10 fevereiro 2017

‘Condenável’, diz viúva de escritor espanhol sobre plágio de Alexandre de Moraes



Em entrevista, filóloga Felicia de Casas criticou a cópia feita pelo ministro da Justiça de trechos inteiros do livro lançado por seu marido em 1995
Por Redação*
A filóloga Felicia de Casas, viúva do jurista Francisco Rubio LLorente, classificou como ‘condenável’ o episódio de plágio em que o ministro licenciado da Justiça, Alexandre de Moraes, copiou trechos inteiros de um livro do autor espanhol.
“Não apenas por se tratar de meu marido, mas também por ter sido eu mesma uma professora universitária, isso me parece condenável por razões de ética”, disse em entrevista à Folha de S. Paulo.
O livro “Direitos Humanos Fundamentais”, lançado por Alexandre de Moraes em 1997, contém partes idênticas ao da obra de Rubio Llorente, de 1995.
O professor José Luis Rodríguez Álvarez, que colaborou com o original, disse que foram necessários dois anos de investigação para a conclusão do livro. “Não havia bases de dados ou mecanismos de busca. Era um esforço manual feito com meios rudimentares”, ressaltou.
Por esse motivo, criticou a cópia “não tanto devido aos direitos autorais, mas por ter utilizado nosso trabalho de sistematização”.
Moraes foi indicado por Michel Temer para uma cadeira no STF (Supremo Tribunal Federal), na vaga do ministro Teori Zavascki, morto em janeiro.
Foto de capa: Agência Brasil

Vida longa ao PT!



PT santiaguense realiza Plenária de Mobilização neste sábado, 11/02


Da Redação*

O Partido dos Trabalhadores de Santiago/RS, por sua direção municipal, está convidando todos os filiados e simpatizantes para participarem da importante Plenária Municipal de Mobilização que será realizada amanhã, sábado, na Associação dos Aposentados da Brigada Militar (Greminho), situada na Rua Benjamin Constant, Bairro Maria Alice Gomes. 

Os trabalhos estão previstos para iniciarem  às 14,30 h.   Consta da pauta a Conjuntura Política (Nacional/Estadual/Municipal) e o 6º Congresso Nacional do PT. Também será iniciada na oportunidade a discussão relativa à renovação do Diretório Municipal (DM) do Partido, que culminará no próximo mês de abril.

***
Nota do Editor: O Partido dos Trabalhadores comemora no dia de hoje seus 37 anos de existência. Trajetória marcada por incessante luta por uma sociedade sem opressores e sem oprimidos, em defesa da democracia, dos trabalhadores e de uma verdadeira justiça social. 

-Vida longa ao PT!

*Com o Blog 'O Boqueirão Online'

09 fevereiro 2017

UM MATE POR TI (Tambo do Bando)




*Tambo do Bando - "Um Mate por Ti"

Escolha de Moraes só é explicável num regime de exceção





Por Jeferson Miola, na Carta Maior*

A rigor, o usurpador Michel Temer não tem legitimidade para indicar o juiz que deve ocupar a vaga aberta no STF com a morte de Teori Zavascki.
 
Temer não é um presidente eleito legitimamente; é um conspirador que tomou de assalto o Palácio do Planalto com sua turba corrupta, branca e masculina, e que exerce prerrogativas presidenciais porque o país está sob a vigência de um regime de exceção.
 
Os golpistas que promoveram o golpe de Estado com a fraude do impeachment e que controlam o legislativo e o judiciário atribuem a ele, o “MT” das planilhas de propinas da Odebrecht, os poderes que seriam legítimos somente a um mandatário eleito pelo voto popular. A mídia, liderada pela Rede Globo, cumpre a função legitimadora do governo usurpador e naturaliza cada passo da evolução golpista.
 
É neste contexto que se inscreve a indicação do tucano Alexandre Moraes para o STF. Só num ambiente desses poderia prosperar a nomeação para a Suprema Corte de um ex-advogado de Eduardo Cunha e ex-advogado de uma cooperativa associada à organização criminosa paulista PCC – o Primeiro Comando da Capital, que se espalhou pelo país durante a atuação dele em São Paulo. (...)

*CLIQUE AQUI para ler na íntegra.

08 fevereiro 2017

JÚLIO GARCIA ADVOGADOS ASSOCIADOS




*Escritórios em Santiago, Canoas e Porto Alegre/RS

-Causas Cíveis e Criminais - Direito Ambiental - Administrativo - Constitucional - Trabalho - Previdenciário - Família - Eleitoral... 

-Defesa no Tribunal do Júri

-Especialista em Direito do Estado (UniRitter) 

-Temos parcerias com renomadas bancas de advocacia 

 e/ou (55)984595009 - (55)991178355 -  (51)992468966

(Atendimento exclusivamente com hora marcada)

Petrobras e Garnero foram ameaça de Cunha a Temer: “quero ser solto!”




Por Fernando Brito*
Dos grandes jornais, só o Estadão  deu alguma importância ao movimento feito ontem por Eduardo Cunha a Sérgio Moro que, se dependesse do juiz e do procurador da República que apenas reuniam as informações já publicadas, sem nenhum dado de investigação conclusivo, teria sido mesmo algo irrelevante.
Mas não foi, porque foi Eduardo Cunha que moveu duas pedras no tabuleiro, movimentos que podem ser vistos em apenas três minutos, no vídeo do post anterior – colocar em evidência uma peça que não estava, o empresário Mário Garnero (foto) – um empresário com poder e dinheiro para promover “bocas-livres” internacionais desde 2007, com seu Fórum de Desenvolvimento Sustentável, que teve direito a um muito bem pago Bill Clinton de pé, enquanto a fila de papagaios de pirata desfilava diante dele para uma foto sorridente.
Cunha disse – e os fatos posteriores mostram – que Temer é muito ligado a Garnero. Mas o que, afinal, desejaria este milionário para ir fazer lobby para indicar-se um “gerente” da Petrobras? Ajudar algum rapaz que “estava para casar” é que não deve ser.
Ato contínuo a este caso, trazido por sua própria defesa, nova “bola levantada” por seu advogado, que Cunha “cortou” de forma fulminante: Michel Temer coordenava os apetites da bancada do PMDB na Petrobras, pessoalmente.
Pronto, o recado estava dado. Cunha quer um “sinal”, urgente, para ficar calado e essa é a sua soltura.
Curioso que ontem e hoje tenha se dado a conversão de Gilmar Mendes e de Reinaldo Azevedo á denúncia do absurdo – e é mesmo – das longas temporadas das prisões de Moro.
Mas, como a gente vem insistindo aqui, tudo são coincidências no Brasil, não é?
*Via Tijolaço

PESADELO ...



*Charge do Latuff - (via Sul21)

(Clique na charge p/ampliar)

07 fevereiro 2017

Filha de caixa de supermercado, negra e 1º lugar na Medicina da USP: “A meritocracia é uma falácia”

“Meu pai simplesmente me abortou. Nunca pagou pensão nem nada. Me esqueceu”, revelou, em entrevista ao Saúde Popular, Bruna Sena, a estudante de escola pública que passou em primeiro lugar em medicina na USP de Ribeirão Preto, a vaga mais concorrida da Fuvest – 2017, o vestibular mais concorrido do país. Confira
Por Nadine Nascimento, no Saúde Popular

“A meritocracia é uma falácia. Eu consegui porque tive ajuda. Não dá para igualar as pessoas que não tiveram as mesmas oportunidades. Eu me esforcei muito, sim, mas não consegui só por causa disso, eu tive apoio. E é isso que a gente tem que dar para quem não tem oportunidade. A gente perde muitos gênios por aí, inclusive nas favelas porque não podem estudar”, diz a estudante Bruna Sena, jovem negra, primeiro lugar em medicina da Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto.
Estudante de escola pública, Sena alcançou a nota mais alta no curso mais concorrido do vestibular 2017 da USP. Com apenas 17 anos, a jovem superou 6,8 mil candidatos que disputaram as 90 vagas de graduação. Para comemorar o resultado em sua rede social ela passou um recado: “A casa-grande surta quando a senzala vira médica”. (...)
Continue lendo clicando AQUI (Via Revista Fórum)

06 fevereiro 2017

VAMOS LEMBRAR FATOS DESABONADORES SOBRE ALEXANDRE DE MORAES?

Captura de Tela 2017-02-06 às 17.14.39

Por Renan Quinalha*
Hoje é o dia de falar de Alexandre de Moraes, o ministro da Justiça do Temer [indicado para o STF].
Quando fui aluno da Faculdade de Direito da USP, em 2004, Moraes era professor da disciplina de direitos fundamentais.
No entanto, nessa cátedra, ele chegou a relativizar o uso da tortura como método para obter informações de suposto criminoso porque tais informações poderiam em tese “salvar outras vidas”.
Na época, houve denúncia dos alunos com o centro acadêmico e grande repercussão no mundo jurídico, mas poucos lembram.
Mas não é só. Quando houve um estupro na bilheteria de uma estação de metrô, ele se vangloriou orgulhoso dizendo que “o cofre não foi roubado. Isso mostra como temos segurança em SP”.
Ele foi também advogado do [Eduardo] Cunha. Isso não é, em si, um problema porque todos temos direito a ter advogados (ainda que nós, advogados, possamos escolher melhor nossos clientes também).
Mas foi Cunha e Alckmin que pressionaram para que ele se tornasse o ministro da Justiça do governo golpista.
Como secretário de segurança pública, Moraes foi acusado de ter negociado com o PCC apesar do seu discurso alucinado de “combate à criminalidade”.
E estava no comando de ações brutais da polícia militar contra a juventude negra e as manifestações de diversas categorias, como os estudantes, determinando operações de reintegração de posse no caso das recentes ocupações de escolas mesmo contra determinações do Poder Judiciário.
Recentemente, fantasiou-se vestindo galochas e facão em punhos para desbastar plantas de maconha na fronteira seca com o Paraguai, ressucitando um discurso ultrapassado e pouco eficiente de “guerra às drogas”.
Que mais vocês lembram dessa trajetória de “reputação ilibada” do provável indicado do governo Temer ao STF?
*Advogado, sociólogo e ativista em defesa dos direitos humanos
CLIQUE AQUI para ler mais (via Viomundo)

Os médicos brasileiros e a morte da ex-primeira-dama

“Alguns colegas médicos conseguem superar-se em sua desumanidade – ultrapassando de longe o comportamento abjeto de manipular pacientes em consultas para votar contra o PT (lembrem-se de 2014) ou de recusar-se a atender ‘petistas”

Por Maria Fernanda Arruda – do Rio de Janeiro*

Recebi e publico o texto do médico Manoel Olavo Teixeira. Trata-se de uma observação que, infelizmente, precisamos fazer a alguns profissionais da Medicina que abandonaram o senso ético. Algo lamentável sob qualquer ponto de vista, seja humano, seja cidadão.
Leia, adiante, o texto irreparável de Manoel Olavo Teixeira:
A Polícia Civil e o Ministério Público do Distrito Federal (DF) realizaram nesta quinta-feira a operação "Trackcare", que investiga a emissão de atestados médicos
“Falo de princípios básicos de humanismo e respeito ao sofrimento humano. De algo chamado ética médica”, afirma em seu texto o médico Manoel Olavo Teixeira
Não tem sido raro ver médicos se divertindo ou fazendo piadas sádicas às custas da doença e morte de Dona Marisa. Algumas destas abominações vazaram para as redes sociais. Pra quem usa branco, não é preciso ir muito longe para ouvir piadinhas de mau gosto sobre o caso, contadas por algum colega – (antes que alguém faça graça: não, eu não uso branco. Psiquiatras usam roupas comuns, exceto em situações excepcionais).
A minha classe, por dever de ofício, deveria ter, no mínimo, algum pudor quanto a gozar sadicamente com o sofrimento e a morte de outro ser humano. A profissão médica envolve compromissos sérios. Não gosto de dizer o óbvio (Brecht dizia durante o nazismo: que tempos são esses em que é preciso dizer o óbvio?), mas o juramento de Hipócrates compromete o médico com a defesa e o respeito à vida, em sua acepção mais ampla. Sem distinção de pessoas. Falo de princípios básicos de humanismo e respeito ao sofrimento humano. De algo chamado ética médica, que estudamos em deontologia e diceologia, lá pelo 4 ano do curso de medicina. Lembram-se?

Vergonha

Porém, de novo, alguns colegas conseguem superar-se em sua desumanidade – ultrapassando de longe o comportamento abjeto de manipular pacientes em consultas para votar contra o PT (lembrem-se de 2014) ou de recusar-se a atender “petistas”. Mais uma vez, uma parcela de minha classe me enche de vergonha. Sinto algum alívio por saber que existem respeitáveis exceções. Felizmente, com muitas delas tive e tenho o prazer de compartilhar meu percurso profissional.
Há alívio, sim, mas permanece o choque de perceber que muitos médicos brasileiros estão agindo como monstros morais. Muitos deles são jovens recém-formados. Acham que sua adesão à militância de direita antipetista justifica qualquer tipo de atrocidade, mesmo ética ou profissional, para tripudiar sobre o suposto inimigo.

Corporativismo

De repente, me ocorreu que, nos primeiros anos de ascensão do nazismo, o maior número de militantes do partido nacional socialista era composto por médicos. Que contribuíram decisivamente na elaboração das teorias de superioridade racial ariana – (principalmente psiquiatras, para não dizerem que estou sendo corporativo dentro do corporativismo). É a triste sina histórica da Medicina, fruto do oportunismo político e, sobretudo, da origem de classe da maior parte dos seus membros. Ao longo da história, a Medicina é uma profissão para os filhos da elite. É uma ciência, um conhecimento, um saber, uma arte, mas é também uma marca de distinção social e poder.
E não podemos nos esquecer que estamos no Brasil. O país onde seu coronel mandava o filho estudar Medicina (ou Direito) em Coimbra ou Montpellier, para voltar como doutor e somar credibilidade intelectual ao poder político do dono do grande latifúndio.

Médicos elitistas

Num país com o nível de desigualdade social e cultural como o nosso, o peso da distinção social conferido pela formação médica é ainda maior. Estudantes de Medicina de classe média baixa, rapidamente, incorporam valores conservadores, argentários e consumistas durante sua formação. Valores identificados como padrões característicos da elite brasileira. O compromisso ético e humanitário fica em segundo plano.
Não podemos nos esquecer que, entre outros crimes, os governos petistas mexeram nesse vespeiro. Pela primeira vez, em 31 anos de profissão, vi negros e pessoas de origem social humilde cursando graduação, residência e pós-graduação em medicina. Por razões evidentes, isto é imperdoável.

Pântano do fascismo

Apesar desta reflexão, uma pergunta fica ecoando em meus ouvidos. É possível entender um médico assumir posições conservadoras, na defesa de seus valores corporativos e meritocráticos? É possível entender um médico desumanizar-se por colocar o ganho financeiro como seu único valor? É possível compreender um médico jovem se identificar com os valores da elite, para perseguir sua sonhada ascensão sócio-econômica?
Mas eu não consigo entender como um médico pode, conscientemente, fazer chacota e festejar publicamente a morte dolorosa de uma mulher de 66 anos. Aí saímos do terreno da sociologia das profissões e entramos no perigoso pântano do horror fascista.
Este é o meu maior temor.
Manoel Olavo Teixeira é médico.

05 fevereiro 2017

Case-se com alguém que prometa fazer o seu velório exatamente como você queira



Por Alexandre Padilha*
Lula fez isso, fez tudo exatamente como Marisa Letícia queria: no salão do sindicato – onde inclusive se conheceram e se casaram -, vestida de vermelho, com o salão aberto aos companheiros e companheiras e uma cerimônia de cremação discreta restrita a família e amigos mais íntimos.
Aliás, foi assim nos últimos dias de vida de Marisa no hospital. A cada decisão que teria que ser tomada, Lula (como é da sua característica) reunia todos os filhos e as noras e juntos falavam sobre os desejos de Marisa. Quem viveu os últimos dias (e também os últimos meses) perto da família sabe que o discurso de Lula foi o discurso dos filhos, noras, parentes, amigos mais próximos e poderia dizer, sem medo de errar, o da própria Marisa frente a situação que viveram .
Os que querem calar Lula menosprezam os sentimentos da própria Marisa que, do seu modo, também era um ser político, também era uma mulher metalúrgica, também cresceu junto com o sindicato, também queria um grito político.
*Médico,  ex-ministro da Saúde de Lula.  
(Com o Viomundo)

04 fevereiro 2017

Lula se despede da ‘galeguinha’ Marisa: ‘Ela sustentou a barra’



Ex-presidente chorou diversas vezes, agradeceu o carinho recebido, mas também cobrou “desculpas” de pessoas que “levantaram leviandades” contra a ex-primeira dama, com quem foi casado durante 43 anos

Da RBA*

No lugar onde se conheceram, no final de 1973 – casariam apenas sete meses depois, em maio do ano seguinte –, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva despediu-se na tarde de hoje (4) de sua mulher, Marisa Letícia, em um lotado salão do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, palco de inúmeras assembleias. Agradeceu o carinho recebido, chorou diversas vezes e também cobrou desculpas por parte de quem a perseguiu com “leviandades”, usando o termo “facínoras”.

“Minha vida não seria um décimo do que é se não fosse este sindicato. Aqui eu aprendi a falar, aqui eu perdi o medo do microfone. Eu não esqueço os acontecimentos deste salão. Aqui eu conheci a Marisa. Aqui a Marisa sustentou a barra para que eu me transformasse no que eu sou”, disse Lula, emocionado. “Ela praticamente criou os filhos sozinha…”, acrescentou, interrompendo a fala. “Na verdade, ela foi mãe, pai, filha, foi avó, foi tudo.”

A ex-presidenta Dilma Rousseff, governadores, ex-ministros, representantes de diversos partidos e de movimentos sociais e muitos antigos companheiros de Lula estiveram desde cedo na sede do sindicato. O velório foi aberto ao público às 10h, após um momento reservado para a família. Até as 15h, aproximadamente, a fila vinha do térreo até o terceiro andar do prédio. Lula permaneceu três horas em pé, ao lado do caixão, até sair para uma área mais retirada, ao lado. A cerimônia terminou às 15h30. O corpo seria levado para o cemitério Jardim da Colina, também em São Bernardo, para ser cremado, em cerimônia reservada à família.

O discurso do ex-presidente não estava previsto. Ele falou após as manifestações de Dom Angélico Sândalo Bernardino – que há dois dias administrou o sacramento dos enfermos –, do bispo da Diocese de Santo André, dom Pedro Carlos Cipollini, e do padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua. Foram evitados discursos políticos, mas dom Angélico fez referências às reformas trabalhistas e da Previdência Social, para que não sejam “contra os trabalhadores, contra os pobres”. E pediu a Lula que descanse a partir de amanhã, “pois o Brasil vai precisar muito de você”. 


“A Marisa Letícia está viva. Foi uma guerreira na luta a favor da classe trabalhadora. Ela está dizendo ao povo para continuar mobilizado na rua”, acrescentou o bispo, citando trechos do bíblico Sermão da Montanha: , exclamou“Bem-aventurados os que têm sede e fome de justiça, serão saciados”. “Quem ama é imortal. Quem ama não morre jamais. Marisa sempre” padre Júlio. As milhares de pessoas rezaram o Pai-Nosso, depois de gritos de “Lula, guerreiro do povo brasileiro”, “Marisa, guerreira da pátria brasileira”.

Lula lembrou de quando conheceu Marisa e disse que o casamento é “o maior exercício de democracia” que existe, acrescentando que eles nunca brigaram. “Ela certamente vai encontrar figuras extraordinárias lá em cima”, afirmou, citando dona Regina, mãe da ex-primeira-dama, usando o chamativo familiar “Regineta”.

Também enfatizou o papel político de Marisa ao seu lado, como companheira e conselheira. “No fundo, ela era mais do que uma ministra. Ela tinha muito mais importância que os ministros. Ela dizia ‘ não esqueça nunca de onde você veio e para onde você vai voltar”, lembrou.

E recordou de uma passagem no Palácio da Alvorada, residência presidencial, quando a então primeira-dama começou a rir sem parar. Ela explicou depois, ainda rindo, que provavelmente os funcionários da cozinha nunca imaginariam que teriam um presidente da República e uma primeira-dama pedindo para cozinhar “pé de frango”. Segundo ele, era uma “galeguinha que parecia frágil, mas quando ficava brava botava medo”. Olhando para a companheira, disse que iria agradecer por toda a vida. Contou ter ele mesmo escolhido o vestido, vermelho. “A gente não tinha medo de vermelho quando era vivo, não tem medo de vermelho quando morre”, falou, sob aplausos. Também pôs a tradicional estrelinha do PT no vestido: “Eu tenho orgulho”.

Dizendo esperar que os “facínoras” tenham a humildade de pedir desculpas, repetiu ter a consciência tranquila e se emocionou mais uma vez na despedida: “Marisa, descanse em paz, que o seu Lulinha paz e amor vai continuar para brigar por você…”


*Via http://www.sul21.com.br/

Marisa Letícia (1950-2017), filha do Brasil



Foto: Ricardo Stuckert

“A primeira bandeira do PT fui eu que fiz. Tinha um tecido vermelho, italiano, um recorte, guardado há muito tempo. Costurei a estrela branca e ficou lindo. Minha casa era o centro. Foi assim que começou o PT.” 

Marisa Letícia tinha 29 anos quando costurou uma estrela branca sobre um pano vermelho e concebeu aquela que viria a ser a primeira bandeira do Partido dos Trabalhadores, antes mesmo de sua fundação oficial, em fevereiro de 1980. Pouco depois, em abril, seu marido seria preso pela primeira vez e ficaria detido por 31 dias no Deops de São Paulo por exercer o direito à greve e à luta por direitos trabalhistas — quando a regra era o silêncio, a opressão, o arbítrio.

Marisa seguiu costurando e não parou mais: o sonho, a resistência, a família, o futuro. E carimbou sua estrela não apenas no tecido vermelho, mas também na história do Brasil.

CLIQUE AQUI para ler na íntegra (via Instituto Lula)

02 fevereiro 2017

NÃO HÁ DE SER INUTILMENTE



Por Leandro Fortes*
A morte de Dona Marisa Letícia é o triunfo físico da narrativa de ódio reinaugurada pela direita brasileira, a partir da vitória eleitoral de Dilma Rousseff, em 2014, contra as forças reacionárias capitaneadas pela candidatura de Aécio Neves, do PSDB.
Em sua insana odisseia pela retomada do poder, ainda quando o TSE contabilizava os últimos votos das eleições presidenciais, Aécio e sua turma de mascarados se agregaram, não sem uma sinalização evidente, aos primeiros movimentos da Operação Lava Jato e com ela partiram, sob os auspícios do juiz Sergio Moro, para a guerra de tudo ou nada que se seguiu.
Foi esse conjunto de circunstâncias, tocado pela moenda de antipetismo e ódio de classe azeitada diuturnamente pela mídia, que minou a saúde de Dona Marisa, não sem antes submetê-la ao tormento da perseguição, do constrangimento, da humilhação pública, da invasão cruel e desumana de sua privacidade.
A perseguição ignóbil ao marido, Luiz Inácio Lula da Silva, aliada à permanente divulgação de boatos sobre os filhos, certamente contribuíram para que Dona Letícia, a discreta primeira-dama nascida na luta e na construção dos Partidos dos Trabalhadores, tivesse a saúde atingida.
Para atingir Lula, a quem não tiveram coragem de prender, o esgoto da mídia e seus serviçais da política envenenaram a nação com ódio, rancor e ressentimento, nem que para isso fosse preciso atingir a vida de toda a família do ex-presidente.
Nem que para isso fosse preciso levar à morte uma mulher digna, honesta e dedicada aos seus e ao País.
Não sem antes vazar as imagens de sua tomografia cerebral, como um troféu grotesco de certo jornalismo abjeto oferecido às hienas que dele se alimentam.
Todos sabemos os nomes, os cargos, as redações e as togas de cada um dos responsáveis pela morte de Dona Marisa.
Na hora certa, daremos o troco.
*Jornalista - via Viomundo

Companheira Marisa Letícia: Presente!



Força a Marisa e Lula, respeito à intimidade da dor


*Do Fernando Brito, no Blog Tijolaço: "Não tenho tocado no assunto, por respeito à intimidade e ao sofrimento de Marisa Letícia e Lula, mas a notícia assinada por Cátia Seabra, na Folha, repórter de quem sei a responsabilidade e o critério ao escrever, indica que é real o agravamento da situação de saúde da companheira do ex-presidente.
Não tenho, como é obvio, como aferir as notícias médicas que cabe à família e aos profissionais fornecerem, com mais ou menos detalhes.
A vida em permanente stress, quando se esperava o descanso – primeiro, com o câncer de Lula e depois com a perseguição  e quebra da intimidade, com a Lava Jato – , vulnera quem já tem, como tantos de nós, propensão a distúrbios circulatórios ou cardíacos.
Mas cabe, quando tantos fazem sensacionalismos e explorações mórbidas, a solidariedade e a torcida para que o quadro, muito difícil, se reverta.
E esperar que se possa, enfim, dar notícias. De preferência, aquelas que todo ser humano dotado de um mínimo de sensibilidade deseja: as boas."
***
Nota do Editor do Blog
A postagem acima, de autoria do jornalista Fernando Brito, é da noite de ontem. Lamentavelmente as notícias de hoje é de que o quadro de saúde da companheira de Lula tornou-se irreversível, ou seja, de que ela  teve morte cerebral.  
Nossa solidariedade irrestrita ao companheiro Lula, familiares, amigos e companheiros(as) - e nossa indignação pelos ataques sórdidos desferidos principalmente pelo PiG (Partido da Imprensa Golpista - Globo, jornalões/jornalecos, rádios, tvs, revistas... e seus satélites locais e regionais), por Moro/Lava Jato, setores do MP/PF/Judiciário... e todos os demais bandidos(as) que, no intuito de tentar destruir Lula e o PT, contribuíram decisivamente para que ocorresse o acidente vascular que terminou abatendo essa valorosa companheira. -Marisa Letícia: Presente! (Júlio Garcia)
*Com o Blog  'O Boqueirão Online'

01 fevereiro 2017

"Enquanto a mídia e a Lava Jato cegam os olhos da opinião pública com notícias ameaçadoras sobre a “mega-delação” da Odebrecht, e com detalhes sobre onde ficará preso Eike Batista, o governo anuncia que a Eletrobrás pretende reduzir sua força de trabalho de 23 mil para 12 mil funcionários." (...) "O consórcio entre Globo, PGR e STF exerce o poder de fato no país. A gestão deles, como se vê, é um desastre, porque eles não entendem nada de economia, emprego, desenvolvimento, soberania. Seu único talento é para destruir, prender, acusar."



Obrigado, Lava Jato! Obrigado, Globo! Pobreza e miséria voltam a explodir no Brasil


Por Miguel do Rosário*
Hoje o Valor, noticiou – sem destaque, porque essa não é uma notícia que interessa à mídia corporativa, hoje empenhada em consolidar o golpe – uma notícia terrível, da qual reproduzo um trecho:
As classes D e E ganharam 4,3 milhões de famílias nos últimos dois anos e voltaram a representar 56,5% do total de domicílios do país, nível próximo do registrado em 2011, 57,4%. A proporção chegou a 51,4% em 2014, a menor observada durante o processo de mobilidade social que começou em 2003, quando 70,2% estavam na chamada base da pirâmide.
Reparem bem. As classes D e E representavam 70% da população brasileira em 2003. Caíram para 51% ao final de 2014, após três gestões petistas.
Esse foi o grande crime do PT.
A partir de 2015, quando o golpe (ou seja, a aliança entre mídia e aparelho jurídico do Estado) assume o poder de fato no país, as coisas começam a ser revertidas rapida e brutalmente.
Mas isso parece não interessar a grande imprensa nem à classe média. Alguns infelizes, mesmo desempregados por causa da Lava Jato, continuam adorando o monstro que devora suas vidas, atribuindo o mal ao PT, à corrupção, ao Lula, ao filho de Lula, ou seja, repetindo obedientemente tudo que a Globo lhes incute, direta ou indiretamente, através de sua campanha de mentiras.
Alguns comentaristas me perguntam, sinceramente perplexos, se era melhor não ter Lava Jato e deixar as empresas e corruptos impunes.
As pessoas parecem ter naturalizado uma bizarria: de que a Lava Jato substituiu todo o aparelho democrático estatal de combate à corrupção. Nessa visão, a Lava Jato deixa de ser uma operação específica, liderada por um juiz e um grupo de procuradores de Curitiba, provincianos, reacionários e irresponsáveis, e se torna uma instituição de Estado independente.
É preciso explicar às pessoas que é possível combater a corrupção sem Lava Jato, sem golpe, sem destruir nenhuma empresa, sem abusar de prisões preventivas, sem delação premiada.
Não vai ser igual a Lava Jato. Não será tão espetacular. Será uma luta contra a corrupção mais discreta, mais eficiente, mais séria.
A Lava Jato não combate a corrupção e sim favorece profundamente a corrupção no país, porque produziu caos político e econômico, e se associou à campanha midiática para deslegitimar a atividade política. Esses são fatores que aumentam a corrupção. Alguém às vezes me fala que empresas e políticos pensarão agora duas vezes antes de corromperem ou serem corrompidos. Que ingenuidade! Por caso, Geddel Vieira Lima, o ministro que tentou pressionar seu colega de ministério, Marcelo Calero, a aprovar a construção de um prédio onde detinha um apartamento, sentiu-se intimidado pela Lava Jato?
Por acaso a corrupção caiu na Itália, após as operações Mãos Limpas? Não. Não caiu. Aumentou. Aconteceu igual ao Brasil. O que é o governo Temer senão a fina flor da corrupção política brasileira?
O governo Dilma tinha corrupção? Sim. Tinha problemas diversos? Tinha. Mas Dilma era exatamente o principal fator de resistência ética do governo. Ao derrubarem-na e promoverem um expurgo de qualquer servidor progressista (até mesmo um garçom do Planalto foi demitido por suspeitas de simpatias progressistas), o que fez Temer senão reunir a nata da escória política nacional? Esse é o resultado, portanto, da Lava Jato: um aumento brutal da corrupção no governo.
E agora, o país, mais uma vez, é paralisado para assistir, embasbacado, a prisão de Eike Batista, num espetáculo notoriamente armado com a Globo. Eike Batista volta ao Brasil pronto para delatar, quem? Se quiser sair rápido da cadeia, Eike provavelmente terá de acusar Lula e PT.
Aliás, todas as declarações de Eike (à Globo, que inclusive botou um repórter para viajar a seu lado) tem sido no sentido de que irá aderir alegremente ao golpe. Francamente, eu não o culpo por isso, porque a violência da Lava Jato e da Globo não tem limites. Teori que o diga. A Lava Jato, se não conseguir o que quer, vai atrás da família da pessoa, destrói sua vida, sua empresa. O que foi a condenação do almirante Otto a mais de 40 anos de prisão senão uma vingança de um Moro do Rio de Janeiro (eles agora vão se multiplicar), porque o almirante se recusou a fazer uma delação mentirosa contra o PT e Lula?
Por que Marcelo Odebrecht ficou preso durante tanto tempo enquanto os mais notórios corruptos foram rapidamente soltos? Ora, porque ele tinha se recusado, até o momento, em “colaborar” com os procuradores. O que isso significa? Que ele não aceitara fazer o jogo da Lava Jato.
Então a Lava Jato usou o pai de Marcelo. Emilio Odebrecht foi ameaçado e não resistiu. Como Sergio Moro não conseguiu dobrar Marcelo Odebrecht com uma prisão preventiva medieval, de tempo ilimitado, a Lava Jato apelou para a destruição da Odebrecht no Brasil e no mundo. Procuradores brasileiros viajaram aos EUA para entregar informações sensíveis da companhia para o Departamento de Justiça. Foi aí que Emilio Odebrecht e talvez o próprio Marcelo entenderam o que a Lava Jato era capaz para conseguir algum tipo de delação envolvendo a classe política, ou seja, reforçando toda a narrativa do golpe (mesmo que a delação da Odebrecht não envolva diretamente Lula e Dilma, ela poderá servir para os objetivos do golpe de controlar o governo).
A política brasileira ficou insuportável, porque todos entram – inclusive a esquerda – nas ondas de linchamento. É hora de linchar Eike? Então todos vamos linchar Eike. Globo, Veja, Istoé, redes sociais, blogs, mídia alternativa. Todo mundo competindo quem pinta um retrato mais satânico de Eike Batista.
A direita espalha fotos de Eike ao lado de Lula. A esquerda espalha fotos de Eike ao lado de Aécio.
O Brasil precisa discutir seus graves problemas de infra-estrutura. As cidades precisam de metrôs, VLTs, trens. Precisamos discutir como superar a crise econômica e como queremos nos inserir no mercado global. Ao invés disso, a agenda política nacional é inteiramente dominada por uma pauta definida por uma espécie de centro unificado do golpe, que define o único assunto que poderá ser debatido no país durante os próximos dias. Todos os dias, dois ou três assuntos dominam inteiramente a mídia nacional. Ninguém pode falar de outra coisa.
Enquanto a mídia e a Lava Jato cegam os olhos da opinião pública com notícias ameaçadoras sobre a “mega-delação” da Odebrecht, e com detalhes sobre onde ficará preso Eike Batista, o governo anuncia que a Eletrobrás pretende reduzir sua força de trabalho de 23 mil para 12 mil funcionários.
A notícia está no Valor, jornal que poucos lêem, e também sem destaque.
É assim o governo que nasce do golpe: no momento em que o maior problema do país volta a ser o desemprego, suas únicas medidas são anunciar demissões em massa. Para fazer isso, repare bem!, a Eletrobrás terá que desembolsar mais de R$ 2,5 bilhões, por causa dos custos trabalhistas. Ou seja, o governo gastará o pouco dinheiro que tem em caixa para investir em… demissão.
É uma orquestra armada em seus mínimos detalhes. Enquanto o público é distraído com espetáculos de justiça bárbara, saciando seus mais baixos instintos com as agruras de ex-poderosos, o governo continua vendendo, freneticamente, patrimônio público, demitindo em massa, provocando desemprego.
A revolta popular é contida por esses espetáculos. Afinal, os políticos e empresários presos recebem, no lombo, toda a carga de culpa pela crise. Os culpados não são mais a incompetência do ministro da Fazenda e dos técnicos do Banco Central, nem a irresponsabilidade dos operadores da Lava Jato, nem a codícia de alguns especuladores, tampouco a desonestidade brutal da imprensa corporativa. O culpado é Eike Batista, claro! Ou então, Lula!
Ainda sobre a dúvida de alguns leitores, coxinhas ou não, sobre como combater a corrupção sem destruir as empresas, vale lembrar o exemplo alemão. Após a II Guerra, os alemães não destruíram nenhuma de suas grandes empresas, apesar delas terem se envolvido em escabrosos casos de corrupção, além de sua conivência repugnante com o regime nazista que matou milhões. As empresas foram preservadas porque os alemães entenderam que elas eram um patrimônio nacional, e um ponto de apoio importante para o desenvolvimento tecnológico e industrial do país.
Agora, neste sentido, também devemos culpar a mídia, que desde o início da operação Lava Jato, passou a chamar todas as grandes indústrias de construção civil do país simplesmente de “empresas da Lava Jato”. Elas foram completamente despersonalizadas, numa campanha de destruição de imagem inédita na história do empresariado brasileiro.
Os capitalistas brasileiros precisam entender que democracia e pluralidade midiática são importantes para sua segurança. Golpe de Estado, regime autoritário, monopólio midiático são fatores que atravancam o desenvolvimento, como estamos vendo.
Hoje a presidente do STF, Carmen Lucia, decidiu homologar a delação da Odebrecht. Há um grande suspense no ar em relação a isso. Alguns militantes antigolpe acreditam que essa delação produza uma confusão dentro da Lava Jato, porque ela não corroboraria a tese dos procuradores antipetistas, e sim jogaria a lama para o lado do governo Temer, que poderia inclusive não resistir e cair. A mídia assiste a tudo de camarote, porque ela ganha de qualquer jeito, com Temer ou sem Temer, visto que o poder, de fato, está nas mãos da Procuradoria Geral da República, do STF e da Globo.
Lucia também determinou o sigilo da homologação, o que é muito conveniente para o consórcio golpista, que mais uma vez terá condições de vazar seletivamente o que desejar. O governo Temer, por sua vez, permanece o que é: uma administração inerte, vazia, ocupada apenas em satisfazer o mais rápido possível a cobiça das elites mais egoístas e antinacionais do mundo.
O consórcio entre Globo, PGR e STF exerce o poder de fato no país. A gestão deles, como se vê, é um desastre, porque eles não entendem nada de economia, emprego, desenvolvimento, soberania. Seu único talento é para destruir, prender, acusar. Construir um país requer estabelecer compromissos delicados entre o capital e o trabalho, entender a importância de cuidar da população mais pobre, incentivar a educação, a tecnologia, a pesquisa.
Em Davos, o procurador-geral da república, Rodrigo Janot, portou-se como um chefe de Estado, o que, por si, já demonstra a incrível anarquia política na qual mergulhou o país após o golpe. Em entrevista, Janot disse que a Lava Jato é “pró-mercado”, o que me pareceu a declaração mais esquizofrênica, cínica e bizarra, que eu já ouvi em muito tempo. A Lava Jato foi a operação mais demolidoramente anti-mercado que alguém poderia conceber. Lembro-me que, num determinado momento, eu escrevi um post chamando a Lava Jato – sarcasticamente – de “comunista”, porque ela surfou, de fato, junto com a mídia, nesse preconceito antiempresário bem típico de um país dominado por burocratas e rentistas, como é o Brasil há séculos. A mídia manipulou muito bem este sentimento.
A esquerda brasileira não tinha instrumentos, nem de longe, para lutar contra a Lava Jato, porque o seu nível de sofisticação foi avançadíssimo. Se você tem todos os instrumentos de violência e espionagem do Estado em suas mãos e nenhum escrúpulo em relação às consequências econômicas e políticas de seus atos, além de um blindagem midiática absoluta, no Brasil e lá fora, você pode fazer o que quiser. A esquerda brasileira, que nunca possuiu um centro de inteligência, nem nunca jamais pensou em construí-lo enquanto esteve no poder, não soube reagir às maquinações jurídicas e midiáticas do golpe.
Lula, solitariamente, através de seus advogados no Brasil e Londres, protagoniza a luta para salvar não apenas a si mesmo e a sua família, mas a própria democracia brasileira. Se isso traz uma grande injustiça, não se pode negar que é resultado da própria inércia de Lula, que não foi apenas presidente por duas vezes, como sempre foi, durante o mandato de sua sucessora, a figura mais importante de seu partido. Lula deveria ter ouvido o que tantos analistas progressistas denunciavam, quase desesperadamente, ao longo de toda a era petista: que a mídia estava desossando completamente o governo, o partido, a esquerda em geral, e que era preciso haver reação política à altura. A coisa explodiu em 2013. Ali ficou patente que a água da alienação política, do fascismo, do ódio à esquerda, depois de anos de fogo midiático, havia finalmente entrado em ebulição. As pesquisas eram claras: a maioria dos manifestantes de 2013 eram favoráveis a Joaquim Barbosa, o justiceiro da Globo daquela época. Mesmo assim, nada foi feito. A inapetência política do governo atiçou a fúria da mídia, animada agora pelo surgimento de movimentos de classe média profundamente agressivos e conservadores. O auge da estupidez política veio após a vitória de outubro de 2014. No dia seguinte à vitória, o governo, num gesto de suicídio político que deverá, por muitas décadas, ser objeto de estudo, depõe todas as suas armas e decide caminhar nu e desarmado pelo campo inimigo. Pior, contrata, para administrar a economia nacional, um oficial do exército adversário, o qual dá início imediatamente a uma política acelerada de destruição da reputação política que o governo havia conseguido reconstruir durante o processo eleitoral.
Ainda é tempo de reagir. Sempre é tempo de reagir.
*Fonte: O Cafezinho