12 junho 2020

Coluna C&A - nº 193



Coluna Crítica & Autocrítica - nº 193

Por Júlio Garcia**

*A propósito da recente manifestação do Presidente Lula em relação aos cuidados que o PT, demais partidos [setores, articulações e movimentos...] de esquerda, democráticos e antifascistas devem ter sobre assinar (ou não) os vários ‘manifestos’ que estão surgindo, gostaria de registrar que tenho concordância com suas preocupações - que são oportunas, corretas e justas.

*Dentre outras coisas, disse Lula: “Direitos dos trabalhadores foram retirados desde o golpe contra Dilma Rousseff em 2016, mas não são mencionados nos manifestos dos que se organizam para defender a democracia e que, ao formar um frentão [contra Bolsonaro e os fascistas], o PT não pode esquecer da trama da Globo com Moro e do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff”. Sobre isso, o jornalista Paulo Moreira Leite escreveu no site Jornalistas Pela Democracia (repostado por este Colunista no Blog do Júlio Garcia). Leiam a seguir:

“O reconhecimento de que os assalariados têm interesses econômicos e políticos próprios, distintos do empresariado e dos setores médios, sempre contribuiu para a conquista de melhores condições de existência dos trabalhadores e das camadas subalternas.

Muitos daqueles direitos que até pareciam garantidos para sempre, como salários compatíveis com o custo de vida, aposentadoria e assistência médica, jamais foram entregues espontaneamente por empresários altruístas, mas conquistados em processos de luta e reivindicação.

Hoje, no capitalismo do século XXI, vivemos um processo na direção inversa, a uberização -- esforço especialmente selvagem de regressão social. Como sabemos, no Brasil esse ataque a direitos tradicionais ganhou velocidade a partir do golpe de 2016, recebendo impulso ainda maior no governo Bolsonaro-Guedes.

Mesmo considerando possíveis mudanças na esfera política no próximo período, num processo cujo percurso ainda não é possível vislumbrar como será, nada indica que a guinada socialmente regressiva do bolsonarismo será interrompida automaticamente -- a menos que a parte mais prejudicada esteja organizada e preparada para ir atrás de um indispensável ajuste de contas.

E aqui se enxerga o papel de Lula, sua recusa em entrar "no primeiro ônibus que aparece".

Numa grande síntese: as mesmas forças políticas que em 1984 estiveram no palanque da campanha pelas diretas-já, ajudando a enterrar o regime militar, ressurgiram de casaca virada em 2016 para votar a favor do impeachment de Dilma Rousseff, no golpe parlamentar que abriu as portas para o bolsonarismo e sua sombra, uma ditadura.

Como farsa, como tragédia, é bom ser cuidadoso. A experiência brasileira ensina que a história costuma repetir-se com frequência indesejável. Alguma dúvida?”
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*Covid-19: os números oficiais mascaram a realidade: Estimasse que no Brasil ajam mais de 5 milhões de pessoas com o vírus – e o número de mortos é pelo menos 10 vezes maior do que o anunciado. Desnecessário falar aqui sobre a política genocida de Bolsonaro em relação a pandemia. Porém, focando somente no RS, em que pese algumas iniciativas corretas adotadas inicialmente, o posterior afrouxamento em relação ao isolamento/distanciamento social, com a abertura quase indiscrimada do comércio, fábricas, serviços etc. adotado no RS pelo governo Leite, bem como na maioria das cidades (Santiago inclusa) é deveras preocupante... Hora das autoridades (estaduais e municipais) reverem essa exagerada ‘flexibilização’ ... enquanto é tempo!
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*Por fim, um registro (mais do que necessário!): -Somos antifascistas e antirracistas! #Somos a maioria do povo brasileiro! #Resistiremos e #Venceremos! 
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**Júlio César Schmitt Garcia é Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado, Consultor, dirigente político (PT) e Midioativista. Foi um dos fundadores do PT e da CUT. - Publicado originalmente no Jornal A Folha (do qual é Colunista) em 05/06/2020. -Foto: Esquerda Diário

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