Marilena Chaui estava certa. Malcolm X também
“A classe média é uma abominação política porque é fascista;
é uma abominação ética porque é violenta; e é uma abominação cognitiva porque é
ignorante.”
Não precisa mais do que dois neurônios para perceber que
essa famosa frase da Professora Marilena Chaui está repleta de verdades.
Não vou nem me dar muito ao trabalho de explicar os motivos
dessa afirmação. Apenas coloco o refrão da música “Classe Média”, do cantor Max
Gonzaga:
Sou classe média
Papagaio de todo telejornal
Eu acredito
Na imparcialidade da revista semanal
Sou classe média
Compro roupa e gasolina no cartão
Odeio “coletivos”
E vou de carro que comprei a prestação
Quem quer ouvir, divirta-se…
Na semana em que o Tribunal de Justiça determinou a
realização de licitação do transporte coletivo em Porto Alegre, as
manifestações da grande mídia e da “classe média” nas redes sociais foram de
criticar o movimento grevista, nenhum juízo de valor sobre os lucros
milionários das empresas de transporte que tratam com descaso o usuário e seus
funcionários.
A culpa é sempre do sindicato, do trabalhador.
A celebre frase do Malcolm X se encaixa perfeitamente nesse
contexto que contaminou a classe média: “Se você não cuidar, os jornais farão
você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e amar as pessoas que estão
oprimindo.”
Essa é a aberração cognitiva que a Chaui se refere. Uma classe
que nunca chegará a ser proprietária dos meios de produção, mas que é
responsável pela transmissão da ideologia conservadora das classes dominantes
para o restante da sociedade. Além disso, tem verdadeiro pavor de se
proletarizar. Ela tem o sonho impossível de ser capitalista e morre de medo da
possibilidade real de migrar para a classe operária. Então, para que o seu
pesadelo não aconteça, ela precisa que as coisas permaneçam exatamente como
estão, na mais perfeita ordem e segurança.
Por isso, vemos o pensamento intolerante contra os
grevistas, que estão tumultuando essa “ordem e segurança” e não estão nem aí se
os donos das empresas de ônibus estão ganhando milhões nas costas dos usuários,
pois o que interessa é a manutenção do status quo.
Por fim, finalizarei com um excelente texto do Dr. Lessrie
Coronet, advogado e comentarista político em seu facebook nas horas vagas,
sobre essa aberração cognitiva e seletiva do que ele chama, parafraseando o
Juremir, de “Direita Miami”.
E essa galerinha, hein?? Estavam super revoltados no começo
da semana com os gastos da Dilma – que segundo ela saíram do seu próprio bolso
-, MAS QUE NÃO DERAM UM PIO sobre o Fortunati ter sido questionado por um
desembargador, em uma decisão judicial, de descumprir a lei em benefício das
empresas de transporte.
Um dos grandes problemas do Brasil, que poderia seguramente
ser apontado como tal, é essa classe média despolitizada. A tal “direita
Miami”. Uma verdadeira massa de manobra política. Não possuem uma consciência
de si enquanto classe, apenas uma consciência que lhes é vendida pelos jornais,
revistas, televisão e demais monopólios dos meios de comunicação. Uma
“consciência” já selecionada de antemão pela elite, embora essa classe esteja
infinitamente longe de ser elite. Muitos tiveram acesso a educação, é verdade,
mas por preguiça ou teimosia não pensam nas informações que lhe são dadas.
Papagaiam com firmeza não apenas o discurso que lhes fora vendido, mas também a
mesma indignação de suas fontes. O resultado é uma experiência tão falsa quanto
um filme chinês dublado em espanhol. Acreditam na “multiplicidade” de opiniões
de um Conversas Cruzadas – imparcial e honesto sempre – que na semana em que a
capital está sem transporte, faz um programa pra discutir as relações comerciais
entre Brasil e Cuba, que segundo eles “estão próximas demais”.
É claro que essa galerinha massa de manobra não faz isso por
maldade. O faz por comodismo. E exatamente por isso são tão desinteressantes do
ponto de vista psicológico. São como os camponeses que durante a Revolução
Francesa foram voluntariamente para o campo de batalha morrer pela hedionda
causa do feudalismo absolutista. Por isso, não tenho nenhum sentimento amargo
para com essas pessoas. Longe disso. O que também não me impede de achar que deveriam
colocar a mão na consciência e repensar se elas realmente tem feito parte da
solução… ou do problema.”
-Por Thales Bouchaton in Sul21 http://blogdothales.sul21.com.br/
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