11 setembro 2024

Ministro Flávio Dino dá prazo de cinco dias para ampliar combate às queimadas

Com menos de 1% das emendas parlamentares ao combate a incêndios, STF determina ampliação de eficácia e reforço nas investigações sobre queimadas

Flávio Dino (Foto: Gustavo Moreno/SCO/STF)

247* - Em meio a um cenário de queimadas descontroladas na Amazônia e no Pantanal, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, fez um alerta nesta terça-feira (10), classificando os incêndios florestais como uma “pandemia”. Dino deu um prazo de cinco dias para a ampliação do efeito nas regiões mais afetadas pelo fogo. Apesar da gravidade da situação, os parlamentares do Congresso praticamente não destinaram emendas significativas para o combate aos incêndios em 2024, destaca reportagem do G1.

De acordo com dados do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (SIOP), menos de 1% dos recursos enviados por deputados e senadores aos estados foram direcionados para ações de prevenção e controle de queimadas. Dos R$ 21 bilhões em emendas parlamentares empenhadas neste ano, apenas R$ 236 mil foram destinados para ações diretas de combate a incêndios florestais.

O dado é alarmante, considerando que o Brasil enfrenta uma das piores secas de sua história, o que agrava os incêndios e dificulta o controle do fogo em áreas críticas. Entre os poucos parlamentares que se destacaram pela preocupação com a questão ambiental está o deputado Amom Mandel (Cidadania-AM), que destinou R$ 191,4 mil ao Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (PrevFogo), ligado ao Ibama.

Outros parlamentares, como José Guimarães (PT-CE) e Leo Prates (PDT-BA), também apresentaram emendas relacionadas ao tema, porém os recursos não foram diretamente destinados ao combate ao fogo. Guimarães destinou R$ 45 mil para a reforma de um prédio do Ibama, enquanto a emenda de Prates, que prevê a compra de veículos de combate a incêndios, não teve os recursos empenhados.

Diante desse cenário, o ministro Flávio Dino determinou uma série de ações emergenciais, entre elas a convocação de bombeiros de estados não afetados diretamente pelos incêndios para fortalecer a Força Nacional. Além disso, ele anunciou um mutirão da Polícia Federal, das Polícias Civis e da Força Nacional para investigar as causas dos incêndios, sobretudo as de origem criminosa.

O governo federal tem agora 90 dias para elaborar e apresentar um Plano de Ação Emergencial de prevenção e enfrentamento a incêndios florestais para 2025, atendendo à determinação do ministro Dino, que exige respostas urgentes e eficazes ao que ele classificou como uma verdadeira "pandemia de incêndios ".

*Via Brasil247

**Leia também: Lula vai mandar ao Congresso MP que cria estatuto da Emergência Climática

08 setembro 2024

'Ainda Estou Aqui': filme brasileiro leva prêmio no Festival de Veneza

Longa-metragem de Walter Salles leva prêmio de melhor roteiro na 81ª edição do Festival de Cinema de Veneza

Fernanda Torres interpreta Eunice Rubens Paiva em Ainda Estou Aqui / Divulgação

Por *

Após aclamação da crítica e do público do Festival de Veneza de 2024 — que ovacionou Ainda Estou Aqui por 10 minutos — o longa estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello e dirigido por Walter Salles, conquistou o prêmio de melhor roteiro do festival.

Os roteiristas Murilo Hauser e Heitor Lorega receberam o estimado prêmio e dedicaram a vitória à protagonista do filme, a atriz Fernanda Torres, que não pôde estar presente no momento da premiação. No fim do discurso, eles homenagearam o cinema nacional com a frase de resistência: “Viva o cinema brasileiro!”

Ainda Estou Aqui é baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, que conta a história de sua mãe, Eunice e de seu pai, Rubens Paiva, morto pela ditadura militar. O filme ainda não tem data de estreia no Brasil.

*Via https://tvtnews.com.br/

CLIQUE AQUI para assistir ao trailer do filme.

07 setembro 2024

The Sound of Silence - Simon & Garfunkel

Privacidade - Militantes pedem cautela na exposição das envolvidas em denúncias de assédio contra Silvio Almeida

Representantes dos movimentos negro, de mulheres e dos direitos humanos alertam para risco de revitimização e racismo

Silvio Almeida foi demitido do cargo de Ministro dos Direitos Humanos após denúncias de assédio sexual - Foto: Violaine Martin/ONU

Por Carolina Bataier*

Após a demissão de Silvio Almeida do cargo de ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, na noite desta sexta-feira (6), representantes dos movimentos negro e dos direitos humanos se manifestaram pedindo cautela nas repercussões sobre o caso.

O ex-ministro é acusado de assédio sexual, mas nega as denúncias. Uma das vítimas seria a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que se manifestou pedindo respeito à sua privacidade. Ela não confirmou nem negou ter sofrido assédio de Almeida. 

Luka Franca, secretária de organização estadual do Movimento Negro Unificado de São Paulo (MNU-SP), alerta para a violência presente na exposição generalizadas das envolvidas na denúncia. Ela comenta que a cobrança para que a vítima venha a público apresentar seu relato representa um processo de revitimização. "É também violento", avalia. 

Na rede social Threads, a militante dos direitos humanos Monica Benício reforçou o pedido de cuidado com as informações repassadas. "Deve-se também ter cautela com narrativas que aprofundam os racismos e perpetuam os discursos de ódio que fragilizam a democracia brasileira", escreveu. Monica era a companheira de Marielle Franco, vereadora assassinada em 2018 e irmã de Anielle. 


A deputada Érika Hilton comentou o caso na rede social BlueSky / Reprodução

A deputada federal Erika Hilton (Psol) prestou solidariedade a Anielle e pediu ponderação nas opiniões públicas sobre a denúncias. "Em casos de assédio, a prioridade sempre deve ser a proteção e o respeito às vítimas", escreveu, em postagem na rede social Bluesky. "E deve ser preservado também o princípio do direito de defesa do Ministro Silvio Almeida", ressaltou.

Luka Franca, do MNU, tem posicionamento no mesmo sentido. "As investigações devem ser feitas de maneira a não destruir nenhuma das vidas", alerta a militante. "É uma derrota para o movimento negro a gente ver duas figuras importantes do primeiro escalão do governo, negras, expostas desse jeito", lamenta.  

A Marcha Mundial das Mulheres destacou a importância de políticas públicas para combater a violência contra mulheres. "É urgente que os mecanismos públicos de combate à violência funcionem, e que as organizações políticas levem a sério as denúncias feitas pelas mulheres. Denúncias de violência vêm a público quando todos os outros mecanismos falharam. É inadmissível que tenhamos que nos expor nas redes sociais para conseguir respostas para as violências que sofremos", destaca a organização em nota ao Brasil de Fato.

"Se tivermos políticas que funcionem, uma Ministra de Estado, uma catadora, advogada ou doméstica poderá ter no Estado brasileiro o acolhimento e a resolução necessária para a violência", segue o texto. (...)

*CLIQUE AQUI pra continuar lendo (via BdF)

Pronunciamento à Nação do Presidente LULA - Independência e Democracia

03 setembro 2024

Alguma coisa está se desmanchando no ar

A esquerda  necessita reagir, tem de se apresentar diferente, tem de ter a radicalidade sem a qual não é esquerda.

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Por Céli Pinto (*)

No atual processo eleitoral, há dois casos aparentemente muito distantes, mas que dividem características comuns: as eleições para prefeito nas cidades de São Paulo e Porto Alegre. Não vou tomar em consideração, por estranho que possa parecer ao leitor e à leitora, a figura estrambólica de Pablo Marçal, ou a tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul, que foi particularmente grave na cidade de Porto Alegre.

Minha hipótese é que a difícil situação em que se encontram as candidaturas de esquerda nas duas cidades – estou me referindo a Guilherme Boulos e Maria do Rosário -, é que não existe polarização. Ao contrário da gritaria da grande mídia contra a polarização, o que acontece é exatamente o contrário.

De um lado se construiu, ao longo dos anos (diria da última década), um bem azeitado discurso de extrema-direita autoritário, que foi empurrando para o cantinho o projeto democrático de esquerda, a partir de temas absolutamente dispersos, sempre  o associando à corrupção (mesmo quando houve importantes protagonistas entre políticos  da direita e de extrema-direita) e ao comunismo, seja isto o que for.

A esquerda aceitou sem titubear o modelito muito bem construído pela direita e passou para a defensiva. Boulos, outro dia, em entrevista no programa Roda Viva da TV Cultura, posou tanto de bom menino que podia muito bem ser um candidato do PSDB; no Rio Grande do Sul, a campanha de Rosario luta para parecer bem comportada e busca de uma classe média ilustrada para dar palpite fora de hora sobre “a Porto Alegre que quero morar”.

Ninguém do campo da esquerda deixará de votar no Boulos em São Paulo, ou na Rosário em Porto Alegre, mas isto não ganha eleição. O que é preciso é desdemonizar a luta política, o antagonismo, a identificação de posições políticas  entre contrários. Isto é democracia.  Até Trump e Harris, que andam de mão dadas na despudorada política externa do império do norte, parecem ao eleitor estadunidense mais polarizados, mais alternativos um ao outro do que o ataque de psdebismo da esquerda brasileira, com medo de eleitor conservador.  Esta ideia de que o brasileiro é conservador por natureza é completamente estúpida, para dizer o mínimo.

Não há essencialidade no eleitor conservador, há de um convencimento, há um trabalho de interpelação de  um povo que ficou à deriva, enquanto a esquerda se amedrontava frente a desfaçatez do ex-juiz de Curitiba A esquerda  necessita reagir, tem de se apresentar diferente, tem de ter a radicalidade sem a qual não é esquerda. Esta radicalidade precisa ser popular e democrática. Deve ser alternativa ao discurso obscurantista que, nos casos dos candidatos do MDB das cidades de São Paulo e Porto Alegre, Ricardo Nunes e Sebastião Melo, é completamente oportunista.  Ou a esquerda se apresenta com a ideologia que a constitui como tal, ou fica a reboque de uma ideologia de feições fascistóides, tentando provar que não é tão perigosa, que não ameaçara os princípios conservadores dos bolsonaristas, raízes ou de ocasião.

A questão fica ainda mais séria para os candidatos do sudeste e do sul, como os dois que estão em pauta. Nas duas cidades, os mais pobres votam mais à direita (ainda que sempre se tenha pensado que o nordeste era petista porque era mais pobre). Em Porto Alegre, 43% do eleitorado de Melo tem até o ensino fundamental e 35% ganham até 3 salários mínimos. (Pesquisa Quaest, publicada em 27/08/2024)

Mas o dado mais assustador desta última pesquisa é que apenas 62% dos eleitores que votaram em Lula em Porto Alegre (e Lula ganhou na capital) votariam em Maria do Rosário. Parece que alguma coisa está se desmanchando no ar. Mas há tempo de radicalizar. 

(*) Professora Emérita da UFRGS; Cientista Política; Professora convidada do PPG de História da UFRGS

-Fonte: Sul21

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02 setembro 2024

Vítima do próprio X, Musk deu tiro no pé e busca saída para vexame internacional

 


Por Antonio Mello*

Como canta Caetano Veloso na belíssima "Sampa","Narciso acha feio o que não é espelho". Mais ainda quando Narciso é um bilionário em dólares e trilionário em reais — sua fortuna é avaliada em mais de R$ 1 trilhão.

Elon Musk, fascinado por sua imagem nos espelhos de sua rede X, com a turma da extrema direita tratando-o como o paladino da defesa da liberdade, esticou a corda acreditando que:

  • Alexandre de Moraes não teria coragem de bloquear a rede X no Brasil;
  • Se o fizesse sua atitude seria reprovada pela maioria da população;
  • e a repercussão internacional lhe seria favorável e contrária a Moraes.

Deu ruim, como dizem. 

  • Alexandre de Moraes não apenas bloqueou o X no Brasil como ainda bloqueou o dinheiro de sua empresa de satélites de comunicação Starlink para que Musk pague o que deve ao país — no momento, algo em torno de R$ 20 milhões.
  • Os brasileiros descobriram rapidamente um novo pouso em céu azul e a rede Bluesky conseguiu um milhão de novas assinaturas em três dias.
  • A repercussão internacional é amplamente favorável à atitude do Judiciário brasileiro.

The New York Times relatou que a suspensão foi uma resposta direta à inobservância de Musk às ordens judiciais brasileiras. O jornal destacou que o caso brasileiro apresenta um cenário onde Musk encontrou um desafio significativo na figura do juiz Moraes. Por sua vez, The Washington Post criticou Musk por arriscar um dos maiores mercados do X para apoiar Jair Bolsonaro e seguidores que promovem falsas narrativas de fraude eleitoral.

No Reino Unido, The Guardian analisou a decisão como uma medida necessária para controlar as ações de Musk, que foi descrito como fora de controle. Na França, Le Monde considerou a decisão severa, mas previsível, dada a preparação de longo prazo e as investigações conduzidas por Moraes, que miram a disseminação de informações falsas e a atuação de milícias digitais no Brasil. Esses relatos internacionais refletem um consenso de que as ações do ministro Moraes são vistas não como censura, mas como esforços justificados para manter a ordem legal no país. [247]

Pior, Musk daqui a pouco vai receber de volta o bumerangue que lançou, porque a extrema direita é quem mais sai prejudicada com o fechamento da rede X no país. Lá era permitido o anonimato absoluto, a prática de crimes sem punição, a defesa dos valores da extrema direita, do cometimento de crimes (como recentemente no Reino Unido) e da disseminação de fake news.

O próprio Elon Musk, com seus mais de 200 milhões de seguidores no X, também foi atingido por sua arrogância ao peitar o Judiciário brasileiro porque agora ficou sem público no país para disseminar suas fake news e defesa de ideias de extrema direita.

Como se não fosse bastante, o Brasil ainda era um dos maiores palcos da rede X com 20 milhões de xuiteiros. Musk perde também esse público.

Isso vem se somar ao desastre que sua administração causou à rede desde que a comprou. O X (antigo Twitter) perdeu 71,5% de seu valor de mercado desde que foi adquirida por Elon Musk, em outubro de 2022.

Para ter uma rede sua para espalhar sua ideologia de extrema direita pelo mundo e seus tentáculos em busca de poder, Musk aceitou pagar mais que o dobro do valor de mercado do Twitter em outubro de 2022. Desembolsou 44 bilhões de dólares, quando o valor de mercado do Twitter era de 19,6 bilhões.

Hoje — quer dizer, ontem, antes do X ser desligado do Brasil — valia apenas 5,3 bilhões de dólares.

Por isso, Elon Musk, o bilionário (ou trilionário) corre atrás de uma saída que não seja humilhante em busca de alguém que consiga fazer o meio de campo entre ele e o ministro Alexandre de Moraes para tentar retomar a rede antes que a situação se torne irreversível.

O telefone do golpista e traidor Michel Temer deve ter sido passado a ele e logo teremos a triste figura, que ainda permanece solta, defendendo uma "solução nego$iada", ao estilo de "tem que manter esse negocio daí", como quando defendeu que a JBL continuasse a pagar uma mesada a Eduardo Cunha.

Esperemos que seja apenas após as eleições, para que o ambiente permaneça sem a poluição do chorume da extrema direita. Até lá estamos livres dela e de Elon Musk — pelo menos no X.

*Via Blog do Mello

29 agosto 2024

Venezuela, deu o que tinha que dar

 


Por Jair de Souza*

Após fazer uma minuciosa auditoria de todo o material relacionado com a jornada eleitoral do passado dia 28 de julho, o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela corroborou nesta quinta-feira, 22 de agosto, os resultados que já haviam sido proporcionados pelas autoridades eleitorais do CNE (Conselho Nacional Eleitoral) poucas horas após o término da votação.

Mas, por que estava havendo tanto alvoroço, se o sistema eleitoral venezuelano é reconhecidamente o mais confiável e fidedigno entre todos os países de nosso planeta?

A bem da verdade, as razões que deram origem à enorme turbulência que marcou os dois dias que se seguiram às eleições não tinham nenhum embasamento em quaisquer suspeitas de fraude por parte dos dirigentes da extrema direita política que competia contra o chavismo.

Eles, mais do que ninguém, têm plena consciência da impossibilidade de manipular e fraudar o sistema eleitoral de seu país. Por isso, eles sabiam muito bem que o vencedor do pleito não poderia derivar de um falseamento dos dados dos escrutínios.

Em vista do acima exposto, todos os que tinham como sua tarefa máxima e prioritária a remoção dos bolivarianos do comando do Estado teriam de encontrar outros caminhos para garantir sua chegada à presidência da nação, visto que também sabiam que lhes seria impossível alcançar tal objetivo com base em uma maioria de votos.

A partir dessa sensação, eles arquitetaram seu plano de ação.

O plano visava abrir caminho para viabilizar e legalizar internacionalmente o golpe de força com o qual contavam que iriam arrebatar o poder.

Foi assim que, nas semanas anteriores ao pleito, puseram em ação todo seu gigantesco maquinário midiático para induzir o mundo a crer que a população venezuelana estava abrumadoramente contra o governo atual.

É claro que isso só faria sentido no exterior, uma vez que, localmente, o povo da Venezuela não teria nunca dúvida sobre sua vinculação majoritária com o bolivarianismo.

Logo ao findar o horário de votação em 28 de julho, toda sua rede de difusão midiática a serviço dos interesses imperialistas foi deslanchada para que o mundo tivesse a sensação de que o chavismo tinha sido derrotado.

O passo seguinte seria a entrada em cena das bandas delinquenciais que a extrema direita tinha contratado para causar o máximo possível de violência, danos e mortes.

Tudo que pudesse gerar um caos incontrolável que seria aproveitado pelos dirigentes opositores de extrema direita para se declararem eleitos e receberem o reconhecimento formal dos Estados Unidos e demais países sob sua órbita.

Este plano já estava delineado num documento elaborado por Mark Feierstein, que foi funcionário do Departamento de Estado, da USAID e do Instituto Democrático Nacional, para o Wilson Center, uma das principais agências estadunidense de desestabilização política no exterior.

A respeito deste plano, é altamente recomendável que vejam com atenção este documentário preparado por jornalistas de Venezuela News. Ele foi ao ar em 26 de julho, portanto dois dias antes da eleição.

Como poderemos constatar ao assistir ao documentário, o plano parecia estar funcionando de vento em popa.

Só que, uma vez mais, subestimaram o nível de consciência, organização e determinação das massas populares venezuelanas. Sendo assim, em menos de 48 horas, o povo nas ruas, em aliança com as forças militares revolucionárias, derrotou fragorosamente a intentona golpista.

Após sua estrondosa derrota nas urnas e nas ruas, restava à extrema direita a esperança de causar um imenso desgaste internacional contra as autoridades venezuelanas para que elas se sentissem obrigadas a reconhecer a oposição como vencedora.

Agora, com a palavra final do Superior Tribunal de Justiça, nem essa esperança lhes resta.

Tradução ao português e legendas: Jair de Souza*


*Jair de Souza é economista formado pela UFRJ; mestre em linguística também pela UFRJ.

-Fonte: Viomundo

Leia também:

A Maduro e ao povo venezuelano: Pedimos respeito à soberania da Venezuela, sem qualquer ingerência externa

Jair de Souza: Claudicando diante do imperialismo, Lula perde muito da esquerda e nada ganha da direitaFacebook

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Reação: 'Querem soterrar as vozes antissionistas', afirma jornalista Breno Altman após condenação por injúria

Profissional, que é de família judaica, recebeu apoio de Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal)

Breno Altman é autor do livro "Genocídio é ferramenta de expansão de regime sionista" - Foto: Juliana Barbosa/MST-PR

Por Cristiane Sampaio*

Após ser condenado à pena de prisão sob acusação de injúria contra o economista Alexandre Schwartsman e o presidente da organização pró-Israel StandWithUs Brasil, André Lajst, o jornalista Breno Altman disse que vê o processo como uma tentativa de "se soterrarem as vozes antissionistas". A declaração foi dada ao Brasil de Fato no contexto em que o fundador de Opera Mundi mencionou uma série de outros processos de que é alvo por parte da Confederação Israelita do Brasil (Conib).

"É uma técnica derivada do lawfare e que atende pelo acrônimo SLAPP – Strategic Lawsuits Against Public Participation. Não querem necessariamente a prisão dos acusados, mas sufocá-los judicialmente para que saiam do debate político e se calem sob determinado tema", afirmou, ao dizer que o processo busca levar à "exaustão física, financeira e de tempo". Questionado como pretende responder à decisão, Altman disse que "nada muda" em seu curso de ação.

"Meus advogados cuidam dos processos judiciais e me avisam quando precisam de mim. E eu toco minha vida e minhas atividades, continuando o esforço de ampliar a crítica ao sionismo e ao Estado de Israel. Os processos contra mim são secundários, ossos do ofício." Na visão do jornalista, a esquerda brasileira estaria em dívida com o povo palestino naquilo que se refere às manifestações de solidariedade diante da agudização do conflito com as forças de Israel.

"Os grandes partidos, sindicatos e movimentos, com poucas exceções, estão pouco envolvidos na mobilização e no debate. Mas era ainda pior nas primeiras semanas, com muita confusão e medo de identificação com as organizações armadas da resistência. Temos que melhorar muito o engajamento, incluindo a cobrança, junto ao governo Lula, por ruptura das relações diplomáticas e comerciais com o regime sionista."

Acusação

O protocolo da ação judicial em questão se deu após um comentário nas redes sociais em que Altman utilizou os termos "covardes" e "desqualificados" para se referir aos autores da denúncia. O juiz responsável pelo caso, Fabrício Reali Zia, decidiu substituir a pena de prisão por uma multa de 15 salários mínimos, cujos valores devem ser encaminhados para o Fundo Municipal da Criança e do Adolescente (FUMCAD), ligado à Prefeitura de São Paulo.

Em um texto público em que comenta o assunto, Breno Altman disse, nesta quarta-feira (28), que a conduta na postagem teria relação com precedentes ligados aos acusadores. "Minhas palavras a respeito desses cidadãos foram resposta a sucessivos ataques, através dos quais fui chamado de 'kapo', apelido dado aos judeus que colaboravam com os nazistas nos campos de concentração. Por essa e outras ofensas, responde na Justiça um dos autores da ação contra mim. Sou de família judaica com longa história antifascista. Parentes meus foram assassinados no holocausto, alguns combatendo o nazismo de armas nas mãos. Qualquer comparação com os verdugos a mando de Hitler somente poderia provocar indignação e autodefesa", disse o jornalista. Por fim, Altman disse que a condenação é "motivo de orgulho" e que pretende batalhar pela reversão da decisão nas instâncias superiores.

Fepal

Em nota pública veiculada nesta quarta, a Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) repudiou a condenação judicial e prestou solidariedade a Altman. Mencionando as numerosas mortes de palestinos ocorridas recentemente em virtude do conflito, a organização afirmou que "Breno Altman incomodou os sionistas ao colocar o dedo na ferida".

"O problema é exatamente o sionismo, não apenas 'Israel' ou sua demografia judaica, importada para o projeto colonial e genocidário de substituição da população palestina originária e fanatizada neste mister. Mais do que isso, Altman demonstrou que é justamente o sionismo que joga parcela dos professantes do judaísmo nesta armadilha e os captura para plano de extermínio análogo ao nazista", atribuiu a Fepal.

A entidade também criticou os ataques recebidos por Altman. "Ele apenas reagiu a esta acusação indecente, e não apenas porque nunca foi kapo, mas porque não poderia silenciar frente aos verdadeiros kapos, que não reúnem autoridades moral, ética, política ou intelectual para formular tal acusação, pois expressam hoje a exata visão dos aliados dos nazistas e aplicam-na na Palestina", emenda o texto.

Brasil de Fato tentou, mas não conseguiu localizar a Confederação Israelita do Brasil (Conib), assim com Alexandre Schwartsman e André Lajst.

*Edição: Martina Medina - Fonte: BdF

26 agosto 2024

‘A Redenção é uma sombra do que já foi’: frequentadoras reclamam de podas e cortes de árvores

Integrantes de grupo ambientalista criticam a falta de critério no serviço, enquanto governo municipal aponta questões de segurança

Parque da Redenção apresenta tocos de árvores e troncos caídos. Foto: Isabelle Rieger/Sul21

O manejo arbóreo realizado no Parque Farroupilha (Redenção, em Porto Alegre/RS) tem chamado a atenção de alguns frequentadores da tradicional área verde da Capital. E não é pela qualidade do serviço. Ingrid Moldt e Lila Romero, integrantes do coletivo Preserva Redenção e assíduas caminhantes no parque, avaliam que o trabalho de poda, atualmente executado pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSurb), piorou muito nos últimos meses.

“Eles têm uma visão que não respeita a fauna e a flora. Estão depredando. A intenção deles é transformar a Redenção numa praça”, afirma Ingrid. Para ela, os cortes e podas de árvores têm sido feitos sem critério e de modo errado, podendo prejudicar o crescimento da vegetação.

Além das podas, ela reclama também da retirada de matéria orgânica que tem sido feita por caminhões, supostamente com a intenção de limpeza. Ingrid explica que a matéria orgânica é importante para a adubação do solo. “Estão deixando a paisagem ‘cristalina’, mas isso é a morte para os animais. Os gambás já quase não são vistos, as tartarugas estão diminuindo e os aguapés sendo retirados. A vegetação está sendo retirada como se fosse culpada.”

Ela pondera que o serviço feito pela Prefeitura pode fazer parte da população achar que a Redenção está “limpa”, mas que do ponto de vista ambiental, o trabalho não está correto. “Porto Alegre está entregue a uma determinada visão urbanística. Parece que eles não têm interesse em plantar árvores”, lamenta. Para reforçar sua análise, Ingrid cita o corte recente de uma ameixeira no Parcão, outra tradicional área verde de Porto Alegre. O corte revoltou usuários do parque e foi realizado porque estaria atrapalhando a visibilidade de uma câmera de segurança.

Na Redenção, Lila Romero cita de exemplo o corte de um maricá. A árvore nativa, comum em vários estados do Brasil, é indicada para ações de reflorestamento, preservação ambiental, arborização urbana, paisagismos ou plantios domésticos. Na Redenção, havia um exemplar perto do Recanto Oriental. A árvore chegou a tombar recentemente, mas permanecia viva. Há poucas semanas, foi definitivamente cortada. (...)

*CLIQUE AQUI para continuar lendo a postagem de Luciano Velleda no Sul21

22 agosto 2024

Justiça da Venezuela valida reeleição de Maduro e pede investigação contra 'atas falsas' divulgadas pela oposição

Tribunal de Justiça afirmou ter constatado também o ataque hacker contra as eleições e pediu a publicação dos resultados

Nicolás Maduro durante cerimônia de nomeação, em 29 de julho, ao lado do presidente do CNE, Elvis Amoroso - Federico PARRA / AFP

Por Lorenzo Santiago, de Caracas*

O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) validou nesta quinta-feira (22) o resultado das eleições presidenciais de 28 de julho na Venezuela que definiram a reeleição de Nicolás Maduro para um terceiro mandato no país. Segundo os peritos que participaram da investigação, as atas apresentadas pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) estão de acordo com os dados coletados.

A Corte também alegou ter constatado os ataques hackers contra o sistema eleitoral venezuelano e que as atas apresentadas pela oposição seriam "falsas".

O anúncio foi feito pela presidenta da Corte e da Sala Eleitoral (equipe da Corte responsável pela análise dos resultados do pleito), Caryslia Rodríguez. Segundo a presidente do TSJ, o Ministério Público também deve incluir os materiais nas investigações contra delitos e disse que os sites divulgados pela oposição com o que chamou de "atas falsas" também podem configurar atos passíveis de julgamento.

"Esta sala certifica de forma inquestionável o material eleitoral pericial e valida os resultados da eleição presidencial de 28 de julho de 2024, emitidos pelo Conselho Nacional Eleitoral, onde o cidadão Nicolás Maduro Moros foi eleito presidente da República Bolivariana da Venezuela para o período constitucional 2025-2031. Assim se decide", dizia a sentença lida por Rodriguez.

Ela afirmou que pedirá que o MP "determine a responsabilidade sobre a ansiedade provocada na população pela usurpação de funções [do CNE], falsificação de documentos públicos, instigação à desobediência às leis associação de crimes informáticos para prática de crime e conspiração. Em virtude dos documentos alegadamente falsos ou falsificados carregados no site www.resultadospcr.codep.cl". O site faz referência à página usada pela oposição para divulgação das supostas atas recolhidas pela extrema direita.

O TSJ pediu também a publicação dos resultados na Gazeta Eleitoral do país. O CNE tem 30 dias para a publicação dos resultados a partir da proclamação dos candidatos, realizadas em 29 de julho. A Corte também cita na decisão casos de outros países em que as eleições foram judicializadas, como do Brasil em 2022 e dos Estados Unidos em 2020.

A presidente da Corte criticou a ausência do candidato da oposição, Edmundo González Urrutia para prestar declarações na Justiça e a omissão dos partidos que compõem a Plataforma Unitária na entrega dos materiais eleitorais. Segundo o Tribunal, Edmundo González desacatou mandato da Justiça e que isso pode "acarretar em sanções".

Clique na imagem para acompanhar a cobertura completa / Rafael Canoba/Brasil de Fato

Judicialização

O processo eleitoral venezuelano está sob disputa judicial. A oposição contestou a eleição de Nicolás Maduro para um terceiro mandato. Isso, somado à denúncia de ataque hacker pelo CNE, levou Maduro a pedir uma investigação pela Justiça. O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) investiga os supostos ataques, recolheu todo o material eleitoral do órgão e ouviu nove dos dez candidatos que disputaram o pleito. Só o opositor Edmundo González Urrutia não compareceu.

O grupo liderado pela ex-deputada ultraliberal María Corina Machado afirma ter recolhido mais de 80% das atas eleitorais e que, a soma desses resultados, daria a vitória a Edmundo González Urrutia. Os opositores de Maduro divulgaram em dois sites uma suposta lista das atas eleitorais. Em um deles, o usuário digitava o seu documento de identidade e aparecia supostamente a ata eleitoral da mesa que aquele usuário votou. No outro, havia um compilado com os dados de todas as atas que a oposição afirmava ter.

Mas eles não enviaram a relação completa das atas à Justiça venezuelana e nem entraram com processo pedindo a revisão ou a impugnação dos resultados eleitorais. Corina disse que seu candidato, Edmundo González, ganhou o pleito por larga margem, supostamente com 67% contra 30% de Maduro.

Com o início das investigações pela Justiça, Edmundo González Urrutia não se apresentou ao TSJ e enviou como representante o governador de Zulia, Manuel Rosales. Em discurso depois da oitiva, Rosales disse que a oposição "não precisa entregar nada" e exigiu a apresentação das atas eleitorais pelo CNE.

O setor de extrema direita tinha duas opções: ou abrir um processo próprio na Justiça do país ou apresentar as provas na investigação que já está em curso. O grupo, no entanto, não optou por nenhuma das duas saídas.

*Edição: Rodrigo Durão Coelho - Via BdF