Ato alusivo ao 8 de janeiro foi marcado para o auditório do Sindbancários, mas espaço ficou pequeno para o número de participantes
Ato para marcar o 8 de janeiro em Porto Alegre ganhou as ruas do Centro | Foto: Joana Berwanger/Cpers
Por Felipe Prestes*
Marcado para o auditório do Sindbancários, ato organizado por sindicatos, partidos políticos e movimentos sociais para marcar o 8 de janeiro em Porto Alegre acabou ganhando as ruas na tarde desta segunda-feira (8). Com muita gente do lado de fora do sindicato e o auditório com seus 120 lugares ocupados, além de pessoas em pé, os organizadores decidiram realizar o ato na rua.
Centenas de pessoas desceram a ladeira da Rua General Câmara até a Rua dos Andradas aos gritos de “sem anistia” para os envolvidos nos atos golpistas de um ano atrás. O ato ocorreu, então, no passeio público da Rua da Praia.
A abertura coube ao ex-governador Tarso Genro. “Esse ato vai entrar para o calendário político da história do nosso País”, enfatizou. O ex-ministro da Justiça afirmou que a tentativa de golpe do dia de janeiro de 2023 começou com o impeachment de Dilma Rousseff: “Ali começa a desestruturação da democracia”.
Tarso disse ainda que Alexandre de Moraes “encarnou uma resistência que o nosso governo não pode encarnar, por estar no começo”. E reforçou a fala do ministro do STF mais cedo, contra o “apaziguamento”. “Eles (os golpistas) têm que ser processados, com direito de defesa. Tudo o que for provado tem que colocá-los na cadeia”. O ex-governador defendeu ainda que o País passe por um longo período de estabilidade com uma união que vá do centro até a extrema-esquerda.
Representando o Tribunal Regional do Trabalho da 4a. Região, o desembargador Luiz Alberto de Vargas ressaltou que “quando a Justiça do Trabalho esteve ameaçada, o movimento social foi para a rua abraçá-la”. Para o magistrado, o Poder Judiciário “nem sempre esteve ao lado da democracia, mas fez uma autocrítica e, por isso, foi atacado”.
Para o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, o 8 de janeiro visava “completar o serviço” de ataques aos direitos dos trabalhadores, que teria sido iniciado com as reformas trabalhista e da previdência.
Dando o tom de que o tema da defesa da democracia deve estar presente nas eleições municipais, os dirigentes partidários Roberto Robaina, presidente do PSOL em Porto Alegre; e André Costa, porta-voz da REDE no RS, afirmaram que é necessário construir uma grande frente ampla na cidade.
Ato começou no auditório do Sindbancários, que ficou pequeno para o público | Foto: Joana Berwanger/Cpers
A deputada federal Maria do Rosário, pré-candidata à Prefeitura pelo PT, rememorou em seu discurso o histórico democrático de Porto Alegre, desde a Campanha da Legalidade, com Leonel Brizola, até o Orçamento Participativo e o Fórum Social Mundial. “Foi triste ver nessa cidade da democracia uma homenagem aos golpistas na Câmara”, disse. “Temos que chegar em cada bairro dizendo que democracia é pão na mesa, é água para todos, é combater a privatização do DMAE e da Carris”.
Logo após a fala de Rosário, quem discursou foi Tamyres Filgueira, pré-candidata à Prefeitura pelo PSOL. “Nossa democracia é importante, mas é insuficiente. O povo preto na periferia ainda está morrendo. Não há democracia enquanto em Porto Alegre tem 10 mil mães que não podem trabalhar porque não há vagas para seus filhos na creche, enquanto há segregação, pois tiraram o meio passe dos estudantes no transporte público”.
Enquanto ocorria o ato na Rua da Praia, a apenas três quadras dali, na Praça da Matriz, algumas dezenas de militantes de extrema-direita se manifestavam pedindo liberdade para os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Uma das faixas estendidas na praça dizia “vítimas enganadas e presas desde o dia 9/1/23 clamam por justiça”.
*Via Sul21
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