08 agosto 2011

As finanças do RS


O parecer do TCE e o desafio das contas públicas


As recomendações feitas ao Governo pelo Tribunal de Contas (TCE), por ocasião da análise do exercício de 2010, decorrem dos problemas estruturais do Rio Grande do Sul. A falta de recursos para aplicação suficiente em saúde e educação está relacionada a essa situação, tendo também como reflexo a insuficiência de verbas para a segurança e outras áreas que o Estado historicamente se propõe a atender.

Já é de longa data que o TCE ressalva tais pontos para a aprovação das contas dos governadores. E, dada a sua magnitude, não se pode estabelecer ou exigir uma solução de um ano para outro - é preciso que se atue nas causas que levaram a esse quadro. O governador Tarso Genro vem mostrando disposição em enfrentar os problemas e encaminhar soluções, também estruturais, em prazo factível. Mostrou que buscará a aplicação dos percentuais mínimos já no início do ano, quando elevou a remuneração do magistério e deu um passou em direção ao piso nacional.

A elevada distância entre o valor constitucional e os atuais níveis de aplicação é um desafio a ser vencido, pois representa volume de recursos que o Estado ainda não dispõe e a sua simples realocação não é possível. Isso afetaria outras áreas deficientes e que precisam ser igualmente recuperadas para melhorar a qualidade dos serviços públicos - e sequer seria suficiente para resolver a situação.

Recentemente, o Governo iniciou o programa de sustentabilidade com a aprovação da Assembleia Legislativa. Na intenção de buscar uma solução para o futuro, criou um fundo de capitalização para a Previdência e tomou providências que permitem um mínimo de planejamento. Potencializamos ações em parceria com o Governo Federal e buscamos recursos de financiamentos para sustentação dos investimentos. Além disso, estamos apostando em um sistema de desenvolvimento econômico articulando iniciativa privada e diversas esferas de Governo.

Estas iniciativas nos permitem criar um cenário estruturado para as contas estaduais a partir de novas fontes para financiar as políticas sociais e investimentos no crescimento da economia gaúcha. Sem isto, o Estado se limitará à educação, saúde e segurança, com mínimo espaço orçamentário para as demais políticas em áreas que historicamente temos participação como agricultura, assistência social e cultura, entre outros - restando somente a busca de recursos em convênios com áreas afins com o Governo Federal.

*Odir Tonollier (foto) é Secretário de Estado da Fazenda - RS


*Por Odir Tonollier

07 agosto 2011

Cultura


Jornalista gaúcho traduz livros de Machado de Assis para o espanhol

Sul 21 - por Núbia Silveira - Tradutor de livros do argentino Julio Cortázar e do peruano Mario Vargas Llosa, o jornalista gaúcho Remi Gorga Filho jogou-se em uma nova empreitada: verter para o espanhol parte da obra de Machado de Assis. Os primeiros livros, em formato de bolso, saíram há três anos pela editora Libresa, que vende suas obras em toda a América hispânica. Agora, pela Compañía de Lectura Eugenio Espejo, lança os contos El Alienista (O Alienista), El caso de la vara (O Caso da Vara) e La señora de Galvão (A Senhora Galvão). Antes disso, preparou uma antologia chamada La iglesia del diablo y outros cuentos, da qual constam 17 contos. Entre eles, Misa de gallo (Missa do Galo) e Unos brazos (Uns braços).

Remi, que há mais de 10 anos dirige o Centro de Estudos Brasil-Equador, em Quito, afirma: “O que me levou a traduzir Machado foi a grandeza de sua obra, a imortalidade de sua arte”. Já podem ser lidos em espanhol mais de 40 contos, escolhidos pelo próprio Remi, “a partir das seleções e antologias publicadas por grandes cultores da obra machadiana”. Também foram vertidos os romances Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, Quincas Borba e Memorial de Aires, todos “dos melhores anos de Machado”, como afirma o jornalista.

Memórias Póstumas de Brás Cubas – entusiasma-se Remi – foi escolhido pelo ator e cineasta norte-americano Woody Allen como um dos cinco melhores romances do mundo. A citação feita em uma entrevista coletiva e lida por Remi no jornal inglês The Guardian. O tradutor ressalta que a ideia é traduzir, além dos quatro romances já passados para o espanhol, “o melhor dos contos” de Machado de Assis.

Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e Memorial de Aires já ganharam versões feitas na Argentina, México e Espanha. A mais nova versão é a do Memorial do Aires, feita no México. Qual o diferencial entre estes trabalhos e o de Remi? O tradutor responde:

“Não sei se poderia dizer que o diferencial na tradução tem por base o “amor” que um menino de 10 anos descobriu em ‘Helena’, inflamado nos romances de sua maturidade, e na obra inigualada do ‘bruxo do Cosme Velho’. Talvez, também, esteja no cuidado que se deve ter ao traduzir um texto escrito em anos do século XIX para um leitor do XXI”.

Para o bom entendimento do leitor de língua espanhola, Remi recorreu às “notas de pé de página, às visitas constantes aos dicionários, às consultas a filólogos e escritores que convivem com o idioma”. (...)
-Leia a postagem, na íntegra, Clicando Aqui

06 agosto 2011

Inverno II



Inverno em Porto Alegre

Dos plátanos as folhas
'a mil', caem dos galhos
inundando com sua cor amarelo-ouro
as toscas calçadas da 'Praça de Maio'.

Na praça - que antes tinha outro nome
(oficialmente, 'Argentina')
ainda hoje se ouvem os ecos das manifestações
dos estudantes, dos populares,
em idos não mui distantes...

O vento frio agita o que resta
das copas das árvores centenárias
cravadas no coração desta cidade.

- Êta vento que sopra inclemente
castigando ainda mais o corpo franzino
desta gente
- 'hóspedes' permanentes dos viadutos...

Neste inverno
mais uma vez Porto Alegre apresenta-se gélida
(o Sul do país
está 'antártico'...)

              Júlio Garcia

*Do livro 'Cara &Coragem - Poemas' - 1995  e http://arquipelago.blogspot.com/

Foto: Jean Scharlau - Porto Alegre/RS

05 agosto 2011

Para o bem da República

 

A República se consolida

 

Por Mauro Santayana*

 

O Ministro Nelson Jobim, respeitemos os fatos, é um político singular na história recente do país. Ele surge no cenário nacional em 1987, ao eleger-se para a Câmara dos Deputados. Rapidamente, impressionou seus pares pelo desembaraço. Sua vida acadêmica é rica:  professor-adjunto de Direito da Universidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em que se formou, nela também  obteve o mestrado em Filosofia Analítica e Lógica Matemática.  Não obstante esses títulos, Jobim é intelectualmente discreto: nunca demonstra todo o seu saber nos pronunciamentos políticos ou em seus escritos. A vaidade ele a guarda para a prática cotidiana da política. É um homem que, em todos os  atos, parece dizer que nasceu para mandar. Mas, pelo que vemos, não entende que o poder depende da legitimidade. Em seu caso, a legitimidade é conferida pela confiança da Presidente. Quando falta legitimidade a qualquer poder, ele é tão sólido quanto uma nuvem de verão.

 

No duelo de grandeza entre ele e Fernando Henrique, registre-se  a verdade, o sociólogo levou vantagem sobre o filósofo e jurista. Matreiramente, como  sempre foi, o então presidente valeu-se da intemperança de Jobim, sem que esse percebesse. Fez como se seguisse a orientação do gaúcho, dando-lhe corda, enquanto o conduzia pelos cordéis da lisonja. Jobim tem uma relação quase pavloviana com a real ou falsa admiração alheia. Nesses momentos, ele consegue inflar a alma por dentro do corpo.

 

Em uma visita que lhe fez, quando ocupava o Ministério da Justiça, o saudoso jornalista Márcio Moreira Alves anotou que o Ministro demonstrava sua cultura, ao ter, sobre a mesa, o conhecido compêndio de ensaios políticos de John Jay, James Madison e Alexander Hamilton, The Federalist. Os três grandes pensadores e políticos norte-americanos, mais do que discutir os fundamentos constitucionais da jovem república, redigiram uma espécie de manual republicano, a partir do pensamento clássico e dos filósofos ingleses do século 17. É, na certa, um bom estudo, principalmente para o uso daqueles que se sentem desestimulados a visitar o pensamento original e mais complexo  dos clássicos, de Aristóteles a Locke, de Santo Tomás a Montesquieu, que inspiraram os políticos norte-americanos. Marcito, que se encontrava em  fase serena de sua carreira, tratou Jobim com tal bonomia que os maliciosos poderiam ter considerado irônica.

 

Jobim é vaidoso, embora, pelo que se sabe, não se mete em negócios estranhos. Tal como Romero Jucá, porém,  sua adesão ao governo independe de quem o chefie ou do partido que nele exerça hegemonia. É o terceiro período presidencial em que  se destaca, nos  poderes republicanos, como parlamentar, ministro, juiz e presidente do STF.

 

Em nenhum cargo Jobim se sentiu tão ele mesmo como no Ministério da Defesa. Seu entusiasmo foi o do escoteiro ao ser admitido no grupo. Tanto assim, que não titubeou: em poucas horas já envergava o uniforme de campanha dos oficiais superiores do Exército. Jobim é assim construído: tem o seu lado lúdico, e algum psicanalista de botequim poderia concluir que ele brinca sempre.

 

Mandar é com ele mesmo. Lula, que tem outro tipo de astúcia, bem diferente da que esgrime Fernando Henrique, também manobrou bem com Jobim. É certo que Lula não ficou muito à vontade quando Jobim, ao substituir um dos homens mais dignos de nossa história política, o baiano Valdir Pires, cometeu a grosseria de insinuar que seu antecessor não ocupara o cargo com a autoridade que lhe competia. A diferença é que Valdir administrava um ministério de militares em tempo de paz, enquanto Jobim parecia sonhar com o desempenho de Rommel e de Patton nos desertos africanos, e de Eisenhower e Zhukov,  no desembarque na Normandia e no avanço sobre a Alemanha. Os chefes militares logo descobriram que Jobim estava encantado em brincar de marechal, e com ele se ajeitaram. Enfim, como Jobim fingia que mandava, eles, mais experientes, fingiam que obedeciam.

 

Ele se encontrava pouco à vontade, quando despachava com a presidente. Convenhamos que não é cômodo para Jobim submeter-se ao mando de uma mulher. Talvez mais para justificar-se diante de seus amigos paulistas do que para expressar um sentimento real, disse o que disse na festa dos oitenta anos de Fernando Henrique, a propósito dos “idiotas” do governo, com os quais era forçado a conviver hoje, bem diferentes dos “geniais” ministros do excelso intelectual. As suas declarações à Revista Piauí – que ele, sem muito jeito, tentou desmentir – ajustam-se à sua personalidade. A mais grave delas se refere ao episódio da nomeação de José Genoíno como seu assessor, quando afirma que, diante da hesitação da presidente sobre a capacidade do ex-guerrilheiro para o cargo, cortou logo a dúvida: quem sabia se Genoíno desempenharia bem a sua função era ele, Jobim, e não ela, Dilma. Se o diálogo realmente houve, ele não só contrariou as normas do poder, mas, ainda mais,  violou as regras do cavalheirismo.

 

Por mais Dilma Roussef tenha recebido o apoio de Lula, ao assumir o cargo ela se tornou a chefe de Estado do Brasil, com todas as responsabilidades e prerrogativas do cargo, legitimada pela vontade da nação. Ela só tem que obedecer aos interesses nacionais, e cumprir a Constituição e as leis, de acordo com a sua própria consciência. E os que se sentirem incomodados com sua liderança, se assim lhes parecer melhor, podem deixar o governo. O Brasil tem centenas de milhares de cidadãs e cidadãos, patriotas e de probidade, capazes de exercer bem o múnus republicano – mesmo que não conheçam os endereços de Brasília.

 

Foi assim que se desfez a pequena crise: Jobim se demitiu no início da noite e um grande e sensato brasileiro, Celso Amorim, já foi nomeado para substituí-lo. O Brasil se consolida como República.

 

*Jornalista - Artigo postado originalmente no JB online (via Conversa Afiada)

 

Edição final deste blog

04 agosto 2011

'Johnbim' já vai tarde...


Amorim na Defesa: Dilma é Lula, Lula é Dilma

Brizola Neto* escreve:

A melhor notícia do dia é a que saiu agora há pouco. Celso Amorim (foto) é o novo ministro da Defesa.

Não podia ter sido mais feliz a escolha da Presidenta Dilma.

Não apenas porque não falte nem preparo, nem capacidade e muito menos conhecimento ao embaixador, ex-ministro das Relações Exteriores no Governo Lula. Aliás, é quem, fora da área militar, tem maior conhecimento dos programas de modernização de nossas Forças Armadas.

Mas é feliz, sobretudo, porque dá um tranco nas intrigas que tentam fazer entre Lula e Dilma.

Poucos ministros se tornaram tão próximos a Lula. Poucas pessoas poderiam, neste momento, prestar tão grande serviço ao Governo Dilma, ainda mais neste momento de crise internacional.

Diz o Paulo Henrique Amorim que o diplomata era a escolha de Dilma, mas que “o que fazer com o Jobim” impediu sua nomeação.

Bem, se antes era uma escolha, agora foi uma benção.

*Deputado Federal pelo PDT/RJ.
...

-Nota: O Editor do blog concorda em gênero, número e grau com a postagem acima... e assina embaixo! JG

(Grifos deste blog)

03 agosto 2011

AL/RS


Gestão e transparência

       Por Adão Villaverde*

No balanço semestral do parlamento que divulgamos dias atrás, em entrevista coletiva, destacamos três eixos de atuação que julgamos emblemáticos desta primeira oitava parte da 53 Legislatura (2011-14). Os três são, sem a menor dúvida, extremamente importantes. Mas, aqui, escolhemos detalhar o aspecto da administração compartilhada, que se opõe à rotineira mudança de procedimentos a cada novo presidente que assume. Isso, sobretudo, pela alteração cultural que passamos a processar ao reunirmos os quatro presidentes comprometidos com os quatro exercícios da legislatura.

O primeiro e mais importante passo foi a implantação do Comitê Gestor integrado pelos quatro deputados que presidirão a ALRS na 53 Legislatura - Adão Villaverde (PT), Alexandre Postal (PMDB), Pedro Westphalen (PP) e Gilmar Sossela (PDT) -, com suas respectivas assessorias, que passam a ter a responsabilidade de desenvolver uma gestão compartilhada com base num plano de trabalho comum a ser executado durante os quatro anos. Daí sobressaiu, por exemplo, a adoção do sistema de software livre que reduz a dependência tecnológica e o pagamento de licenças para o uso de softwares fechados. Estabeleceu-se que a legislatura valorizaria o brasão de armas como marca do parlamento em todos os espaços de divulgação, em detrimento da criação de uma logomarca publicitária de gestão.

Acentuou-se a responsabilidade social com a implantação do Programa Assembleia Inclusiva, que busca tornar o Legislativo totalmente acessível às pessoas com deficiência, adotando uma postura inclusiva que envolve acessibilidade nos espaços da Casa, realização de debates, cursos e sensibilização para consolidar a nova cultura comportamental, além da produção de uma cartilha de dicas de convivência em convênio com a Faders.

Avançou-se também no aprimoramento do site Transparência do Legislativo, que disponibiliza mais dados sobre diárias, como data e número da nota fiscal ou do bilhete aéreo, a cidade de origem da nota e o CNPJ do estabelecimento que a forneceu ou o e-ticket. Aprimora-se o processo de controle e aumenta-se a transparência, pois, como ensina Norberto Bobbio, a vida pública transcorre em palco público. São com medidas como essas, somadas a outras programadas para este segundo semestre, que trabalhamos no sentido de recolocar o parlamento gaúcho no centro das grandes questões e aproximá-lo cada vez mais da sociedade gaúcha.

*Deputado Estadual (PT/RS), Presidente da Assembleia Legislativa do RS.

(Postado originalmente no jornal Correio do Povo)

02 agosto 2011

'Sejamos sujeitos e não meros objetos da política'


PT da capital gaúcha realiza plenária de filiação e formação política

No Ato, Olívio Dutra pregou aos novos filiados que 'sejam sujeitos e não objetos da política'

O Partido dos Trabalhadores de Porto Alegre realizou ontem à noite mais uma Plenária de Filiação e Formação Política. Na presença do ex-governador e presidente de honra do PT Olívio Dutra, e da Executiva Municipal, cerca de 70 pessoas compareceram à sede metropolitana para participar da atividade. A grande maioria novata no partido. Outros tantos vindos do interior e transferindo sua filiação para a Capital dos gaúchos. Mas juntos, manifestavam o mesmo desejo: ajudar o PT a reconquistar o seu protagonismo na cidade.

“Sempre mantive contato de forma não oficializada. Decidi me filiar por que o momento é agora. O PT está numa encruzilhada: ou se mantém fiel às suas origens e programas ou se perde, por conta do poder que tem hoje. É hora da gente se colocar a serviço do partido. Quero ajudar nesta construção socialista e garantir espaços já conquistados”, resumiu Ana Carolina Martins da Silva, professora da UERGS.

O ex-vereador e delegado de polícia Cyro Martini, que havia se afastado do PT por alguns anos, contou que estava retornando devido a sua identificação partidária. “Tenho algumas figuras que prezo muito aqui no partido, com as quais mantenho um carinho todo especial. É por eles que retorno”, disse ele.

Vindo de Bagé, onde construiu toda a sua história partidária, Isabelino Garcia dos Santos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada no Estado do Rio Grande do Sul - SITICEPOT / RS, efetivou ontem a transferência da sua filiação. Ele sintetizou sua admiração pelo partido ao afirmar que o PT segue sendo “um forte elo existente entre a sociedade e o trabalhador com a política dos nossos governantes”. (...)
-Clique Aqui para ler  a matéria, na íntegra (originalmente postada no Blog do Adeli Sell.

*Foto acima: Adeli Sell, Ubiratan de Souza e Olívio Dutra - (Por Tatiana Feldens).

01 agosto 2011

PPA Participativo no RS

 
Governo entrega projeto de lei do PPA à Assembleia nesta segunda-feira

O governador Tarso Genro entrega às 15h desta segunda-feira (01) ao presidente da Assembleia Legislativa, deputado Adão Villaverde, o projeto de lei do Plano Plurianual (PPA) 2012- 2015. O documento foi elaborado em conjunto com a sociedade e terá um período de discussão no Parlamento gaúcho até 1º de outubro. Depois disso, retorna para sanção do governador.

Existe um esforço processual, de acordo com o secretário João Motta, que visa à recuperação da capacidade de investimentos do Governo, ainda limitada pelo pagamento da dívida do Estado, com despesas de precatórios, RPVs, bem como, despesas de financiamentos com a previdência do Estado. "Nesta proposta estamos incluindo os empréstimos com o Banco Mundial (Bird) e BNDES, que giram em torno de R$ 2,3 bilhões", explica Motta.

No Plano Plurianual, cuja base é o Programa de Retomada de Desenvolvimento (pró-Redes), o Governo propõe atingir a soma de R$ 12 bilhões em investimentos nos próximos quatro anos a partir das seguintes diretrizes:

-Criar condições para implementar no horizonte temporal do PPA recursos para o piso nacional do professores
-Ampliação dos gastos em educação rumo ao cumprimento do mínimo constitucional
-Ampliação dos gastos em Saúde rumo ao cumprimento do mínimo constitucional
-Garantia de R$ 2 bilhões para investimentos em malha viária (duplicações, acessos municipais e ligações intermunicipais)

Estes investimentos resultam de recursos do próprio Tesouro do Estado, estatais e empréstimos internacionais. As ações e projetos do PPA também foram elaborados de forma participativa, reunindo mais de 6 mil pessoas e resultando em cerca de 2 mil propostas. O Plano Plurianual Participativo ainda instituiu o Conselho do PPA, formado por representantes da sociedade civil, que vai acompanhar e fiscalizar a execução do Plano até 2015.

Foto: João Motta, Secretário do Planejamento, Gestão e Participação Cidadã do RS

Fonte:  http://www.estado.rs.gov.br/

31 julho 2011

O JN, a oposição e a 'urubologia'


Não tentem pegar a Dilma por aí

Brizola Neto*  escreve:

 
A reportagem exibida ontem pelo Jornal Nacional é um primor de “urubologia”.
 
Com uma edição digna de programa eleitoral do PSDB, com números negativos exibidos em computação gráfica e imagens de obras supostamente paradas.

Numa tentativa de transformar o sucesso em fracasso, não há uma palavra sobre 89% das obras monitoradas estarem em ritmo adequado, enquanto 8% estão em estado de atenção, 2% têm execução preocupante e 1% já foi concluído, até porque são obras pesadas, que não se fazem com um estalar de dedos. Esse é o número em valor, o critério mais adequado, porque não distorce o quadro, misturando pequenas obras com grandes projetos.

Em resumo: 90% está dentro do planejado e 10% apresenta problemas. Mas a Globo faz matéria apenas sobre os 10%.

Nem uma palavra sobre já estarem contratados R$ 25 bilhões para obras de saneamento, 87% deles em obras cuja execução está em torno de 50% realizada.

Nem um segundinho para a informação de já entraram no sistema elétrico brasileiro 2 mil megawatts gerados por obras do PAC 2. Ou que 83% dos projetos de urbanização em áreas precárias estão em andamento, satisfatoriamente.

Mas muito tempo para o senador Alvaro Dias – aquele vice “viúva Porcina” de Serra, o que foi sem nunca ter sido – e para um economista da “Contas Abertas” (aquela mesmo cujos fundadores estiveram às voltas com os problemas panetônicos do Governo de José Roberto Arruda, no Distrito Federal.

A gente posta aí em cima o vídeo da apresentação feita pela Ministra do Planejamento, Miriam Belchior, para você ver, em detalhes, o que a emissora não deu. Quem quiser ter acesso ao balanço completo, pode acessá-lo aqui.

A Globo, por aí, vai sangrar na veia da saúde do Governo Dilma.

Porque ela pode ter defeitos, mas um deles certamente não é o de ser incapaz ou tolerante com atrasos e incompetência na gestão de projetos.
Mas isso tem dois aspectos bons.

O primeiro, que a Globo pode distorcer a realidade, mas não é capaz de revogá-la.

O segundo, o de que está se encarregando de mostrar que a comunicação do governo não pode ser baseada no que a grande mídia chama de “liberdade de expressão”, que é ela falar sozinha.

Quem sabe assim o pessoal de lá se convence de que precisa falar claro, mostrar os fatos e dar à imensa rede de solidariedade ao projeto que Dilma os meios para combater a “urubologia” global?

*Brizola Neto é Deputado Federal (PDT/RJ) e editor do blog Tijolaço, fonte desta postagem.

29 julho 2011

Inverno


Aqui estou, Sr. Inverno!

"sou veterano de cem vigílias,
sou tapejara de mil insônias"

Já sei que chegas, Inverno velho!
Já sei que trazes - bárbaro! O frio
e as longas chuvas sobre os beirais.
Começo a olhar-me, como em espelho,
nos meus recuerdos... Olho e sorrio
como sorriram meus ancestrais.

Sei que vens vindo... Não me amedrontas!
Fiz provisões de sábias quietudes
e de silêncios - que prevenido!
Vão-se-me os olhos nas folhas tontas
como simbólicos ataúdes
rolando ao nada do teu olvido.

Aqui me encontras... Nunca deserto
do uivo dos ventos e das matilhas
de angústias vindo sem parcimônias.
Chega ao meu rancho que estou desperto:
- sou veterano de cem vigílias,
sou tapejara de mil insônias.

Aqui estarei... Na erma hora morta,
junto da lâmpada, com que sonho,
não temo estilhas de funda ou arco.
Tuas maretas de porta em porta,
os teus furores de trom medonho
não trazem pânico ao bravo barco.

Na caravela ou sobre a alvadia
terra do pampa - cerros e ondas
meu tino e rumo não mudarão.
No alto da torre que o mar vigia,
ou, sem querência, por longas rondas,
não me estrangulas de solidão.

Tua estratégia de assalto e espera
conheço-a muito, fina e feroz:
de neve matas; matas de mágoa;
derramas nalma um frio de tapera;
nanas ausências a meia voz
e os olhos turvos de rasos d'água.

Comigo, nunca... Se estou blindado!
Resisto assédios, que bem conduzes,
no legendário fortim roqueiro.
Brama as tuas fúrias de alucinado!
- Fico mais calmo que as velhas cruzes
braços abertos para o pampeiro.

Os meus fantasmas bem sei que animas
para, num pranto de vãs memórias,
virem num coro de procissão
trazer-me o embalo de velhas rimas.
- À intimidade dessas histórias
tenho aço e bronze no coração.

Então soluças pelas janelas,
gemes e imprecas pelos oitões,
galopas louco sobre as rajadas,
possesso, ululas entre procelas.
E ébrio, nas noites destes rincões
lampejas brilhos de punhaladas.

Inútil tudo! Vê que estou firme.
Nenhum receio me turba o aspeto,
nenhuma sombra me nubla o olhar.
Contigo sempre conto medir-me
frio, impassível, bravo e correto
como um guerreiro que ia a ultramar.

Reconciliemo-nos, velho Inverno!
Nem és tão rude! Tão frio não sou...
Venha um abraço muito fraterno.

Olha...
Esta lágrima que rolou
não a repares...
É de homenagem
a alguém que aos céus se fez de viagem,
e nunca... nunca! Nunca mais voltou...

Aureliano de Figueiredo Pinto*
...
*Expoente maior da poesia regionalista gaúcha. Médico, poeta e romancista nascido em Tupanciretã, santiaguense 'de coração'.

28 julho 2011

UNASUL


Unasul realiza primeira reunião de Cúpula depois de criação formal

Chefes de Estado e de governo dos países membros da União Sul-Americana de Nações (Unasul) participam nesta quinta-feira (28) da primeira reunião de cúpula desde a entrada em vigor do tratado constitutivo do bloco, em março. Encontro acontece em Lima, depois da posse do novo presidente do Peru, Ollanta Humala. Em sua sexta viagem internacional, Dilma Rousseff participa da posse e da Unasul. Primeira viagem será retribuída nesta sexta-feira (29/07), com visita ao Brasil da presidenta argentina, Cristina Kirchner.

BRASÍLIA – Carta Maior - Da Redação - A União Sul-Americana de Nações (Unasul) realiza nesta quinta-feira (28/07) a primeira reunião de cúpula desde a criação formal do bloco, em março, com a entrada em vigor de seu tratado constitutivo. O encontro será em Lima, no Peru, onde estão chefes de Estado e de governo da região para a posse do novo presidente daquele país, Ollanta Humala. A presidente Dilma Rousseff participa das duas atividades (posse e cúpula da Unasul).

A cúpula deve aprovar uma agenda de trabalho para a Unasul e assistirá a um relato da secretária-geral, a colombiana María Emma Mejía, sobre os movimentos recentes dela, segundo informações da agência peruana de notícias Andina. Ao final do encontro, os presidentes devem divulgar uma declaração, já batizada de Declaração de Lima.

A Unasul é formada por 12 países e tem como objetivo promover a integração regional, política, econômica e social do continente. Até agora, dez países já aprovaram a adesão ao bloco em seus parlamentos nacionais. A constituição formal da entidade aconteceu automaticamente quando o ocorreu a aprovação pelo nono país, em março. O Brasil foi o décimo a fazê-lo, em julho, juntando-se a Argentina, Bolívia, Chile, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela. Colômbia e Paraguai ainda não aprovaram.

A ida de Dilma ao Peru é a sexta viagem internacional dela desde que assumiu a Presidência. Ele já esteve em todos os países do Mercosul (Argentina, em janeiro, Uruguai, em maio, e Paraguai, em junho), na China e em Portugal. A primeira das viagens será retribuída nesta sexta-feira (29/07), com uma visita da presidente Cristina Kirchner.

Durante a visita, será instalado um Conselho Empresarial Brasil-Argentina criado em janeiro, quando Dilma esteve em Buenos Aires. De lá para cá, os dois países tiveram alguns desentendimentos comerciais por conta de barreiras impostas primeiro pela Argentina e depois, como revide, pelo Brasil.

O objetivo do Conselho, segundo o ministério das Relações Exteriores, é aproximar os empresários de lado a lado para discutir temas como competitividade, desenvolvimento científico e tecnológico e inserção nos mercados internacionais.

Cristina também vai inaugurar uma nova embaixada da Argentina no Brasil. Além de Dilma, o ex-presidente Lula também vai comparecer à inauguração.

CUT: na luta, sempre!



Lutamos com a mesma disposição, mas não com as mesmas armas

      Por Daniel Reis*

As campanhas salariais do segundo semestre despertam a atenção de diversos setores da sociedade devido à importância das categorias e do volume de dinheiro que será injetado na economia. Porém, enquanto os mais progressistas torcem por aumentos reais de salário, visando o crescimento econômico e social do país, empresários e especuladores colocam em prática ações que prejudicam o trabalhador, o Brasil e a própria democracia.

Utilizada como correia de transmissão da elite brasileira, a imprensa, desde o fim do primeiro semestre, promove o terror na população noticiando (diariamente) uma possível volta da inflação caso haja aumento real de salários. O Banco Central, muito preocupado com o futuro da nação e prevendo a forte campanha salarial dos bancários em todo o país, utilizou-se do mesmo discurso oportunista do risco da inflação para ajudar os “pobres” banqueiros, e elevou a taxa selic em 0,25% chegando a 12,50% ao ano (a mais cara do mundo), o que resulta na diminuição do volume de crédito e na ampliação do faturamento dos bancos e grandes aplicadores, arrefecendo nosso desenvolvimento.

Nos meus vinte anos de militância sindical, senti na pele o que é a disputa de classes, presenciei centenas de golpes midiáticos, e pude acompanhar de perto as crueis artimanhas utilizadas pelo capital para desmobilizar a luta dos trabalhadores. São práticas antissindicais que em seu estágio mais avançado resulta em assassinatos. Como o recente extermínio de trabalhadores rurais e líderes sindicais no Pará.

Todos os dias, nós dirigentes sindicais, somos vítimas dessas práticas nefastas que ficam mais evidentes durante as campanhas salariais. São perseguições, demissões de sindicalistas, assédio moral, ameaças, criminalização e chantagens.

Um exemplo disso foi à demissão do diretor do Conselho Fiscal do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, que trabalhava há 25 anos no Jornal de Piracicaba, após realizar uma manifestação na redação contra a mudança no plano de saúde. O proprietário do Jornal é também Presidente do Sindicato Patronal do Interior do Estado de São Paulo, o que demonstra um atraso nas relações de trabalho e a presença de resquícios de um passado escravocrata e de uma cultura conservadora e autoritária ainda enraizada na cabeça de muitos empresários.

A ameaça à liberdade e autonomia sindical, que será tema da 13º plenária da CUT-SP realizada em agosto, não é privilégio apenas da iniciativa privada. Trabalhadores públicos também enfrentam cerceamento de direitos sindicais. É emblemático o caso do companheiro do Sindsaúde, José Anjuli Maia, dirigente sindical e motorista do Hospital de Guaianazes, demitido após questionar a direção do hospital pelo não cumprimento do acordo da jornada de 30 horas.

Neste caso a Justiça funcionou, e anulou rescisão do contrato de trabalho por justa causa e ainda condenou o Governo do Estado de São Paulo a reintegrá-lo no prazo de 8 dias, pagando todos os salários e benefícios atrasados.

Infelizmente notícias como esta fazem parte do dia a dia do movimento sindical, e a cada ano o empresariado, em uma verdadeira guerra pelo lucro, empunha suas armas contra a organização dos trabalhadores, ferindo a Constituição de 1988.

Nas campanhas salariais deste segundo semestre a CUT, como sempre, estará preparada para fazer o enfrentamento com o capital, mesmo sabendo que esse utiliza a mídia para criminalizar o movimento sindical, a polícia para reprimir e o judiciário (que na calada da noite expede interditos proibitórios) para impedir a ação sindical próximo ao local de trabalho.

Com todas as adversidades, a Central Única dos Trabalhadores e seus sindicatos, que nunca fugiram a luta, mostrarão suas principais armas nesta batalha: a sua militância, resistência e o poder de mobilização, pautados pela consciência do nosso papel social na luta dos direitos dos trabalhadores e pelo fortalecimento da democracia.

*Daniel Reis é  secretário de Comunicação da CUT-SP

Fonte: http://www.cut.org.br   - Edição final deste blog


27 julho 2011

Poema


Os Ombros Suportam o Mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.

As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.

Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Carlos Drummond de Andrade

Carta ao Presidente do CREA



Carta enviada pelo cartunista e ilustrador Santiago ao presidente do CREA:



Senhor Presidente do CREA,
 

Alcides Capoani

O senhor parece desconhecer um dos princípios basilares da imprensa, que é o Direito de Resposta, notável conquista e instituição das democracias. No entanto deveria conhecer a palavra respeito, que é o que eu não tive com a NÃO publicação no CREA em Revista da minha carta, o que considero um profundo descaso para com a minha pessoa, para com um profissional com 37 anos de carreirae principalmente para com os meus leitores de todo o Rio Grande e boa parte do Brasil. Soma-se isso ao fato de que, sequer uma resposta privada eu tive de sua parte.

Não resta portanto, outra forma de manifesto que não seja o uso de todas as redes sociais (Facebook, Orkut, etc), rede de e-mails, cadastro de endereços eletrônicos de arquitetos, engenheiros, geólogos,agrônomos e geógrafos, meu blog pessoal,   blog de amigos e a enorme rede de blogueiros independentes nas quais tenho amplo respaldo, além de jornais a que tenho acesso, principalmente no interior.

Preciso registrar que me foi negado um simples direito de resposta e o sagrado direito de reclamar pelo uso de ideia minha em charge da revista (mesmo tendo eu sugerido que a outra parte também fosse ouvida – como manda o bom jornalismo).

Acredito que falta de espaço na revista não foi, pois bastava suprimir um dos tantos retratos seus!

Devo lembrar-lhe, por fim, que a revista não é propriedade sua e sim dos engenheiros, arquitetos, geólogos, geógrafos, etc, dos quais o
senhor é funcionário.


Neltair Rebés Abreu (Santiago)
       Cartunista – ilustrador

*Foto acima: Santiago, a ministra Maria do Rosário e este blogueiro durante a campanha eleitoral de 2008, em Porto Alegre. Créditos da foto: Cláudia Cardoso (Edição deste blog)

26 julho 2011

Os 58 anos do 'assalto ao quartel de Moncada'


“No variará jamás nuestra decisión de construir el socialismo”

“No podemos sentirnos satisfechos hasta sumar a cada trabajador y dirigente administrativo al combate por la eficiencia económica; la organización y exigencia sistemáticos; contra la indisciplina social y laboral, la deficiente contabilidad, el mal aprovechamiento de los recursos, las actitudes burocráticas generadoras de rutina, indolencia o esquematismo y contra procedimientos absurdos que nada tienen que ver con el socialismo.” (...)

-Clique Aqui  para ler o discurso, na íntegra (em espanhol), do vice-presidente cubano José Ramón Machado Ventura, durante o 'Acto por el Día de la Rebeldía Nacional' em Ciego de Ávila, Cuba. O 26 de Julho (ataque ao  quartel de Moncada, em Santiago de Cuba, por Fidel Castro e seus companheiros, ocorrido em 1953, na luta contra a ditadura sanguinária de Fulgêncio Batista, então apoiado pelos norte-americanos) é comemorado na ilha como a data do início da - mais tarde vitoriosa - Revolução Cubana.

'O Brasil e os brasileiros não mereciam isso'


Sarney e o torturador, Ustra e o presidente

Por Luiz Cláudio Cunha*

O próximo desatino de José Sarney já tem hora, dia e local definidos: às 14h30 desta quarta-feira, dia 27, no Fórum João Mendes do Tribunal de Justiça de São Paulo, no centro da capital paulista.

Ali, na inesperada condição de testemunha de defesa, o senador Sarney, presidente do Congresso Nacional, vai louvar e enaltecer o maior ícone vivo da repressão mais feroz da mais longa (1964-1985) ditadura da história brasileira — o coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra.

É o homem que montou e comandou, na fase mais sangrenta do Governo Médici (1970-1974), o centro de tortura mais notório do regime, o DOI-CODI do II Exército, na rua Tutóia, a cinco quadras do ginásio do Ibirapuera, no coração de São Paulo. Sarney vai tentar livrar Ustra de uma nova condenação como torturador (a primeira foi em 2008), agora acusado pelo assassinato em 1971 do jornalista Luiz Eduardo Merlino, que sucumbiu após quatro dias de tortura brutal no DOI-CODI paulista.

As unidades de Destacamento de Operações de Informações (DOI) do Centro de Operações de Defesa Interna (CODI) instaladas nos principais comandos da força terrestre no país se converteram em sinônimo de morte e terror. Poucos saíam vivos dali. Quem sobrevivia carregava na carne e na memória as marcas do suplicio. José Sarney sempre soube disso, na comprometedora condição de um dos caciques nacionais da ARENA, o partido inventado pelos militares para apoiar politicamente a ditadura sustentada pelo terror metódico das masmorras de Ustra e seus comparsas. (...)
-Clique Aqui para ler o artigo,  postado originalmente  no sítio  Sul 21.

*Luiz Cláudio Cunha (foto) é jornalista

Coluna C&A

 
Crítica & Autocrítica - nº 78

* Já não era sem tempo: finalmente, a malfadada prova da OAB - questionada pela absoluta maioria dos Bacharéis em Direito e por todos aqueles dotados de um mínimo de bom senso - está prestes a cair.  A exigência de aprovação no Exame de Ordem para que o bacharel em Direito possa se tornar advogado e exercer a profissão fere o direito fundamental à liberdade de trabalho, consagrado pela Constituição Federal de 1988, segundo o subprocurador-geral da República Rodrigo Janot, que  emitiu parecer no qual posiciona-se de que a prova  deve ser declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal.

***
* É lamentável constatar que o PiG (Partido da Imprensa Golpista) e seus 'satélites regionais' continuam -  mesmo após tendo dado 'com os burros n'água'  no episódio do chamado 'mensalão',  que não conseguiram provar -  tentando, com baixarias, denegrir o PT,  acusando sem provas seus membros  e integrantes do governo  federal, associando-os aos  episódios lamentáveis de corrupção que ainda persistem em muitos lugares  - públicos e privados. Fato esse que se dá, é importante salientar,    apesar de todo o combate que o governo Lula e, agora, os governos Dilma e Tarso, através das contínuas ações  que as Polícias Federal e Estadual vêm realizando, no intuito de extirpar essa chaga que existe no país desde a invasão portuguesa (ou descobrimento, como querem os ditos historiadores oficiais). Mas o povo não é bobo e já mostrou que sabe distinguir a verdade da mentira -  e  que esta última tem 'perna curta'. E a blogosfera está aí para fazer o devido contraponto à velha mídia, aos 'jornais nacionais' e similares regionais. 

***
* Querem eles, na verdade, escamotear a verdadeira discussão que deveria ser travada, ou seja, de como o Brasil saiu de uma situação falimentar (gov. FHC) para a situação privilegiada, econômica e politicamente ascendente, reconhecida mundialmente, que vive hoje no cenário internacional.
 
***
* Acusar sem provas e chamar os petistas de 'petralhas' e outros achincalhes depreciativos, convenhamos, é o cúmulo da baixaria... No mínimo,  beira os limites da calúnia, injúria e difamação. Anotem isso!  (...)

-Para ler a coluna - na íntegra - Clique Aqui
 
*C&A- Coluna que mantenho (i)regularmente no Blog 'O Boqueirão' - http://o-boqueirao.blogspot.com/

23 julho 2011

Amy Winehouse



* Back To Black - Amy Winehouse

(Show realizado em 2007. Para recordar um dos bons momentos desta excepcional cantora que partiu hoje...  de forma tão trágica e tão precocemente).


Morreu Amy Winehouse


Amy Winehouse é encontrada morta

- Do site Folha.com: A cantora  Amy Winehouse foi encontrada morta em sua casa na  madrugada deste sábado. A notícia foi divulgada pelo canal de britânico TV Sky News. Segundo o canal, a polícia confirmou a morte da cantora mas ainda a considera sem explicação.

A cantora tinha 27 anos e morava em Londres.

A polícia foi chamada à casa de Winehouse no bairro de Camdem Town por volta das 4h da madrugada respondendo a um chamado para atender uma mulher desmaiada.

"Ao chegar, oficiais encontraram o corpo de uma mulher de 27 anos que foi declarada morta no local", diz a nota divulgada pelo TMZ . (...)

Ela se tornou mundialmente conhecida com o sucesso do seu segundo CD, "Back to Black", lançado em 2006. Ele trazia canções que falavam sobre drogas, bebidas e relacionamentos conturbados, como "Rehab", "Back to Black" e "You Know I'm No Good".

Poema dos 'Anos de Chumbo'



NO CAMINHO COM MAIAKOVSKI

Assim como a criança
humildemente afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakóvski.

Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.

Lendo teus versos,
aprendi a ter coragem.

Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.

Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.

Na Segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.

Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.

Os humildes baixam a cerviz;
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.

No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.

Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.

Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.

A mim, quase me arrastam
pela gola do paletó
à porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a Democracia
se digne a aparecer no balcão.

Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina
lançada sobre os arsenais.

Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas ao tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.

Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.

E por temor eu me calo,
por temor aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA!

Eduardo Alves da Costa