22 janeiro 2009

Coluna







Crítica & Autocrítica - nº 49

* Barack Obama, o novo presidente dos EUA que tomou posse nesta terça-feira (20), segundo entendimento do Presidente Lula e de boa parte dos analistas políticos brasileiros, deve ampliar o relacionamento do seu país com a América Latina. Segundo externou o presidente brasileiro 'o momento político americano é uma oportunidade para o fim do bloqueio econômico a Cuba. Os Estados Unidos, durante muito tempo, tiveram uma política equivocada para a América Latina'. Para Lula o "olhar" de Obama sobre a América Latina deve ser "democrático e desenvolvimentista", principalmente para os países da América Central e do Caribe. O presidente disse ainda que não há "nenhuma explicação científica" para o embargo a Cuba. "É importante que Obama faça um sinal para Cuba. É importante que o bloqueio seja desobstruído para que Cuba possa ter uma vida normal como todos os países, tendo relação com todos os países".
...

* Ainda na avaliação do presidente brasileiro, a crise financeira internacional, "que nasceu dentro dos Estados Unidos", a busca de um acordo na Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC) e a negociação pela paz no Oriente Médio são os principais desafios de Obama.
...

* Importantes e sinceras as reflexões do presidente Lula. Mas eu, escaldado que sou com os 'gringos', continuo com os dois pés atrás com Obama. Fico com a posição do companheiro Cristóvão Feil, sociólogo e editor do excelente blog 'Diário Gauche', que sintetizou, meses atrás, suas expectativas sobre o novo presidente norteamericano: "uma pequena esperança e um zilhão de dúvidas'.
....

* "O PT de Santiago recebeu significativo reforço com a entrada do companheiro Júlio Prates (noticiado em primeira mão por este blog). E ele já está mostrando a que veio: a dura mas necessária resposta que deu em seu blog à demagogia do vice-prefeito 'pepista' Júlio Ruivo, do PP (que destilou veneno e uma série de inverdades contra o PT e o governo do presidente Lula) é só uma mostra do que está por vir. O Prates, somando-se solidária e militantemente com a nova direção municipal do PT, ajudará com certeza a recolocar o partido no patamar onde sempre deveria ter estado: na vanguarda das lutas dos trabalhadores e oprimidos de Santiago e Região, denunciando as injustiças, os bastidores da 'política tradicional', desmascarando os enganadores e exploradores do povo e ajudando a fomentar a consciência de classe do nosso povo trabalhador e da juventude". (...)
...

* Transcrevi, acima, parte da postagem com que este blogueiro saudava, em 28 de setembro de 2007, a filiação no PT santiaguense de Júlio César de Lima Prates. Nesta mesma coluna 'Crítica & Autocrítica', de nº 10.
...

* Pois soube na semana passada, através do blog do próprio Prates, que ele havia decidido desfiliar-se do Partido dos Trabalhadores, alegando razões profissionais e também pelo motivo de hoje, para ele, "reinar em Santiago um suposto purismo ideológico, exigem de mim uma conduta impossível". Em resumo, queixou-se de um suposto patrulhamento ideológico executado por petistas, que o criticaram pelas relações explícitas e elogiosas (de parte a parte) que ele vinha adotando nos últimos tempos com expoentes da direita local e estadual. Eu mesmo fui um dos companheiros que, construtiva e lealmente, procurei alertá-lo do equívoco que estava realizando, mas é evidente que não obtive sucesso.
....

* Eu, sinceramente, lamento este desfecho, ainda mais porque tenho uma longa trajetória de amizade com o Júlio. Também não concordo e não aceito os argumentos com que ele justificou sua saída. Como coloquei na postagem acima citada, apostei que a vinda do Prates para o PT local ajudaria o partido a sair da inércia e da mesmice que se encontrava. E eu não estava sozinho: como está registrado nas Atas da agremiação partidária, a maioria dos militantes, através de seu Diretório Municipal, acreditaram no Júlio Prates e o alçaram, mesmo contra a vontade de setores de sua direção, como o seu candidato ao Executivo Municipal no último pleito, juntamente com a valorosa companheira Vívian Dias (que continua filiada ao partido e firme na luta), nossa candidata a vice-prefeita.
...

* O referido processo eleitoral (ainda não suficientemente debatido e analisado pelo PT local, que continua acéfalo de direção) não teve o retorno esperado - nem pelo Júlio Prates, nem pela maioria dos abnegados filiados, militantes e simpatizantes do PT que mantiveram a disciplina e a ética partidária e apoiaram entusiasticamente seus candidatos. Lamentável foram as deserções, as 'trairagens' constatadas; alguns também 'fugiram da raia' e apoiaram candidatos de outros partidos. Sobre isso, aliás, a Comissão de Ética do PT local (ou regional) ainda não posicionou-se. Esperamos que o faça, 'inda que tardia'.
...

* Isso tudo, mais o fato de o partido não ter tido a necessária unidade nesse momento tão ímpar, somado a problemas de estratégia de campanha, equívocos táticos, a falta de recursos financeiros, a evidente falta de formação política da maioria da direção e dos candidatos à vereança, além da sórdida campanha do 'voto útil' no candidato do 'frentão', trouxeram enormes prejuízos para a campanha, que traduziu-se numa grande derrota política e eleitoral, tendo o resultado final ficado muito aquém do esperado - e das potencialidades da sigla (tanto para o Executivo, quanto para a Câmara de Vereadores).
...

* Mas, enfim, a luta continua; que o Júlio Prates tenha sucesso nas suas novas empreitadas, e que o PT local procure fazer uma autocrítica e reavalie e acerte o seu presente, buscando um futuro bem mais promissor, recuperando seus espaços e sendo coerente com sua história, é o que desejamos. Afinal, o PT (tanto local quanto nacionalmente) ainda não esgotou, creio eu, todas as suas possibilidades como partido de esquerda e existem muitos quadros bons e qualificados em Santiago. Havendo disposição, garra e vontade política, ainda há tempo para isso.
...

* Amanhã, 23/01, às 11 horas, estarei colando grau no curso de Direito no UniRitter. À noite (este é também um convite aberto!), no Restaurante Villaggio (Av. Guilherme Shell, 6750 - Canoas Shopping) haverá uma pequena confraternização com familiares, colegas e amigos. Agradeço de antemão as presenças e envio meus sinceros abraços à todos (as)! (Por Júlio Garcia, especial para 'O Boqueirão').

*****

**Crítica & Autocrítica: coluna que mantenho
(i)regularmente no Blog 'O Boqueirão' http://oboqueirao.zip.net

21 janeiro 2009

Refúgio humanitário...






Lula descarta recuo no caso de Battisti

*Por Celso Lungaretti

Depois da corajosa atitude do ministro da Justiça Tarso Genro, concedendo refúgio humanitário ao perseguido político Cesare Battisti a despeito das intensas e descabidas pressões italianas, agora é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva que se posiciona de maneira irrepreensível, descartando qualquer recuo do seu governo em função de imposições estrangeiras: "A decisão do Brasil neste episódio é soberana".

Lula, que dera sinal verde para Genro seguir sua convicção, garante: o ministro "cumpriu com sua obrigação".

Lembrou que o Brasil é "um país generoso", tanto que, na sua História, há "muitos exemplos de pessoas que aqui chegaram exiladas e aqui viveram a sua vida".

Especificamente sobre Battisti, o presidente brasileiro disse que já se passou muito tempo (três décadas) desde os episódios dos quais ele é acusado; que "o acusador fez um processo de delação premiada, depois tirou novos documentos e hoje nem existe para provar estas acusações"; e que, no Brasil, Battisti "trabalhou, hoje é escritor".

E concluiu: "O ministro da Justiça entendeu que este cidadão deveria ficar no Brasil e tomou a decisão, que é do Estado brasileiro. Portanto, alguma autoridade italiana pode não gostar, mas tem de respeitar. Os dois países têm uma relação histórica tão forte que não é um problema de um exilado que vai trazer alguma animosidade".

A velha mídia indigna - Cabe aqui o adendo de que foi chocante, desavergonhada, a atitude de parte da mídia brasileira, endossando e servindo de caixa de ressonância para o inconformismo italiano. Evocou-me uma fala da inesquecível peça Arena Conta Zumbi: "Unamo-nos todos a serviço do rei de fora contra o inimigo de dentro!".

Não só omitiu que o arrazoado de Genro é juridicamente dos mais consistentes, como apresentou os protestos estrangeiros sob um viés claramente favorável, deixando de registrar sua arrogância e total desprezo pelas instituições brasileiras.

De bate-pronto lancei o artigo "Somos um país soberano ou uma república das bananas?" , para combater a campanha infame que estava sendo deslanchada.

Então, foi com satisfação e alívio que vi tornar-se realidade o fecho daquele artigo: "Cabe ao Governo Lula colocar as coisas no seu devido lugar, fazendo a Itália entender que não está lidando com uma república das bananas, daquelas que se borram de medo das potências centrais e estão sempre prontas para acatar ultimatos velados".

Colocou tão bem que a onda passou sem produzir estragos, exatamente como o Cansei (lembram? Foi aquele fiasco direitista na tentativa de reeditar a Marcha da Família com Deus Pela Liberdade...).

O próprio Itamaraty, embora fosse contrário à concessão do refúgio, avalia que o governo italiano, tendo marcado sua posição, deixará agora que o caso marche para o esquecimento.

Já é mais do que tempo de botar-se uma pedra em cima dos excessos cometidos por revolucionários europeus durante o período radicalizado da guerra fria e das práticas antidemocráticas com que estados europeus os combateram.

Desmemoriado - Só ao governador paulista José Serra parece ter passado despercebido o fracasso desses esforços para criar-se uma tempestade em copo d'água. Fez questão de alinhar-se, atrasado, com a posição italiana.

E o fez de forma evasiva, deixando preparado o caminho para desdizer-se, conforme a evolução dos acontecimentos: "Em princípio, não estou de acordo, pelos antecedentes que vi na imprensa. Não olhei os processos, mas me parece um exagero o asilo dado".

Mais do que ninguém, o ex-presidente da UNE deveria saber que os antecedentes vistos em certa imprensa não são confiáveis. Será que já esqueceu as cobras e lagartos publicados a seu respeito quando estava exilado?

Deveria, também, refletir um pouco sobre o que lhe ocorreria se a França e o Chile tivessem considerado "um exagero" a sua pretensão de viver em paz noutro país, evitando a prisão injusta que sofreria em sua pátria.

*Celso Lungaretti (foto) é jornalista, escritor e ex-preso político.

*Pescado do blog do Zé Dirceu

19 janeiro 2009

Meirelles pega o chapéu?





Deu na Carta Capital: "Henrique Meirelles já comunicou ao presidente Lula que deixará o comando do Banco Central em breve, depois de seis anos no cargo. O goiano de Anápolis, de 62 anos, passará um curto período de quarentena e muito provavelmente disputará o governo de seu estado nas eleições de 2010. Seu sonho é um dia subir a rampa do Planalto e tornar-se presidente da República.

A conferir. Um fato é inegável: a capacidade de sobrevivência de Meirelles no governo. É o único integrante da equipe econômica intocado desde o início da gestão de Lula, em 2003. Uma espécie de estranho no ninho, uma vez que o aliado Antonio Palocci foi forçado a deixar o Ministério da Fazenda, em março de 2006, chamuscado por denúncias.

Quem aspira sentar-se na cadeira de Meirelles? O que seria melhor para o País? Talvez o presidente finalmente crave um nome mais afinado com a ala desenvolvimentista do governo, hoje majoritária. Os amantes do crescimento têm esperança de que o futuro titular se alinhe a um projeto nacional e não sistematicamente sabote a economia brasileira a qualquer sinal de sopro de vida.

Para a sucessão, o mercado discute uma “solução interna”. Trata-se mais de um wishful thinking. Os candidatos naturais ao cargo seriam o diretor de Normas do BC, Alexandre Tombini, e o diretor de Política Econômica do banco, Mário Mesquita. Não representariam ruptura alguma. Os economistas críticos da atuação do BC preferem colocar as fichas em Luciano Coutinho, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para o qual os executivos financeiros torcem o nariz. Seria um sinal de que os tempos de ultraortodoxia viraram passado.

Meirelles foi alçado ao BC por falta de alternativa do presidente. Os nomes cogitados no fim de 2002 não aceitaram a empreitada. O presidente teria preferido Fabio Barbosa, então executivo máximo do Banco Real e eleitor do PT. Mas ele declinou do convite. Em um ato de desespero, Lula chegou a sondar o então titular da pasta, Arminio Fraga, para permanecer alguns meses no cargo e realizar uma transição suave. O ex-operador de George Soros optou por voo próprio, ao fundar a Gávea Investimentos e partir para aquisições de empresas.

Restava Meirelles, introduzido no Planalto pelo senador Aloizio Mercadante. Era pegar ou pegar. Lula tem uma dívida de gratidão com o goiano, pois ele enfrentou o rescaldo do terrorismo financeiro praticado pelo mercado, que não suportava a ideia de um metalúrgico e nordestino comandar o País. Foi elogiado nos primeiros meses de mandato, mas parece ter tomado gosto por excessos".

*Fonte: Carta Capital

Nota do PT/RS



A DIREÇÃO EXECUTIVA DO PT DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, reunida na data de hoje, deliberou por unanimidade, levar a público suas considerações a respeito do convite realizado pelo Prefeito de Canoas Jairo Jorge ao Sr. Cézar Busatto:

1. A trajetória do PT na luta pela democracia, pelo pluralismo, pela liberdade de expressão, e em particular pela história do PT em Canoas, a sua relação, o diálogo e o compromisso histórico com os movimentos sociais e a sociedade civil, o Programa de Governo e as alianças políticas constituídas no município, coroou-se com a vitória de Jairo Jorge à Prefeitura de Canoas.

2. No entanto, diálogo para nós nunca foi justificativa de ocultar opiniões e compromissos programáticos, razão pela qual manifestamos que a trajetória do Sr. César Busatto no governo que antecedeu ao da Frente Popular no RS, no parlamento, na prefeitura de Porto Alegre e no atual governo estadual, foi notoriamente privatista, neoliberal e descomprometida com a gestão da coisa pública e esteve, recentemente, envolvido num dos maiores casos de corrupção da política gaúcha, em decorrência disto, por absoluta falta de condições políticas e elevado grau de questionamento ético-moral feito pela sociedade teve de sair do Governo Yeda.

3. A presença deste senhor no Governo Municipal de Canoas não iria colaborar na execução de políticas públicas sintonizadas com o resultado das eleições naquela cidade, mas as descaracterizariam.

4. A Executiva Estadual do PT reafirma sua avaliação da inadequação desse convite e reconhece como positiva a reavaliação do companheiro Jairo Jorge.

5. Por fim, a Executiva Estadual do PT do RS entende ser necessária a construção de uma reflexão coletiva, a partir da direção municipal, juntamente com o Prefeito Jairo Jorge, que compatibilize a condição de governante e da governabilidade - desejada por todos nós - com o projeto político do PT, que dialoga com todas as pessoas de bem do Brasil, do Rio Grande e de Canoas.

Porto Alegre, 19 de janeiro de 2009.
Executiva Estadual do PT/RS.

*Com o sítio PTSul

17 janeiro 2009

Poema




















José

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?


Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?


E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?


Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?


Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse....

Mas você não morre,
você é duro, José!


Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!

José, para onde?

Carlos Drummond de Andrade

16 janeiro 2009

Aeroyeda

















Para o PT, compra de avião não pode ser tratada como prioridade

Deu no sítio PTSul: O principal partido de oposição na Assembleia Legislativa recebeu com perplexidade a notícia de que a governadora pretende comprar um novo avião. O líder da bancada do PT, Raul Pont, considera que a aquisição não merece figurar entre as prioridades do governo gaúcho, já que o número de viagens da governadora Yeda Crusius não justifica o gasto, superior ao montante previsto para investimentos na segurança pública em 2009. Ele lembra que o Executivo já dispõe de aeronaves para os deslocamentos pelo interior do estado e pelo Brasil e que Porto Alegre é servida por um número considerável de linhas aéreas para o restante do país. “A governadora poderia usar os vôos de carreira, como fazem todos os deputados federais e senadores”, sugere.

Para ele, a intenção do Executivo é uma atitude antieconômica, que implicará em altos custos de manutenção, incompatíveis com a situação financeira do Estado. “Trata-se de uma contradição para um governo que corta custeio de áreas essenciais e que não cumpre sequer os percentuais constitucionais da saúde e da educação”, denuncia.

Ironia do destino

O anúncio da compra da aeronave soou como ironia do destino para o deputado Elvino Bohn Gass (PT). “Gostaríamos de saber a opinião dos líderes tucanos no Congresso Nacional, que não pouparam críticas ao governo Lula no episódio da compra de uma aeronave em 2000. Aqui, certamente, a intenção da governadora se reveste de maior gravidade, levando em conta a crise financeira do Estado”, aponta.

Na avaliação do parlamentar, não é um absurdo que o governante disponha de meios adequados e seguros para a realização de viagens oficiais. Ressalta, no entanto, que a conjuntura não é favorável para este tipo de investimento. “Estamos atravessando uma crise internacional que, certamente, terá impacto na economia gaúcha e nas finanças do Estado. É inconcebível que o governo gaúcho não tenha adotado nenhuma medida para aliviar os efeitos da crise e pense em comprar uma nova aeronave. Isso demonstra, no mínimo, falta de sintonia com os interesses da população”, frisou.

Bohn Gass recomenda que a governadora siga a receita que ela própria preconizou em 2008 e corte gastos deste tipo. “A compra da aeronave, neste momento, não é justa com o povo gaúcho e com os servidores, que nos últimos dois anos foram penalizados com um ajuste fiscal sem precedentes”, critica o petista.

Piso do magistério

A justificativa da governadora para a compra da aeronave também foi rechaçada pela oposição. Yeda Crusius afirmou à imprensa que a compra do novo avião atende pedido feito pelo presidente Lula. “Se a questão é seguir uma sugestão do presidente, a governadora gaúcha deveria começar implantando o piso nacional do magistério e não questionando a medida na justiça como fez junto com outros governadores tucanos”, afirma o deputado Fabiano Pereira (PT). (Por Olga Arnt, do sítio PTSul)

*Charge do Kayser

15 janeiro 2009

Enquanto isso...













*Charge do Eugênio Neves

Nova polêmica no PT gaúcho



NOMEAÇÃO DE CEZAR BUSATTO EM CANOAS GERA POLÊMICA NO PT

O universo político gaúcho, especialmente o da região metropolitana de Porto Alegre, foi surpreendido na manhã de hoje com a notícia, veiculada no blog da jornalista Rosane de Oliveira (ZH), dando conta da nomeação realizada pelo prefeito Jairo Jorge (do PT, na foto acima) do ex-deputado Cezar Busatto (PPS) para uma secretaria em Canoas: "O prefeito de Canoas, Jairo Jorge, gosta de cutucar o PT com vara curta: neste momento, está dando posse ao ex-deputado Cezar Busatto, e ex-chefe da Casa Civil do governo Yeda Crusius, como Secretário Especial de Estratégia e Inovação. Busatto, para quem não lembra, caiu depois da divulgação de uma gravação feita pelo vice-governador Paulo Feijó, na qual dizia que os partidos se financiam em órgãos como o Detran, o Daer e o Banrisul. Na CPI do Detran, Busatto foi massacrado pelos deputados do PT, que agora terão de aceitá-lo como integrante da administração da mais importante cidade governada por um prefeito petista no Estado. Jairo Jorge disse que considera o episódio da gravação de Feijó superado: _ A contribuição que Busatto deu ao Rio Grande do Sul é muito maior. O episódio não macula a imagem pública dele.
O PPS de Busatto apoiou a candidatura de Jairo Jorge desde o primeiro momento, mas a indicação do ex-deputado _ um dos maiores algozes do governador Olívio Dutra no período de 1999 a 2002 _ não passará facilmente pela garganta de líderes como o deputado Raul Pont".

REPERCUSSÃO

Segundo informa o blog RS Urgente, o líder da bancada do PT na Assembléia Legislativa, deputado Raul Pont, classificou como inaceitável, absurda e lamentável a decisão do prefeito de Canoas, Jairo Jorge (PT), de nomear Cezar Busatto para a Secretaria Especial de Estratégia e Inovação. "Quem acompanhou a CPI do Detran, sabe que esse cidadão não tem a mínima condição de assumir um cargo numa administração petista. É lamentável que o prefeito Jairo Jorge tenha tomado essa decisão", resumiu Pont.

O deputado petista lembrou ainda que Busatto foi um dos homens fortes do governo Britto, articulador da oposição ao governo Olívio Dutra na Assembléia Legislativa, um dos líderes do governo Yeda e que, na condição de chefe da Casa Civil do atual governo tentou, hipocritamente, silenciar o vice-governador Paulo Feijó.

"Tenho certeza de que a posição do partido será a mesma", declarou. A Executiva Estadual do PT reúne-se na próxima segunda-feira (19).

*Com o blog 'O Boqueirão'

GAZA: NEM HOSPITAIS ESCAPAM DO MASSACRE



ISRAEL BOMBARDEIA ATÉ SEDE DA ONU, IMPRENSA E HOSPITAIS

GAZA (Da Agência Efe/Folha Online): Funcionários da UNRWA, a agência da ONU para refugiados palestinos, disseram à mídia que o ataque com tanques feito por militares israelenses à sede da instituição na Cidade de Gaza, nesta quinta-feira, destruiu todas as cargas de ajuda humanitária recebidas nos últimos dias. No ataque, ao menos três funcionários da agência ficaram feridos.

Em Tel Aviv, o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, expressou "grande protesto e horror" em relação ao ataque e reafirmou a necessidade de um cessar-fogo imediato entre Israel e o grupo radical islâmico Hamas, que domina a faixa de Gaza, pois "o número de vítimas é inaceitável".

"Toda a comida que entrou em Gaza nos últimos dias está pegando fogo", disse, em Gaza, o porta-voz da agência da ONU Adnan Abu Hasna, em declarações à TV Canal 10, de Israel. "Ontem, falei com eles [militares] para pedir que não nos atacassem, e nos disseram que fazíamos um grande trabalho, mas hoje nos bombardearam.'

Os alimentos estocados pela UNRWA tinham entrado em Gaza durante as tréguas diárias de três horas de duração que Israel concede, para fins humanitários, desde o fim de semana. O ataque desta quinta-feira destruiu o depósito de alimentos e o de combustíveis, que ficava a poucos metros de distância. O combate ao incêndio dura mais de quatro horas.

Desde que Israel iniciou sua grande ofensiva em Gaza, 20 dias atrás, mais de mil palestinos foram mortos e outros 4.000, feridos. Segundo fontes médicas palestinas, 40% dos mortos são civis enquanto, para Israel, 75% são militantes do Hamas. Do lado israelense, 13 foram mortos, sendo três civis.

O ataque desta quinta-feira não foi a primeira vez em que Israel afetou a ONU neste conflito. No último dia 6, uma escola da ONU foi atacada no campo de refugiados de Jabaliya suspeita de abrigar integrantes do Hamas, e mais de 40 pessoas morreram. Dias depois, o motorista de um caminhão da ONU foi morto por militares israelenses.

Em represália, a ONU suspendeu as atividades em Gaza por um dia. Israel deu, à época, garantias de segurança à organização.
Nesta quinta-feira, o ministro de Defesa de Israel, Ehud Barak, afirmou que o ataque ao edifício da UNRWA foi um "grave erro".

Segundo o porta-voz da agência da ONU, Richard Gunnes, o prédio foi atingido por três tiros de tanques israelenses. Na sequência, o edifício pegou fogo. Não há confirmação de danos nem de quantas pessoas estavam no local, no momento do ataque. Entre os funcionários da ONU, ao menos três ficaram feridos.


Fósforo branco

Gunnes acusou Israel de ter atacado o prédio com fósforo branco, substância cujo uso em regiões habitadas ou em ataques a pessoas é proibido justamente por causar queimaduras severas e problemas respiratórios.

O grupo internacional de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch denunciara, nesta terça-feira (13), o uso de fósforo branco por Israel. Em 2006, Israel admitiu ter usado obuses com fósforo branco contra objetivos militares durante a ofensiva no sul do Líbano contra alvos do Hizbollah, milícia xiita libanesa.

"Um dos feridos sofreu lesões provocadas por bombas de fósforo branco, que atravessaram o colete à prova de balas que ele usava", denunciou o espanhol Francesc Claret, funcionário da agência da ONU, em entrevista à agência de notícias Efe. Claret afirmou ainda temer por refugiados que estavam, eventualmente, no prédio e por todo material de ajuda incendiado.


Hospital

O hospital do Crescente Vermelho atingido pelos israelenses fica no bairro de Tel Hawa. De acordo com a rede de TV Al Jazeera, a farmácia do hospital permanece em chamas, assim como o segundo andar de um imóvel que abriga vários escritórios administrativos e que fica no mesmo bairro. Mais uma vez, não há confirmação sobre vítimas. Segundo a Al Jazeera, cerca de 500 pessoas, incluindo médicos e doentes, estavam no hospital no momento dos bombardeios.


Mídia

O complexo de mídia atingido pelo Exército israelense nesta quinta-feira funcionava no edifício Al Shurouq Tower, no bairro de Al Shuruk, centro da Cidade de Gaza, e abrigava profissionais árabes e ocidentais. Entre as empresas há as TVs Fox, Sky News e RTL, além da agência de notícias Reuters e as árabes Al Arabia e MBC.

Conforme a agência de notícias Reuters, a bomba atingiu o imóvel na altura do 13º andar, onde funciona uma produtora de TV --a Reuters fica no 12º. O nome do jornalista ferido não foi divulgado, mas informações preliminares indicam que ele era da TV Abu Dhabi e estaria no 14º andar, no momento do ataque.

Segundo a Reuters, um porta-voz do Exército israelense entrou em contato com o escritório da Reuters em Jerusalém pouco antes do ataque, para confirmar a localização da equipe em Gaza --o que foi feito pela empresa, que recebeu garantia de que não era alvo.

*Com France Presse, Efe, Associated Press e Reuters

13 janeiro 2009

Debate surrealista



DEBATE SURREALISTA NA EDUCAÇÃO GAÚCHA - Saiu no sítio PTSul: Nos últimos dias, a população gaúcha convive com um debate surrealista, instalado a partir das reiteradas ameaças da titular da pasta da Educação, Mariza Abreu, de abandonar o posto alegando falta de apoio às “ mudanças” que pretende implantar no setor e, em especial, no Plano de Carreira do Magistério. Na opinião do líder da bancada do PT, deputado Raul Pont, tanto a secretária quanto a governadora Yeda Crusius antecipam o julgamento de um projeto que a sociedade desconhece e que sequer foi enviado à Assembleia Legislativa. “Há uma disputa surda e chantagista entre a secretária e a governadora que mais parece uma tentativa de obter carta branca para implementar qualquer tipo de alteração sem que todos os setores da sociedade sejam consultados”, analisa.

A secretária tem afirmado que abandonará o cargo se não obtiver apoio do parlamento para estabelecer alterações no Plano de Carreira do Magistério. No entanto, os detalhes sobre a proposta jamais foram divulgados. “Existe apenas uma conversa, desde o início do governo, de que o projeto seria enviado. Então, a secretária não pode acusar ninguém de antemão, sem que saibamos o que ela pretende fazer”, pondera o deputado.

Trata-se, na opinião de Pont, de um comportamento autoritário, porque as notícias na imprensa dão a idéia de que Mariza Abreu é o parâmetro e a medida de todas as coisas. “Esta discussão está correndo à revelia da sociedade gaúcha, da comunidade escolar e dos deputados e a secretária julga, de antemão, que o que ela pretende fazer é ótimo”, avalia. “Ela precisa, democraticamente, abrir o projeto e o debate e abandonar o jogo da chantagem”, sugere. (Por Denise Ritter, do sítio PTSul)

11 janeiro 2009

'Direita e esquerda'





'Dicotomia'


Para brindar aos quatorze assíduos leitores do blog, encerrando bem esta noite parcamente estrelada de domingo, recolho mais estas oportunas reflexões do mestre Mino Carta, pescadas (de forma aleatória) diretamente do seu excelente blog. Desejo, ainda, uma boa semana à todos.
Bom proveito!


"Há quem encha a boca, o papel, o ar, com palavras como esquerda e direita. Como dizia Raymundo Faoro, há países onde a dicotomia é menos abrupta, digamos assim, que no Brasil. Aqui ela se manifesta, e como. Mesmo assim, muitos se dizem de esquerda sem ser, por ignorância ou oportunismo. Também conviria definir com precisão o que direita significa. Há diferenças mais ou menos profundas entre um fascista e um conservador, entre um senhor de escravos (tem vários por aí), e um liberal reformista. Meu pai era um liberal (nada a ver com neoliberal) e foi preso pelos fascistas durante a guerra. Na luta contra a republiqueta fundada no norte da Itália por Mussolini, havia partigiani social-comunistas, de lenço vermelho, e partigiani católicos e liberais, de lenço azul. Concordo com o companheiro de navegação Tyrone Mello, quando diz: não precisa ser de esquerda ou direita, basta ser crítico, democrático, consciente, ético. Quanto a mim, não hesito em me dizer de esquerda, sem que isso impeça meu apreço por pessoas que não concordam comigo. Mais de trinta anos atrás, um colega vaticinou: “Na hora agá você vai para a direita”. Eu fiquei onde sempre estive, receio que ele tenha ido para lá.

***

Sobre a elite (2)

Falemos um pouco da elite nativa. Eu sou da elite nativa, suponho que o sejam todos os participantes desta navegação ao ar livre. No outro dia, alguém criticou negativamente o fato de que recomendo o uso de produtos da melhor qualidade na cozinha. Ridículo? De fato, legumes e verduras são baratos, macarrão também, um naco de músculo idem, frango, coelho nem se fale, peixe nem tanto mas dá para agüentar, etc., etc. Azeite compro Galo, não é caro. E é da melhor qualidade, a meu ver. Sei, porém, que o barato para mim é proibitivo para a maioria em um país onde apenas cinco por cento da população ganha de 800 reais para cima. Deste ponto de vista, por exemplo, sou elite. E também sou porque leio livros, freqüento restaurantes finos, vou ao teatro e ao cinema, compro gravatas e cobertores (no inverno). Por cem motivos sou da elite. Quando falo, no entanto, em elite nativa, refiro-me aos senhores que mandam e ostentam, categoria mínima, no fundo, em meio a 190 milhões de brasileiros, mas opressiva nos seus comportamentos. Arrogante, prepotente, ignorante, vulgar. Até quando toma vinho, descoberta recentíssima. Antes esvaziavam copos de uísque antes, durante e depois do jantar. Observem-lhe os gestos apreendidos no cinema e nas revistas especializadas, aquelas circunvalações que imprimem aos seus copos (que não são taças, e em outra ocasião explicarei porque) em uma espécie de manifestação galático-estelar, antes de sorver seu vinho, talvez a contragosto, simplesmente como convém a damas e cavaleiros. Os restaurantes proporcionam diariamente espetáculos cômicos de extraordinário sabor.

***

Os vinhos e o banqueiro

Respondo a Antonio Carlos Alves Pereira. Por melhor que seja, o vinho pode cair mal, a depender da companhia. Eu gosto de beber em companhia, o que não impede uns tragos em solidão. De grappa, de cachaça, de vinho do Porto. Tive como amigo um grande enólogo, que também era filósofo, chamava-se Luigi Veronelli. Costumava dizer que, à chegada do Dilúvio Universal, obrigado a embarcar na Arca com a chance de levar uma única, escassa garrafa, carregaria um Porto das Quintas. Não apreciava os tawnys e os rubys, e sim aquelas das quintas de Guimarães, de Viana do Castelo e por aí. Morreu faz alguns anos, era um sujeito ímpar. Guardo com carinho infindo, além da memória de Luigi, uma garrafa de Gattinara (uva nebbiolo, produzido na região de Novara, Piemonte) da safra de 1958. Vou abri-lo logo mais, ao completar 75 anos. Espero que esteja intacto, como estava, em novembro de 1997, no restaurante Guido de Costigliole d’Asti, um Barolo de 1947. Uva nebbiolo também, mas da região de Alba. Aposto que o banqueiro orelhudo não tem o menor interesse por vinhos, embora possa encomendar garrafas de 5 mil dólares em um piscar de olhos. Quero dizer, ao cabo, a meu ver, você é daqueles que entendem perfeitamente meu confuso verbo e jamais convidaria DD para um jantar.

***

Sobre Gaza

A propósito dos últimos capítulos da crise do Oriente Médio, acho importante atentar para alguns fatos. Como se sabe, Israel invadiu áreas que não figuravam da primeira partição da região e dali em diante portou-se como potência ocupante conforme as atitudes do colonialismo velho de guerra. Houve situações vergonhosas. Gente tirada de sua cama no meio da noite para intermináveis interrogatórios, prisões sem mandado de meros suspeitos, violência contra inocentes, a demonstração diuturna de que o exército de Israel é dono de uma nação de mais de três milhões de habitantes. A aspiração à independência por parte do povo palestino é mais que legítima e por mais que possam ser condenadas as provocações de Hamas (e devem ser) foi em Hamas que a maioria dos palestinos votou. Encarar esta crise a partir de princípios de justiça é que se recomenda. E deveria ser claro que neste gênero de análise não há espaço para qualquer preconceito".

*Blog do Mino: http://www.blogdomino.com.br/

10 janeiro 2009

Nejar: dois Poemas








O homem sempre é mais forte

O vento faz seu caminho
onde o sol desemboca o mar,
onde a terra tarja o vinho,
onde a noite é seu lagar.
O vento faz seu caminho
onde os mortos vão deitar
e a noite move moinho,
move outra noite no mar.

O vento faz seu caminho
e pássaros vão pousar
na floração dos moinhos
que amadurecem o mar.

O vento faz seu caminho
onde há sede de plantar,
onde a semente é destino
que um sulco não pode dar.


II.

O homem sempre é mais forte
se a outro homem se aliar;
o arado faz caminho
no seu tempo de cavar.

No mesmo mar que nos leva,
o vento nos quer buscar;
o que é da terra é do homem,
onde o arado vai brotar.

Por mais que a morte desfaça,
há um homem sempre a lutar;
o vento faz seu caminho
por dentro, no seu pomar.


***


Aos amigos e inimigos

De amigos e inimigos
fui servido,
agora estamos unidos,
atrelados ao degredo.

Nunca fui o escolhido
onde os deuses me puseram.
Nem sou deles, sou de mim
e dos íntimos infernos.

Não.
Não me entreguem aos mortos,
os filhos que me pariram
e plasmei com meus remorsos
no seu mágico convívio.

De amigos e inimigos
fui servido
e com tão finada vida
e alegados motivos,
que ao dar por eles, já partira
e quando dei por mim, não estava vivo.

Carlos Nejar

09 janeiro 2009

GAZA: o massacre continua









A ofensiva genocida promovida pelo governo israelense contra os palestinos residentes em Gaza continua. Os mortos já passam de 750, centenas deles civis, mulheres, velhos e crianças. Os feridos totalizam mais de 3.000 pessoas. Nesta sexta feira, pelo menos dez palestinos morreram durante os bombardeios aéreos e navais israelenses a pelo menos 30 alvos na faixa de Gaza. Na cidade de Beit Lahiya, norte de Gaza, médicos disseram que tanques de Israel atacaram uma casa, matando sete palestinos da mesma família, incluindo uma criança. A situação dos sobreviventes nas ruinas de Gaza é desesperadora. Em meio ao caos geral, falta alimentação, remédios, água potável, gás e energia elétrica.

Segundo as agências internacionais, a ONU (Organização das Nações Unidas) interrompeu o envio de ajuda à faixa de Gaza na quinta-feira após projéteis disparados por um tanque israelense matarem um motorista de caminhão de ajuda, e a Cruz Vermelha Internacional afirmou que iria restringir suas atividades após um de seus motoristas ficar ferido em incidente similar. A ONU também divulgou relatório no qual indica que 257 crianças palestinas morreram e 1.080 ficaram feridas durante os 14 dias da ofensiva israelense.

07 janeiro 2009

Pequena pausa na carnificina





'Povo de Gaza usa trégua para estocar água e procurar conhecidos'

GAZA: O repórter Sakher Abou El Oun, da France Presse, assim relata a pequena 'pausa' no massacre promovido pelo exército de ocupação israelense na Palestina: "A pausa de três horas nos bombardeios sobre a cidade de Gaza foi pouco para os habitantes, que aproveitaram a aparente normalidade para correr às lojas, estocar água, visitar as casas abandonadas e tentar colocar parentes e amigos em segurança. "Três horas não bastam. Não temos água, nem luz, nem comida", disse Mohammad Azzam, 45, em Gaza, paralisada desde o início da ofensiva israelense, em 27 de dezembro passado.

Azzam vive com a mulher e seus seis filhos no bairro de Zeitun, no leste da cidade de Gaza, onde foram travados os combates mais sangrentos entre os ativistas do Hamas e os tanques do Exército israelense nos últimos dias. "Tenho medo de que essa pausa seja seguida de uma ofensiva ainda mais vasta e da invasão de todo o bairro", acrescentou.

Alguns moradores tinham acabado de saber da paralisação dos bombardeios. "É sério? Vou agora mesmo buscar uma loja aberta para comprar algum comida", afirmou Wael Haj Ahmad, 34, ao jornalista, quando esse lhe pediu sua opinião sobre a trégua.

De pijama, Wael permanecia em casa com a família, no térreo de um prédio de cinco andares. Perto dali, uma fila se formava em frente a uma fonte pública. Homens e mulheres de todas as idades enchiam vasilhas enormes que transportavam em carretas puxadas por burros, ou cavalos.

Outros chegavam a pé a Zeitun para inspecionar as casas que deixaram para trás para fugir dos combates. Muitos iam na direção contrária, para buscar abrigo na casa de parentes, que vivem em zonas mais seguras da cidade de Gaza.

As rádios locais anunciaram a pausa pouco antes de sua entrada em vigor, às 11h (9h de Brasília). O Hamas anunciou sua intenção de suspender o lançamento de foguetes sobre Israel durante a pausa, enquanto o Exército israelense informou aos moradores, por SMS, que poderiam sair sem medo.

No oeste da cidade de Gaza, os estabelecimentos comerciais abriam as portas, com mais sorte do que aqueles situados no leste, ao alcance dos canhões dos tanques israelenses. "Apesar da dificuldade, abri meu supermercado para vender os poucos produtos básicos que sobraram, mas vou fechar logo, antes que os ataques sejam retomados", disse Zaher, cercado de uma dúzia de clientes.

No bairro de Tal Al Hawa, perto da antiga colônia judaica de Netzarim, para onde dezenas de blindados israelenses foram enviados, um grupo de jovens se dirigia, a passos rápidos, para o vendedor ambulante da esquina. "Não se acha grande coisa por aqui, porque as frutas e as verduras vêm do norte ou do sul", isolados de Gaza, comentou um deles.

As filas mais longas eram nas padarias, onde lotes de pães sírios, limitados a um por cliente, desapareciam. "Não tenho uma migalha de pão para alimentar meus netos", dizia Mohammad Al Najar, 70.

No fim da trégua de três horas, as ruas se esvaziaram pouco a pouco, e Gaza voltou a ser uma cidade-fantasma quando Israel retomou os ataques". (Via Folha Online)

*Foto: Blog In Gaza http://ingaza.wordpress.com/

Artigo








Uma perspectiva desafiante

*Por Wladimir Pomar

O Brasil está diante de uma perspectiva desafiante: vencer as ameaças da crise econômica, assistir a uma inversão na correlação de forças políticas e ver o início da construção de um modelo alternativo de desenvolvimento.

Mas isso vai depender, em grande medida, de o povo brasileiro e as forças de esquerda serem capazes de dar solução a pelo menos três problemas: a) superação da fragmentação das forças populares; b) introdução de formas alternativas de desenvolvimento; c) manutenção da divisão entre os diversos setores da burguesia.

A solução desses problemas está ligada, em grande medida, à atitude do governo Lula. A superação da fragmentação das forças populares, por exemplo, pode ter como eixo os programas sociais do governo. Nos recentes seis anos, eles abriram canais para minorar as condições de miséria e pobreza, expandiram as economias de produção popular, aumentaram o poder aquisitivo das populações de baixa renda e, portanto, estimularam a ampliação do mercado interno.

No entanto, tais programas não expandiram aquelas economias nem aumentaram o poder aquisitivo e o mercado interno na medida necessária. A expansão das economias de produção popular (micro e pequenas empresas capitalistas) não foi encarada como o aspecto mais decisivo para mudar a correlação de forças e dar partida a um modelo de desenvolvimento econômica e socialmente mais democrático.

O problema, aí, ainda reside, por um lado, na subestimação das forças de esquerda ao papel que essa democratização pode desempenhar no processo de recuperação da força social da classe dos trabalhadores assalariados. E, por outro, na suposição de que tal expansão pode ocorrer ao sabor das leis do mercado.

Nas atuais condições brasileiras, de grande concentração da riqueza, tudo isso só pode ocorrer se o Estado interferir no sentido de democratizar a propriedade dos meios de produção, apoiando prioritariamente os micro e pequenos empreendimentos privados e as formas solidárias e públicas de propriedade. Deixadas à competição do mercado, essas pequenas formas de propriedade do capital soçobram.

No presente nível tecnológico da sociedade, tais empreendimentos são os que podem empregar amplos setores da população em atividades industriais. São as únicas formas capitalistas que podem recuperar, num certo grau, a força social da classe dos trabalhadores assalariados.

Portanto, nos próximos dois anos essas economias populares só se expandirão e aparecerão como alternativas de desenvolvimento se o governo adotar medidas que dêem massividade às cooperativas de crédito e outros mecanismos de financiamento, assim como às incubadoras de empresas e outros mecanismos de transferência tecnológica.

Isso, porém, não depende apenas da vontade política da esquerda no governo. Depende, fundamentalmente, da pressão social e política das forças populares e do grau de divisão que estas introduzirem entre os diversos setores da burguesia. No entanto, até hoje, depois de seis anos de governo Lula, nada disso parece ser preocupação de parte considerável da esquerda.

É possível, pois, que em 2008 essa parte da esquerda continue atacando a burguesia como um todo, sem distinguir suas contradições internas e criticando os que procuram aproveitar tais contradições. Mas é possível que boa parte da esquerda consiga mirar como principal inimigo as grandes corporações empresariais privadas e realize uma tática de neutralizar, ou tornar aliados, os adversários ou inimigos secundários.

Isso traz sempre o perigo de que sejam cometidos os mesmos erros de 2002 a 2005. Ou seja, supor que a aliança só inclui a unidade ou, pior, que a aliança permite a utilização dos mesmos métodos burgueses de ação, entre os quais a corrupção. No entanto, há uma certa esperança de que a esquerda tenha aprendido, em alguma profundidade, as lições daquela crise do PT. O que a fará combinar a tática de aliança com uma séria disputa ideológica, política e cultural, que permita diferenciar os seus valores daqueles praticados pelos aliados eventuais.

Nesse sentido, seu principal teste talvez resida em sua capacidade de analisar a atual crise do capitalismo desenvolvido, que colocou na pauta de discussão não apenas o fracasso do neoliberalismo, mas também as possibilidades e limites do capitalismo, como formação econômica e social. A esquerda teve dificuldade em expor a natureza do neoliberalismo como expressão ideológica e política do capitalismo. O que a levou a não fazer o acerto de contas com a "herança maldita" dos governos Collor e FHC, nem realizar uma investigação séria sobre a destruição nada criativa que causaram ao Brasil, em todos os aspectos.

O problema da atual crise capitalista, para a esquerda, mais do que a crise do neoliberalismo, reside em que sua análise será indispensável para definir a estratégia e as táticas dos anos vindouros. Os que acham que o capitalismo está com data para afundar continuarão deixando de lado os movimentos táticos necessários para acumular forças, mobilizar grandes massas e preparar-se para os confrontos de classe.

Os que acham que o capitalismo, embora fadado a sucumbir, ainda tem possibilidades de recuperação, expansão e geração de novas crises, vão ter que se preocupar tanto com novas estratégias de transição para o socialismo quanto com movimentos táticos, entre os quais, estão na ordem do dia, a governabilidade e a disputa eleitoral de 2010.

Embora ainda dividida e, em certa medida, na defensiva, a burguesia vai jogar pesado para impedir a continuidade das forças socialistas, populares e democráticas no governo. Seus movimentos mostram que ela vai tentar aproveitar-se da crise econômica para golpear a governabilidade e impedir que o PT e a esquerda se unifiquem em torno de uma candidatura forte, ao mesmo tempo em que consolidam a candidatura Serra e lhe dão uma tonalidade "progressista".

Manter a governabilidade, e unificar a esquerda em torno de uma candidatura forte, depende de manter a continuidade do crescimento econômico, recuperar a força social dos trabalhadores, rachar a burguesia, dar indicações seguras de que está sendo gestado um modelo alternativo de desenvolvimento e também, em boa medida, realizar a disputa ideológica.

Não bastam apelos à burguesia para que invista e crie empregos, como a melhor forma de enfrentar a crise e manter razoáveis taxas de crescimento econômico. Ela não colocará em risco seu capital. É preciso que o Estado, através do governo, invista pesado em infra-estrutura e substitua a burguesia nas áreas em que o pânico dessa classe imobilize seus investimentos e sua ação econômica. Em outras palavras, é essencial que o governo amplie a ação das estatais, fortaleça o setor dos pequenos capitalistas e aumente a participação dos trabalhadores na produção, melhorando a distribuição da renda, e mantendo o mercado interno como o principal suporte de enfrentamento da crise.

Também não basta que as classes populares demonstrem apoio ao governo nas pesquisas de opinião. Elas precisam se dar conta de que o governo necessita de pressão para manter e ampliar suas políticas de erradicação da fome e da miséria, realizar seus investimentos em infra-estrutura nas regiões atrasadas e apoiar o aumento da produção e da riqueza dos trabalhadores, democratizando a propriedade dos meios de produção, e eliminando a violência social generalizada.

Vistos em conjunto, os movimentos táticos e o contexto em que serão realizados talvez apontem para o mais grave teste de liderança com o qual o PT já se confrontou. Se continuar se perdendo em querelas, não aproveitar 2008 para tornar-se um partido orgânico, ideológica e politicamente forte, e não se preparar para vencer as eleições de 2010, quase certamente ingressará no mesmo processo de desagregação que já levou partidos populares e socialistas a minguarem. Nisto talvez resida o desafio mais instigante de 2008.

*Wladimir Pomar é escritor e analista político.
Fonte: Jornal Correio da Cidadania

06 janeiro 2009

'Desterro'




'O caso Lacerda visto por Adenauer'

Do blog do Mino (Carta)*, recolho este primor de texto jornalístico, recheado da mais fina ironia que lhe é peculiar: "Ligo para Konrad Adenauer, a The Economist o chamaria de conservador como chama Luiz Inácio Lula da Silva. Pergunto o que acha do desterro do delegado Paulo Lacerda (foto). Entendam. Poderia ter procurado para falar sobre o assunto uma personalidade de alguma orientação esquerdista, um dos grandes social-democratas, por exemplo, que tiveram em mãos as rédeas da Alemanha. Evitei fazê-lo porque a escolha poderia soar tendenciosa. Adenauer, em todo caso, é figura de alto nível político e moral. Diz, taxativo: “O que aconteceu com Lacerda é algo impensável em um país democrático, civilizado, contemporâneo do mundo”. Esclareça, por favor. “Não é admissível desterrar sem as devidas explicações, precisas e exaustivas, uma personagem que as circunstâncias tornaram central acima do seu próprio cargo, simbólica de toda uma situação de muitos pontos de vista envolta em mistério e sujeita às piores suspeitas. Cabia a governo uma larga e completa satisfação à opinião pública”. Sou forçado a concordar. Quer dizer, o governo errou? Segue-se o seguinte diálogo.
Adenauer – Lula errou, desde o começo. Desde o momento em que o presidente do STF, Gilmar Mendes, anuncia ao país que vai “chamar às falas” o chefe do Estado e do governo.
Eu – Segundo a revista Veja, uma anódina conversa entre Mendes e o senador Demóstenes Torres fora grampeada.
Adenauer – Mesmo que o grampo fosse verdadeiro, e o responsável identificado sem sombra de dúvida, nem assim o presidente do STF pode-se permitir chamar às falas o primeiro mandatário.
Eu – Como Lula haveria de se portar?
Adenauer – Convidar Mendes à calma e determinar um lapso de tempo para recebê-lo depois de ter-se inteirado a fundo dos fatos. Pelo contrário, na hora Lula recebe Mendes e o ministro Nelsom Jobim e cede diante da acusação sem prova de que Lacerda é responsável pelo grampo presumido.
Eu – A gente sabe, Lula é um conciliador.
Adenauer – Ele é presidente da República em regime presidencialista, tem toda autoridade para agir. O mal não está no espírito conciliador, está na tibieza. E que conciliação é esta pela qual Mendes e Jobim recebem plena e imediata satisfação e Paulo Lacerda é sumariamente afastado da direção da Abin? Mendes é o supremo representante de uma justiça que atira ao lixo o princípio do in dubio pro reu e Jobim é um ministro da Defesa que raciocina como general de uma banana republic.
Eu – Bem, há uma tradição pela qual muitos senhores nas nossas plagas consideram privado o poder público.
Adenauer – Deve ser por causa disso que tudo se dá intra muris, e a opinião pública que se dane.
Eu – Ao cabo, Lacerda é desterrado.
Adenauer – Ao cabo, e às sorrelfas, em dias festivos, enquanto o pessoal ergue brindes. E sem que nada tenha sido provado. Se prova há, é de que a Abin não tem a menor condição de executar grampos.
Eu – Lacerda seria réu também por ter ajudado o delegado Protógenes na realização da Operação Satiagraha.
Adenauer – Sim, sim, não poderia por à disposição de Protógenes homens da Abin. Mas onde está a lei que proíbe? Eis aí mais um ponto do enredo que causa muita estranheza. Em novembro de 2007, Lacerda foi ao seu substituto no comando da Polícia Federal, o tal Luiz Fernando Corrêa, e o pôs a par da sua intenção de fornecer algum efetivo ao Protógenes, caso não recebesse da própria PF. Por que a questão não foi levantada por Corrêa naquele exato instante?
Eu – E então, onde está a culpa de Paulo Lacerda?
Adenauer – Francamente, um mistério. Impossível de digerir em um país...
Eu (interrompo) – ...democrático, contemporâneo do mundo.
Adenauer – Onde se afirma vigorar o Estado de Direito.
Eu – Quem sabe a culpa de Paulo Lacerda tenha sido ir atrás de Daniel Dantas?
Adenauer cala-se, e é como se eu o visse a apoiar o queixo na palma da mão, na pose do Pensador de Rodin".

*Blog do Mino: http://blogdomino.blig.ig.com.br/

05 janeiro 2009

O Brasil e a crise mundial: debate







Medidas adotadas pelo governo enfrentam impasses

*Por José Dirceu

No Brasil, 2009 começa sob a égide da crise internacional e chama a atenção os impasses das medidas adotadas pelo governo.

Para ficar em alguns poucos exemplos, o Banco Central (BC) continua na contramão e recusa-se a reduzir os juros, apesar dos sinais claros de desaceleração econômica; e o sistema bancário não responde as demandas de crédito da economia à altura do desafio.

Pior, ainda, a oposição não parece convencida dos riscos de um agravamento da crise internacional e de seus reflexos no Brasil. Demonstração disso é sua recusa em aprovar o Fundo Soberano, obrigando o Governo a buscar uma alternativa legal para dotá-lo de recursos orçamentários.

A indústria de liminares opera mais do que nunca

Apesar da rapidez das respostas do governo - no geral, acertadas - e de sua decisão de manter os investimentos em 2009 nas obras de infraestrutura e nos programas sociais (inclusive ampliando-os), a falta de crédito e os problemas legais e administrativos ameaçam o ritmo do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC (leia, também, a nota abaixo).

Uma verdadeira indústria de liminares e a já consolidada tendência a judicializacao dos litígios administrativos e ambientais vão aos poucos paralisando muitas das obras do PAC - dentre estas, algumas das principais - como aeroportos, hidrelétricas, rodovias, ferrovias (como a Trans-Nordestina) ou as obras de transposição das águas do Rio São Francisco.

Lamentavelmente há que se somar a isso, ainda, a pesada e lenta burocracia de muitos ministérios e agencias federais, particularmente na área de saneamento e habitação, onde convênios e obras ficam paradas a mercê de decisões e ações que levam meses para serem concluídas, quando deveriam ser realizadas em semanas.

***

Novos prefeitos assumem com um discurso errado

Além dos riscos de uma queda da arrecadação e da falta de recursos orçamentários - que podem ser resolvidos com o uso do FSB, ou com a diminuição dos juros e do superávit - e da falta de créditos interno e externo para muitas obras e concessões, (como do trem de alta velocidade, ou das concessões de rodovias e aeroportos), precisamos enfrentar com medidas de emergência a burocracia e a judicialização das decisões legais e administrativas.

O governo precisa identificar os pontos de estrangulamento e os canais entupidos do sistema de decisões e de ações administrativas e mudar rapidamente os processos. Se for o caso, (mudar) até os responsáveis pelas áreas.

Também não pode vacilar em enviar para o Congresso Nacional uma medida legal para viabilizar os investimentos e as obras do PAC. Há que suspender, se for o caso extremo, exigências e prazos que podem levar o país a pagar muito mais caro em termos de desemprego e atraso no crescimento, e até mesmo em termos ambientais.

Emperramento de obras pode obrigar país a recorrer a energia poluente

Não exagero, já que o emperramento de determinadas obras poderá obrigar o governo a recorrer a fontes de energia poluentes para evitar apagões e agravar ainda mais a desaceleração econômica que virá.

Na crise não se pode tomar só medidas corretamente benéficas à produção e ao crédito, geralmente abrindo mão de receitas orçamentárias via redução dos impostos. Como tem acertadamente alertado o presidente Lula - e adotado medidas correspondentes - é preciso apoiar diretamente o cidadão, sua família e os empreendedores autônomos, micro e pequenos empresários, evitando a quebra de cadeias produtivas e do consumo familiar.

Mas, para isso, é preciso transformar o discurso em prática, em ações, como o financiamento direto do mutuário subsidiando os juros, a concessão de crédito seguro e barato ao micro e pequeno empresário, e investir em transportes de massa e público, em saneamento e habitação.

É atuar exatamente na contramão dos discursos de posse dos prefeitos que, ao contrário do governo federal, só falam em cortar gastos e reduzir investimentos, sem apresentar medidas para sustentar o emprego e o crescimento.

*Do sítio www.zedirceu.com.br

04 janeiro 2009

Repúdio






PT condena ataques criminosos

Os ataques do exército de Israel contra o território palestino, que já causaram milhares de vítimas e centenas de mortes, além de danos materiais, só podem ser caracterizados como terrorismo de Estado.
Não aceitamos a "justificativa" apresentada pelo governo israelense, de que estaria agindo em defesa própria e reagindo a ataques.
Atentados não podem ser respondidos através de ações contra civis. A retaliação contra civis é uma prática típica do exército nazista: Lídice e Guernica são dois exemplos disso.
O governo de Israel ocupa territórios palestinos, ao arrepio de seguidas resoluções da ONU. Até agora, conta com apoio do governo dos Estados Unidos, que se realmente quiser tem os meios para deter os ataques.
Feitos sob pretexto de "combater o terrorismo", os ataques de Israel terão como resultado alimentar o ódio popular e as fileiras de todas as organizações que lutam contra os EUA e seus aliados no Oriente Médio, aumentando a tensão mundial.
O Partido dos Trabalhadores soma sua voz à condenação dos ataques que estão sendo perpetrados pelas forças armadas de Israel contra o território palestino e convoca seus militantes a engrossarem as manifestações contra a guerra e pela paz que estão sendo organizadas em todo o Brasil e no mundo.
O PT reafirma, finalmente, seu integral apoio à causa palestina.

Ricardo Berzoini
Presidente nacional do PT
Valter Pomar
Secretário de Relações Internacionais do Partido dos Trabalhadores

*Fonte: http://www.pt.org.br/portalpt/index.php

03 janeiro 2009

Massacre II





Intensificado o massacre em Gaza

O massacre do povo palestino em Gaza continua. Depois de 8 dias de ataques aéreos, nas últimas horas o exército israelense iniciou a 'ofensiva terrestre', apoiada por forte fogo de artilharia e por grandes colunas de tanques. O volume de força empregada por Israel é absurdamente desproporcional ante a resistência oferecida pelos milicianos do Hamas. As mortes do lado palestino já passam de 450 pessoas, muitos civis, velhos, mulheres e crianças. Há mais de dois mil feridos. A população de Gaza está no escuro, sitiada, a maioria já sem água potável, sem alimentação, sem remédios.

Protestos

A criminosa investida de Israel contra Gaza tem o apoio explícito ou a clara conivência das principais potências do mundo, a começar pelos EUA e Inglaterra. A ONU, mais uma vez, mostra sua subserviência total frente ao império. No entanto, os povos do mundo começam a mostrar sua indignação frente ao genocídio em andamento na Palestina.

Informa a BBC que "dezenas de milhares de pessoas participaram de protestos no mundo todo contra a ação militar israelense na Faixa de Gaza, pedindo um imediato cessar-fogo. A maior manifestação ocorreu em Paris, onde mais de 20 mil pessoas se reuniram. Em Londres (foto) cerca de 10 mil pessoas participaram do protesto e centenas de sapatos foram arremessados na entrada da residência do primeiro-ministro Gordon Brown, Downing Street. Também ocorreram protestos em Bruxelas, Haia, Amsterdã e Chipre. Em Israel dezenas de milhares de árabes israelenses fizeram um protesto contra a ofensiva israelense na cidade de Sakhnin."

No Brasil, segundo a Agência Informes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, que solicite ao primeiro-ministro da França, François Fillon, uma reunião de emergência para discutir os ataques na Faixa de Gaza. Lula fez duras críticas a atuação da Organização das Nações Unidas (ONU) no conflito e também ao presidente dos Estados Unidos, George Bush.

02 janeiro 2009

Novos rumos para Canoas






Canoas já tem novo prefeito

* Durante a tarde e início da noite de ontem (sem dúvida, um dia que ficará registrado de forma indelével na história do município de Canoas) estive prestigiando a posse dos novos vereadores e assistindo a eleição da nova Mesa da Câmara, para cuja presidência foi eleito o companheiro vereador Nelsinho Metalúrgico (PT). Tive também o prazer de assistir a posse do novo prefeito, companheiro Jairo Jorge (PT) e de sua vice, Beth Colombo (PP). Nas palavras do novo prefeito, são estas as prioridades e os compromissos do governo que ora inicia: “Honestidade, o compromisso contra corrupção; competência, organização dos serviços públicos; Humildade, ampliar o diálogo social e participação da comunidade; limpeza, de ruas e praças; progresso, incentivo especial para atrair novos investimentos".
Segundo Jairo Jorge (foto acima), começa agora uma nova etapa na história de Canoas: “É hora de transformar idéias em ações. A missão do novo governo é o desenvolvimento político e resgatar a identidade e auto-estima dos canoenses. Nossa administração será embasada em honestidade, competência e humildade”. "Construiremos o futuro da cidade e a cidade do futuro".

***

* Através das novas lideranças que assumiram ontem os destinos do nosso município, cujos eleitores, por maioria, apostaram nas mudanças tão necessárias e almejadas, a começar pelo fim do longo processo de corrupção que infelicitou e envergonhou a cidade nos últimos anos, não temos dúvida de que Canoas começa realmente a perseguir 'outros rumos', onde deve imperar, de forma plena, a democracia, a ética, o pluralismo, a inversão de prioridades, a transparência e a efetiva participação popular.

***

* A seguir, a correta cobertura produzida pelo jornal 'O Timoneiro', que o blog reproduz para o conhecimento dos seus prezados leitores.
(Júlio Garcia)

"Com lotação máxima do plenário da Câmara de Vereadores, o prefeito Jairo Jorge (PT), a vice Beth Colombo (PP), e mais os 15 vereadores tomaram posse de seus mandatos. A sessão que iniciou com mais de uma hora de atraso, teve a eleição do novo presidente da Casa, o vereador Nelsinho Metalúrgico (PT) e dos integrantes da Mesa Diretora, composta por César Mossini (PMDB), vice-presidente; Dário Oliveira (PDT), 2º vice-presidente; Ivo Fiorotti (PT), 1º secretário e; Pateta (PMDB), 2º secretário.
Às 18h30min Jairo Jorge fez o juramento de posse como novo prefeito de Canoas. Em seu discurso, na Câmara, o petista recordou o passado de militância e o sonho de comandar a cidade. “Há 20 anos, em 1º de janeiro de 1989, como vereador eleito, abri a sessão de posse com desafio de escrever a nova constituição da nossa cidade. Hoje, 1º de janeiro de 2009, assumo aqui o compromisso de defender e cumprir a Lei Orgânica do Município. Serei o prefeito de todos os canoenses”, disse. Estiveram presentes os deputados federais petistas Marco Maia, Adão Preto e Maria do Rosário, o secretário estadual de Obras, Coffy Rodrigues, além de diversos líderes e representantes políticos.
Em seus agradecimentos, o prefeito fez uma deferência especial ao ex-deputado federal Jorge Uequed, que segundo ele, “é um Dom Quixote e paladino da ética na política. Há oito anos ele luta por essa mudança”, afirmou.

Primeiros atos

Jairo falou sobre seu primeiro Projeto de Lei (PL ) que enviará à Câmara, o PL 001/09, tratará do redesenho administrativo e organizacional da prefeitura. Serão criadas duas secretarias e haverá redução dos Cargos em Confiança e Funções Gratificadas. Além disso, o prazo para pagamento do IPTU com desconto de 26% será prorrogado até 30 de janeiro. Ainda dentro deste PL, será proposta a extinção da Fundação Cultural de Canoas (FCC) e a criação do Instituto Canoas XXI. A assessoria do prefeito informou que a FCC deverá será absorvida pela Secretaria da Cultura".

*Com o sítio de 'O Timoneiro' http://www.otimoneiro.com.br/

01 janeiro 2009

50 ANOS DEPOIS...







O mesmo desafio de fazer a Revolução

*Por Lázaro Barredo Medina

"A tirania foi derrubada. A alegria era imensa. Contudo, ainda faltava muita coisa a fazer. Não nos enganemos pensando que agora tudo será mais fácil; talvez, a partir de agora, tudo seja mais difícil".

Essas foram as palavras ditas por Fidel Castro ao povo no dia em que entrou em Havana, em 8 de janeiro de 1959. Muitos não imaginaram o imenso desafio que teriam perante si.

Poucos dias depois, Fidel proclamou o direito à autodeterminação nas relações com os Estados Unidos e isso foi suficiente para iniciarem imediatamente as agressões, os planos de atentados contra ele e para a irritação dos políticos norte-americanos, sendo prova disso os discursos e artigos da época, como por exemplo, o editorial da revista Time, porta-voz dos setores mais conservadores, intitulado "O neutralismo de Fidel Castro é um desafio para os EUA". Nem neutros podiam ser os cubanos diante dos Estados Unidos.

O triunfo da Revolução, em janeiro de 1959, significou para Cuba a possibilidade real, pela primeira vez na sua história, de exercer o direito à livre determinação. Desde esse momento, nem o presidente, nem o Congresso, nem os embaixadores dos EUA puderam decidir o que se podia ou não fazer em Cuba. Acabou a amarga dependência, pela qual, os governantes norte-americanos e seus embaixadores dispunham de um poder muitas vezes maior para decidir em Cuba, que o poder real que tinham para tomar decisões dentro do governo federal dos EUA, em relação a quaisquer dos 50 estados que formam a União.

Foi precisamente em exercício deste direito que, depois de conquistada a independência nacional, começou logo a aplicação do programa anunciado por Fidel no julgamento do Moncada, em 1953, e inserido na sua histórica alegação A História me Absolverá.

Cuba estabeleceu o sistema econômico e social que considerou mais justo e a um Estado socialista com democracia participativa, igualdade e justiça social.

Nessa época, a economia do país caracterizava-se por um escasso desenvolvimento industrial, dependendo fundamentalmente da produção açucareira e de uma economia agrícola concentrada nos latifúndios, onde os latifundiários controlavam 75% do total das áreas agrícolas.

A maior parte da atividade econômica do país e seus recursos minerais eram controlados por capitais norte-americanos, que dispunham de 1,2 milhão de hectares de terra (uma quarta parte do território produtivo), além de controlar a parte fundamental da indústria açucareira, a produção de níquel, as refinarias de petróleo, os serviços de eletricidade e de telefone, a maior parte do crédito bancário, e outros.

O mercado estadunidense abrangia, aproximadamente, 70% das exportações e importações cubanas, sendo os volumes do intercâmbio comercial muito dependentes: Em 1958, Cuba exportava produtos avaliados em 733 milhões de pesos e importava a 777 milhões.

A situação social existente caracterizava-se pelo elevado desemprego e analfabetismo, o sistema de saúde, a assistência social e o estado das moradias da maior parte da população eram precários, e existiam abismais diferenças nas condições de vida entre a cidade e o campo. Existia uma elevada polarização e distribuição desigual das receitas: em 1958, 50% da população dispunha apenas de 11% das receitas e 5% concentrava 26% das rendas. Além disso, a discriminação racial e da mulher, a mendicidade, a prostituição e a corrupção social e administrativa se tinham propalado.

A inadiável solução dos problemas sociais e econômicos mais urgentes da sociedade cubana apenas podiam encarar-se com a livre disposição das riquezas e recursos naturais, e assim, sob o amparo da Constituição, aprovada em 1940 e conforme as normas do Direito Internacional, Cuba exerceu o direito de dispor desses recursos e assumiu as obrigações derivadas disso, indenizando todos os recursos nacionais de terceiros países (Canadá, Espanha, Inglaterra, etc) exctuando os nacionais dos Estados Unidos, cujo governo rejeitou as disposições cubanas e converteu esta decisão do Estado cubano num pretexto para desencadear uma guerra sem precedentes na história das relações bilaterais entre duas nações.os recursos nacionais de terceiros pas recursos e assumiu as obrigada Constituiamental, daproducipativa, igualdade e justiir o

A Revolução não só entregou a propriedade da terra aos camponeses, que até esse momento eram submetidos a condições semi-feudais de produção e obrigados a viverem na extrema pobreza, mas também, os recursos que o país tinha, foram destinados ao desenvolvimento econômico da nação e à melhora das condições materiais e de vida da população. Para termos uma idéia, na década de 80, foram destinados aproximadamente 60 bilhões de pesos à construção de unidades produtivas e de obras sociais.

O processo de industrialização implementado permitiu o início da diversificação econômica e produtiva. Até o início da crise econômica, resultante do colapso da União Soviética e do bloco socialista europeu, entre 1989 e 1991, chamada de período especial em Cuba, aumentou em 14 vezes a capacidade de produção de aços; em seis vezes, a produção de cimento; em quatro vezes, a produção de níquel; em dez vezes, a de fertilizantes; em quatro vezes, a de refinação de petróleo (sem contar a nova refinaria de Cienfuegos); em sete vezes, a produção de têxteis; em três vezes, o turismo, para apenas mencionar alguns setores. Também foram criados novos setores e novas indústrias, como a indústria da construção de maquinarias, a mecânica, a eletrônica, a produção de equipamentos médicos, a indústria farmacêutica, a indústria de materiais da construção, a indústria do vidro, da cerâmica, e outras. A isso se somam os investimentos com que aumentaram e modernizaram as indústrias açucareira, alimentícia e dos têxteis. A esse esforço une-se o desenvolvimento da biotecnologia e da engenharia genética, e outros ramos científicos.

O país também melhorou a infra-estrutura. A geração de eletricidade aumentou em mais de oito vezes, a capacidade de água armazenada aumentou em 310 vezes, de 19 milhões de metros cúbicos em 1958, atualmente é de acima dos 9 bilhões. Também houve diversificação de estradas e rodovias, modernização dos portos e outros. As necessidades sociais foram satisfazendo-se, exceto a habitação, que é o grande problema cubano.

O progressivo crescimento e diversificação do potencial produtivo e a aplicação de um programa social permitiram enfrentar o desemprego. Em 1958, de 6 milhões de habitantes, por volta de um terço da população economicamente ativa estava desempregada, dela, 45% nas zonas rurais, enquanto de 200 mil mulheres empregadas, 70% trabalhava de doméstica. Atualmente, com 11 milhões de habitantes, o número de pessoas empregadas é de mais de 4,5 milhões. Mais de 40% dos trabalhadores são mulheres, representando mais de 60% da força técnica e profissional do país.

Em 1958, a cifra de analfabetos e semi-analfabetos atingia 2 milhões. A média de escolaridade entre as pessoas maiores de 15 anos não ultrapassava a terceira série, mais de 600 mil crianças não freqüentavam a escola e 58% dos professores não tinham emprego. Apenas 45,9% das crianças em idade escolar tinha matriculado e metade delas não freqüentava a escola, conseguindo terminar o ensino primário 6% das crianças matriculadas. As universidades mal tinham capacidade para 20 mil estudantes.

O setor da educação recebeu imediatamente a atenção do Estado revolucionário. O primeiro programa foi a campanha de alfabetização com a participação da população. Construiu-se uma ampla rede de escolas em todo o país e mais de 300 mil professores trabalham no setor. A média de nível escolar entre os maiores de 15 anos é de nona série. Os 100% das crianças em idade escolar matriculam nas escolas e os 98% terminam o ensino primário e 91%, o secundário. Um em cada 11 habitantes é universitário e um em cada oito têm algum nível de preparação técnico-profissional. Há 650 mil estudantes nas universidades e o ensino é gratuito. Além disso, 100% das crianças com deficiências físicas e mentais têm a possibilidade de se prepararem para a vida em escolas especiais.

Em 1958, a precária situação da saúde pública se caracterizava por uma mortalidade infantil que ultrapassava 60 em cada mil nascidos vivos e a mortalidade materna, 118 mil em cada 10 mil. A taxa de mortalidade por gastrenterite era de 41,2 em cada cem mil e a de tuberculose, 15,9 em cada cem mil. Nas zonas rurais, 36% da população padecia parasitas intestinais, 31% malária, 14% tuberculose e 13% febre tifóide. A esperança de vida ao nascer era de 58,8 anos.

A capital do país tinha 61% dos leitos dos hospitais e 65% dos 6.500 médicos. No resto das províncias existia um médico em cada 2.378 habitantes e em todas as zonas rurais da nação existia apenas um hospital.

Atualmente, o atendimento médico é gratuito e Cuba dispõe de mais de 70 mil médicos, havendo um médico em cada 194 habitantes e quase 30 mil deles prestam serviços em mais de 60 países. Foi criada uma rede nacional de mais de 700 hospitais e policlínicas.

Em face da massificação da vacinação (neste momento, são aplicadas 13 vacinas em cada criança), foram virtualmente eliminadas doenças como a poliomielite, a difteria, o sarampo, a coqueluche, o tétano, a rubéola, a parotidite e a hepatite B. A mortalidade infantil é de 5,3 em cada mil nascidos vivos e a esperança de vida é de mais de 77 anos.

Também se prestam gratuitamente serviços médicos de alta tecnologia, que no âmbito internacional não são usualmente considerados básicos, como é o atendimento nas salas de cuidados intensivos nos hospitais pediátricos e de adultos, serviços de cirurgia cardiovascular, serviços de transplante, cuidados especiais de perinatologia, tratamento da insuficiência renal crônica, serviços especiais para a reabilitação física e médica, e outros.

Não só as medidas econômicas e sociais foram a prioridade do Estado revolucionário, mas também os esforços encaminhados a estabelecer a base jurídica interna que possibilitaria o exercício do direito à livre determinação, mediante uma participação direta da população na discussão, análise e aprovação das principais leis do país, entre as quais, a Constituição de 1976, aprovada por 97% dos cubanos maiores de 16 anos, mediante referendo ou outras leis importantes, como o Código Penal, o Código Civil, o Código da Família, o Código da Infância e da Juventude, o Código do Trabalho e da Previdência Social, etc.

Da mesma maneira, a livre determinação do povo cubano também se expressa no direito de defender a nação face à agressão exterior.

Atualmente, mais de quatro milhões de cubanos — trabalhadores, camponeses e estudantes universitários — estão organizados nas milícias em suas áreas de residência ou em suas fábricas e zonas rurais.

Desde 1959, Cuba teve que enfrentar a hostilidade de dez administrações norte-americanas, que pretenderam limitar o direito de livre determinação, mediante agressões e a imposição unilateral de um criminoso bloqueio econômico, comercial e financeiro.

É um princípio universalmente aceito da lei internacional, a proibição da coerção de um Estado contra outro, com o propósito de lhe negar o exercício de seus direitos soberanos. No artigo 24 da Carta das Nações Unidas, assinala-se que as nações deveriam se abster em suas relações internacionais da ameaça ou do uso da força contra a integridade territorial ou a independência política de qualquer Estado.

Durante os últimos 45 anos, os Estados Unidos proibiram o comércio com Cuba, inclusive, alimentos e medicamentos; cancelaram a cota cubana de exportação açucareira; seus cidadãos são proibidos, com fortes sanções, de viajarem à Ilha; proíbem a reexportação de produtos de origem estadunidense que tenham componentes ou tecnologia norte-americana de terceiros países a Cuba; proíbem os bancos em terceiros países de terem contas em dólares com Cuba ou de utilizarem essa divisa em suas transações com a nação cubana; intervêm sistematicamente para impedir ou obstaculizar o comércio e a outorga de financiamento ou ajuda a Cuba por governos, instituições e cidadãos de outros países e organismos internacionais.

Essas medidas obrigaram o nosso país, na década de 1960, a reorganizar suas relações econômicas de uma maneira estrutural, pois se viu obrigado a isso, diante das circunstâncias e por ter criado todos seus mercados fundamentais nos países da antiga Europa oriental, designadamente na ex-União Soviética, impelindo-o a uma reconversão quase total de toda a tecnologia industrial, meios de transporte e outros.

Depois que Cuba perdeu seus mercados naturais no Leste europeu, o governo norte-americano acirrou o bloqueio mediante a Lei Torricelli, em 1992, sob o pretexto da "democracia e dos direitos humanos" para proibir as subsidiárias estadunidenses, estabelecidas em terceiros países e sujeitas a leis dessas nações, de realizarem operações comerciais ou financeiras com Cuba (sobretudo em alimentos e medicamentos), punir com a proibição da entrada nos portos norte-americanos, por 180 dias, de todos os navios que transportem mercadorias para ou de Cuba, medidas que, por serem extraterritoriais, não só prejudicam Cuba, mas também a soberania de outras nações, bem como a liberdade internacional de transporte.

Em 12 de março de 1996, o governo dos Estados Unidos pôs em vigor a Lei Helms-Burton, que agravou as relações entre os dois países e pretendeu atribuir-se o direito de sancionar os cidadãos de terceiros países em cortes norte-americanas, ao passo que determinou sua expulsão ou a negação do visto de entrada nos Estados Unidos, com o objetivo de obstaculizar o esforço que realiza a nação cubana para recuperar sua economia e para conseguir uma maior inserção na economia internacional. O governo dos EUA pretendeu pressionar a população cubana para fazê-la abrir mão de seu empenho de conseguir a livre determinação.

Mais recentemente, os EUA adotaram o Plano Bush, que pretende tornar Cuba uma colônia, mediante um programa anexionista de intervenção, sob o pretexto de uma "transição", onde o Departamento de Estado responsabilizou um de seus dirigentes pela "direção" da nação, quando o Estado revolucionário desaparecer. Este Plano, pelo qual George W. Bush decidiu "precipitar o dia em que Cuba seja livre", acirra o bloqueio e a pressão sobre os cubanos, inclusive, reprime as relações familiares dos cubanos residentes nos Estados Unidos, entrega recursos milionários aos grupos terroristas de Miami, bem como a seus mercenários subordinados à Repartição dos Estados Unidos em Havana e promove fórmulas para desestabilizar o país e incrementar a pressão internacional sobre a Ilha.

Esta hostilidade norte-americana teve outras manifestações de agressão que inclui desde a agressão militar pela Baía dos Porcos, em 1961, a guerra suja dos bandos contra-revolucionários, apoiados e munidos militarmente pela Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos, a guerra bacteriológica contra as plantações (cana-de-açúcar, fumo e cítricos), animais (febre suína) e pessoas (dengue hemorrágica) , até os planos de sabotagem, bombardeios, mediante o uso de aviões espias e atentados contra os principais dirigentes da Revolução.

É bem conhecido o trabalho que as organizações terroristas realizam na execução de ações militares contra Cuba, a partir do território norte-americano, promovidas e financiadas pelos meios de comunicação em Miami, que recrutam constantemente aventureiros dispostos a virem a Cuba como espiões para perpetrarem ações de sabotagem, que declaram abertamente que não têm receio de serem processados nem condenados pelas autoridades estadunidenses.

Essa é a causa pela qual jovens patriotas colocam os interesses da nação sobre os pessoais, sacrificando, inclusive, seus parentes, e se infiltram nos grupelhos terroristas. Dessa maneira, conseguem saber de suas atividades, evitando o derramamento de sangue do povo cubano e norte-americano. Eles estão dispostos a pagarem o preço da irracionalidade política do governo dos Estados Unidos, como acontece hoje com os Cinco heróis presos injustamente nos cárceres norte-americanos por lutarem contra o terrorismo.

A isso soma-se o aparelho militar criado pelos Estados Unidos contra Cuba e as constantes atividades contra nosso país, bem como a ocupação ilegal da base naval de Guantánamo em território cubano (que hoje é uma prisão terrorífica), pedaço de território oocupado a Cuba pelos Estados Unidos no início do século passado e que o governo norte-americano se nega a devolver ao povo cubano.

No início de 1990, depois do colapso da União Soviética, isolada e vilipendiada pela reação internacional, Cuba suportou o golpe da perda de seus mercados e demonstrou que podia brilhar com luz própria, porque pôde suportar essa conjuntura pela extraordinária prova de resistência da maioria da população cubana.

A população cubana decidiu apoiar consciente e conseqüentemente a direção política do país, não só porque identifica o sistema com seu próprio interesse, mas também pela maneira responsável com que o Estado assume a crise, reorganizando as forças e projetando estratégias para buscar soluções, apesar do bloqueio norte-americano e dos condicionamentos de seus aliados europeus.

Os sacrifícios provocados por essa situação são duros, mas são suportados não só pelos avanços sociais conseguidos, mas também pela confiança nos dirigentes do país e pela apreciação das pessoas de que seu governo não é um governo decadente nem com crise em sua gestão ou carente de estratégias, mas sim um governo que demonstrou que, ainda nas mais difíceis circunstâncias, jamais deixou de atender a população.

Decorreram 50 anos e o processo libertador chegou até aqui na mesma direção daquela noite, quando Fidel, diante do povo que o aclamava, no quartel-general da tirania naquele momento, disse que talvez, a partir de agora, tudo fosse mais difícil, porque teríamos que lutar para fazer a Revolução.

Com certeza, é o desafio dessa luta a que está vigente nas atuais circunstâncias para eliminar os vícios e enaltecer as virtudes, com Fidel como soldado das idéias, como guia na luta pela liberdade e pela independência.

Os inimigos de Cuba apostam no contrário. Neste mundo, onde a política é uma charge, não podem entender que esta Revolução é um processo de continuidade no seu pensamento e na sua ação e que Fidel continuará sendo o líder da Revolução de hoje e de amanhã, que além de cargos e de títulos, continuará sendo o conselheiro de idéias, ao qual sempre deveremos acudir, porque Fidel conseguiu ultrapassar a vida política para se inserir como algo íntimo na vida familiar da imensa maioria dos cubanos.

*Do Digital Granma Internacional
http://www.granma.cu/portugues/index.html