08 outubro 2009
Homenagem a José Paulo Bisol
*O ex-deputado, ex-senador e ex-Secretário de Justiça e Segurança do Estado do Rio Grande do Sul no governo Olívio Dutra (Frente Popular/RS), professor e desembargador aposentado José Paulo Bisol, foi (merecidamente) homenageado ontem, na AL/RS, com a medalha Mérito Farroupilha, proposta pelo deputado petista Elvino Bohn Gass.
Veja, nos vídeos acima (extraidos do You Tube), o discurso contundente, poético, eloquente e emocionado de Bisol.
Honduras, ainda

Honduras e o futuro das Américas
Em Honduras, um passado que parecia superado voltou com força total. O pesadelo retornou, como um filme de terror de péssimo gosto. As técnicas são as mesmas de sempre. O governo golpista mente e mente contando com a benevolência das direitas mais raivosas das Américas.
*Por Luís Carlos Lopes
O caso de Honduras traz a memória de tantos golpes de Estado e de governos ditatoriais, comuns na América Latina, entre as décadas de 1960 e 1980. A América Central, onde fica este pequeno país, foi afogada em sangue, miséria e ignorância, a partir de episódios similares. Nenhuma ditadura trouxe a paz e a conciliação, baseada em algum nível de justiça social. Nesta região, elas geraram incruentas guerras civis revolucionárias, respondidas a política de terror de Estado, baseadas no controle da opinião, na tortura e em execuções sumárias. A ordem e a normalidade constitucional pretensamente pretendida pelos ditadores, sempre significaram um poço sem fundo, um mundo sem solução.
O modelo costa-riquenho – o coração civil das Américas – foi desdenhado pelos verdadeiros sujeitos articuladores destes tipos de governo. O esquema é simples. As elites agro-exportadoras, os proprietários das terras e dos negócios, aliavam-se às incipientes burguesias locais e às frágeis classes médias. Iam ao poder garantindo pela força militar seus negócios e privilégios. Oprimiam a maioria, sem qualquer cerimônia, tal como no passado colonial espanhol.
As forças armadas funcionavam como instrumentos de políticas das mesmas elites, fundindo-se, tais como partidos políticos, às frentes da reação e do controle da população. Perdiam qualquer finalidade de defesa do país e se transformavam em gendarmes de controle da população. Aceitavam um papel subalterno e, dizendo-se patrióticas, defendiam de fato os patrões internos e externos. Os militares transformavam-se em grandes polícias fardadas especializadas em tentar conter qualquer tentativa de melhoria social ou de democratização, mesmo que formal.
Durante muito tempo, esta solução de força contou com o apoio norte-americano que, em algumas oportunidades, chegou a intervir militarmente na região. Os poderosos interesses econômicos e políticos-estratégicos norte-americanos, mormente depois do sucesso da revolução cubana, mas mesmo antes, fundamentaram um apoio irrestrito à opressão centro-americana.
Questões étnicas e culturais ajudaram a completar o quadro dantesco de uma região tributária das maravilhosas e antigas culturas indígenas americanas, sobretudo, da civilização maia. Ainda hoje, no caso hondurenho, vê-se que Zelaya é um mestiço de brancos com índios e Micheletti, pelo nome, figura e arrogância, é um membro das elites brancas originário de imigrações mais recentes. As imagens das ruas de Tegucigalpa mostram a real identidade étnica do país que deveria ser motivo de orgulho e não do desprezo conhecido que as elites brancas lhe devotam.
Em Honduras, um passado que parecia superado voltou com força total. O pesadelo retornou, como um filme de terror de péssimo gosto. As técnicas são as mesmas de sempre. O governo golpista mente e mente contando com a benevolência das direitas mais raivosas das Américas. No Brasil, elas estão em polvorosa. Viúvas e saudosos da ditadura deixaram cair a máscara, declarando que desejariam que o país não tivesse adotado a postura da defesa de Zelaya.
A política de Estado de Honduras é a dos militares, a da repressão e a da tentativa de controlar as massas que não foram reduzidas à nova ordem. Censura, prisões, mortes etc compõem o esforço destes fascistas de almanaque de impedir o retorno ao poder do presidente eleito.
A estratégia dos usurpadores do poder, agora chamados por parte das grandes mídias brasileiras de ‘governo interino’ é de tentar fazer eleições fraudulentas e controladas pela força das armas. Estas serviriam para legitimar o novo governo frente aos olhos internos e, sobretudo, buscando a aprovação norte-americana e européia. Eles querem criar a ilusão de democracias burguesas de araque, tal como existem, em outros países latino-americanos.
O problema é que a volta de Zelaya, contando com o apoio explícito do governo brasileiro, atrapalhou o planejado. Agora, ninguém sabe o que virá ocorrer. O controle estritamente militar das massas é tarefa difícil. Zelaya vem demonstrando coragem e, ao contrário do velho script latino-americano, não aceitou asilar-se e cuidar de sua própria vida.
Não é difícil recordar, guardando-se as proporções, da figura de Allende, resistindo até a última bala no Palácio La Moneda. De dentro da embaixada brasileira, protagonizando um episódio político e diplomático inédito, o presidente hondurenho continua a resistir e a propor ao seu povo a clássica desobediência civil. Pela primeira vez, o governo brasileiro honra com imensa dignidade seus compromissos com a normalidade democrática do conjunto das Américas.
Os Estados Unidos, ao contrário do passado, não se alinharam automaticamente. Obama não apóia e nem pensa em se meter diretamente na questão, em virtude dos problemas internos gerados pela crise econômica que o país vem enfrentando e por priorizar outros interesses geopolíticos, tal como a questão iraniana. Pela primeira vez, na história latino-americana, ao invés de apoiar um golpe de Estado, o governo brasileiro o condenou clara e abertamente na assembléia geral das Nações Unidas. Portanto, ainda não é possível saber o desfecho desta história. Todavia, desta vez o golpe e os golpistas, mesmo se vitoriosos, pagarão pelos seus atos, destoando do passado, onde facilmente se legitimavam.
*Luís Carlos Lopes é professor e autor do livro "Tv, poder e substância: a espiral da intriga", dentre outros.
**Fonte: Agência Carta Maior
07 outubro 2009
06 outubro 2009
CPI da Corrupção

Ex-presidentes do DETRAN depõem na CPI
“Bira Vermelho” seria o verdadeiro dono da empresa Atento
Porto Alegre/RS - O ex-presidente do Detran Carlos Ubiratan dos Santos (PP), o “Bira Vermelho”, seria o verdadeiro dono da Atento, empresa que cobrava uma questionável dívida de R$ 16 milhões do Estado. A revelação foi feita pelo também ex-presidente da autarquia Sérgio Buchmann, que depôs na noite de hoje (5) na CPI da Corrupção. Segundo ele, a informação partiu do secretário adjunto da Administração, Genilton Macedo Ribeiro, que teria afirmado que “a Atento é do Bira Vermelho e quem está por trás dele (Bira) é José Otávio Germano”. Ambos são apontados como integrantes da quadrilha que desviou mais de R$ 44 milhões do Detran.
A delegada Estella Máris Simon, que depôs durante a tarde, admitiu que também “ouviu falar” que Santos seria o proprietário da empresa prestadora de serviços de guincho e de depósito de veículos.
Buchmann disse, ainda que recebeu ordem do ex-secretário da Transparência Carlos Otaviano Brenner de Moraes para renegociar a dívida cobrada pela Atento. Mas, segundo o ex-presidente do Detran, isso não seria mais possível, pois “a relação jurídica entre o Estado e a empresa já estava extinta”. Ele admitiu, ainda, que recebeu um prazo da governadora para resolver o problema do débito. “Sempre defendi que não fosse efetuado nenhum pagamento não previsto pela legislação própria dos Detrans. Seria uma leviandade”, frisou.
Partilha da propina
O depoente reafirmou aos deputados o teor do depoimento que prestou à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal em agosto. Ele relatou uma conversa que manteve com o secretário adjunto e diretor geral da Administração e dos Recursos Humanos, Genilton Macedo Ribeiro. Segundo o ex-presidente do Detran, Ribeiro ordenou que ele (Buchmann) “calasse a boca” e não falasse mais com a imprensa sobre problemas do Departamento de Trânsito. O secretário teria afirmado, ainda, que a governadora Yeda Crusius estava sendo chantageada pelo ex-marido Carlos Crusius, por Flávio Vaz Netto, também ex-presidente do Detran, e pelo empresário Lair Ferst.
Conforme Buchmann, o secretário adjunto teria, ainda, fornecido detalhes sobre a divisão dos dividendos da fraude no Detran. Ribeiro teria dito que 24% do movimento financeiro gerado pela terceirização dos serviços da autarquia, via fundações, seria dividido entre Ferst, que receberia 12%, e os demais participantes do esquema, que ficariam com percentual idêntico. Após a troca das fundações no começo do governo Yeda, Carlos Crusius teria alterado a partilha, ficando junto com a governadora com 11%, e reservando apenas 1% para Ferst.
A presidenta da CPI, Stela Farias (PT), disse que o conteúdo do depoimento de Buchmann aparece em outras conversas interceptadas pela Polícia Federal. Citou ligações telefônicas em que pessoas ligadas à fraude do Detran comentam a divisão da propina, como o empresário Lair Ferst, o ex-presidente do Detran Flávio Vaz Neto e o ex-representante do Rio Grande do Sul em Brasília Marcelo Cavalcante, morto no início do ano em circunstâncias não explicadas.
Na avaliação da presidenta da comissão de inquérito, as duas oitivas realizadas hoje revelam que tanto Estella Máris Simon quanto Buchmann foram forçados a sair da direção do Detran porque não quiseram pagar a Atento. Buchmann revelou, inclusive, que, no dia de sua posse na autarquia, Estella alertou que “ele (Buchmann) teria vindo para pagar o débito alegado pela empresa”.
Cilada
O depoente narrou aos deputados a visita feita pelo chefe de gabinete da governadora Yeda Crusius, Ricardo Lied, um dia depois que ele (Buchmann) publicou uma portaria descredenciando a Atento. O pretexto da visita seria para avisar o ex-presidente do Detran que seu filho seria preso por tráfico de drogas. Lied sugeriu que Buchmann ligasse ao seu filho pedindo que ele franqueasse a entrada dos policiais em sua residência.
O depoente classificou o episódio de cilada e atribuiu o fato, entre outras coisas, à iniciativa da direção do Detran de instituir um pátio público na Secretaria de Segurança para abrigar veículos apreendidos. Segundo Buchmann, depois da área ter sido terraplanada, o secretário de Segurança, Edson de Oliveira Goularte, indeferiu o uso do pátio. A ordem não foi cumprida pelo ex-presidente do Detran. “Uma série de fatos inexplicáveis antecederam a visita. A questão do pátio foi uma delas.”
Desqualificação
Sobre as tentativas da base governista de desqualificar a testemunha, o deputado Daniel Bordignon (PT) argumentou que Buchmann tem 34 anos de serviços prestados ao Estado, não respondeu a nenhum processo administrativo e ocupou funções importantes em, praticamente, todos os governos. “Seria razoável tentar desqualificar o depoente se ele tivesse obtido algum tipo de vantagem com as revelações que fez. Mas o que aconteceu foi justamente o contrário”, frisou o parlamentar. .
Questionado pelo petista, o depoente afirmou que não se sente ameaçado, “mas que não quer que se repita com ele e com familiares o que aconteceu com seu filho. Me preocupo, mas procuro não pensar senão vou deixar de viver”, revelou. (Por Olga Arnt, do sítio PTSul)
*Edição e grifos deste blog
04 outubro 2009
03 outubro 2009
Torquato Neto: 3 Poemas

O Poeta é a mãe das Armas
O Poeta é a mãe das armas
& das Artes em geral -
alô poetas: poesia
no país do carnaval;
alô, malucos: poesia
não tem nada a ver com os versos
dessa estação muito fria.
O Poeta é a mãe das Artes
& das armas em geral:
quem não inventa as maneiras
do corte no carnaval
(alô malucos), é traidor
da poesia: não vale nada, lodal.
A poesia é o pai das ar-
timanhas de sempre: quent
ura no forno quente
do lado de cá, no lar
das coisas malditíssimas;
alô poetas: poesia!
poesia poesia poesia poesia!
o poeta não se cuida ao ponto
de não se cuidar: quem for cortar meu cabelo
já sabe: não está cortando nada
além de minha bandeira\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\=
sem aura nem baúra, sem nada mais para contar
isso: ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. a
r : em primeiríssimo , o lugar.
poetemos pois
***
Ai de mim, copacabana
um dia depois do outro
numa casa abandonada
numa avenida
pelas três da madrugada
num barco sem vela aberta
nesse mar
nem mar sem rumo certo
longe de ti
ou bem perto
é indiferente, meu bem
um dia depois do outro
ao teu lado ou sem ninguém
no mês que vem
neste país que me engana
ai de mim, copacabana
ai de mim: quero
voar no concorde
tomar o vento de assalto
numa viagem num salto
(você olha nos meus olhos
e não vê nada -
é assim mesmo
que eu quero ser olhado).
um dia depois do outro
talves no ano passado
é indiferente
minha vida tua vida
meu sonho desesperado
nossos filhos nosso fusca
nossa butique na augusta
o ford galaxie, o medo
de não ter um ford galaxie
o táxi, o bonde a rua
meu amor, é indiferente
minha mãe, teu pai a lua
nesse país que me engana
ai de mim, copacabana
ai de mim, copacabana
ai de mim, copacabana
ai de mim
***
GO BACK
Você me chama
Eu quero ir pro cinema
você reclama
meu coração não contenta
você me ama
mas de repente a madrugada mudou
e certamente
aquele trem já passou
e se passou
passou daqui pra melhor,
foi!
Só quero saber
do que pode dar certo
não tenho tempo a perder
você me pede
quer ir pro cinema
agora é tarde
se nenhuma espécie
de pedido
eu escutar agora
agora é tarde
tempo perdido
mas se você não mora, não morou
é porque não tem ouvido
que agora é tarde
- eu tenho dito -
o nosso amor michou
(que pena) o nosso amor, amor
e eu não estou a fim de ver cinema
(que pena)
Torquato Neto (1971)
Rio, 2016

O Rio deve essa a Lula
*Por Leandro Fortes
Lula poderia ter agido, como muitos de seus pares na política agiriam, com rancor e desprezo pelo Rio de Janeiro, seus políticos, sua mídia, todos alegremente colocados como caixa de ressonância dos piores e mais mesquinhos interesses oriundos de um claro ódio de classe, embora mal disfarçados de oposição política. Lula poderia ter destilado fel e ter feito corpo mole contra o Rio de Janeiro, em reação, demasiada humana, à vaia que recebeu – estranha vaia, puxada por uma tropa de canalhas, reverberada em efeito manada – na abertura dos jogos panamericanos, em 2007, talvez o maior e mais bem definido ato de incivilidade de uma cidade perdida em décadas de decadência. Vaiou-se Lula, aplaudiu-se César Maia, o que basta como termo de entendimento sobre os rumos da política que se faz e se admira na antiga capital da República. Fosse um homem público qualquer, Lula faria o que mais desejavam seus adversários: deixaria o Rio à própria sorte, esmagado por uma classe política claudicante e tristemente medíocre, presa a um passado de cidade maravilhosa que só existe, nos dias de hoje, nas novelas da TV Globo ambientadas nas oníricas ruas do Leblon.
Lula poderia ter agido burocraticamente a favor do Rio, cumprido um papel formal de chefe de Estado, falado a favor da candidatura do Rio apenas porque não lhe caberia falar mal. Deixado a cidade ao gosto de seus notórios representantes da Zona Sul, esses seres apavorados que avançam sinais vermelhos para fugir da rotina de assaltos e sobressaltos sociais para, na segurança das grades de prédios e condomínios, maldizer a existência do Bolsa Família e do MST, antros simbólicos de pretos e pobres culpados, em primeira e última análise, do estado de coisas que tanto os aflige. Lula poderia ter feito do rancor um ato político, e não seria novidade, para dar uma lição a uma cidade que o expôs e ao país a um vexame internacional pensado e executado com extrema crueldade por seus piores e mais despreparados opositores.
Mas Lula não fez nada disso.
No discurso anterior à escolha do Comitê Olímpico Internacional, já visivelmente emocionado, Lula fez o que se esperava de um estadista: fez do Rio o Brasil todo, o porto belo e seguro de todos os brasileiros, a alma da nacionalidade. Foi um ato de generosidade política inesquecível e uma lição de patriotismo real com o qual, finalmente, podemos nos perfilar sem a mácula do adesismo partidário ou do fervor imbecil das patriotadas. Lula, esse mesmo Lula que setores da imprensa brasileira insistem em classificar de títere do poder chavista em Honduras, outra vez passou por cima da guerrilha editorial e da inveja pura e simples de seus adversários. Falou, como em seus melhores momentos, direto aos corações, sem concessões de linguagem e estilo, franco e direto, como líder não só da nação, mas do continente, que hoje o saúda e, certamente, o aplaude de pé.
Em 2016, o cidadão Luiz Inácio da Silva terá 71 anos. Que os cariocas desse futuro tão próximo consigam ser generosos o bastante para também aplaudi-lo na abertura das Olimpíadas do Rio, da qual, só posso imaginar, ele será convidado especial.
*Leandro Fortes é jornalista, editor do Blog Brasília, eu vi http://brasiliaeuvi.wordpress.com/
02 outubro 2009
É o Rio de Janeiro!

LULA PROVOU QUE É 'PÉ QUENTE'!
Copenhage/Dinamarca - A cidade do Rio de Janeiro foi escolhida nesta sexta-feira pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) como a sede dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. A candidatura carioca derrotou a de Madri por 66 a 32 na rodada final de votação. As outras duas postulantes, Chicago (EUA) e Tóquio (JAP) foram eliminadas anteriormente. Esta será a primeira edição de Jogos Olímpicos a serem realizados na América do Sul.
O presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva, que participou da cerimônia em Copenhague, na Dinamarca, mostrou toda a sua satisfação após a escolha da cidade carioca como a sede da Olimpíada de 2016:
- Se eu morresse agora, morreria feliz.
Lula fez um apaixonado discurso, o ponto alto da apresentação do Rio de Janeiro aos membros do Comitê Olímpico Internacional (COI) nesta sexta-feira, precedendo a escolha final.
"O COI já mostrou ser capaz de enfrentar e vencer desafios, mantendo acesa a chama de modernizar os Jogos. O desafio agora é expandir as Olimpíadas para novos continentes. É hora de acender a pira olímpica em um país tropical, na mais linda e maravilhosa cidade, o Rio de Janeiro", disse Lula.
O presidente usou a miscigenação e a alegria dos brasileiros para convencer os membros do COI a votarem na cidade. "Olhando os aros do símbolo olímpico vejo nele o meu país, com gente de todos os continentes. Todos orgulhosos de suas origens e orgulhosos de serem brasileiros. Um povo misturado, que gosta de ser misturado", disse Lula.
*Com o sítio Bol Notícias
01 outubro 2009
Suspeição rejeitada

Juíza Federal Simone Barbisan rejeita exceção de suspeição
Porto Alegre/RS - Conforme já era previsto, a juíza da 3ª Vara Federal de Santa Maria, Simone Barbisan Fortes (foto) rejeitou as alegações formuladas na exceção de suspeição proposta pelo deputado José Otávio Germano (PP). Com essa decisão, a Magistrada continua responsável pela condução da Ação Civil Pública n. 2009.71.02.002693-2. Assim, a suspensão deverá ser mantida até o julgamento a ser realizado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região.
Segundo a juiza Simone Barbisan, os argumentos invocados pela defesa foram afastados porque:
1. a negativa de acesso do deputado ao processo da investigação penal (“Operação Rodin”) não teria significado cerceamento à sua defesa, pois deu-se num momento em que José Otávio Germano não havia sido identificado como interlocutor em interceptações telefônicas, pela autoridade policial ou MPF, nem apontado como indiciado, e que pesava sigilo sobre o procedimento (que foi levantado após o recebimento da denúncia);
2. a maneira de organização da fundamentação (interpretação de diálogos de interceptações telefônicas e estruturação dos argumentos) não importaria em pré-julgamento, mas sim em motivação da decisão, exigência constitucional necessária até mesmo para permitir rediscussão em grau de recurso, por sua gravidade (bloqueio de bens);
3. o modo como foi construída a decisão identifica o estilo de redação da magistrada, não podendo ser tomado como indicador de perda de sua imparcialidade;
4. a decisão seria análise prévia, com base nos elementos disponíveis, ainda não submetidos ao contraditório, portanto passível de revisão.
A juíza ainda afirmou que a “alegada desconfiança do excipiente em relação à Magistrada”, seria “evidentemente natural, na medida em que diretamente afetado, em sua esfera de direitos, por medidas judicialmente ordenadas em sede liminar. Não obstante, é certo que não resulta, do deferimento parcial de tais medidas, que tem cunho liminar e, portanto, precário, bem como de seus desdobramentos, nenhum juízo de pré-julgamento ou opção valorativa que possa macular a imparcialidade deste Juízo, afetando sua isenção de ânimo na condução da ação em comento.”
*Com o sítio da Justiça Federal e o Portal PTSul
UniRitter (II)

Arquitetura: inscrições para curso de Extensão Lucio Costa e as Missões terminam nesta sexta
Aula preparatória ocorre no dia 9 de outubro. Viagem a São Miguel, São Lourenço, São Luiz Gonzaga, São Nicolau, São João e Santo Ângelo ocorre de 10 a 12 de outubro.
Estão abertas até a sexta-feira, dia 2 de outubro, as inscrições para o Curso de Extensão Lúcio Costa e as Missões, promovido pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do UniRitter. A aula preparatória ocorre no dia 9 de outubro e a viagem, de 10 a 12 de outubro.
Depois de 72 anos da vinda de Lucio Costa ao Rio Grande do Sul a serviço do IPHAN, com o propósito de inspecionar as ruínas das Missões e recomendar medidas para a sua preservação, a proposta da viagem é seguir seus passos e registros, que culminaram com a realização do Museu das Missões.
Os professores Anna Paula Canez e Marcos Almeida (organizadores), do UniRitter, e os professores externos José Pessoa, Maria Elisa Costa e Abílio Guerra serão os ministrantes. Alunos UniRitter, Ex-alunos UniRitter, professores UniRitter, estudantes de Arquitetura e arquitetos e demais interessados podem participar.
Carga Horária: 30 horas/aula
Local: São Miguel, São Lourenço, São Luiz Gonzaga, São Nicolau, São João, Santo. Ângelo
Data e Horário: 9 de outubro (palestra preparatória) e 10, 11 e 12 de outubro (viagem)
Investimento: Alunos UniRitter: 40,00 (mais despesas de viagem) Ex-alunos UniRitter: 60,00 (mais despesas de viagem) Demais interessados: 70,00 (mais despesas de viagem). Despesas de viagem por pessoa com transporte, hospedagem no Hotel Wilson Park em São Miguel com café e duas refeições incluídas: R$505 (single), R$ 445 (duplo), R$ 429 (triplo) - parcelado em 3x.
Inscrições e mais informações na Secretaria Acadêmica do campus Porto Alegre do UniRitter (Rua Orfanotrófio, 555 - Alto Teresópolis - Fone (51) 3230-3333). (Por Andréa Lopes, do sítio do UniRitter).
UniRitter (I)

UniRitter é destaque no Guia do Estudante Abril 2009
O Centro Universitário Ritter dos Reis - UniRitter obteve destaque na edição 2009 do Guia do Estudante Abril - Melhores Universidades, que em breve estará nas bancas de todo o país. Referência na área da Educação, o Guia do Estudante concedeu cinco estrelas ao Curso de Direito/Canoas, quatro estrelas ao Curso de Pedagogia e três estrelas aos cursos de Design Gráfico e de Produto e de Informática.
O Guia do Estudante Abril, publicação anual da Editora Abril, serve de referência para os estudantes na hora da escolha de uma instituição de ensino superior. (Por Andréa Lopes, do sítio do UniRitter)
30 setembro 2009
Impeachment de Yeda

RS: Oposição mantém decisão de ouvir Fórum dos Servidores Públicos e MPF
Porto Alegre/RS - O deputado Raul Pont (PT) anunciou na tarde desta quarta-feira (30) que os 12 parlamentares de oposição que integram a comissão especial do impeachment não aceitam ficar fora do processo e vão convocar audiências públicas para ouvir, pelo menos, representantes do Fórum dos Servidores Públicos – signatário do pedido de impeachment de Yeda Crusius que tramita na Assembleia – e os procuradores federais que ajuizaram a denúncia de improbidade administrativa contra a governadora gaúcha. “O que aconteceu ontem (29), durante a instalação da comissão de admissibilidade, já significou uma afronta a regras básicas da democracia, como o direito da minoria estar representada, a exemplo do que já acontece nesta Casa na composição da Mesa e das comissões temáticas. Além disso, o presidente, Pedro Westphalen (PP), informou pela imprensa que não pretende fazer nenhuma reunião da comissão. Não vamos compactuar com esta farsa”, revelou Pont.
O deputado, que foi indicado pelo bloco oposicionista para presidir a comissão especial, fez um chamado à bancada do PMDB. “Assim como muitos integrantes do chamado MDB histórico, fui constituinte, quando conseguimos assegurar que o princípio da proporcionalidade constasse na Carta. O fato da base do governo usar da sua maioria para garantir os cargos de presidente e relator da comissão do impeachment contraria as constituições estadual e federal e rompe com as normas adotadas pela Assembleia depois da nova Constituição. Antes de 1989, o usual era a maioria controlar todos os postos. Depois, avançamos em direção à pluralidade e ao respeito ao contraditório. Agora, estamos diante de um retrocesso que tem o aval dos peemedebistas”, avaliou o petista.
Para Pont, a lógica que dominou a escolha de Pedro Westphalen e Zila Breitenbach (PSDB) deixa a comissão sem legitimidade. “Não basta apenas legalidade, é preciso legitimidade e a comissão perdeu esta condição. Não dá para o líder do governo na Assembleia e a presidente estadual do PSDB (Westphalen e Zila, respectivamente) conduzirem sozinhos a análise de um pedido de impeachment contra Yeda Crusius; eles não têm a isenção necessária por motivos óbvios e deveriam ser os primeiros a não aceitarem a função”, observou o deputado. (Por Luciane Fagundes, do sítio PTSul)
29 setembro 2009
Injustiça Social

Liberdade e justiça social
*Por Frei Betto
Na década de 1980 visitei, com freqüência, países socialistas: União Soviética, China, Alemanha Oriental, Polônia, Tchecoslováquia e Cuba. Estive também na Nicarágua sandinista. As viagens decorreram de convites dos governos daqueles países, interessados no diálogo entre Estado e Igreja.
Do que observei, concluí que socialismo e capitalismo não lograram vencer a dicotomia entre justiça e liberdade. Ao socializar o acesso aos bens materiais básicos e aos direitos elementares (alimentação, saúde, educação, trabalho, moradia e lazer), o socialismo implantara, contudo, um sistema mais justo à maioria da população que o capitalismo.
Ainda que incapaz de evitar a desigualdade social e, portanto, estruturas injustas, o capitalismo instaurou, aparentemente, uma liberdade – de expressão, reunião, locomoção, crença etc. – que não se via em todos os países socialistas governados por um partido único (o comunista), cujos filiados estavam sujeitos ao "centralismo democrático".
Residiria o ideal num sistema capaz de reunir a justiça social, predominante no socialismo, com a liberdade individual vigente no capitalismo? Essa questão me foi colocada por amigos durante anos. Opinei que a dicotomia é inerente ao capitalismo. A prática de liberdade que nele predomina não condiz com os princípios de justiça. Basta lembrar que seus pressupostos paradigmáticos – competitividade, apropriação privada da riqueza e soberania do mercado – são antagônicos aos princípios socialistas (e evangélicos) de solidariedade, partilha, defesa dos direitos dos pobres e da soberania da vida sobre os bens materiais.
No capitalismo, a apropriação individual e ilimitada da riqueza é direito protegido por lei. E a aritmética e o bom-senso ensinam que quando um se apropria muitos são desapropriados. A opulência de uns poucos decorre da carência de muitos.
A história da riqueza no capitalismo é uma seqüência de guerras, opressão colonialista, saques, roubos, invasões, anexações, especulações etc. Basta verificar o que sucedeu na América Latina, na África e na Ásia entre os séculos XVI e a primeira metade do século XX.
Hoje, a riqueza da maioria das nações desenvolvidas decorre da pobreza dos países ditos emergentes. Ainda agora os parâmetros que regem a OMC são claramente favoráveis às nações metropolitanas e desfavoráveis aos países exportadores de matérias-primas e mão-de-obra barata.
Um país capitalista que agisse segundo os princípios da justiça cometeria um suicídio sistêmico; deixaria de ser capitalista. Nos anos 80, ao integrar a Comissão Sueca de Direitos Humanos, fui questionado, em Uppsala, por que o Brasil, com tanta fartura, não conseguia erradicar a miséria, como fizera a pequena Suécia. Perguntei-lhes: "Quantas empresas brasileiras estão instaladas na Suécia?". Fez-se prolongado silêncio.
Naquela época, nenhuma empresa brasileira operava na Suécia. Em seguida, indaguei: "Quantas empresas suecas estão presentes no Brasil?". Todos sabiam que havia marcas suecas em quase toda a América Latina, como Volvo, Scania, Ericsson e a SKF, mas não precisamente quantas no Brasil. "Vinte e seis", esclareci. (Hoje são 180). Como falar em justiça quando um dos pratos da balança comercial é obviamente favorável ao país exportador em detrimento do importador?
Sim, a injustiça social é inerente ao capitalismo, poderia alguém admitir. E logo objetar: mas não é verdade que, no capitalismo, o que falta em justiça sobra em liberdade? Nos países capitalistas não predominam o pluripartidarismo, a democracia, o sufrágio universal, e cidadãos e cidadãs não manifestam com liberdade suas críticas, crenças e opiniões? Não podem viajar livremente e até mesmo escolher viver em outro país, sem precisar imitar os "balseros" cubanos?
De fato, nos países capitalistas a liberdade existe apenas para uma minoria, a casta dos que têm riqueza e poder. Para os demais, vigora o regime de liberdade consentida e virtual. Como falar de liberdade de expressão da faxineira, do pequeno agricultor, do operário? É uma liberdade virtual, pois não dispõem de meios para exercitá-la. E se criticam o governo, isso soa como um pingo de água submergido pela onda avassaladora dos meios de comunicação – TV, rádio, internet, jornais, revistas – em mãos da elite, que trata de infundir na opinião pública sua visão de mundo e seu critério de valores. Inclusive a idéia de que miseráveis e pobres são livres...
Por que os votos dessa gente jamais produzem mudanças estruturais? No capitalismo, devido à abundância de ofertas no mercado e à indução publicitária ao consumo supérfluo, qualquer pessoa que disponha de um mínimo de renda é livre para escolher, nas gôndolas dos supermercados, entre diferentes marcas de sabonetes ou cervejas.
Tente-se, porém, escolher um governo voltado aos direitos dos mais pobres! Tente-se alterar o sacrossanto "direito" de propriedade (baseado na sonegação desse direito à maioria). E por que Europa e EUA fecham suas fronteiras aos imigrantes dos países pobres? Onde a liberdade de locomoção?
Sem os pressupostos da justiça social, não se pode assegurar liberdade para todos.
*Frei Betto (foto) é escritor, autor de "Diário de Fernando – nos cárceres da ditadura militar brasileira" (Rocco), entre outros livros.
**Fonte: Correio da Cidadania
26 setembro 2009
Poema

SAUDAÇÃO
A cada animal que abate ou come sua própria
espécie
E cada caçador com rifles montados em
camionetas
E cada miliciano ou atirador particular
com mira telescópica
E cada capataz sulista de botas com seus cães
& espingardas de cano serrado
E cada policial guardião da paz com seus cães
treinados para rastrear & matar
E cada tira à paisana ou agente secreto
com seu coldre oculto cheio de morte
E cada funcionário público que dispara contra o
público ou que alveja-para-matar
criminosos em fuga
E cada Guardia Civil em qualquer pais que
guarda os civis com algemas & carabinas
E cada guarda-fronteiras em tanto faz qual
posto da barreira em tanto faz qual lado de
qual Muro de Berlim cortina de Bambu ou
de Tortilha
E cada soldado de elite patrulheiro rodoviário
em calças de equitação sob medida &
capacete protetor de plástico &
revólver em coldre ornado de prata
E cada radiopatrulha com armas antimotim &
sirenes e cada tanque antimotim com
cassetetes & gás lacrimogênio
E cada piloto de avião com foguetes & napalm
sob as asas
E cada capelão que abençoa bombardeiros que
decolam
E qualquer Departamento de Estado de qualquer
superestado que vende armas aos dois lados
E cada Nacionalista em tanto faz que Nação em
tanto faz qual mundo Preto Pardo ou Branco
que mata por sua Nação
E cada profeta com arma de fogo ou branca e
quem quer que reforce as luzes do espírito
à força ou reforce o poder de qualquer
estado com mais Poder
E a qualquer um e a todos que matam & matam & matam
& matam pela Paz
Eu ergo meu dedo médio na única saudação
apropriada
Lawrence Ferlinghetti
*Nota: Este poema foi escrito por Ferlinghetti - uma das principais referências da poesia 'beat'- na Prisão de Santa Rita (Califórnia, EUA), em 1968. Nos anos 60, essa prisão era um dos lugares para onde eram levadas as pessoas presas em demonstrações de protesto. Lá, em 1967, ficaram presas a cantora Joan Baez e sua mãe, Joan Bridge Baez, junto com outras 70 mulheres que ajudaram jovens convocados para o Vietnã a escapar do exército americano.
Tradução: Nelson Ascher
25 setembro 2009
24 setembro 2009
Golpe em Honduras (II)

Honduras: o começo do fim?
*Por Atilio A. Boron
Zelaya já está em Tegucigalpa e seu ingresso em Honduras, burlando as ‘medidas de segurança’ tomadas ao longo da fronteira, deveria marcar o começo do fim do regime golpista. São várias as razões que fundamentam esta esperança, que, sucintamente, são expostas a seguir.
Primeiro, porque os ‘gorilas’ hondurenhos, bem como seus instigadores e protetores nos Estados Unidos (principalmente no Comando Sul e no Departamento de Estado), subestimaram a massividade, intensidade e perseverança da resistência popular que, dia após dia, sem trégua, manifestou sua oposição ao golpe de Estado. Na verdade, ninguém esperava tamanha resistência, se nos ativermos à história recente de Honduras. Mas o novo rumo tomado por Zelaya – sua resposta positiva diante das significativas manifestações populares e a reorientação de sua inserção internacional nos marcos da ALBA – teve um efeito pedagógico impressionante, e desencadearam uma reação popular inesperada.
Segundo: o regime golpista demonstrou ser incapaz de romper um isolamento duplo. Internamente, evidenciando que sua base social de sustentação se reduz à oligarquia e alguns grupos subordinados à sua hegemonia, incluindo os meios de comunicação, dominados sem contestação pelo poder do capital.
Ademais, o passar do tempo, ao invés de debilitar a resistência popular, reduziu ainda mais o apoio ao regime. No âmbito internacional, o isolamento de Micheletti e seu bando é quase absoluto. Salvo pouquíssimas exceções, toda a América Latina e o Caribe retiraram seus embaixadores, e o mesmo fizeram diversos países europeus.
A mesma OEA adotou uma linha dura contra o regime e, aos poucos, os Estados Unidos passaram a ser o único apoio externo com que contava o regime. Este, no entanto, seguiu uma trajetória de maneira cada vez mais nítida: começou com a negação de vistos ao corpo diplomático, chegando a medidas cada vez mais severas contra Micheletti e seus colaboradores.
Terceiro, porque as políticas ambíguas do governo dos Estados Unidos – produto das disputas internas à administração – que facilitaram a perpetração do golpe de Estado foram lentamente definindo-se em uma direção contrária aos interesses dos usurpadores.
Se o repúdio ao golpe, inicialmente manifestado por Obama, foi em seguida atenuado por sua antiga (e atual?) rival, a Secretária de Estado Hillary Clinton, o caráter inegavelmente retrógrado de Micheletti e dos que estão à sua volta e a sucessão interminável de insultos dirigidos a Obama toda vez que a Casa Branca expressava alguma crítica a Tegucigalpa, além de sua notória incapacidade de construir uma base social, foram lentamente inclinando o fiel da balança na direção contrária à das posturas patrocinadas pela Secretaria de Estado, criando uma atmosfera cada vez mais contrária em relação aos golpistas.
Quarto e último: o regime instaurado em 28 de junho é uma séria dor de cabeça para Obama. Primeiro porque contradiz de maneira enfática suas promessas de fundar uma nova relação entre os Estados Unidos e os demais países do hemisfério. O apoio inicial ao golpe, demonstrado na resistência obstinada de Washington em caracterizá-lo como "golpe de Estado", a moderação da resposta diplomática e a indiferença frente às gravíssimas acusações de violação dos direitos humanos cometidas por Tegucigalpa produziram sérios danos à imagem que Obama queria estabelecer na América Latina e no Caribe.
A continuidade do regime golpista faria Obama parecer um político irresponsável e demagogo e, pior ainda, como incapaz de controlar o que fazem e dizem seus subordinados no Pentágono, no Comando Sul e o Departamento de Estado. E isto tem a ver com outro assunto, extremamente importante e que supera os marcos da política hemisférica: sua credibilidade no âmbito internacional. Ao demonstrar sua impotência em controlar o que se passa em seu "próprio quintal", governos de outros países – em especial China, Rússia e Índia – têm razões para suspeitar que também não será capaz de controlar os setores mais belicistas e reacionários dos Estados Unidos, para quem suas promessas de estimular o multilateralismo equivalem a uma capitulação incondicional frente a seus odiados inimigos.
Isso é particularmente grave no momento que Obama negocia com a Rússia um novo acordo de redução do arsenal nuclear dos dois países, algo tão ou mais necessário para Washington que para Moscou, por conta da hemorragia econômica produzida pelas guerras no Iraque e no Afeganistão e do incontrolável déficit fiscal norte-americano. O fracasso deste acordo teria um custo enorme sobre o orçamento público, em um momento em que esse dinheiro é necessário para afugentar os riscos de um aprofundamento da crise econômica iniciada em 2008.
Mas para convencer os russos de que seus planos de redução armamentista são viáveis, Obama tem primeiro de demonstrar que tem controle da situação e que seus falcões dentro do Pentágono não o deixarão de mãos atadas. Cada dia que Micheletti permanece no poder equivale a um mês de conversas difíceis com Medvedev e Putin, convencendo-os de que suas promessas resultarão em feitos. Pois, se não consegue controlar seu próprio pessoal em Honduras, será Obama capaz de fazê-lo quando se tratar de uma questão estratégica, vital para a segurança nacional dos Estados Unidos?
*Atilio A. Boron é diretor do PLED, Programa Latinoamericano de Educación a Distancia em Ciências Sociais, Buenos Aires, Argentina. (Traduzido por Rodrigo Mendes, jornalista do Correio da Cidadania, fonte deste artigo).
23 setembro 2009
Lula discursa na ONU

Comunidade internacional exige volta de Zelaya ao poder, diz o Presidente Lula na ONU
Nova York - BBC Brasil - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu a Assembleia Geral das Nações Unidas nesta quarta-feira, em Nova York, fazendo um apelo para que o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, seja reconduzido à Presidência do país centro-americano.
Durante o discurso de abertura da Assembleia – tradicionalmente feito pelo presidente do Brasil –, Lula reiterou ainda que a comunidade internacional deve estar atenta à “inviolabilidade” da embaixada brasileira na capital hondurenha, Tegucigalpa, onde Zelaya está abrigado desde a última segunda-feira.
“A comunidade internacional exige que Zelaya reassuma imediatamente a Presidência de seu país e deve estar atenta à inviolabilidade da missão diplomática brasileira na capital hondurenha”, disse Lula, sendo em seguida bastante aplaudido pelos líderes presentes na sede da ONU.
A crise no país centro-americano se intensificou na segunda-feira, com a volta de Zelaya a Tegucigalpa.
O líder deposto se abrigou na embaixada brasileira, na frente da qual foram registrados confrontos entre manifestantes e forças do governo na última terça-feira.
Em um comunicado lido em rede nacional de TV na terça-feira, o presidente interino do país, Roberto Micheletti, afirmou que está disposto a dialogar com Zelaya desde que ele se comprometa com a realização de eleições marcadas para o fim de novembro.
“Doutrina absurda”
Embora tenha feito declarações em relação à crise em Honduras, o discurso de Lula foi dominado pela defesa de reformas em organismos internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.
Afirmando que a crise econômica internacional marcou a falência “da doutrina absurda de que os mercados podem se autorregular, dispensando a intervenção do Estado”, Lula afirmou que é “imprescindível refundar a ordem econômica mundial”.
“Meu país propõe uma autêntica reforma dos organismos financeiros multilaterais”, disse.
“Os países pobres e em desenvolvimento têm de aumentar sua participação na direção do FMI e do Banco Mundial. Sem isso não haverá efetiva mudança e os riscos de novas e maiores crises serão inevitáveis.”
O presidente brasileiro afirmou ainda que “não é possível que o mundo continue a ser regido pelas normas da conferência de Bretton Woods” e criticou o que chamou de “resistências em se adotar mecanismos efetivos de regulação dos mercados financeiros”.
“Países ricos resistem em realizar reformas nos organismos multilaterais, como o FMI e o Banco Mundial. É incompreensível a paralisia da Rodada de Doha, cujo acordo beneficiará sobretudo as nações pobres. Há sinais inquietantes de recaídas protecionistas. Pouco se avançou no combate aos paraísos fiscais”, disse o presidente.
Lula também defendeu reformas na ONU e no Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde o Brasil reivindica um assento permanente, e classificou o embargo econômico contra Cuba como um “anacronismo”.
“Não é possível que as Nações Unidas, e seu Conselho de Segurança, sejam regidos pelos mesmos parâmetros que se seguiram à Segunda Guerra Mundial”, disse.
O presidente citou como exemplo de experiência de integração regional a constituição da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) e disse que “um mundo multipolar não será conflitante com a ONU. Ao contrário, poderá ser um fator de revitalização da ONU”.
Mudanças climáticas e pré-sal
O último assunto abordado pelo presidente foi a necessidade de ações para reverter o aquecimento global.
Lula afirmou que o Brasil chegará à cúpula sobre mudanças climáticas que acontece em dezembro em Copenhague, na Dinamarca, com “alternativas e compromissos precisos”.
“Aprovamos um Plano de Mudanças Climáticas que prevê uma redução de 80% do desmatamento da Amazônia até 2020. Diminuiremos em 4,8 bilhões de toneladas a emissão de CO2, o que representa mais do que a soma dos compromissos de todos os países desenvolvidos juntos. Em 2009, já podemos apresentar o menor desmatamento dos últimos 20 anos”.
O presidente disse ainda que se deve “exigir dos países desenvolvidos metas de redução de emissões muito mais expressivas do que as atuais” e apontou para a “profunda preocupação” sobre “a insuficiência dos recursos, até agora anunciados, para as necessárias inovações tecnológicas que preservarão o ambiente nos países em desenvolvimento.”
Citando as descobertas de grande reservas de petróleo na camada pré-sal, Lula ainda afirmou que o Brasil “não renunciará à agenda ambiental para ser apenas um gigante do petróleo”.
“Queremos consolidar nossa condição de potência mundial da energia verde”, disse. (Por Camila Viegas-Lee)
Golpe em Honduras

Zelaya denuncia que golpistas planejam matá-lo
TEGUCIGALPA (Reuters) - O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, denunciou nesta quarta-feira que o governo interino do país tem um plano para capturá-lo e assassiná-lo, o que incluiria uma invasão à embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde ele se refugiou depois de voltar de surpresa ao país.
A volta de Zelaya esta semana para tentar recuperar o poder em Honduras, quase três meses depois do golpe militar de 28 de junho, que teve apoio de políticos e de membros da elite econômica, gera temores de que haja uma escalada de violência no país centro-americano. Na terça-feira, policiais e militares reprimiram manifestações de seguidores dele.
"Hoje estamos sendo ameaçados... Hoje (quarta-feira) à noite vai-se tomar a embaixada do Brasil", disse Zelaya ao canal venezuelano de TV Telesur, citando informações que teriam sido passadas por uma jornalista desse próprio canal, ligado ao governo de Hugo Chávez.
"Supostamente há um plano, seja de captura ou assassinato, (a jornalista) diz que já há até os legistas para declarar que é um suicídio", disse Zelaya.
O governo interino alertou que prenderá Zelaya se ele sair da missão diplomática do Brasil, que por sua vez garantiu a segurança do presidente deposto e alertou os líderes hondurenhos que não aceitará afrontas à sua embaixada. A comunidade internacional pediu calma.
"Advirto à comunidade internacional. Eu, Manuel Zelaya Rosales, filho de Hortênsia e José Manuel, não se suicida. Está vivo, lutando por seus princípios e por seus valores, com firmeza. E prefiro morrer firme que ajoelhado perante esta ditadura. E que isso fique muito claro perante esses tiranos que estão querendo governar este país pelas armas," acrescentou.
Centenas de soldados hondurenhos e policiais antimotim, alguns com máscaras e outros com armas automáticas, cercaram nesta quarta-feira o edifício da embaixada brasileira onde Zelaya se refugiou com sua família e um grupo de cerca de 40 simpatizantes.
O governo brasileiro pediu ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que discuta a pior crise política na América Central em décadas.
O presidente interino, Roberto Micheletti, disse na terça-feira que Zelaya pode ficar na embaixada por "5 ou 10 anos, nós não vemos nenhum inconveniente de ele viver ali", sinalizando que está pronto para uma longa disputa.
Estados Unidos, União Europeia e a Organização dos Estados Americanos tentam o diálogo para restaurar o poder de Zelaya no país. O governo interino de Honduras se recusou a suavizar sua posição contra a tentativa de Zelaya de voltar ao poder.
Zelaya fez um pedido a comunidade internacional, nesta quarta-feira, para que a pressão que está exercendo sobre as autoridades realmente crie resoluções concretas.
22 setembro 2009
'Foi nota 11'

CPI DA CORRUPÇÃO NO RS DIVULGA NOVAS GRAVAÇÕES
Mesmo com o boicote dos deputados da base yedista na AL, a CPI da Corrupção avançou ontem seus trabalhos e divulgou novos áudios (oriundos do processo movido pelo MPF, que tramita na Justiça Federal de Santa Maria) em que são protagonistas importantes aliados e ex-aliados de Yeda Crusius, como Flávio Vaz Netto, Delson Martini, José Otávio Germano, Antônio Dorneu Maciel, Marco Peixoto, Luiz Paulo Germano (Buti) e um vídeo com o ex-presidente do Detran, Sérgio Buchmann.
Leia, abaixo, matéria produzida pela da jornalista Olga Arnt, do Portal PT Sul:
Mais uma vez sem a presença de integrantes da base governista, que pela quinta vez consecutiva faltaram à sessão, a CPI da Corrupção apresentou um vídeo com parte do depoimento prestado pelo ex-presidente do Detran Sérgio Buchmann à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal em agosto. O trecho trata do relato de uma conversa que Buchmann teria mantido com secretário adjunto e diretor geral da Administração e dos Recursos Humanos, Genilton Macedo Ribeiro, ocorrida na sala dos Sala dos Mapas, localizada no subsolo do Palácio Piratini. Segundo o ex-presidente da autarquia, Ribeiro ordenou que ele (Buchmann) “calasse a boca” e não falasse mais com a imprensa sobre problemas do Departamento de Trânsito. O secretário teria afirmado, ainda, que a governadora Yeda Crusius estava sendo chantageada pelo ex-marido Carlos Crusius, por Flavio Vaz Netto, também ex-presidente do Detran, e pelo ex-coordenador da campanha tucana ao governo do Estado Lair Ferst.
No depoimento, Buchmann contou que Ribeiro teria afirmado que sabia da compra da mansão pela governadora. “E a casa a gente sabia...desde a campanha, antes de assumir a gente já sabia que era assim mesmo”, teria dito o secretário.
A divisão dos dividendos da fraude no Detran também foi objeto da conversa. Ribeiro teria dito que 24% do movimento financeiro gerado pela terceirização dos serviços da autarquia, via fundações, seria dividido entre Ferst, que receberia 12%, e os demais participantes do esquema, que ficariam com percentual idêntico. Após a troca das fundações no começo do governo Yeda, Carlos Crusius teria alterado a partilha, ficando junto com a governadora com 11%, e reservando apenas 1% para Ferst. A estimativa é de que o montante desviado por mês da autarquia tenha chegado a R$ 2 milhões.
O teor da conversa mantida com Ribeiro teria sido mencionado por Buchmann ao então chefe da Casa Civil José Alberto Wenzel, que só teria mostrado surpresa com a referência à compra da mansão pela governadora e não teria dado importância às outras revelações. “Então, ele falou da Casa”, teria afirmado o ex-chefe da Casa Civil.
O vídeo-depoimento motivou o deputado Daniel Bordignon (PT) a pedir a convocação de Wenzel e solicitar para que o convite para que Buchmann compareça, espontaneamente, à CPI seja reforçado.
Áudios comprometedores
Também foram exibidos uma seleção de dez áudios liberados pela Justiça Federal de Santa Maria. As gravações de telefonemas entre réus da Operação Rodin tratam da dificuldade para “acertar a parte da propina para Lair Ferst”, da ameaça de Flávio Vaz Netto de voltar a depor na CPI do Detran e de uma reunião com a governadora Yeda Crusius para tratar do esquema fraudulento montado no Departamento de Trânsito.
Numa das interceptações, dia 28 de agosto de 2007, o deputado José Otávio Germano insistiu para que Flavio Vaz Netto transferisse para a governadora a responsabilidade de resolver a questão de Ferst, insatisfeito com a nova fórmula adotada para a divisão da propina oriunda do Detran. “Isso não é assunto teu....Por que tu não vai falar com ela lá?”, sugeriu o deputado do PP.
Vaz Netto revelou que o “o cara (Ferst) se insurgiu total”, defendeu que o assunto deveria se tratado “dentro do governo” e disse que já tinha pedido uma audiência com a governadora.
Em outro telefonema, o ex-diretor da CEEE Antônio Dorneu Maciel conversa com um homem apontado como o deputado estadual Marco Peixoto (PP). O diálogo, ocorrido no dia 29 de maio de 2007, gira em torno de uma reunião entre José Otávio Germano, a governadora e, possivelmente, Peixoto. “Só para te avisar que saímos da governadora agora... eu e o José Otávio.... foi nota 11... liga pro Zé...falamos muito em ti”, afirmou o homem identificado como o deputado estadual do PP.
A presidenta da CPI da Corrupção, Stela Farias (PT), considerou o conteúdo do depoimento de extrema gravidade. Para ela, o teor das declarações do ex-presidente do Detran, assim como de outros áudios exibidos até agora, reforça a necessidade de aprovar os requerimentos para convocar as testemunhas ligadas ao esquema fraudulento que desviou mais de R$ 40 milhões da autarquia. Ela afirmou, ainda, que a comissão de inquérito irá continuar mantendo tratativas com possíveis depoentes que se dispunham a comparecer, espontaneamente, a CPI. “Ao mesmo tempo, esperamos que a base governista se integre aos trabalhos e que o relator apresente a sua lista de depoentes e os documentos que quer requisitar”, finalizou.
*Edição e grifos deste blog
** Confira a íntegra dos 'diálogos' no blog http://zerocorrupcao.blogspot.com/
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