

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