13 fevereiro 2014

“Quilombola, índio, gay: tudo que não presta”; acabou o tempo das sutilezas




Por Rodrigo Vianna*

O vídeo acima é outra prova inconteste: não existe mais direita e esquerda no Brasil e no mundo. Não. São conceitos velhos e enterrados – assim como luta de classes.

No vídeo acima, dois homens bons da pátria partem pra cima da “vigarice” e de “tudo que não presta” – como eles mesmos dizem, de forma neutra, sem nenhum peso ideológico.

É preciso combater os quilombolas, índios, gays – “tudo que não presta”, diz o deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS). E quem protege essa gente que não presta? O ministro Gilberto Carvalho (PT). Ele é o alvo.

Como se sabe, Carvalho não é de direita nem de esquerda. Esse é um conceito antigo. O deputado do PP não gosta dele por motivos outros: “tá tudo [movimentos sociais] aninhado ali com eles, e eles têm a direção e o comando do governo”.

Outro deputado, Alceu Moreira (PMDB-RS), diz que  o “chefe dessa vigarice orquestrada está na ante-sala da presidência da República”. Gilberto Carvalho não é muito popular entre a turma do agronegócio. O nobre deputado Alceu acusa também o CIMI (Conselho Indigenista Missionário – “que de cristão não tem nada”, ele avisa) de favorecer a “baderna”.

Tudo ocorreu não durante uma sessão da Ku-klux-klan brasileira. Não. Foi durante “Audiência Pública da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados”. Um órgão do Estado brasileiro.

Assisto o vídeo, lembro da Sherazade e dos negros acorrentados pelo pescoço. Lembro do capataz da Globo processando blogueiros. E penso: o Professor Hariovaldo é engraçado, mas a direita brasileira não pode ser tratada como folclore.

Ficam PT e PSOL brincando de comunistas e socialistas na Guerra Civil Espanhola. Matam-se simbolicamente na internet. Enquanto isso, a direita avança.

PP e PMDB fazem parte da base de apoio do governo, dirão os psolistas – com razão. Mas o ódio que eles têm não é contra o PSOL, mas contra um ministro do PT – que está no poder, e abre espaço para quilombolas, índios e movimentos sociais.

A direita e a esquerda não existem mais, certo? Tudo foi dissolvido nos acordos parlamentares, na rede intrincadas (e suja, muitas vezes) de acertos feitos pelo PT para manter-se no governo (e relembro que governo significa apenas uma parte do poder; o PT e a esquerda não chegaram ao poder).

A direita está avançando na luta pela hegemonia cultural e social. O PT colhe seguidas vitórias eleitorais para a presidência. Mas, a cada vitória eleitoral, sofre nova derrota política, recuando mais e mais seu programa.

Ou se enfrenta isso, ou se trava uma guerra por hegemonia pra valer, ou alceus e heinzes voltarão ao centro do poder. Hoje, eles são obrigados a dividir e disputar espaços com petistas e outras forças de esquerda.

O equilíbrio é cada vez mais frágil. Não adianta Lula e a direção do PT assobiarem e olharem pro lado. A guerra está posta.

Direita e esquerda não existem mais? Avisem ao Alceu e ao Heinze. Eles não estão sabendo.

*Via http://www.rodrigovianna.com.br/

Deputado Jeferson Fernandes pede providências ao MPF sobredeclarações de Heinze e Moreira


Porto Alegre/RS - Racistas, preconceituosas e homofóbicas. Assim o presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, deputado Jeferson Fernandes (PT), definiu declarações de dois deputados federais gaúchos – Luiz Carlos Heinze (PP) e Alceu Moreira (PMDB) – feitas em audiência pública no interior do estado , que podem ser conferidas em vídeo que circula em redes sociais, como o youtube. Em pronunciamento na tribuna da Assembleia Legislativa na sessão desta quarta-feira (12), o parlamentar afirmou que encaminhará todas as informações e materiais disponíveis sobre o caso para a análise do Ministério Público Federal.

A reunião da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados sobre a demarcação das terras indígenas, em que os deputados foram filmados, ocorreu em 29 de novembro, em Vicente Dutra, município localizado na região norte do Rio Grande do Sul. Segundo o deputado Jeferson (foto) narrou na tribuna da Assembleia Legislativa, Heinze classificou quilombolas, indígenas, homossexuais e lésbicas como “ tudo o que não presta”. Já o deputado Alceu Moreira aconselhou os agricultores a seguir o exemplo ocorrido no Pará em que produtores agrícolas contrataram jagunços para fazer a proteção de suas terras. “É inadmissível que utilizem de preconceito, racismo e homofobia para colocar mais lenha na fogueira, em vez de se esforçar pela diminuição da violência, em uma região que já está conflagrada pela disputa de terras “, condenou o parlamentar.

O presidente da CCDH pretende encaminhar ao Ministério Público Federal toda a documentação sobre o episódio para que sejam tomadas providências. “As imagens estão publicizadas. Queremos que as lideranças do PP e do PMDB se manifestem sobre isto. Estão querendo ressuscitar uma oligarquia rural, sem obediência ao estado democrático de direito e com posturas de senhores feudais e não de cidadãos que estão a conquistar uma democracia plena e duradoura”, criticou.

*via sítio PTSul  http://www.ptsul.com.br/

Enquanto isso, em Porto Alegre...





*Charge do Kayser 

12 fevereiro 2014

“Quilombolas, índios, gays e lésbicas são tudo que não presta”




* Cúmulo do preconceito, arrogância, prepotência e incitamento ao crime: deputados  Luiz Carlos Heinze (PP/RS)  e Alceu Moreira (PMDB/RS)  fazem 'dobradinha' para atacar e difamar  quilombolas, índios, sem-terras  e homossexuais.  Clique Aqui para ver mais.

11 fevereiro 2014

O que o brasileiro médio sabe da América Latina?


A elite brasileira há muito tempo tem parte nessa nossa ignorância sobre a vizinhança. A escola e a imprensa também tem sua responsabilidade por isso.


Por Wagner Iglecias*

No ofício de professor universitário e ligado a um programa de pós-graduação sobre Integração da América Latina sempre que posso recomendo à garotada de graduação que assim que tiverem tempo e algum dinheiro metam uma mochila nas costas e saiam pelo nosso continente. 

Nunca vi nenhuma pesquisa sobre o que e o quanto de América Latina o brasileiro médio sabe. Mas posso apostar que é muito pouco. Provavelmente menos até do que nossos vizinhos conhecem sobre o nosso país. E de maneira ainda mais superficial. E isso é sim um problema. Num mundo globalizado e dividido em grandes blocos como hoje, nada mais estratégico do que a aproximação com as nações com as quais um país tem identidades históricas, geográficas, culturais e econômicas. 

Suponho que os séculos em que América hispânica e a América lusitana estiveram mutuamente de costas uma para a outra colaboraram para nossa ignorância sobre o que se passa aqui pertinho da gente. 

Aliás o próprio termo América Latina é invenção forânea, européia. Coisa de franceses, no início do século XIX. Dizem que Napoleão III desejava assenhorar-se desta parte do mundo recém-liberto do jugo espanhol e português. Queria impedir que a Inglaterra, anglo-saxônica, o fizesse. Daí o recurso napoleônico à nossa latinidade em comum, entre nossos jovens países desta parte do mundo com a França. 

Mas bote-se aspas nesse “em comum”, já que naquela altura do campeonato por essas bandas talvez só a pequena elite branca descendente de espanhóis e portugueses tivesse alguma identidade cultural e linguística com a nobreza europeía. De resto, éramos nações predominantemente indígenas, negras ou mestiças. 

A França, a bem da verdade, chegou até a emplacar um governo no México já independente. Botou no poder Maximiliano de Habsburgo, um nobre austríaco, que governou aquele país entre 1864 e 1867, mas que acabou deposto e assassinado por nacionalistas mexicanos. Foi um projeto frustrado, e quem na verdade conseguiu levar a América Latina para sua área de influência foi a Inglaterra, e, mais tarde, os EUA. 

A elite brasileira, portanto, há muito tempo tem parte nessa nossa ignorância sobre a vizinhança. Mas para além de séculos de História olhando pro Atlântico e de costas para a América Latina, nossa escola e nossa imprensa também têm suas parcelas no desconhecimento quase completo que o brasileiro médio tem sobre nossos vizinhos. É pouquíssimo o que se ensina sobre América Latina para nossas crianças e adolescentes. Provavelmente o assunto mais abordado seja a Guerra do Paraguai, sempre naquela versão oficial de que Solano Lopez era um terrível ditador que pôs em risco a soberania de três jovens nações democráticas como Argentina, Brasil e Uruguai. 

Heróis de esquerda ou de direita da libertação da América Latina, como San Martin, Sucre, Hidalgo, Artigas, O´Higgins ou Simón Bolívar, provavelmente jamais foram citados na maioria das nossas escolas. Bolívar, aliás, que mais do que um brilhante militar foi um pensador com sólida formação intelectual, passa inclusive em brancas nuvens em muitos cursos de Ciência Política das universidades brasileiras, os mesmos nos quais Jay, Madison e Hamilton, pais fundadores dos EUA, são leitura obrigatória. 

E a imprensa? Quantos correspondentes do jornalismo pátrio temos na América Latina? Muito poucos. Dizem que no passado foram até mais, não sei. Quais os temas historicamente recorrentes nas nossas tevês, revistas e jornais sobre nossos vizinhos? Copa Libertadores da América de futebol, crise econômica argentina, o regime cubano, o comércio popular na fronteira paraguaia, o tráfico de drogas, a Copa do Mundo de 1970 no México...e vamos parando por aí. O brasileiro médio conhece quais personagens latino-americanos? Maradona, Fidel Castro, Hugo Chávez e o Cháves, do SBT. E tirando este último, provavelmente odeia os outros três. 

Fato é que não sabemos quase nada da região do mundo na qual estamos inseridos. Nossa elite branca e endinheirada sempre olhou para a Europa (primeiro Lisboa, depois Paris e Londres), e de algumas décadas pra cá tem Nova York e Miami como parâmetros. Não que as elites argentina, venezuelana ou mexicana, ou qualquer outra, sejam muito diferentes. Mas enfim, nossa elite tem como modelo os países ricos, e nutre ódio mortal por Cuba e seu regime socialista.

Detesta também governos de esquerda mais recentes da região, como nos casos de Venezuela e Argentina. Os termos venezuelização e argentinização, cada vez mais usados em nosso país, que o digam. Nossa elite talvez até nutra alguma simpatia pelo uruguaio Mujica, que apesar de esquerdista tem sua agenda liberal de governo, calcada em direitos civis como união homoafetiva e legalização da maconha. E nossa elite não tem formação e informação suficientes para compreender outros governos de esquerda do continente, como a Bolívia ou o Equador. Na dúvida, porém, dá-lhe adjetivos como populistas e caudilhos a quaisquer governantes nacionalistas que surjam na vizinhança. 

Para a grande maioria de nós, brasileiros, seja nossa elite, seja o cidadão médio influenciado por ela, países como a Bolívia e o Peru são no máximo destinos turísticos exóticos. Colômbia e Venezuela, para além dos estereótipos propagados na imprensa, seriam apenas rota de passagem nas viagens aos EUA. O Equador e os países da América Central são tão conhecidos entre nós quanto a Tailândia, Moçambique ou a Bulgária. E o que dizer de Guiana e Suriname, que a rigor não são latino-americanos culturalmente falando, mas que se proclamam cada vez mais sul-americanos? Bem, para o brasileiro médio talvez a Guiana e o Suriname sejam tão familiares quanto Netuno e Plutão. É uma pena! 

(*) Wagner Iglecias é doutor em Sociologia e professor do Curso de Graduação em Gestão de Políticas Públicas e do Programa de Pós-Graduação em Integração da América Latina da USP. - Via http://www.cartamaior.com.br/

10 fevereiro 2014

PT, 34 anos: o esquartejado ainda respira - e teima?


'Da perplexidade ao ataque, passaram-se poucos dias até o impoluto Gilmar Mendes puxar a coleira da matilha que passou a farejar sem trégua: em algum ponto há de se achar uma cubana das doações. Eles se surpreenderam. Mas não só eles. Que publicitário orientaria um dirigente a cerrar o punho a essa altura do jogo? E quantos aconselhariam uma campanha de doações aos condenados da AP 470?' (por Saul Leblon na Carta Maior)

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PT, Saudações!!




* Trinta e quatro anos ... neste dia!

08 fevereiro 2014

“Veja” é a barbárie: jornalismo justiceiro




“A “Veja” é a barbárie. “Veja” – se pudesse – prenderia o pescoço do povo brasileiro no poste. Mas não vai conseguir. Vai perder – de novo.”

por Rodrigo Vianna*

Nas redes sociais, tarde da noite de sexta-feira, jornalistas afinados com o tucanato e militantes da esquerda extremada se esparramavam em elogios à capa da “Veja”. Eu, que procuro manter distância sanitária da revista, aproximei-me da capa. E só consegui enxergar um gesto de oportunismo barato.

A “Veja” expõe a imagem – chocante, lamentável, triste – do rapaz preso pelo pescoço num poste na zona sul carioca, e aproveita a cena não para refletir sobre a tradição oligárquica brasileira, não para pensar sobre nossa história de 300 anos de escravidão, ou sobre nossa elite que reclama de pobres nos aviões e clama sempre pela resposta fácil do liberalismo de araque e da violência de capatazes. Não. “Veja” usa a foto terrível em mais uma tentativa para desgastar a imagem do Brasil; e também – que surpresa – para culpar o “governo”. Que governo? Ah, não é preciso ser muito esperto pra descobrir…

Emoldurando a foto triste, “Veja” berra em letras garrafais: “Civilização” e “Barbárie”. E depois acrescenta a legenda malandra, velhaca: “A volta dos justiceiros, criminosos impunes, colapso no transporte, caos aéreo. Onde está o Brasil equilibrado, rico em petróleo, educado e viável que só o governo enxerga”.

Certamente, o Brasil “equilibrado” não está nessa revista. “Veja” pratica o jornalismo da barbárie, um jornalismo que escreve “estado” assim – com “E” minúsculo – numa espécie de bravata liberal fora de época. “Veja” envenena o país todos os dias, com blogueiros  obtusos, asquerosos, que falam para um Brasil pretensamente senhorial, como se ainda estivéssemos antes da Revolução de 30.

Curioso, também, ver a “Veja” falar em “barbárie” e em “criminosos impunes”. Logo essa revista, tão próxima do bicheiro Cachoeira, pautada pelo bicheiro, amiga do bicheiro. A tabelinha com Cachoeira é – sim – um exemplo perfeito desse Brasil de criminosos impunes.

A “Veja”, que tenta pegar carona na imagem do rapaz preso pelo pescoço, pratica um jornalismo justiceiro – que invade quartos de hotel, “julga” e “condena” sem provas, inventa fatos, publica grampos sem áudio, alardeia contas no exterior e dólares em caixa de whisky. Tudo falso, falsificado. Um jornalismo que acredita em boimate e Gilmar Mendes.

A revista não tem moral para falar contra a “barbárie”, nem contra os “justiceiros”. E não tem, precisamente, por praticar um jornalismo que é a própria encarnação da barbárie, da falta de escrúpulos, um jornalismo justiceiro.

O Brasil do lulismo tem muitos problemas. Isso é evidente. Mas não venha a “Veja” querer apresentar a receita de “Civilização” ao Brasil. A receita da “Veja” é a mesma que os EUA oferecem à Ucrânia.

Está claro, por essa capa oportunista e velhaca, qual é a pauta dos setores que não aceitam o Brasil um pouquinho mais avançado dos últimos anos: é jogar tudo no “caos”, na “barbárie”, na insegurança. O Brasil é a jóia da coroa na América Latina em 2014. Tão importante quanto a Ucrânia no leste europeu, tão estratégico quanto a Síria no Oriente Médio.

Não sejamos ingênuos. A velha imprensa brasileira – que se reúne com embaixadores dos EUA às escondidas (isso desde 64, mas também em 2010 – como nos revelou o Wikileaks) – é parte decisiva no jogo pesado que veremos em 2014.

A oposição brasileira não tem programa. A economia não afunda como gostariam os urubulinos. Portanto, é preciso produzir a pauta do caos. Esse é o caldo de cultura em que podem prosperar candidaturas “justiceiras” que a “Veja”, os mervais e outros quetais estão prontos a lançar.

Para retomar o Estado brasileiro, eles pouco se lixam se o preço a pagar for a ebulição social. Aécio e Eduardo não darão conta dessa pauta da “ordem contra a barbárie”. A pauta do caos e do Brasil “inviável” (que está na capa da “Veja”) é boa para aventuras autoritárias – semelhantes ao janismo de 1960.

Quem pode encarnar esse figurino? Quem? O terreno vai sendo preparado…

 Não creio que o povo brasileiro – equilibrado, sim! E que trabalha duro para construir um país “viável”, sim – não creio que a maioria de nosso povo embarque na aventura da “ordem contra a barbárie” – proposta pela revista. Mas a direita asquerosa e velhaca vai tentar.  

O roteiro está claro. É preciso estar atento. E não cair na esparrela de acreditar que a “Veja” – de repente – converteu-se à “Civilização”.

 A “Veja” é a barbárie. No jornalismo, na política, na vida do brasileiro comum.

A “Veja” – se pudesse – prenderia o pescoço do povo brasileiro no poste. Mas não vai conseguir. 

Vai perder – de novo.

*Via http://www.rodrigovianna.com.br/

Nico Nicolaiewsky




*Tangos e Tragédias - Epitáfio (Titãs)

(A singela homenagem do Editor do Blog)

07 fevereiro 2014

Luto



'Em uma semana, o Rio Grande do Sul perdeu dois representantes da diversidade musical e cultural que o nosso Estado abriga: Giba Giba e, hoje, Nico Nicolaiewsky. Nossos sentimentos de solidariedade à família, amigos e artistas.'

(Pescado do face do sítio PTSul - Este Editor também lamenta e se soma aos votos de sentimentos.)

PIZZOLATO, PERSEGUIDO POLÍTICO



Não se deve confundir o principal e o acessório na prisão de um condenado pela AP 470

No momento em que se assiste a uma pequena festa cívica por causa da prisão de Henrique Pizzolato na Itália, convém conhecer melhor alguns dados da ação penal 470.

É importante, nessa hora, não confundir o assessório com a substância.  
Pizzolato foi condenado por peculato, corrupção passiva, lavagem de dinheiro. Mas é bom reconhecer o caráter precário dessas afirmações. 
Nem vou falar aqui do inquérito 2474, com 78 volumes de provas e testemunhos – inclusive um caudaloso relatório da Polícia Federal – que sequer foram examinados pelos ministros. Foram mantidos em segredo, do próprio STF, em decisão tomada em 2011, com o argumento de que era preciso dar “celeridade” ao processo. Tá bom: celeridade no destino dos outros não arde, nós sabemos. 
Vamos em frente e examinar alguns  pontos. 
Por exemplo. Em novembro de 2007, o STF aceitou a denuncia contra Pizzolato (e outros 39 réus). Mas os ministros votaram no escuro, sem conhecer todas cartas que deveriam estar à mesa. Só depois de votar eles puderam ler o inquérito 2828. Embora este documento, do Instituto Nacional de Criminalística, estivesse pronto desde dezembro de 2006, só foi distribuído aos ministros um mês depois da aceitação da denúncia,  quando os acusados já haviam sido transformados em réus, naquela decisão em que se votou “com  faca no pescoço,” como disse Ricardo Lewandovski.  Antes disso,  o 2828 foi mantido em sigilo por Joaquim Barbosa. 
Entre outras coisas, lê-se no inquérito 2828 uma questão básica para se entender o papel de Pizzolato na AP 470.
O relator Joaquim Barbosa pergunta a  quem “competia fazer o gerenciamento dos recursos” do Fundo Visanet  repassados a DNA?
Em bom português, o relator queria saber quem fazia os pagamentos – sem o quê, obviamente, não dá para desviar dinheiro para comprar um picolé na praia.  
O Banco do Brasil responde: quatro diretores eram responsáveis pela gestão do fundo de incentivo entre 2001 e 2005. O texto faz até um gráfico pequeno, com nomes e datas, para ninguém ficar em dúvida. Não vou escrever o nome deles aqui porque este não é meu papel. O importante é saber que Henrique Pizzolato não se encontra entre eles. Nenhum dos responsáveis, autorizados a liberar o dinheiro, foi indiciado nem julgado. Pizzolato foi condenado como  “único responsável” pelos pagamentos. Não era único nem era o responsável.
 Outro exemplo. Em novembro de 2005, seis meses depois da célebre entrevista de Roberto Jefferson,  os parlamentares da CPMI dos Correios receberam um documento “para uso interno – confidencial” da Visanet. É muito ilustrativo e chocante, quando se vê o que ocorreu depois,
Numa denúncia baseada em desvio de dinheiro público, os parlamentares perguntaram:
A Visanet é uma empresa pública?
Resposta. “Não. É uma empresa de capital privado.” 
Qual era a relação do senhor Henrique Pizzolato com a Visanet?
“Nenhuma. “
 Outro exemplo. Pizzolato foi acusado de prorrogar o contrato da DNA com o Banco do Brasil para beneficiar o esquema. Não custa lembrar que as prorrogações de contrato são autorizadas por lei, e podem ocorrer três prorrogações de um novo contrato antes de se fazer uma nova licitação. Em 11 de fevereiro de 2003, logo depois da posse de Lula, o Banco do Brasil fez a terceira prorrogação do contrato com a DNA, por seis meses. As duas anteriores haviam sido assinadas em 2001, e 2002, quando o PSDB estava no governo. A prorrogação foi assinada por três diretores. Pizzolato não é um deles nem poderia. Só tomou posse no banco uma semana depois. Ou seja: quando o contrato já fora prorrogado. 
 Outro exemplo. Conforme a denuncia, o pagamento indevido de bônus de volume às agências teria sido uma forma de desviar dinheiro do Banco do Brasil. Até executivos da Globo prestaram depoimento, mostrando que essa visão era distorcida, pois ignorava o funcionamento real  do mercado publicitário. Em julho de 2009, Joaquim Barbosa enviou um conjunto de perguntas a direção do Banco do Brasil. Entre outras questões, queria saber se o Banco estava cobrando “a devolução ou o ressarcimento de valores pagos a título de bônus de volume.”
Lembrando que os recursos da Visanet não eram de sua propriedade, a  resposta do Banco é enfática: “conforme referido no relatório de auditoria, a origem, propriedade e gestão dos recursos do Fundo Visanet pertenciam a Visanet. (...) Quem se apresentava como titular desses recursos no plano material era a Visanet, posição exteriorizada no regulamento instituidor do Fundo.” O documento conclui: “desse modo, o Banco do Brasil não tem legitimidade ativa para propor eventual ação de ressarcimento. “
É isso que está escrito. A direção jurídica do BB, a qual Pizzolato deve obediência na matéria, diz que a pergunta do relator envolvia uma   cobrança que não tinha “legitimidade.” 
Não vou prosseguir aqui para não cansar demais. Só lembro estes fatos para mostrar o seguinte.
Nós sabemos por que Pizzolato foi condenado e imagino que muita gente está pensando nisso agora.
Teria aparecido, teoricamente, um ato de ofício capaz de estabelecer a ligação entre suas decisões como diretor de marketing e o recebimento de R$ 326 000 em sua casa. A acusação sustenta que ele ganhou esse dinheiro como pagamento pelos serviços prestados ao esquema. Ele diz que eram recursos para o PT  e ninguém é obrigado a acreditar em qualquer versão.
Todo mundo tem o direito de pensar o que quiser. Mas eu acho, humildemente, que os fatos acima, que descrevem o papel de Pizzolato, mostram o seguinte. Mesmo que quisesse prestar serviços ilícitos ao esquema, não tinha autoridade nem poderes para tanto. Não podia fazer o que dizem ter feito – muito menos sozinho. Não era o diretor que fazia o pagamento de recursos. Não decidiu a prorrogação dos contratos. Sua relação com a Visanet era “nenhuma”. A cobrança de Joaquim Barbosa, pelo ressarcimento do Bonus de Volume, simplesmente não tinha “legitimidade,” diz o jurídico do banco.
Dá para entender? Dá. É só aceitar a ideia -- dolorosa, difícil, mas real -- de que o STF fez um julgamento de exceção, aplicando regras que nunca foram aplicadas antes e dificilmente irão se repetir.
Como demonstrou o professor Dalmo Dallari, o STF sequer tinha autoridade constitucional para julgar, em primeira instância, réus que não tinham direito ao foro privilegiado, o que demonstra o caráter questionável de suas decisões. Não custa lembrar – é cansativo mas educativo – que o mensalão PSDB-MG e o mensalão DEM-DF não serão julgados da mesma maneira. Numa atitude que equivale a admitir o erro mais uma vez – só falta agora saber quem vai pagar a conta da AP 470 – até o propinoduto tucano será julgado, se isso acontecer, pelo sistema de  desmembramento. Precisa de mais?
Acho que não. 
É neste ambiente que se deve enxergar a fuga de Pizzolato, os passaportes falsos e outros momentos que levaram a sua prisão na Itália.
-Por Paulo Moreira Leite (foto) em http://www.istoe.com.br/

05 fevereiro 2014

PT VAI INTERPELAR GILMAR MENDES



A suspeita levantada pelo ministro Gilmar Mendes sobre a lisura das doações feitas a José Genoino e Delúbio Soares mexeu com os brios do Partido dos Trabalhadores; presidente da legenda, Rui Falcão, decide interpelar Gilmar com base no artigo 144 do Código Penal, que permite que pessoas ou entidades que se sintam vítimas de crimes contra honra cobrem explicações em juízo; Gilmar falou em lavagem de dinheiro; familiares de Genoino e coordenadores da campanha de Delúbio abriram suas contas

247 - O Partido dos Trabalhadores decidiu declarar guerra ao ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, que insinuou que as doações feitas por milhares de militantes a José Genoino e Delúbio Soares foram fruto de lavagem de dinheiro. A decisão foi tomada pelo próprio presidente da legenda, Rui Falcão, que irá apresentar uma queixa ao STF nesta quinta-feira. A base será o artigo 144 do Código Penal, que prevê a pessoas ou entidades que se sintam vítimas de crimes contra a honra o direito de cobrar explicações em juízo.
Genoino arrecadou mais de R$ 650 mil, enquanto Delúbio levantou pouco mais de R$ 1 milhão. Nos dois casos, as relações de doadores foram abertas pela família ou por coordenadores da campanha de arrecadação. Miruna Genoino, filha do ex-presidente do PT, apontou 2.620 nomes de doadores (leia aqui). Maria Leonor Jakobsen, que coordenou arrecadação de Delúbio, indicou 1.668 doadores. Todos com CPF e RG.
As declarações de Gilmar provocaram uma onda de indignação no PT. Em artigo no 247, o deputado distrital Chico Vigilante, do Distrito Federal, afirmou que o ministro do STF desconhece o significado da palavra solidariedade (leia aqui).
*Via http://www.brasil247.com/ 

04 fevereiro 2014

'Do jeito que eu gosto!'...




*Charge do Kayser  ('Estado das coisas')

Sobre a 'Classe Média'...

Marilena Chaui estava certa. Malcolm X também

“A classe média é uma abominação política porque é fascista; é uma abominação ética porque é violenta; e é uma abominação cognitiva porque é ignorante.”

Não precisa mais do que dois neurônios para perceber que essa famosa frase da Professora Marilena Chaui está repleta de verdades.

Não vou nem me dar muito ao trabalho de explicar os motivos dessa afirmação. Apenas coloco o refrão da música “Classe Média”, do cantor Max Gonzaga:

Sou classe média
Papagaio de todo telejornal
Eu acredito
Na imparcialidade da revista semanal
Sou classe média
Compro roupa e gasolina no cartão
Odeio “coletivos”
E vou de carro que comprei a prestação

Quem quer ouvir, divirta-se…


Na semana em que o Tribunal de Justiça determinou a realização de licitação do transporte coletivo em Porto Alegre, as manifestações da grande mídia e da “classe média” nas redes sociais foram de criticar o movimento grevista, nenhum juízo de valor sobre os lucros milionários das empresas de transporte que tratam com descaso o usuário e seus funcionários.

A culpa é sempre do sindicato, do trabalhador.

A celebre frase do Malcolm X se encaixa perfeitamente nesse contexto que contaminou a classe média: “Se você não cuidar, os jornais farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e amar as pessoas que estão oprimindo.”

Essa é a aberração cognitiva que a Chaui se refere. Uma classe que nunca chegará a ser proprietária dos meios de produção, mas que é responsável pela transmissão da ideologia conservadora das classes dominantes para o restante da sociedade. Além disso, tem verdadeiro pavor de se proletarizar. Ela tem o sonho impossível de ser capitalista e morre de medo da possibilidade real de migrar para a classe operária. Então, para que o seu pesadelo não aconteça, ela precisa que as coisas permaneçam exatamente como estão, na mais perfeita ordem e segurança.

Por isso, vemos o pensamento intolerante contra os grevistas, que estão tumultuando essa “ordem e segurança” e não estão nem aí se os donos das empresas de ônibus estão ganhando milhões nas costas dos usuários, pois o que interessa é a manutenção do status quo.

Por fim, finalizarei com um excelente texto do Dr. Lessrie Coronet, advogado e comentarista político em seu facebook nas horas vagas, sobre essa aberração cognitiva e seletiva do que ele chama, parafraseando o Juremir, de “Direita Miami”.

E essa galerinha, hein?? Estavam super revoltados no começo da semana com os gastos da Dilma – que segundo ela saíram do seu próprio bolso -, MAS QUE NÃO DERAM UM PIO sobre o Fortunati ter sido questionado por um desembargador, em uma decisão judicial, de descumprir a lei em benefício das empresas de transporte.

Um dos grandes problemas do Brasil, que poderia seguramente ser apontado como tal, é essa classe média despolitizada. A tal “direita Miami”. Uma verdadeira massa de manobra política. Não possuem uma consciência de si enquanto classe, apenas uma consciência que lhes é vendida pelos jornais, revistas, televisão e demais monopólios dos meios de comunicação. Uma “consciência” já selecionada de antemão pela elite, embora essa classe esteja infinitamente longe de ser elite. Muitos tiveram acesso a educação, é verdade, mas por preguiça ou teimosia não pensam nas informações que lhe são dadas. Papagaiam com firmeza não apenas o discurso que lhes fora vendido, mas também a mesma indignação de suas fontes. O resultado é uma experiência tão falsa quanto um filme chinês dublado em espanhol. Acreditam na “multiplicidade” de opiniões de um Conversas Cruzadas – imparcial e honesto sempre – que na semana em que a capital está sem transporte, faz um programa pra discutir as relações comerciais entre Brasil e Cuba, que segundo eles “estão próximas demais”. 

É claro que essa galerinha massa de manobra não faz isso por maldade. O faz por comodismo. E exatamente por isso são tão desinteressantes do ponto de vista psicológico. São como os camponeses que durante a Revolução Francesa foram voluntariamente para o campo de batalha morrer pela hedionda causa do feudalismo absolutista. Por isso, não tenho nenhum sentimento amargo para com essas pessoas. Longe disso. O que também não me impede de achar que deveriam colocar a mão na consciência e repensar se elas realmente tem feito parte da solução… ou do problema.”

-Por  Thales Bouchaton  in Sul21 http://blogdothales.sul21.com.br/

Advogados Associados (Santiago/RS) - Comunicado




*Comunicamos aos amig@s e clientes que nosso Escritório de Advocacia, após  pequeno 'recesso' (férias coletivas), retomou suas atividades em Santiago. 

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**Em Porto Alegre, Canoas e Região Metropolitana: agendamento pelo fone: 51-9246.8966 e/ou e-mail:  juliogarcia.adv@outlook.com

03 fevereiro 2014

Ação pela correção do FGTS: CEF condenada a aplicar o INPC


Correção do FGTS: Justiça Federal de Novo Hamburgo (RS) condena Caixa a aplicar o INPC



A Justiça Federal de Novo Hamburgo (RS) julgou procedente uma ação ajuizada por morador do município e determinou que a Caixa utilize o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) na correção monetária das contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A sentença foi publicada no dia 22/1.

Segundo a juíza titular da 2ª Vara Federal, Maria Cristina Saraiva Ferreira e Silva, o Supremo Tribunal Federal já havia decidido que a Taxa Referencial de Juros (TR), utilizada pelo banco, não constitui índice de correção monetária, mas, sim, o custo primário de captação dos depósitos a prazo fixo. Ela também destacou que a obrigação de manutenção do valor real dos depósitos do FGTS está prevista na Lei nº 8.036/90. “Quando o rendimento da TR é igual ou próximo a zero, verifica-se ilegalidade por afronta ao referido dispositivo”, afirma.

A magistrada acrescentou que “o FGTS é patrimônio do trabalhador, e que, nessa perspectiva, não pode ser utilizado para subsidiar políticas públicas sem a devida reposição das perdas inflacionárias, sob pena de configurar confisco”.

Para Maria Cristina, o índice que melhor reflete o objetivo da lei que instituiu o benefício é o INPC. “É o índice que corrige monetariamente os salários dos trabalhadores e os benefícios previdenciários”, explica.

A juíza julgou procedente o pedido e sentenciou a Caixa a recalcular os rendimentos das contas do autor vinculadas ao FGTS, utilizando o INPC em substituição à TR. O banco também deverá depositar as diferenças apuradas desde janeiro de 1999, acrescidas de juros de mora de 1% ao mês a partir da citação.  Cabe recurso ao TRF4.

*Fonte: Portal da Justiça Federal   -  http://www2.jfrs.jus.br/

(Edição final e grifos deste Blog) - (Via 'O Boqueirão Online') 

O PT resiste, pelas bases



“Podem me prender, podem me bater/Podem até deixar-me sem comer/Que eu não mudo de opinião.” (Zé Kéti)

Por Rodrigo Vianna*

Em 2006, com o escândalo do chamado “Mensalão” ainda quente, despencaram em minha caixa de e-mails mensagens raivosas contra Lula e o PT: “quadrilha”, “bandidos”, “corja de nordestinos vagabundos”  – e outras sutilezas de que só a classe média paulistana é capaz…

Quando recebi mais um desses e-mails, que além de tudo fazia piada com o defeito do “nordestino nove dedos”, pedindo que Lula jamais fosse eleito para cargo nenhum no Brasil (queriam, já naquela época, condená-lo ao“ostracismo” de que falou Joaquim Barbosa semana passada), resolvi responder. Disse para os “amigos” (isso em 2006, às vésperas da eleição) que eu chegara até a pensar em não votar no petista, mas que diante da campanha raivosa, horrosa, preconceituosa, eu compreendera quem estava do outro lado. E que, portanto, era hora de reeleger Lula – para não permitir o avanço dessa direita que desde Lacerda e Newton Cruz (e sob a batuta de Marinhos, Frias e Mesquitas midiáticos) baba na gravata cada vez que o Brasil começa a avançar.

Alguns amigos e parentes entraram em desespero: “não, por favor, não vote no nove-dedos; tudo, menos isso”. Para eles, parecia impossível imaginar que – depois da tempestade midiática que viera pra aniquilar Lula e o PT,  em 2005/2006  - o partido pudesse se reerguer e conquistar mais um mandato.

Lula ganhou. O PT está no governo (mas não exatamente no poder) há 12 anos. Cometeu muitos erros. Mas costumo dizer que – em noventa por cento das vezes – é atacado não por seus defeitos, mas por seus méritos.

Incorporar 20 milhões de pessoas ao mercado, recuperar o papel do Estado (rompendo, em parte, com o discurso neoliberal), adotar uma polítia externa independente (ajudando a consolidar CELAC e UNASUL), e reatar (principalmente sob Lula) o diálogo com os movimentos sociais – deixando de tratá-los como “bandidos”, como ocorria sob o tucanato. Esse programa leva setores da classe média e das elites brasileiras ao desespero. E há a questão simbólica, o ódio aos “de baixo” que agora disputam vagas na universidades e poltronas nos aviões. Lula e o PT são símbolo disso tudo.

Mais que isso: o que desespera os conservadores é perceber que, sob ataque dia a noite, com várias lideranças presas,  execrado todos os dias na velha mídia, e tratado como uma “quadrilha”, mesmo assim o PT resiste. Em 2012 (com as condenações no STF), e em 2013 (com a prisão de Dirceu e Genoíno), mervais e outros quetais voltaram a se alvoroçar: agora vai, agora eles serão liquidados, desmoralizados!

De fato, muitas das lideranças do partido escondem-se, evitam o confronto. Mas na base o PT resiste. Insiste. Mostra força.

A impressionante campanha de doações para Genoíno e Delúbio, a solidariedade a Dirceu, a resiliência de João Paulo Cunha (que Joaquim Barbosa queria ver calado, mudo – mas que escreveu uma carta-aberta desafiando o imperial presidente do STF): tudo isso leva a imprensa conservadora ao desespero; faz os blogueiros e comentaristas de sites se resgarem em desespero… Sobre isso, leia o belo texto de Ricardo Mello.

O “nove-dedos” não foi aniquilado em 2006. A militância petista, ao invés de derrotada, parece ter ganho novo impulso após as injustas condenações e prisões determinadas pelo imperial presidente do STF. Tucanos na tribuna, comentaristas de classe média, jornalistas histéricos não conseguem entender; querem investigar, criminalizar quem resiste e doa parte de seu salário para pagar a multa dos condenados. 

O PT redescobre que o que faz a força do partido não é a “esperteza” dos acordos de bastidor, não é a capacidade de “convencer” empresários e banqueiros a doar para as campanhas eleitorais. O PT assusta quando se mostra um ponto fora da curva, com a capacidade de resistir diante das tentativas de aniquilar “essa raça” (célebre frase de Bornhausen, do DEM, dita em 2005, quando se imaginava que o “nove-dedos” e sua “quadrilha’ seriam exterminados pelos “homens de bem”). 

A direção do PT abdicou em muitos momentos do combate e do debate político. O partido está ferido, desgastado. Mas resiste. Por baixo, surge (ou ressurge) uma militância que não aceita a rendição.

*Jornalista, Editor do Blog 'Escrevinhador', fonte desta postagem.

http://www.rodrigovianna.com.br

02 fevereiro 2014

'Os potes de ouro de Demétrio Magnoli'



Por Tarso Genro*

Como poucas pessoas sérias fora da direita conservadora - comprometidas com a democracia e com a república - dão importância para os seus artigos, o professor- geógrafo-jornalista Demétrio Magnoli manifesta seguidamente espasmos “críticos”  contra quem ele não concorda, sempre à esquerda, para assim  manter-se saliente como  “intelectual” ícone do mercado. Procede como quem diz: “oi pessoal, eu continuo o mesmo, não esqueçam de mim outra vez.”  Fui, mais uma vez, vítima da sua “argúcia” intelectual, em suposta crítica que faz ao meu artigo “Uma perspectiva de esquerda para o quinto lugar”. Respondo, com fundamentação, no mesmo tom que ele escreveu o seu  ataque, sem fundamentação.

No seu texto, “O Graal de Tarso Genro” (F.S.Paulo, 01.02), Demétrio teve apenas uma manifestação de honestidade intelectual. E esta foi quando disse que o meu texto estava escrito “numa língua estranha, longinquamente aparentada com o português”.  Acho que ele pensa isso mesmo. A sua dificuldade em entender o português simples e direto, usado por mim no texto, fica clara nas  conclusões estapafúrdias produzidas sobre o que eu escrevi.

Quando falo em “honestidade”, faço-o não para absolvê-lo das manipulações grosseiras que fez das idéias que transmito,  mas para reconhecer que o português que ele entende não está efetivamente  presente na linguagem  direta do meu  artigo. Ele só entende um português  mediado pelos verbos e adjetivos das agências de risco e pelas “mensagens” do mercado, com seus potes de ouro destinados aos seus mensageiros: uma linguagem só longinquamente aparentada com qualquer sistema discursivo democrático e humanista. (...)

CLIQUE AQUI  para continuar lendo (via Agência Carta Maior*)

'GENEROSIDADE NAS DOAÇÕES A GENOÍNO E DELÚBIO DENOTA NOVA ATITUDE DO PT'



Por Hildegard Angel*

Minha explicação para o “fenômeno” das expressivas doações aos fundos Genoíno e Delúbio Soares é simples: solidariedade.
Não apenas diversos membros do Partido dos Trabalhadores, mas muitos brasileiros em geral, que se mantiveram calados, acuados e confundidos pela campanha truculenta e incessante, antes, ao longo e após o julgamento da AP 470, finalmente se deram conta de que a história que lhes era contada era de “faz de conta” e resolveram manifestar sua indignação.
Fizeram isso da forma mais rara de se ver acontecer: abrindo a bolsa. E não foi às escuras, foi corajosamente, dando nome, endereço, telefone e CPF. Tudo de acordo com a transparência que exige a Lei.
Acredito que por orientação do PT, pressionado pelo cenário de ódio gerado no país pela mídia, as lideranças do partido esconderam as cabeças na areia, como avestruzes, durante todo o processo do dito “mensalão”. Isso quando não externaram declarações condenatórias. Foi lamentável!
Com isso, causaram a triste impressão de que abandonavam os companheiros históricos por lhes atribuírem culpa. Finalmente, o partido parece ter tomado consciência do grave dano que provocou em sua própria imagem, devido àquela sua atitude amedrontada e mesmo bíblica do “antes de o galo cantar me negarás três vezes”.
Vemos agora crescer em número cada vez maior de brasileiros a convicção de que o dito “mensalão” não é mensalão. É mentirão.
Essa consciência se manifesta através da solidariedade generosa dos doadores, num gesto coletivo que pode também expressar um protesto contra o que consideram uma injustiça, um julgamento político.
Vemos também uma grande preocupação com os rumos democráticos do país, que tem como bem maior a liberdade conquistada à custa do sofrimento e do sangue de tantos heróis mortos
Importante: o sacrifício desses heróis não é patrimônio do PT, é da História Brasileira!
*Hildegard Angel (foto) é jornalista. É filiada ao PPL (Partido Pátria Livre) do RJ.
Fonte: http://www.hildegardangel.com.br/