Governo Dilma tem votos para barrar impeachment; oposição terá de conquistar mais 70; Jandira diz que sessão foi “vergonha”
A sessão de hoje é uma vergonha na história da instituição Câmara dos Deputados. Eduardo Cunha quis impor, através de intensa ilegalidade e manobras, o golpismo. Feriu a Constituição. Feriu o regimento a seu bel prazer. O STF precisa se posicionar; por Jandira Feghali, no Facebook
da Redação do Viomundo*
Na primeira votação feita no Congresso sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o governo obteve 199 votos para a chapa indicada por líderes da base aliada.
A chapa da oposição venceu com 272 votos e vai controlar a maioria dos integrantes da comissão de 66 deputados encarregada de decidir pela abertura ou não do processo.
O relatório final da comissão — que com a vitória da oposição provavelmente será pró-impeachment — terá de ser aprovado por 342 votos. Dilma precisará, portanto, de 170 para barrá-lo.
Em relação aos números de hoje, a oposição precisa de mais 70 votos.
Se conseguir, a presidente será afastada temporariamente e o processo vai a julgamento final no Senado.
O governo Dilma tem, portanto, alguma margem de manobra antes das grandes manifestações de rua previstas para acontecer nas próximas semanas — considerando que 42 deputados deixaram de votar hoje.
O vice-presidente Michel Temer, pelo conteúdo da carta que divulgou ontem, vinha amargando ressentimentos contra Dilma desde que aliados dele foram afastados do governo.
Foi Moreira Franco, ex-ministro de Dilma, quem redigiu o Plano Temer, um passo decisivo do vice-presidente para ganhar apoio da mídia e de empresários para uma transição com ele, em nome de “união nacional”.
Está claro que Temer age em sincronia com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que na votação de hoje não só admitiu a disputa de chapas pelo controle da comissão como determinou voto secreto, sob protestos de governistas. A carta do vice-presidente foi manchete nos jornais no dia da escolha da comissão, uma forma de dar a deputados reticentes a perspectiva de se dar bem num eventual governo Temer.
O PCdoB recorreu ao STF para impugnar as decisões de Cunha.
Momentos antes da votação em plenário, pela terceira vez consecutiva o Conselho de Ética da Câmara adiou a decisão de abrir processo contra Cunha, depois de manobras protelatórias de deputados pró-impeachment, como Paulinho da Força, acusado por delator da empreiteira UTC de ter recebido R$ 1,6 milhão para acabar com greves nos canteiros de obras da empresa.
Cunha havia recorrido ao STF pedindo a troca do relator do Conselho, mas o pedido foi negado pelo ministro Luís Roberto Barroso.
Entenda abaixo como será o Plano Temer:
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