08 outubro 2018

Koutzii: ‘Os limites da civilidade estão sendo desconstituídos. Eles se nutrem do mal’


“As situações estão ficando mais perigosas e os limites da civilidade e do respeito estão sendo desconstituídos”. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Por Marco Weissheimer*
O centro do embate entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro, na campanha do segundo turno, será a defesa da democracia. E essa campanha se dará em um cenário onde o Brasil vive um processo de apodrecimento do estado de direito, que vem se dando com a conivência e cumplicidade de estruturas do Judiciário. A avaliação é de Flavio Koutzii, uma das principais lideranças do PT no Rio Grande do Sul, ao comentar o resultado da campanha eleitoral que se materializou neste domingo, com um grande avanço da extrema-direita no Brasil. Em entrevista ao Sul21, [o ex- deputado] Koutzii definiu o domingo como um “dia doloroso”, mas que terminou com um feito:
“Este domingo, que foi doloroso e marcado por uma enorme dose de incerteza e ansiedade, acabou resultando em uma coisa extraordinária que foi ter conseguido passar para o segundo turnoNão só ficamos mais lúcidos sobre a potência do inimigo, como também podemos nos valorizar mais por termos conseguido o que conseguimos”.
Flavio Koutzii também comenta os crescentes casos de violência e agressões patrocinados por apoiadores de Bolsonaro. Com a experiência de quem enfrentou ditaduras militares no Brasil e na Argentina, ele adverte: essa violência tende a aumentar, pois está sendo estimulada e o Judiciário não está fazendo nada. “Eles se nutrem do mal. A boçalidade tornou-se um estado de espírito”. E recomenda:
“Precisamos criar alguns mecanismos mínimos de autodefesa e sair de uma posição um pouco ingênua sobre o que está acontecendo. Isso não era necessário. Passou a ser. Estou falando de coisas mínimas como andar agrupado e não ficar sozinho em certas circunstâncias. As situações estão ficando mais perigosas e os limites da civilidade e do respeito estão sendo desconstituídos”.
Sul21: Na tua avaliação, o que representa o resultado da eleição deste domingo e, em especial, o segundo turno que será disputado no dia 28 de outubro?
Flavio KoutziiSem querer dar uma de profeta depois do fato, mas, nas últimas 48 horas eu estava percebendo alguns sinais do que acabou se configurando neste domingo. Bolsonaro seguia crescendo e a hipótese dele ganhar no primeiro turno era crescentemente ameaçadora. Somava-se a isso, na minha percepção, o fato de que a militância altamente motivada das igrejas evangélicas tinha uma presença nacional e horizontalizada. Não há nenhuma pequena cidade, praticamente, que não tenha um templo deles. Eles têm vasos comunicantes impressionantes, o que ajuda a explicar o ritmo de crescimento que seus aliados tiveram nos últimos dias, fulminando até, em vários casos, as previsões dos institutos de pesquisa.
Esse domingo foi um dia histórico e nem todo dia histórico é, necessariamente, um dia de glória. Também pode ser um dia de tragédias. Quanto mais olharmos para essa ascensão do Terceiro Reich no Brasil, mais entenderemos a dimensão extraordinária, quase épica, de termos chegado para o segundo turno e o valor do que conseguimos. Nas últimas semanas, a ofensiva da direita se materializou em uma sequência diabólica. O “Fuhrer” de Curitiba rapidamente puxa o processo do Palocci. Alguns dias depois, o Ministério Público de São Paulo retoma o tema Lula. Os caras proíbem o Lula de falar, o que é a metáfora da metáfora. Se ele falasse uma vez, isso já seria insuportável para eles, evidenciando o temor que têm dele. E tivemos também o fato extraordinário que foi Bolsonaro ter a oportunidade de fazer sua entrevista solo na Record, enquanto os demais candidatos debatiam na Globo. Isso acabou soldando uma aliança estratégica, não só com Edir Macedo, mas com a esfera das igrejas evangélicas. Esse, na minha avaliação, é um fato crucial que representou uma vantagem estratégica decisiva.
Sul21Acredita, então, que essa entrevista é um dos principais fatores para entender a velocidade com que se deu o crescimento dele e de seus aliados na última semana?
Flavio Koutzii: Não se trata apenas da velocidade com que isso se propagou nas redes. Essa velocidade foi alimentada por uma central de fake news e de deformações potentíssima, com um centro financeiro. Isso, mais a potência dos evangélicos fizeram com que ficássemos, de certa maneira, bloqueados por uma espécie de muro que foi constituído rapidamente por esses movimentos. Passou a ser um certo muro de contenção acompanhado por um processo de reação permanente aos nossos movimentos. A expressão superior disso foi a extraordinária marcha das mulheres naquele sábado. Foi uma mobilização maravilhosa e inesquecível, mas, ao mesmo tempo, provocou as reações que provocou, o que dá a dimensão macabra do que essa direita fascista pode fazer.
Não é um exagero de nossa parte afirmar isso. O lado fascistoide vem se acentuando a cada 24 horas. Não é uma adjetivação a mais. Significa que o conteúdo substantivo desses procedimentos e das armas com as quais vão se sustentando têm uma potência impressionante. Este domingo, que foi doloroso e marcado por uma enorme dose de incerteza e ansiedade, acabou resultando em uma coisa extraordinária que foi ter conseguido passar para o segundo turno. É preciso lembrar que o inimigo teve, na reta final, uma potência e uma soma de recursos espantosa. Gostaria de sublinhar isso. Não só ficamos mais lúcidos sobre a potência do inimigo, como também podemos nos valorizar mais por termos conseguido o que conseguimos. Eles se nutrem do mal. Pode parecer uma expressão meio estranha, mas é exatamente isso que quero dizer. Hoje mesmo ouvi uma narrativa de uma moça que estava no ônibus e que teve arrancado de suas mãos o livro que estava lendo por um cara. Arrancou e rasgou. Há muitos outros exemplos emblemáticos como este. A boçalidade se transformou em um estado de espírito.
O apodrecimento do estado de direito vem se dando com a conivência e cumplicidade de estruturas do Judiciário. O episódio da entrevista na Record, que já mencionei, é emblemático. A justiça eleitoral não fez absolutamente nada. Se a justiça eleitoral é para cuidar que ninguém atire papelzinho na rua, pode fechar e se dissolver. Ela não teve peito para intervir minimamente. Estou falando do mínimo do mínimo do mínimo. Além da conivência, temos um acovardamento absoluto. Isso está produzindo um cenário de desconstituição de processos elementares da democracia com o qual seguiremos tendo que lidar neste segundo turno.
Sul21: Aí surge a pergunta clássica e inevitável: o que fazer neste segundo turno?
Flavio Koutzii: Há uma possibilidade que pode parecer contraditória neste embate que vamos enfrentar no segundo turno. O centro desse embate é a defesa da democracia. No primeiro turno, nós não entramos no bate-boca – e acho que não tínhamos que entrar mesmo –, mas também não conseguimos fazer uma discussão mais programática. Esse é um tema que deverá ser melhor elaborado agora: como é que podemos valorizar mais o que nós fizemos? Senão o único assunto fica sendo que tem muito bandido na rua, o que é verdade, mas teve muitas outras coisas na rua: teve casa construída, Bolsa Família, acesso à universidade e tantas outras coisas.
utro tema que está em jogo envolve valores humanitários e democráticos básicos que estão sendo absolutamente desconstituídos. Esse é o leito sobre o qual vamos nos mover. Será um desafio gigantesco até porque teremos muito pouco tempo. Tenho a impressão de que Bolsonaro e sua turma já tem excelentes estrategistas. Esse período final da campanha foi fantástico para ele. O episódio da facada fez com que ele ficasse no hospital e não precisasse falar nem ir a debates. Não sei como eles vão operar, mas certamente ele vai fazer o mínimo possível e será monitorado a cada passo. Tenho certeza que adotarão uma estratégia de baixo perfil.
Enfim, para concluir, temos um cenário extremamente desafiador que se coloca a partir de hoje, um cenário que ameaça solapar e destruir a sociedade democrática, com voto e tudo. Esse é o núcleo da situação que viveremos e precisamos ter isso em mente a cada passo nesta caminhada. Temos que fazer a campanha com essa consciência. Pode ser uma metáfora de mau gosto, mas teremos um tanque na esquina, uma mentira na outra e a democracia absolutamente acuada, com um processo eleitoral no horizonte. Será nestes mares que estaremos navegando.
Sul21: Além da disputa eleitoral, há um processo de crescente violência nas ruas envolvendo grupos organizados ou não de apoiadores de Bolsonaro. Os casos e tipos de agressão se multiplicam a cada dia. Você citou um deles. Neste domingo tivemos, entre outras coisas, homem votando com revólveres e pistolas exibidas junto às urnas. Como enfrentar esse cenário?
Flavio Koutzii: Acho que é algo gravíssimo e que tende se ampliar. Não haverá muito tempo, mas precisamos criar alguns mecanismos mínimos de autodefesa e sair de uma posição um pouco ingênua sobre o que está acontecendo. Isso não era necessário. Passou a ser. Estou falando de coisas mínimas como andar agrupado e não ficar sozinho em certas circunstâncias. As situações estão ficando mais perigosas e os limites da civilidade e do respeito estão sendo desconstituídos.
A nossa campanha no primeiro turno, tal como aconteceu, ajudou a preservar um pouco esses limites, mas a exasperação deles por não terem conseguido nos liquidar completamente tende a aumentar essa tensão na dinâmica da campanha. Recomendo ter isso em conta. Às vezes a gente tem inquietudes envolvendo nossa segurança e olha para os lados antes de abrir a porta do carro. Essa preocupação deve acompanhar daqui em diante os nossos movimentos. A violência deles tende a aumentar por que está sendo estimulada. Ela não está sendo julgada, o Judiciário não intervém, as polícias, às vezes, intervém e, às vezes, intervém a favor deles. Precisamos ter isso em mente na campanha agora para vencer o segundo turno.
*Jornalista - via Sul21

O homem que só ri por deboche


Por Fernando Brito*

Leonardo Sakamoto observa, em seu blog, que Jair Bolsonaro – na “live” com que substituiu a tradicional entrevista do candidato no pós votação, parecia o “um candidato derrotado” e não alguém que “recebeu 46% dos votos e têm um caminho mais fácil do que seu adversário, Fernando Haddad (PT) – que teve 29% – para o Palácio do Planalto”.

Sakamoto atribui à frustração de não ter vencido já no primeiro turno, algo em que só ele podia acreditar, e de atribuir isso a uma suposta fraude nas urnas, como fez.

Concordo, mas acho que isso vem também de um traço de sua personalidade.

Bolsonaro não sente alegria e, quando ri, é por deboche.

Humor, para ele, é só “zoação”.

Algo típico das criaturas más, que só se realizam com a humilhação ou a destruição alheia, como não tem sido, infelizmente raro encontrar.

Ele tem a mente dos que buscam o “inimigo próximo” o que, comumente, é também o inimigo no próximo.

O vizinho, o favelado, o negro, o gay, o “doidão”, qualquer um “tem que se curvar à maioria”. A maioria, claro, é ele.

É um ponto que não se pode minimizar, por mais que venham, há tempos, tirando do brasileiro a cordial alegria que sempre o marcou.

Bolsonaro é o inverso, é o ressentimento, o ódio, o furor, tudo o que foi injetado sobre os brasileiros desde que se começou a judicializar ( e policializar) não só a política, mas o convívio humano.

Nestas três semanas do segundo turno, não se deixe levar por isso. Não abra mão desta vantagem que temos.

Eles nos tentarão arrastar para seu campo, o do preconceito, o da intolerância, o da desqualificação do outro com o adjetivo raso, quase que um estigma posto em nós como a estrela amarela com que se marcava os judeus.

Nós temos, como disse ontem Fernando Haddad, o argumento como única arma, a razão como a maior das leis, a alegria como forma de viver e ser feliz.

Não somos a morte, não somos a dor, não somos o mal a ninguém.

Não haverá maior derrota que a de nos tornarmos, com sinal trocado, iguais a ele.

*Jornalista - Editor do Tijolaço (fonte desta postagem)

Hasta Siempre, Comandante!


*"Hasta Siempre Comandante"- Silvio Rodriguez (Con discursos del Che)

07 outubro 2018

Haddad já cita Ciro, Marina e Meirelles em aliança contra o fascismo


SÃO PAULO (Reuters e 247) - O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, disse neste domingo estar confiante de que a eleição será resolvida no segundo turno, e que vai procurar formar alianças com todos aqueles que quiserem contribuir com a construção democrática do país, citando os candidatos Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Henrique Meirelles (MDB).

"Eu tenho o maior respeito pelos que concorreram no primeiro turno, sobretudo com aqueles que eu trabalhei. Eu trabalhei com a Marina, trabalhei com o Ciro Gomes, eu trabalhei com o Meirelles no governo Lula", disse Haddad após votar em uma escola em São Paulo.

"Mas eu quero dizer que nós vamos procurar ampliar, para além dos partidos, as nossas alianças. O momento agora exige que nós estendamos a mão aos brasileiros e brasileiras que, independentemente de partidos, queiram contribuir com a construção do país, na construção democrática do país", acrescentou.

O petista, que chegou ao colégio eleitoral por volta das 9h45 acompanhado por sua mulher, Ana Estela, também disse estar esperançoso de que um eventual segundo turno será "mais civilizado" do que o primeiro.

"O que é importante é que o Brasil vai viver um segundo turno. Segundo turno é sempre uma oportunidade renovada para as pessoas poderem votar em projeto... Eu estou muito esperançoso de que nós teremos um segundo turno muito mais civilizado do que tivemos no primeiro", disse o candidato ao som de gritos de ordem de apoiadores, e enquanto moradores de prédios no entorno batiam panelas.

Houve trocas de ofensas entre os dois grupos após Haddad deixar a escola, mas sem confrontos.

O candidato disse ainda que o Brasil corre o risco de perder as conquistas alcançadas nos últimos 30 anos.

"O Brasil está correndo um grande risco, desnecessário, de botar abaixo as conquistas dos últimos 30 anos. Nós não podemos correr esse risco, o brasileiro não merece isso. E nós temos condição de esclarecer isso nas próximas 3 semanas, se Deus nos ajudar a chegar no segundo turno".

O candidato do PT seguiu para casa, onde deve ficar até as 17h, quando irá para um hotel na zona sul de São Paulo e deve acompanhar a apuração junto com sua vice, Manuela d'Ávila (PCdoB).

Mais cedo, após tomar café da manhã no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, Haddad disse que há pessoas que não querem que haja uma comparação direta entre propostas no segundo turno, já que é "mais fácil ganhar eleição sem se expor".

"Tem gente que não quer que tenha o segundo turno para que não haja comparação, é mais fácil ganhar eleição sem se expor, a exposição as vezes prejudica o candidato que não tem proposta", disse a jornalistas.

De acordo com as últimas pesquisas Datafolha e Ibope, Haddad está em segundo lugar e deve disputar um segundo turno contra o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, que lidera os levantamentos para a eleição deste domingo. - Via https://www.brasil247.com

06 outubro 2018

Para o Rio Grande - e o Brasil - Ser Feliz de Novo! Domingo #Vote 13!!!





*Assim votará o Editor do Blog neste domingo, 7/10. #Compartilhe esta ideia! (Júlio Garcia)

Sai a pesquisa Vox/247: Haddad e Bolsonaro farão segundo turno



Pesquisa Vox Populi/Brasil 247, a primeira financiada pelos eleitores, aponta, na véspera do primeiro turno das eleições: Bolsonaro tem 34% das intenções de voto e Haddad, 27%; em votos válidos, 40% a 31%; no segundo turno, por enquanto há projeção de empate, com ligeira vantagem numérica para Bolsonaro: 40% a 37%. Segundo Marcos Coimbra, diretor do Vox Populi, a pesquisa é um evento "histórico" pela mobilização para seu financiamento e indica: "chance de não haver segundo turno e próxima a zero"   

CLIQUE AQUI para ler na íntegra.               

Haddad: Bolsonaro não poderá se esconder no segundo turno



"O governo Temer é ruim, mas o plano de Bolsonaro é pior", disse o candidato Fernando Haddad, do PT, em entrevista concedida em Minas Gerais. Haddad também criticou a avalanche de fake news distribuída pela campanha fascista e afirmou que o candidato do PSL não poderá se esconder dos debates no segundo turno. "Ele está me acusando de distribuir material impróprio nas escolas públicas, como se as professoras, não fossem elas próprias as guardiãs das nossas crianças. Como se fosse possível fazer o que ele me acusa de ter feito. Então é uma pessoa totalmente irresponsável, mas que se Deus quiser vai ter que vir pro debate. Ele não vai poder se esconder atrás de atestado médico", afirmou.
CLIQUE AQUI para ler na íntegra (via 247)

05 outubro 2018

'A gente se abraça no domingo!' - (Coluna Crítica & Autocrítica - nº 138)

Deputado Federal Marco Maia, nº 1314  (PT/RS) - o segundo da esquerda para a direita - com companheiros/apoiadores em Santiago/RS

Por Júlio Garcia**

*‘Esquema Globo-Ibope-Moro-Palocci fecha o cerco ao PT: começou a guerra!’ – A seguir, reproduzo parte de recente postagem realizada pelo jornalista Ricardo Kotscho em seu Blog, “(...) diante do fracasso das candidaturas reformistas de ‘centro’, o Grupo Globo resolveu apoiar, na falta de outra opção mais confiável, o capitão reformado Jair Bolsonaro, único candidato com chances de derrotar o PT, o inimigo a ser abatido. Com Haddad crescendo sem parar e Bolsonaro estacionado ou começando a cair, era preciso agir rápido.

No sábado, a cobertura torta e manipulada das magníficas manifestações da mulherada do #EleNão pelo Brasil inteiro, as maiores desde as Diretas Já, dando a elas o mesmo destaque das carreatas pró-Bolsonaro, foi a primeira indicação de que o jogo agora era para valer. Variadas matérias sobre Bolsonaro, incluindo uma entrevista exclusiva no avião que o levou ao Rio, e o depoimento da ex-mulher negando todas as acusações que havia feito contra ele, publicadas pela revista Veja, ocuparam a maior parte do tempo do Jornal Nacional. (...)

No final da tarde, antes do Jornal Nacional, a Globo News já deitou e rolou em cima de uma “delação premiada” do ex-ministro Antonio Palocci, feita em abril à Polícia Federal, e liberada pelo juiz Sérgio Moro só agora, a seis dias da eleição, depois de ser rejeitada pelo Ministério Público Federal por falta de provas. As acusações de Palocci contra Lula, Dilma e o PT foram dadas como fato consumado, transitado em julgado.

Tudo seguiu o script: o JN abriu com o crescimento de 4 pontos de Bolsonaro no Ibope, chegando a 31%, e Haddad estacionado em 21%, vendo sua rejeição disparar para 38% em poucos dias, a apenas 6 pontos abaixo de Bolsonaro. Para o segundo turno, em que Haddad levava ampla vantagem, foi apontado o empate em 42%.

Como é que o capitão conseguiu subir tanto no período em que choveram denúncias contra ele e boa parte do Brasil foi às ruas protestar contra a sua candidatura? Difícil entender... (...) A seguir, logo depois dos comerciais, como se já estivesse tudo planejado desde cedo, entrou o bombardeio contra o PT embrulhado no pacote entregue por Moro com a delação de Palocci, que William Bonner apresentou como a bala de prata tão aguardada. 

Ali nada acontece de graça, e só têm o direito de surpreender os mais jovens que não viveram a campanha presidencial de 1989, na primeira eleição direta para presidente depois do golpe de 1964.” (...)

*Ricardo Kotscho aproveita e manda ainda um importante ‘recado’ para o companheiro candidato a Presidente pelo PT/PCdoB/Pros/PCO: “Haddad, mire-se no exemplo de Lula em 1989: a última semana é guerra”.

*‘O “racismo” anti-PT’ - Também o nosso – sempre – Deputado Flávio Koutzii, meu bravo amigo e companheiro de lutas, com quem militei por tantos anos – e com quem tive o privilégio de trabalhar na Casa Civil (Palácio Piratini), no saudoso Governo Olívio Dutra (1999/2002) -, assim pronunciou-se esta semana (portal Sul21): “Tenho acompanhado sistematicamente os programas eleitorais, especialmente os dedicados à campanha presidencial. Uma característica extraordinariamente marcante no discurso dos candidatos da direita é a referência obsessiva – politicamente interessada – ao PT.

Destaco isto porque o caráter cotidiano deste comportamento vai naturalizando o inaceitável, o “racismo” anti-PT. Não é mais só a diferença com adversários políticos como nós somos, é a busca da estigmatização absoluta. Da sinonimização do PT com o mal. Da tentativa do nosso extermínio.

E isto não é vitimização, nem mimimi. O centro da política é óbvio. Mas igual me pareceu importante esta nota, porque na verdade esta brutal intensidade é uma expressão aguda do bolsonarismo da sociedade brasileira e um reducionismo e “boçalização” do pensamento.

Lembro bem que Sartre explicava em ‘O que é racismo’ que a existência ‘de um inferior’ garantia automaticamente a ideia de superior ao outro. Mas, mais violento se transforma o comportamento opressor dos anti-petistas, na medida em que essa tentativa de reduzir o valor “dos PT” é bloqueada por um enorme passado, quase 30 anos – com erros e acertos – voltados ao povo brasileiro. Por isto não basta atacarem a sigla, teriam – como tentam – de anular o passado e extinguir a memória. Mas não vão levar. A gente se abraça no domingo.” (Desnecessário dizer que ‘assino embaixo’).

*Por fim, como regularmente faço nos períodos eleitorais – e com total transparência, responsabilidade e satisfação! - estou ‘abrindo’ o voto que darei nestas eleições: Para Deputado Federal votarei em Marco Maia 1314; Deputado Estadual: Nelsinho Metalúrgico 13630; Senadores: Paulo Paim 131 e Abigail 651; Governador: Rossetto 13; Presidente Haddad 13. #Para o Rio Grande – e o Brasil – Ser Feliz de Novo!
...
**Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado, Assessor Parlamentar, Midioativista. Foi um dos fundadores do PT e da CUT. - Publicado originalmente no Jornal A Folha, (do qual é Colunista), em 05/10/2018.

As matilhas já rosnam




Infelizmente, não estava errado.

A psicóloga Silvia Bellintani narra os episódio acontecidos com dois de seus pacientes.

Não há o que eu possa dizer para sublinhar esta monstruosidade, a não ser que ela está à beira de deixar de ser ameaça e se tornar fato.

Depende de cada um de nós exorcizar os demônios que nos rondam.

Ou soltar de vez as matilhas pelas ruas. (Fernando Brito)

Não sejam cúmplices

Silvia Bellintani, no Facdebook**

Eu poderia dizer que estou sem palavras pra descrever o que testemunhei no meu consultório. Mas tive o dever de encontrá-las pra não deixar que algo assim, gravíssimo, ficasse sem registro.

Foram duas situações, ambas na tarde de quarta-feira (3/10). Dois pacientes meus: um menino e uma menina. Ele, gay, 19 anos. Ela, hetero, feminista, 17.

Começo por ele, que entra sem dizer uma palavra e logo começa a chorar. Pergunto o que aconteceu e ele me diz, assustado, que foi abordado por um cara da faculdade com as seguintes palavras:

— E aí, seu viadinho de merda, já viu as pesquisas? Vai aproveitando até o dia 28 pra andar de mãozinha dada, porque quando o mito assumir, acabou essa putaria e você vai levar porrada até virar homem.
E depois a menina, que já entra chorando e me diz:

— Sil, me ajuda… não sei o que fazer… você não vai acreditar no que aconteceu comigo hoje… Eu tava na escola e fui pegar um livro no meu armário… Tinha uma folha de papel (e aí ela me mostra uma foto no celular, porque entregou a tal folha na diretoria) com esta mensagem aqui: “achou mesmo que era só sair gritando #elenão pra parar o bolsomito, feminazi??? perdeu, escrota!! e daqui a pouco você vai ter motivo pra gritar de verdade!!!”.
Perceber o pavor desses dois adolescentes me virou do avesso e despertou uma indignação difícil de descrever; escutei os relatos com a visão nublada pela fúria que senti, seguida por um desejo quase incontrolável de proteger os dois.

O cenário das eleições sequer foi definido, mas já encoraja o sadismo e promete ser palco do terror.

Fico imaginando o que vem pela frente.

A homofobia e a misoginia presentes nas ameaças sofridas por esses dois adolescentes são apenas duas amostras dentre tantas outras atrocidades que Bolsonaro, esse criminoso nazifascista, incentiva e legitima.

E, se você vota nele, é corresponsável: não apenas por essas, mas por todas as outras ameaças que ainda estão por vir.

Não há justificativa para um voto no Bolsonaro.

A menos que você seja fascista como ele — e aí OK, seu voto é compreensível, uma vez que você já é digno de abandono como projeto humano.

Agora, se esse não é o caso e você for apenas liberal ou conservador, tome vergonha nessa sua cara e escolha outro candidato. Ainda dá tempo de preservar alguma dignidade. Há várias opções interessantes que prometem a defesa do seu patrimônio sem contrapartidas humanas.
Um garoto de 19 e uma garota de 17.

Assustados, angustiados, ameaçados em sua integridade física e emocional.

E você, louvável cidadão de bem, subitamente politizado e que quer ver o Brasil “mudar de verdade”, será cúmplice do fascismo e de suas históricas atrocidades físicas e emocionais.

Hoje foram meus pacientes.

Amanhã poderão ser seus filhos.

Ou os filhos de parentes, os filhos de amigos ou amigos de seus filhos.

E tudo lindamente avalizado por vocês, honrados cidadãos de bem, heroicos defensores da pátria.

(*) Silvia Bellintani é psicanalista, psicóloga clínica e jornalista

O antipetismo é só um dos nomes do fascismo



Por Victor Moreto*

Quando Lula foi preso em São Bernardo do Campo, no dia 7 de abril deste ano, foi rompida uma trincheira no país mesmo para aqueles que pensam que ele merecia estar enjaulado na masmorra de Moro.

Até porque muitos desses acreditavam na tal “ditadura petista” que tudo dominava, desde a decisão sobre a calçada da sua rua, passando pela nudez das atrizes da Globo, até o poder judiciário.

Nesse dia, porém, o caldo finalmente entornou.

Parte da militância de esquerda – e já ouvi de membros da alta cúpula do PT – duvidaram de que esse dia chegaria.

Talvez por acreditar que não fossem tão brutais, ou por achar que seria “burrice” uma estratégia tão explicitamente golpista.

Nesse dia, ficou claro que iriam até a última consequência para fazer com que a agenda neoliberal fosse cumprida de cabo a rabo.

A intocável reforma trabalhista, a venda do pré-sal, o congelamento de gastos públicos por 20 anos, o fim do ministério da cultura – no campo político-econômico – juntaram-se à agenda conservadora de ultra-direita do cerceamento da liberdade de imprensa, da censura a exposições e a artistas em geral, da judicialização da política por juízes antidemocratas, da vigilância ideológica nas escolas com o “escola sem partido”, dentre outras.

Nesse dia, ficou claro que nós erramos em achar que os golpistas não queriam deixar rastros.

Nós, na ingenuidade que flerta com a beleza, achávamos que, ainda sim, eles gostariam de se mostrar como democratas.

Nesse dia, a ficha caiu.

A narrativa não estava na escolha entre um candidato que queria fortalecer o estado e outro que gostaria de fazê-lo mínimo.

Estava no ódio a tudo que esta pauta progressista representa no imaginário, principalmente da classe média.

Classe média, diga-se de passagem, que ascendeu nos governos Lula e Dilma e que não se viu mais representada no projeto “de pobre” do PT: claro, o PT nunca politizou essa inclusão.

Deixou-a a cargo do consumo e esperou que, com isso, fosse haver uma simpatia automática desta classe com o partido, ou o projeto de governo.

Como em todo processo fascista que já ocorreu na história, há um inimigo comum construído pelo pensamento violento.

Na Alemanha, de 1930, foram os judeus. No Brasil, desde 2005, esse inimigo é o PT.

O PT é o compêndio, o extrato, a seiva- fundamental da “corrupção”, da “roubalheira”, dos “gayzistas”, dos “comunistas”, das “aborteiras”, da “pouca vergonha” e, por abarcar muito forte o público neopentecostal: do “demônio”.

Aqui, importante deixar uma ressalva que essa avaliação não abarca todos os setores da esquerda intelectualizada que criticam o PT por seus erros e alianças, mas é importante mostrar que também há ódio de classe nesse extrato, o que é um assunto polêmico a ser tratado num momento de menos tensão.

Mas, nesse dia, o dia que Lula foi preso – o nome maior e resumo máximo do PT – o duelo foi definido.

Era Lula contra quem o establishment quisesse.

E não seria alguém com a roupagem tecnicista, como um Alckmin ou FHC: seria alguém que encarnasse a alma de um Redentor do conservadorismo, para que a “pátria” fosse resgatada nos seus costumes.

Não à toa, Paulo Guedes está na chapa fascista.

Ele é a chancela clara para o mercado que a agenda neoliberal, já sabidamente impossível de ser implementada pelo voto, seria via um candidato bizarramente reacionário da pior ultra-direita que o país dispõe.

Não importa.

Para este candidato, então, seriam oferecidas as joias da coroa da grande mídia (com raríssimas exceções), a máquina de outros partidos e, principalmente, a blindagem jurídica de um poder judiciário alinhado ideologicamente com o fascismo.

Moro, Fux, Toffoli, Dallagnol, Alexandre, Dodge, Fachin, Gilmar, Barroso, todo o TRF-4, juízes de primeira instância, desembargadores e ministros, magistrados e procuradores, Justiça Federal e Ministério Público.

Não é uma formação de quadrilha porque – tirando as fortes suspeitas de tutela internacional de Moro – eles agem por ódio de classe: não é uma orquestração.

Claro que há muita grana envolvida na criação de células de construção de ideologia, grana forte e internacional, para MBL, VemPraRua e outros grupos de mobilização popular.

Mas, para além disso tudo – e por isso também – há uma proveniência óbvia dos magistrados e procuradores de uma classe média abastada e, tradicionalmente, conservadora e antipetista.

Também há que se considerar a contaminação de anos e anos de ataques de uma mídia que nunca, de verdade, quis o PT.

Faltou eleger o representante de Lula.

Ciro Gomes achou que não era digno desta história e saiu bradando – com toda altivez e direito – ser a terceira via, a via racional.

Veja bem, Ciro não se apresentou como candidato do diálogo.

Ao contrário, ele veio ser o cara “sem rabo preso” que viria explicar, pela razão e alguns arroubos de espevitamento, a economia e o SPC.

Foi uma comunicação confusa. Por vezes, se mostra como uma figura enérgica – às vezes até violento – e em outras encarna um lorde inglês falando desde astronomia ao spread bancário.

Talvez se Dilma tivesse completado o mandato, no desastre econômico interno junto à crise internacional, haveria mais campo para a própria militância petista se desgastar e ganhar força um outro nome no campo progressista fora do PT.

Talvez. Mas esse “talvez” incluiria a sociedade brasileira ter afeição pela democracia, o que não é verdade.

Tanto é que deram um golpe jurídico-parlamentar com uma desculpa esdrúxula, prenderam Lula numa perseguição sem precedentes e tudo isso fez inflamar a reação.

Toda uma identificação com o lado violento fez com que, novamente, as atenções e as paixões se dirigissem a Lula.

Nesse cenário, Haddad se apresentou como “candidato do Lula”.

Num primeiro momento, ele cresce pelo petismo, que também é forte, mas não apresenta muita rejeição porque a transfusão de fel entre a imagem de Lula e a de Haddad tarda um pouco.

Hoje, ao se reconhecer quem é o representante do “mal do PT”, a rejeição sobe e encosta na de Bolsonaro.

Nessa hora, estão definidos os lados: Haddad e o capitão fascista.

A aborteira x o misógino; o viado x o homofóbico; o comunista x o fascista.

Essa eleição não é técnica e, principalmente – e aí está o maior erro de Ciro Gomes na minha opinião – ela é essencialmente emocional.

Sim, falo de irracionalidade. Os pensadores de cadeiras confortáveis e os analistas acadêmicos de macroeconomia estão buscando explicar o golpe, torna-lo pedagógico.

Isso é necessário e muito bonito. Mas não ganha a eleição.

Assim como não barrou o golpe mostrar por A mais B que as pedaladas fiscais não se configuravam como crime de responsabilidade.

Pelo mesmo motivo, o grosso do campo progressista intelectualizado custou a acreditar que Bolsonaro teria chances reais de ganhar a presidência.

“Coelho de largada”, “esse não passa de dois dígitos”, “fogo de palha” disseram muitos e muitos, mesmo com a vitória de Donald Trump lá em cima há pouquíssimo tempo.

E todos nós sabemos que influência política os EUA exercem sobre o Brasil.

Porque nunca quisemos, de fato, nos enxergar como violentos e vis.

Porque nunca fez sentido com o mito da tranquilidade, do samba, da “mulata”, do futebol arte, do sorriso e da felicidade.

Somos, sim, parafraseando Ciro Gomes, proto-fascistas em larga medida. Claro que não só. Mas somos e somos muito.

Freud talvez dissesse que tudo que recalcamos por muito tempo, volta somatizado ou se expressa violentamente como um vômito.

Jung falaria da sombra, o lugar onde não há muita luz e, em algum momento, irrompe como um monstro que sai de baixo da cama nos nossos medos infantis.

Por isso, não adianta fugirmos do problema. A questão não é o antipetismo, puro e simples.

O antipetismo é o nome do fascismo no Brasil, mas ele pode sofrer diversas mutações e assumir os mais variados nomes.

O fascismo é a barbárie que se alimenta das sombras, que se multiplica como um mofo no cantinho escuro das casas, na piada homofóbica, no estupro e na agressão de mulheres por familiares dentro dos seus próprios lares.

Num mundo de sombras, não é a luz que aclara: ela afugenta a escuridão, que sobrevive em um outro canto.

Ao propor uma solução racional, o problema de não encararmos nossas sombras sobrevive e, logo ali na frente, retorna.

Foi assim com a escravidão – instituição que vive sólida nas estruturas inconscientes da população e com a ditadura militar – por sermos o único país da América Latina a não julgar nossos torturadores.

O momento exige que mergulhemos no irracional, no dado escuro e inconfessável que nós lutamos tantos anos para recalcar.

Por isso, o erro de se atribuir ao PT, em si, mais uma vez o bode expiatório.

O PT é o elefante na sala. A questão é o fascismo.

É preciso compreender o fenômeno Lula pela ótica de seus agressores para se entender o que está em jogo.

O campo democrático precisa se reunir em torno de sua candidatura, mesmo – e sobretudo – entre aqueles que querem superar o PT.

Esse partido só será superado quando a raiva que o quer destruir for aplacada.

Foi essa raiva que colocará Haddad no segundo turno e não o contrário, como erroneamente alguns setores até da esquerda consideraram.

Achar que Bolsonaro e o fascismo são “consequências” do petismo é de uma ignorância e de uma irresponsabilidade histórica com as minorias deste país.

É, mais uma vez, inverter o problema e tomar a lógica do agressor.

Ou alguém acha que na Alemanha nazista adiantaria o campo progressista “esconder” os judeus para aplacar a sanha de Hitler?

Assim é o fascismo no Brasil.
...

*Victor Moreto é historiador pela UNIRIO e mestre em Ciências Sociais pela PUC - (via Viomundo)

03 outubro 2018

Ibope faz ajuste, Haddad cresce mais que Bolsonaro e diferença cai a 9%


Tinha sido demais e, hoje, o Ibope começa a ajustar os números.
Haddad  cresceu dois pontos, indo a 23%.
Bolsonaro, talvez pela onda criada desde segunda-feira subiu um ponto.
O que leva a diferença a 9 pontos percentuais ou a 5, no limite das margens de erro para cada um.

Haddad abre dois pontos numa disputa de segundo turno (43% a 41%) sobre Bolsonaro, demolindo a ideia de uma grande união antipetista que lhe seria fatal no segundo turno.
Com a perda de um ponto, baixando para 10 pontos, é difícil Ciro continuar a arvorar-se em alternativa para enfrentar Bolsonaro, mesmo que com resultados mais folgados que haddad, por conta de uma explicação muito simples: os votos de Haddad migrariam para ele em proporção maior do que os dele migrariam para Haddad.
A pesquisa vai reacender o gás da militância lulista, o que era o maior perigo que se existia para Haddad.
Isso, claro, para quem acha que pesquisa tem resultado exato. Para quem sabe que fazem “conta de chegar” sabe que  o quadro é menos assustador do que estavam fazendo querer crer.
*Via Tijolaço

"Abrindo" o Voto!

Para o Rio Grande - e o Brasil - Ser Feliz de Novo! Domingo #Vote 13!!!



*Assim votará o Editor do Blog neste domingo, 7/10. #Compartilhe esta ideia! (Júlio Garcia)

02 outubro 2018

O “racismo” anti-PT

 Por Flavio Koutzii (*)

Tenho acompanhado sistematicamente os programas eleitorais, especialmente os dedicados à campanha presidencial. Uma característica extraordinariamente marcante no discurso dos candidatos da direita é a referência obsessiva – politicamente interessada – ao PT.

Destaco isto porque o caráter cotidiano deste comportamento vai naturalizando o inaceitável, o “racismo” anti-PT. Não é mais só a diferença com adversários políticos como nós somos, é a busca da estigmatização absoluta. Da sinonimização do PT com o mal. Da tentativa do nosso extermínio.

E isto não é vitimização, nem mimimi. O centro da política é óbvio. Mas igual me pareceu importante esta nota, porque na verdade esta brutal intensidade é uma expressão aguda do bolsonarismo da sociedade brasileira e um reducionismo e “boçalização” do pensamento.

Lembro bem que Sartre explicava em ‘O que é racismo’ que a existência ‘de um inferior’ garantia automaticamente a ideia de superior ao outro. Mas, mais violento se transforma o comportamento opressor dos anti-petistas, na medida em que essa tentativa de reduzir o valor “dos PT” é bloqueada por um enorme passado, quase 30 anos – com erros e acertos – voltados ao povo brasileiro. Por isto não basta atacarem a sigla, teriam – como tentam – de anular o passado e extinguir a memória. Mas não vão levar.

A gente se abraça no domingo.

(*) Flavio Koutzii foi deputado estadual [pelo PT] por várias legislaturas e chefe da Casa Civil do governo Olívio Dutra.

**Postado originalmente no Sul21

Esquema Globo-Ibope-Moro-Palocci fecha o cerco ao PT: começou a guerra



Por Ricardo Kotscho*

Para mim e os leitores que me acompanham neste modesto Balaio, alguns há mais de 10 anos, nada do que aconteceu nesta noite de segunda-feira foi surpresa.

Escrevi logo cedo sobre o cenário político na fase decisiva do primeiro turno, baseado em conversas no final de semana:

“Nas atuais condições de tempo e temperatura, tudo ainda pode acontecer, se Fernando Haddad continuar subindo nas pesquisas e a sua vitória se tornar inevitável pelas atuais regras do jogo.

Afinal, não foi para devolver o poder ao PT que eles fizeram a Operação Lava Jato, deram o golpe e prenderam o Lula”.

À tarde, escrevi outra coluna com este título:

“Haddad, mire-se no exemplo de Lula em 1989: a última semana é guerra”.

As duas entidades e os dois personagens citados no título acima não estão reunidos ali por acaso.

Diante do fracasso das candidaturas reformistas de “centro”, o Grupo Globo resolveu apoiar, na falta de outra opção mais confiável, o capitão reformado Jair Bolsonaro, único candidato com chances de derrotar o PT, o inimigo a ser abatido.

Com Haddad crescendo sem parar e Bolsonaro estacionado ou começando a cair, era preciso agir rápido.

No sábado, a cobertura torta e manipulada das magníficas manifestações da mulherada do #EleNão pelo Brasil inteiro, as maiores desde as Diretas Já, dando a elas o mesmo destaque das carreatas pró-Bolsonaro, foi a primeira indicação de que o jogo agora era para valer.

Variadas matérias sobre Bolsonaro, incluindo uma entrevista exclusiva no avião que o levou ao Rio, e o depoimento da ex-mulher negando todas as acusações que havia feito contra ele, publicadas pela revista Veja, ocuparam a maior parte do tempo do Jornal Nacional.

Na segunda-feira, estava prevista a divulgação de uma nova pesquisa do Ibope.

Fontes bem informadas já me asseguravam que Bolsonaro iria subir na pesquisa e poderia até ganhar no primeiro turno.

Achei que era chute, bazófia de torcedor do capitão, mas me enganei.

No final da tarde, antes do Jornal Nacional, a Globo News já deitou e rolou em cima de uma “delação premiada” do ex-ministro Antonio Palocci, feita em abril à Polícia Federal, e liberada pelo juiz Sérgio Moro só agora, a seis dias da eleição, depois de ser rejeitada pelo Ministério Público Federal por falta de provas.

As acusações de Palocci contra Lula, Dilma e o PT foram dadas como fato consumado, transitado em julgado.

Tudo seguiu o script: o JN abriu com o crescimento de 4 pontos de Bolsonaro no Ibope, chegando a 31%, e Haddad estacionado em 21%, vendo sua rejeição disparar para 38% em poucos dias, a apenas 6 pontos abaixo de Bolsonaro.

Para o segundo turno, em que Haddad levava ampla vantagem, foi apontado o empate em 42%.

Como é que o capitão conseguiu subir tanto no período em que choveram denúncias contra ele e boa parte do Brasil foi às ruas protestar contra a sua candidatura?

Os números podem ser todos verdadeiros, baseados em métodos científicos, mas é difícil de entender.

A seguir, logo depois dos comerciais, como se já estivesse tudo planejado desde cedo, entrou o bombardeio contra o PT embrulhado no pacote entregue por Moro com a delação de Palocci, que William Bonner apresentou como a bala de prata tão aguardada.

Ali nada acontece de graça, e só têm o direito de surpreender os mais jovens que não viveram a campanha presidencial de 1989, na primeira eleição direta para presidente depois do golpe de 1964.

Naquela eleição, eu era assessor de imprensa de Lula e quando vi entrar na sala em que se acertariam as regras para o segundo debate, um assessor de Fernando Collor, conversando alegremente com Alberico Souza Cruz, diretor da Globo, pensei comigo: estamos perdidos.

Por acaso, como me disseram, os dois pegaram o mesmo avião do Rio para São Paulo.

As baixarias de Collor na véspera, envolvendo a família de Lula, as denúncias acusando o PT como autor do sequestro do empresário Abílio Diniz (ainda não se falava em fake news) e a indecente edição do debate decisivo para favorecer Collor no Jornal Nacional _ tudo me voltou à lembrança nesta reta final da campanha de 2018 (ver dois posts anteriores).

É justo reconhecer: eles são profissionais e não brincam em serviço.

Mas não podiam esperar que Lula, mesmo preso numa solitária em Curitiba, há quase seis meses, transformasse Fernando Haddad no candidato favorito, em apenas duas semanas, como apontavam as pesquisas anteriores.

Era preciso virar este jogo que parecia perdido. E são tantos os interesses daqui e de fora que estão em jogo nesse momento que os eleitores nem podem imaginar.

Mesmo quebrado, humilhado e vilipendiado, o Brasil ainda é um país muito importante na geopolítica mundial.

“Fortes emoções ainda nos aguardam”, escrevi pela manhã, mas não podia imaginar que fossem tantas, e tão rápidas.

São emoções e informações demais para um velho repórter, que trabalha sozinho em casa, e só tem um celular e um computador à mão, para tentar entender e explicar o que está em jogo neste momento.

Já são 11 da noite, e amanhã tem mais.

Vida que segue.

*Jornalista. Via Balaio do Kotscho

01 outubro 2018

Nota do PT: Moro vaza mentiras para interferir nas eleições


O juiz Sergio Moro é o responsável por mais uma interferência arbitrária e ilegal no processo de eleições, ao dar publicidade às mentiras de Antonio Palocci, que não tem credibilidade nem moral para falar sobre o PT.

A delação mentirosa de Palocci foi negociada com a Polícia Federal em troca da redução de dois terços de sua pena, prevendo até perdão judicial, da devolução de R$ 37 milhões, que é menos da metade do que teria sido bloqueado em suas contas, segundo a imprensa, e da preservação de todos os imóveis da família.

O nome disso é negócio; negócio político, nada a ver com a busca da verdade nem com o devido processo legal.

A delação mentirosa é tão desprovida de provas que foi rejeitada pelo Ministério Público e sequer poderá ser usada na ação penal que Sergio Moro conduz arbitrariamente, como ele mesmo reconhece no despacho de propaganda eleitoral que divulgou hoje.

Em 15 de agosto, este mesmo juiz parcial adiou depoimentos do ex-presidente Lula que estavam marcados para agosto e setembro, pretextando evitar “exploração eleitoral” dos interrogatórios. 

Agora, na ultima semana do primeiro turno, Moro promove a exploração eleitoral, pelos meios de comunicação, de um depoimento antigo, imprestável e forjado para incriminar o PT.

Moro censurou a voz de Lula e divulga acusações falsas contra ele, sem lhe dar o direito de defesa.

A manobra de Moro, uma vergonhosa chicana, é mais uma prova do desespero daqueles que usaram o aparelho do estado, nos últimos anos, para tentar destruir Lula e o PT, e agora vêm que a verdadeira Justiça será feita pelo povo, nas eleições de outubro.

COMISSÃO EXECUTIVA NACIONAL DO PT