04 março 2011

Reflexões necessárias



NADA COMO UM DIA DEPOIS DO OUTRO

Carta Maior - Menos de 24 horas depois de o BC elevar a taxa de juro para 11,75% -- medida profilática para desaquecer a economia e conter ‘pressões inflacionárias' decorrentes do descompasso entre oferta e demanda ,explicam os consultores dos mercados financeiros-- o IBGE divulgou dados do PIB de 2010.

O confronto entre os sinais emitidos pela economia real e as justificativas para a decisão do BC deveria inspirar, no mínimo, alguma reflexão em círculos saltitantes, dentro e fora do governo, unidos pela ciranda-cirandinha do ‘corta-corta'.

Vejamos: a) o PIB brasileiro cresceu 7,5% no ano passado em relação a 2009. Sim, a base de comparação era modesta. Em 2009 o país enfrentou galhardamente, com ferramentas keynesianas, a maior crise mundial do capitalismo desde os anos 30, mas seu PIB estagnou; b) a retomada em 2010, todavia, não se mostrou apenas vigorosa na recuperação do tempo perdido: ela foi sobretudo notável na sua consistência; c) o crescimento do PIB foi puxado, com dianteira folgada, pela formação bruta de capital que registrou um crescimento histórico de 21,8% ; d) e foi principalmente a produção de máquinas e equipamentos que impulsionou esse salto na agregação de capacidade produtiva: o avanço nesse segmento atingiu 30,5% em 2010 (havia caído 13,1% no ano anterior); e) sim, a expansão do consumo também foi robusta. Puxada por ganhos reais de salário e maior disponibilidade de crédito, subiu 7% no ano. Os números, porém, são categóricos: o investimento em estruturas e máquinas para promover a ampliação da oferta está crescendo a uma velocidade três vezes superior à da demanda corrente.

Ainda que existam razões prudenciais para o governo cortar algum gasto, como foi feito, de modo a calibrar a maturação desses investimentos (porque investimento, num primeiro momento, também aquece a demanda) e assim assegurar o equilíbrio macroeconômico mais adiante, a pergunta é: o padrão de crescimento comprovado em 2010 requer, de fato, novas altas no custo financeiro da economia para ganhar consitência? Um tempero final : segundo a FIPE, os preços ao consumidor (IPC) na cidade de São Paulo fecharam fevereiro com alta de 0,60 -- é a metade da taxa registrada em, janeiro ( 1,15%; ainda: seis das sete capitais pesquisadas pela FGV exibiram redução nos preços ao consumidor (IPCS) coletados na última semana de fevereiro.  (Carta Maior; 5º feira-, 03/03/2011)

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