22 setembro 2008

Entrevista



Entrevista com o jurista Fabio Konder Comparato

'É preciso reformar a escolha dos membros da Suprema Corte do país'




O blog divulga, na íntegra, a entrevista recentemente concedida pelo eminente jurista e professor aposentado da Faculdade de Direito da USP, Fábio Konder Comparato, aos repórteres Valéria Nader e Gabriel Brito, do Jornal Correio da Cidadania. Leia a seguir:

Correio da Cidadania: Como o senhor analisa o atual momento do judiciário brasileiro, em que instâncias diferentes se colocam em lados opostos nas mesmas questões? Em outras palavras, como está a relação entre as instâncias superiores e inferiores do Judiciário em nosso país?

Fabio Konder Comparato: Sem dúvidas, você tem como referência o episódio da prisão do Daniel Dantas. Entendo que não se pode falar de conflito entre STF e as instâncias inferiores. A meu ver, trata-se mais propriamente de uma idiossincrasia do atual presidente do tribunal, sendo que já houve manifestações próprias do ministro Gilmar Mendes de confronto, e não apenas com membros do Ministério Público Federal, do qual ele fazia parte. Entretanto, depois que ele assumiu sua cadeira no Supremo, algumas controvérsias de fato se estabeleceram.

CC: Nesse sentido, qual a sua avaliação quanto à concessão de hábeas corpus a Daniel Dantas, por meio do ministro do Supremo Gilmar Mendes – decisão moralmente tão criticada, mas considerada acertada por vários juristas?

FKC: Minha opinião é que o segundo hábeas foi abusivo, pois o ministro Gilmar Mendes pulou instâncias que não poderia deixar de respeitar. Esses casos de hábeas não chegam ao Supremo, salvo quando se trata de pessoa com privilégio de foro, e após passar por outras instâncias.

CC: Este ‘aparente’ descompasso entre os poderes - e também o descompasso intra-poderes, na medida em que a polícia manda prender, com o aval de instâncias inferiores do judiciário e do governo (mesmo com seu recuo posterior, no caso Daniel Dantas), e o Supremo manda soltar – não caracteriza, portanto, um quadro de crise institucional, já que há idiossincrasias envolvidas?

FKC: Não, longe disso. Não me parece haver nenhuma crise, mas sim acessos de mau humor de um lado e de outro.

CC: Qual a sua opinião a respeito das últimas ações da Polícia Federal no país? O senhor acredita que a PF esteja muito subordinada ao Executivo, quando seu vínculo direto deveria ser com o Judiciário?

FKC: Acho que, de modo geral, a PF no governo Lula tem sido muito eficiente - incomparavelmente mais eficiente que nos dois mandatos de Fernando Henrique - na investigação de crimes que envolvem pessoas de peso, até ligadas à presidência da República. Os abusos que têm ocorrido em geral se devem a essa mania de publicidade, de chamar televisão para testemunhar prisão de pessoas importantes, e não obscurecem o trabalho importante que a PF tem desempenhado. O número de operações de investigações realizadas durante o atual governo Lula é incomparavelmente maior do que o das investigações durante o governo FHC.

Eu propus perante o Conselho Federal da OAB que se encaminhasse ao Congresso Nacional uma proposta de Emenda Constitucional instituindo a autonomia da Polícia Judiciária. A Polícia Judiciária é uma auxiliar da justiça, não um braço armado do Poder Executivo. O conselho aceitou minha sugestão e ficamos de encaminhar a proposta ao Congresso, o que será feito na próxima semana.

A meu ver, a Polícia Judiciária tem de ser organizada separadamente da polícia de segurança. Esta tem de prevenir não só os crimes, mas também os distúrbios, causados por enxurradas ou catástrofes naturais, por exemplo; tem de atuar no resgate de pessoas envolvidas em acidentes etc., e por isso mesmo ela tem de estar junto ao Poder Executivo, pois precisa de atuação pronta, imediata. Já a Polícia Judiciária tem outra fórmula de atuação e sua organização possui outro objetivo: apurar infrações criminais, e, nesse sentido, é preciso que ela goze de autonomia. Se, por exemplo, trata-se de investigar alguém próximo ao governador de um estado, ou o próprio, evidentemente é muito delicado, se não impossível, que a Polícia Judiciária o faça. Por isso entendo que precisamos organizar essa polícia como um órgão autônomo, nem ligado ao Executivo nem ao Judiciário.

A única coisa que me parece razoável trazer como modificação do procedimento da Polícia Judiciária é a questão do indiciamento. Não deveria haver indiciamento ao fim do inquérito policial. O inquérito chega a determinados resultados e depois é encaminhado ao Ministério Público. O indiciamento é uma pré-acusação, já fundada, e com base nisso a pessoa fica necessariamente com sua ficha suja, seu prontuário prejudicado.

CC: E quanto a estes últimos acontecimentos envolvendo grampos e Abin (Agência Brasileira de Inteligência), eles fazem crer que estejamos vivendo um Estado policialesco?

FKC: Isso é um exagero evidente, mais um dos exageros do nosso presidente do STF. Acontece que houve um abuso, manifesto, na captação clandestina de comunicações telefônicas do STF, e o governo deveria abrir uma investigação rigorosa sobre o fato.

Pareceu-me muito estranho que se afastasse o diretor da Abin, o que já significou uma pré-culpa dele. Até hoje o delegado Paulo Lacerda tem tido comportamento público exemplar, e isso depõe sempre a seu favor.

De qualquer maneira, se era para afastar alguém, por que não o chefe da Abin, o general Félix, que trabalha junto ao presidente da República? Tudo isso mostra que houve uma precipitação no caso.

CC: A partir de atos aparentemente desconexos, vislumbra-se cenário de ‘militarização’ da sociedade e ‘subserviência’ do governo a esse cenário - reuniões do Clube Militar; ações do Ministério Público no RS; defesa da presença das Forças Armadas na Amazônia etc. Isso seria medo infundado sobre avanço do autoritarismo ou algo que pode ter repercussões para a nação?

FKC: Acho que não houve avanço nenhum. O que houve foi falta de recuo, que na minha visão é de responsabilidade do chefe do Poder Executivo. A questão do protesto dos militares sobre as declarações do ministro da Justiça Tarso Genro a respeito da Lei de Anistia deveria ser respondida com punições, e não com contemporizações, como fez o presidente da República.

Creio ser preciso cortar na raiz esses abusos dos militares, seja da ativa, seja da reserva. Por conta disso, estou propondo que se ajuíze junto ao STF uma argüição de descumprimento de preceito fundamental a respeito da Lei 6673/79, a Lei de Anistia, para que o Supremo diga definitivamente se os agentes públicos – militares e policiais – que mataram, torturaram, seqüestraram, abusaram sexualmente de presos políticos foram ou não abrangidos pela Lei de Anistia. A meu ver, eles cometeram crimes comuns.

A importância desse recurso ao Supremo é que se resolveria definitivamente essa pendência, sem deixar fermentar dúvida a tal respeito. É o que acabei de propor ao Conselho Federal da OAB, pois ela é uma das entidades que tem legitimidade de propor argüição de descumprimento de preceito fundamental.

CC: O senhor vê, portanto, como uma necessidade a revisão da Lei de Anistia? Setores progressistas, mesmo discordando da idéia de revanchismo (levantada por conservadores contrários à revisão da referida lei), dizem ser inoportuna a forma e intensidade dessa discussão, considerando-se temas mais prementes e carentes de atenção. O que o senhor pensa a respeito?

FKC: Estou convencido de que a Lei de Anistia não abrange os torturadores e homicidas do lado do governo, de modo que não é preciso mudar coisa alguma. Acontece que nem o Ministério Público e nem a OAB, tampouco qualquer outra entidade que possui legitimidade para ir diretamente ao Supremo, se movimentaram. E isso foi uma omissão lastimável em minha opinião.

O ambiente político até pouco tempo atrás não admitia que se discutisse a questão da Lei de Anistia porque colocavam em primeiro lugar o fato de que eles, políticos, foram anistiados e os que estavam no exílio puderam voltar ao Brasil. É realmente uma preferência própria ou egoística muito marcada.

O que nós tínhamos de fazer é dar cumprimento à Constituição, uma vez que o Brasil é o único país do Cone Sul que não investigou oficialmente os crimes cometidos pelos governantes durante o regime militar e não os submeteu a processo, de modo que isso é uma desmoralização do país - muito de acordo, sinto dizer, com nossa tradição de memória fraca ou de virar a página sobre o passado.

CC: E há cenário político favorável à revisão da lei?

FKC: Entendo, conforme disse, que não há de se fazer revisão alguma. É preciso saber se a lei realmente anistiou ou não os criminosos do regime militar. É por isso que propus a argüição de descumprimento de preceito fundamental junto ao Supremo. Pelo seguinte: se não fizermos uma revisão da lei, para dizer que ela de fato anistiou, quando não deveria, os militares e policiais que mataram, torturaram etc., nós não podíamos afastar a prescrição penal, pois a lei é de 1979, não nos esqueçamos.

Se o STF, diante da controvérsia pública estabelecida, decidir que realmente anistiados foram os que cometeram crimes políticos, ou seja, os opositores ao regime, não se considera que durante todo esse tempo correu o prazo de prescrição criminal. Isso é muito importante e por isso que entendo que a questão tem de ser levada ao Supremo, é caso para ser decidido pela mais alta corte de justiça do país.

CC: Sendo entidade que deve estar presente em decisões variadas e de tamanha importância para a nação, o que o senhor pensa quanto aos critérios para a escolha dos ministros do Supremo?

FKC: Nós temos de mudar isso. Já há algum tempo venho cogitando propor essas mudanças junto ao Conselho Federal da OAB. Falo toda hora nela, pois tenho direito de freqüentar suas reuniões do conselho, embora não tenha voto. Aliás, na minha proposta de um anteprojeto de Constituição, publicado em 1985, eu sugeria que o STF fosse composto por ministros oriundos de três categorias: juizes, membros do Ministério Público e advogados. E que se limitasse muito o poder de escolha do presidente da República.

Também propus que o STF se transformasse exclusivamente numa corte constitucional e que seus membros, como na Alemanha, não fossem nomeados vitaliciamente, mas sim por um prazo determinado, para permitir uma renovação maior do tribunal.

O problema é que, se tudo depende de uma nomeação do presidente da República, é normal, no sentido estatístico, compreensível, no sentido humano, que o escolhido para a corte suprema por determinado presidente tenha constrangimento em julgar casos envolvendo essa figura, nomeadamente os casos criminais.

Claro que, com o passar do tempo, mudam os presidentes e também a orientação dos ministros. No entanto, o que se tem notado é uma ligação pessoal do nomeado com o presidente, em geral por reconhecimento, por sentido de gratidão etc. Ora, isso é uma aberração! O único tribunal que pode julgar os atos do presidente da República é o Supremo. Por conseguinte, deve ser um tribunal totalmente afastado do chefe do Executivo.

CC: O senhor seria favorável de alguma maneira à súmula vinculante (mecanismo pelo qual os juízes são obrigados a seguir o entendimento adotado pelo Supremo Tribunal Federal ou pelos tribunais superiores, sobre temas que já tenham jurisprudência consolidada)?

FKC: Não, nunca fui. Acho que é um absurdo e a última decisão do Supremo com relação às algemas bem prova isso, pois ele criou uma norma, não generalizou várias decisões anteriores. Simplesmente criou normas como se fosse legislador, ou pelo menos regulamentador da lei.

CC: E quanto aos instrumentos de controle e fiscalização externos dos magistrados, de modo a buscar uma maior transparência em seus procedimentos, qual a sua opinião?

FKC: Acho que a criação do CNJ – Conselho Nacional de Justiça - foi um avanço, porém limitado, pois a maioria absoluta dos membros do conselho é composta por magistrados. Dessa forma, não é propriamente um controle externo que nós temos.

Acho que seria necessário um aperfeiçoamento do conselho, no sentido de tornar os magistrados que fossem membros do conselho minoria. Já seria um grande avanço.

De qualquer maneira, é preciso lembrar que se trata somente de um órgão de controle externo para todo o judiciário nacional, ou seja, para a justiça federal e as estaduais.

Deveriam existir departamentos do Conselho Nacional de Justiça ou órgãos regionais para cuidar do judiciário nas diferentes regiões do país.

CC: Como o senhor enxerga o projeto de lei que trata da inviolabilidade dos escritórios de advocacia?

FKC: Eu sou contra essa idéia. Acho que os advogados não são membros de órgãos públicos, tampouco configuram um. O que se deve fazer é impedir que haja abuso no que diz respeito à preservação da intimidade, mas o advogado não deve ser mais preservado do que qualquer outro cidadão.

CC: O que o senhor pensa, finalmente, dessa ‘lista suja’ de candidatos, recém divulgada? Ela não é reveladora de noção um tanto ‘justiceira’?

FKC: Desde o início fui favorável, sou um dos signatários da proposta. A meu ver, confunde-se presunção de inocência no processo criminal com recusa de notícias sobre a vida pregressa do candidato, duas coisas muito diferentes.

E pelo que me disse o Chico Whitaker, que tem se preocupado com essa coleta de assinaturas para apresentação de um projeto de lei da iniciativa popular, o público tem reagido muito favoravelmente a tal proposta.

*Gabriel Brito é jornalista; Valéria Nader, economista, é editora do Correio da Cidadania.

**Fonte: Jornal Correio da Cidadania

21 setembro 2008

Eleições 2008: Porto Alegre



Carreata e comício embalam campanha de Maria do Rosário

Neste domingo (21), a campanha da candidata do presidente Lula à Prefeitura de Porto Alegre, Maria do Rosário, ganhou o reforço ilustre do ministro Tarso Genro, duas vezes prefeito da Capital. Concentrada no Largo Zumbi dos Palmares, a militância enfeitou seus carros com bandeiras da Frente Popular. De lá, partiu em carreata de 400 carros em direção ao bairro Rubem Berta, coroando o dia com um comício regional.

“Conheço muito bem o Rubem Berta, pois quando prefeito vinha pelo menos uma vez por mês neste bairro. Sabem quantas vezes Fogaça esteve aqui? Nenhuma. Por isso vamos eleger Maria, uma prefeita que estará sempre presente em todos os bairros da cidade”, destacou Tarso. “Representamos o presidente Lula em Porto Alegre”, sentenciou.

“Nossa militância está dando mais uma demonstração de força que nos levará ao segundo turno. Junto com o povo e com o presidente Lula vamos trazer desenvolvimento para Porto Alegre”, disse Maria do Rosário.

O senador Paulo Paim não deixou por menos: “Se Lula está com Maria, quem estará contra?”, observou o senador. “Neste momento em que o presidente Lula é aceito por cerca de 70% dos brasileiros, muitos e muitas querem ser candidatos dele. Mas o presidente mandou dizer que em Porto Alegre a candidata dele é Maria do Rosário, uma mulher guerreira, comprometida com os que mais precisam”, destacou Paim.

Olívio Dutra, Henrique Fontana, Miguel Rossetto e Raul Pont também estiveram dando seu apoio a Maria do Rosário e Marcelo Danéris.

*Do sítio http://www.mariadorosarioprefeita.com.br

18 setembro 2008

O Deus Mercado















Saiu no blog do Kayser: No dia 16 de setembro de 2008 o Capitalismo mostrou mais uma vez que é invencível. Quando o poderoso Deus Mercado e a sua indefectível Auto-Regulação não deram conta do recado, quando a mítica Eficiência-Da-Iniciativa-Privada mais uma vez mostrou-se uma falácia, o Capitalismo lançou mão da sua mais poderosa arma secreta. Aquela que os neo-liberais fingem que não gostam, mas adoram: o Socialismo!

Mas não se trata de um socialismo qualquer, destes em que a ralé tem acesso à educação e à saúde. Estamos falando de um socialismo no qual quem tem muito dinheiro passa a ter acesso a... Muito dinheiro!

A coisa funciona assim: quando quebra uma empresa privada das grandonas, os adeptos do Estado-Mínimo pressionam o Estado - que eles tanto querem abolir - para que ele intervenha na economia – que eles tanto querem que seja livre de intervenções - e estatize a empresa privada. Tudo para que o infalível Deus Mercado possa permanecer infalível e eles possam continuar falando mal do Estado - que gasta mal e não tem a eficiência privada.

Assim, em um primeiro momento, socializa-se o prejuízo. Depois de algum tempo, quando a empresa, agora estatal, passar a dar lucros, os mesmos que pressionaram pela estatização dirão que o estado não tem que se meter em áreas que não são exclusivas suas. Por que o Estado tem que ser proprietário de uma empresa de seguros, se a iniciativa privada pode fazer isto de modo mais eficiente? Vamos privatizar! A preço de banana, é claro, porque o Deus Mercado não vai se dispor a pagar caro por algo estatal.

Passado mais algum tempo, um jornalista aparecerá em um telejornal e dirá que a empresa está dando muito lucro, suas ações estão em alta e esta é a prova de que as privatizações são uma maravilha. Um telespectador jovem ou de memória fraca concordará com o jornalista e pensará consigo mesmo: “É verdade! Agora eu até ganho um dinheirinho com as minhas ações desta empresa. Antes, quando era estatal, eu não ganhava nada”. Esquecido de que, antes de virar um acionista nano-micro-minúsculo-minoritário da empresa privada, ele e todos os seus compatriotas tiveram que comprá-la compulsoriamente, por um valor que ninguém pagaria por uma empresa falida, e depois a venderam por uma mixaria, apesar dos protestos de alguns baderneiros.

*Charge e texto do Kayser
http://blogdokayser.blogspot.com/

16 setembro 2008

Eleições 2008: Porto Alegre



'Por um punhado de votos'

Saiu no blog Diário Gauche: Palavras da candidata pós-comunista Manuela em recente debate no Sinduscon, sindicato patronal da construção civil de Porto Alegre (que faz forte lóbi para desmoralizar o Plano Diretor da cidade):

- Eu quero dizer que continuo comunista, que continuo a defender os trabalhadores e ao mesmo tempo eu quero agradecer ao Sinduscon por estar dando emprego aos trabalhadores...

A candidata está aliada com o partido do ex-governador Antonio Britto, o PPS, cuja marca administrativa foram as privatizações de patrimônio público e os famigerados pedágios em rodovias do Rio Grande do Sul.

O vice de Manuela é o deputado estadual Berfran Rosado. Este, quando foi presidente da estatal Corsan tentou privatizar sem sucesso a companhia de água e saneamento. Na Assembléia, Berfran se notabiliza por atacar de forma sistemática e pela direita o governo do presidente Lula e por ter empatado uma CPI que investigava as empresas concessionárias de pedágio no Estado.

No portal da web do deputado Rosado foram excluídos todos os discursos do parlamentar nos últimos anos, quem os procurar vai achar este aviso: “Site desabilitado por solicitação do Deputado”. O “site” não está desabilitado, apenas os discursos de Sua Excelência foram para o espaço. Espertamente.

Foto: Da esquerda para a direita, Manu, Rosadinho e o inefável deputado Paulo Odone Ribeiro (PPS), dublê de cartola gremista.

* Do blog http://www.diariogauche.blogspot.com/

14 setembro 2008

Bolívia



“Brasil respeitará soberania boliviana”, avisa Lula


O Brasil não vai aceitar que um golpe de estado derrube o governo legitimamente eleito - e recentemente referendado - do presidente Evo Morales e dê início a um período de instabilidade que pode ter reflexos em toda a América do Sul. Por outro lado, não cabe ao país interferir numa questão interna da Bolívia, a não ser que o governo boliviano o solicite oficialmente. Em clima de cautela diplomática, este é o duplo recado que o governo brasileiro quer transmitir para o mundo nestes dias em que a crise boliviana tanto pode arrefecer quanto piorar, a depender dos próximos desdobramentos políticos.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estará segunda-feira (15) em Santiago, no Chile, para participar de uma reunião de emergência da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) que irá discutir a crise na Bolívia. Convocada pela presidente do Chile, Michele Bachelet, a reunião deverá contar também com as presenças dos presidentes Hugo Chávez (Venezuela) e Cristina Kirchner (Argentina), além do próprio Lula. Evo Morales ainda não confirmou presença.

Criada somente há quatro meses, com a missão de promover a integração política, social e econômica da América do Sul, a Unasul que ainda engatinha já se depara com sua primeira questão de maior gravidade diplomática: “Precisamos extrair desse encontro uma atitude construtiva, que nos permita apoiar efetivamente os esforços do povo boliviano em busca de uma garantia do processo democrático, da estabilidade e da paz na Bolívia”, afirmou Michele Bachelet.

Apesar de confirmar presença na reunião convocada pela colega chilena, Lula não escondeu sua inquietação com a possibilidade de que qualquer movimento possa ser interpretado como um gesto de interferência no processo interno boliviano: “Eu pedi para o [ministro das Relações Exteriores] Celso Amorim ligar para as pessoas para saber o seguinte: vamos reunir os presidentes pra quê? Não podemos tomar a decisão pela Bolívia, é preciso que a Bolívia dê o parâmetro. Temos que saber o que a Bolívia quer que a gente faça”, disse o presidente do Brasil, segundo o jornal O Globo.

Mais tarde, Lula voltou a pedir cautela e respeito ao processo interno na Bolívia e a seus personagens: “Não temos o direito de tomar nenhuma decisão sem que haja a concordância do governo e também da oposição boliviana. São eles que têm que nos dar o paradigma da nossa participação, senão será ingerência de um país na soberania de outro. E isso, o Brasil não fará em hipótese alguma”, disse.

Viagem abortada

A cautela agora adotada pelo governo brasileiro contrasta com a urgência demonstrada nas primeiras horas da crise boliviana, quando tudo levava a crer que um golpe de estado contra Evo Morales poderia se consumar a qualquer momento. Na ocasião, a pedido de Lula, um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) foi colocado à disposição para atuar na crise. Sua primeira missão seria levar à La Paz o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, e o secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Samuel Pinheiro Guimarães.

A viagem, no entanto, foi abortada a pedido do próprio Evo que, em telefonema dado a Lula na quinta-feira (11), teria pedido tempo ao presidente brasileiro “para tentar resolver as coisas à sua maneira”. O presidente da Bolívia teria dito a Lula, segundo fontes do Planalto, que faria o mesmo apelo a Hugo Chávez e Cristina Kirchner. A estratégia do governo boliviano, nesse momento, parece ser a de mostrar ao mundo que tem força para contornar o conflito interno sozinho. (...)

* Por Maurício Thuswohl, da Agência Carta Maior

** Na foto acima, os Presidente Lula e Evo Morales, observados por Marco Aurélio Garcia.

13 setembro 2008

OP Porto Alegre: 20 ANOS!



Maria do Rosário prestigia homenagem aos 20 anos do OP

Na tarde desta sexta-feira (12), Maria do Rosário prestigiou a sessão solene comemorativa aos 20 anos do Orçamento Participativo na Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Proposta pelo vereador Marcelo Danéris (PT), a homenagem atraiu ex-conselheiros do OP, que lotaram o auditório Otávio Rocha, e contou com a presença dos ex-prefeitos Olívio Dutra, primeiro a implantar este instrumento da democracia participativa, Raul Pont e João Verle, que ampliaram a abrangência do OP, além dos conselheiros Dilecta Todeschini e Pedro Martins e do deputado Henrique Fontana, representando a Câmara dos Deputados.

Para Maria do Rosário, o OP significa um novo modo de fazer história em Porto Alegre, com o exercício de poder direto pela população. “O Orçamento Participativo construiu uma nova estrutura para a cidade e, também, uma nova cultura”, pontuou a candidata da Frente Popular ao Paço Municipal.

Da tribuna, Danéris se referiu às conquistas obtidas pela participação ativa da população entre 1989 a 2004. Neste período, Porto Alegre passou de 12 serviços de saúde para 144 e de 29 escolas municipais para 92. Em 1989 não havia creche comunitária e hoje a cidade conta com mais de 130 creches conveniadas. “Entre 1989 e 2004 foram investidos mais de R$ 2 bilhões apontados pela cidadania”, contabilizou. O vereador também disse que no mesmo período foram distribuídas 60 milhões de refeições por ano e pavimentados mais de 400 quilômetros de vias na cidade.

Ao usar a palavra, o ex-prefeito Olívio Dutra lembrou que o Orçamento Participativo é uma realidade que fez de Porto Alegre uma referência mundial. “Mas é preciso avançar muito. O OP não pode se burocratizar”, alertou, lembrando que esta experiência bem sucedida conquistou prêmios internacionais.

Presente à cerimônia, Shirlei Hoff exibia uma carteira que a credenciou para ser conselheira da primeira assembléia do OP, no extremo-sul de Porto Alegre. “Fui conselheira por dez anos. Conquistamos a reforma do posto de saúde do Lami, a pavimentação de muitas ruas, a despoluição da praia do Lami, a estação de esgoto de tratamento do Lami e de Belém Novo, os convênios com creches comunitárias e muito mais. Tudo isto passou pelas minhas mãos”, registrou com o orgulho de ter sido protagonista da construção da cidadania em Porto Alegre nas gestões da Frente Popular.

* Do sítio www.mariadorosarioprefeita.com.br/

12 setembro 2008

Flávio Koutzii




Homenagem a um Revolucionário, de ideais e de convicções profundas


O ex-deputado estadual Flavio Koutzii recebeu na terça-feira, dia 09/09, no Salão Júlio de Castilhos do Palácio Farroupilha, a medalha Mérito Farroupilha. A outorga foi proposta pela deputada Stela Farias (PT), com base na trajetória de Flavio Koutzii contra a ditadura militar e sua luta pela redemocratização do país. “É o reconhecimento de uma trajetória de lutas, de ideais e de convicções profundas”, justificou Stela, ressaltando que a data da homenagem coincide com o aniversário de 40 anos da “memorável luta dos estudantes em 1968 e da celebração dos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.”

“Estou em paz com o meu passado”


Aos 65 anos, Flávio Koutzii é um ícone da esquerda latino-americana. Preso na Argentina, entre 1975 e 1979, voltou ao Brasil graças a uma campanha internacional pela sua libertação. Foi coordenador da bancada do PT na Assembléia Legislativa, deputado estadual por quatro legislaturas e chefe da Casa Civil, durante o governo democrático e popular. Sua atuação no parlamento foi marcada pela forte oposição ao calendário rotativo, instituído pelo governador Alceu Collares, às privatizações e aos empréstimos e benefícios fiscais milionários concedidos pelo governo Britto a grandes grupos econômicos.

Sem deixar de criticar as consequências negativas da globalização da economia, o darwinismo social e a exclusão, Koutzii mostrou esperança em relação ao rumo adotado pela América Latina. “A América Latina traz uma surpreendente circunstância: em níveis diferentes de avanço, há uma grande inconformidade continental que está transformando países em nações justas com seus povos”, frisou. Emocionado, Flavio Koutzii afirmou “eu estou em paz com o meu passado”. Porém, mostrou-se indignado com a “vitória da hegemonia capitalista”, que não respeita os direitos a educação, saúde, segurança, moradia e trabalho. Na sua opinião, o mundo pode ser mudado e isto é um horizonte realmente revolucionário. “Enquanto existir indignação, há futuro e há chances”, concluiu Flavio Koutzii. (...)

* Do sítio http://www.stelafarias.com.br

Lançamento


















CONVITE:

"Cadernos O Militante"
e debate sobre "Política de Comunicação na PMPA"

Quarta-feira, dia 17 de setembro, às 19 horas
Sede do PT Municipal - Av. João Pessoa 785
debatedores:

Eugênio Neves - chargista
Josué F. Lopes- Rede ABRAÇO
Luis Carlos de Almeida - Editor do Militante

*Pescado do Dialógico

10 setembro 2008








NOTA DE PESAR

É com grande tristeza que comunicamos o falecimento do companheiro e amigo Zé Adair ocorrido nesta segunda-feira (8).

Zé Adair participou da construção da corrente interna do PT, Esquerda Democrática.

Foi também coordenador das campanhas dos companheiros Henrique Fontana, Flavio Koutzii, Stela Farias e Maria Celeste.

Ocupou, também, as funções de chefe de gabinete e foi diretor geral da Câmara de Porto Alegre durante a gestão de Maria Celeste na presidência.

Sua presença foi marcante em todas as lutas, contribuindo sempre com as elaborações políticas.

Nossa homenagem ao amigo, que agora estará nas nossas lembranças.


Stela Farias
Deputada Estadual do PT/RS

08 setembro 2008

Homenagem





Flavio Koutzii receberá Medalha do Mérito Farroupilha

A Medalha do Mérito Farroupilha é a mais alta distinção concedida pelo Parlamento gaúcho para personalidades que de alguma forma contribuíram para o desenvolvimento do Estado.

O ex-deputado estadual Flavio Koutzii (foto) será homenageado pela Assembléia Legislativa do Estado com a medalha Mérito Farroupilha, na próxima terça-feira (9), às 18 horas, no Salão Júlio de Castilhos do Palácio Farroupilha.

A outorga foi proposta pela deputada Stela Farias (PT), com base na trajetória de Flavio Koutzii contra a ditadura militar e sua luta pela redemocratização do país. "É um singelo reconhecimento, diante da grandeza política que ele representa para a democracia”, afirma a parlamentar.


Quando: 09 de setembro de 2008 às 18 horas.
Onde: Salão Júlio de Castilhos - 1º andar da Assembléia Legislativa.


*Pescado do sítio http://www.stelafarias.com.br/

Charge do Kayser

















*Obs. do blog: Manuela D'ávila & Berfran Rosado
representam a coligação PC do B/PPS

07 setembro 2008

Artigo










Grito dos mártires anônimos

* Por Pe. Alfredo J. Gonçalves

"Habitualmente um cadáver é coisa muda, insignificante. Todavia, existem cadáveres que gritam mais alto que trombetas e iluminam mais que archotes" (Rosa Luxemburg).


A autora destas palavras refere-se a dezenas de sem-teto que, no início do século XX, morreram intoxicados na Alemanha. "Todo dia morrem sem-teto de fome e de frio" – prossegue ela – "o que desta vez chamou a atenção em Berlim foi apenas o caráter maciço do fenômeno" (Cfr. LUXEMBURG, Rosa. No albergue, in: Rosa Luxemburg ou o preço da liberdade, Ed. Expressão popular, São Paulo, 2006, pgs. 63-70).

Quase cem anos depois, o grito dos mártires anônimos ecoa pelos campos e cidades. Basta lembrar os mortos sem-terra em Eldorado dos Carajás-PA, os sem-teto barbaramente assassinados nas ruas de São Paulo, as centenas de jovens ceifados na flor da idade pelo tráfico de drogas. Ou então os indígenas destribalizados e desterritorializados, caindo tristemente na indigência e no suicídio; os negros ou remanescentes de quilombolas, estigmatizados pela marca da discriminação e do preconceito, vítimas de todo tipo de violência; os exilados e desterrados em sua própria pátria, mendigando migalhas de trabalho e pão por todo território nacional; e outros, tantos outros, crianças, mulheres, idosos, mártires cotidianos, expirando gota a gota, às vezes sem sangue nem espetáculo, num sofrimento que se arrasta por anos a fio.

Às vésperas da 14ª edição do Grito dos Excluídos, convém trazer à superfície das águas esses mártires subterrâneos. Como cadáveres insepultos, apresentá-los à sociedade que, ao mesmo tempo, os elimina e os ignora. Mártires cujos corpos ensangüentados ocupam por alguns dias as primeiras páginas dos jornais, em seguida desaparecendo para sempre. E outros que, vergados pelo peso da miséria, se apagam silenciosamente nos porões úmidos e escondidos da cidade opulenta. Não poucos tombam após uma acirrada luta, disputando com cães, ratos e abutres os restos de comida podre nos lixões.

Mortos à bala e à bastonada uns; vítimas da pobreza e do abandono outros. Aqueles com seus assassinos livres e impunes, sob um prolongado tempo de fome e inanição. Todos sem nome e sem rosto, definitivamente varridos da face da terra. Olvidados como os vermes que rastejam sobre o solo. Para eles não há a menor recordação, não há foto nem lembrança no calendário pendurado na parede, não há glória nem memória. Quando muito, reaparecem em bloco como "mártires da caminhada", sendo nomeados os mais afortunados ou conhecidos. A grande maioria apenas ressurge como a massa dos "mártires anônimos", como nestes parágrafos.

"A vida em primeiro lugar, direitos e participação popular", é o tema do Grito dos Excluídos de 2008. Esses mártires anônimos, mesmo sem o saberem, sem jamais ouvirem falar de movimentos sociais, erguem hoje seu grito mudo. Tanto mais forte e vivo quanto mais ignorada sua vida e sua morte. Levantam-se de seus túmulos, como no romance Incidente em Antares de Érico Veríssimo, para acusar uma sociedade concentradora, excludente e assassina, dominada pelas leis e forças do mercado.

Por isso podemos voltar às palavras de Rosa Luxemburg: "No presente trata-se de erguer os corpos envenenados dos sem-teto de Berlim, que são carne de nossa carne e sangue do nosso sangue, sobre as mãos de milhões de proletários e de levá-los neste novo ano de lutas gritando: abaixo a infame ordem social que engendra tamanhos horrores!".

* Pe. Alfredo J. Gonçalves é assessor das pastorais sociais.

(Do jornal Correio da Cidadania)

06 setembro 2008

Eleições 2008: Porto Alegre





KZUKA: Maria conquista galera no bate-papo na PUC

Maria do Rosário foi a candidata mais aplaudida no bate-papo promovido pelo Kzuka, na tarde desta sexta-feira (5), no auditório do prédio 50 da PUC. Com voz firme, o mediador conteve a galera, que em uníssono chamava pelo nome da candidata da Frente Popular. Não foi um debate convencional. Mas um bate-papo descontraído, onde os candidatos respondiam a perguntas previamente formuladas por alunos de diversas escolas e de universidades e que foram exibidas num telão.

Maria abordou a questão das drogas, contou para a galera sobre sua atuação no movimento estudantil e, ainda, falou sobre seu programa de governo para melhorar a segurança dos porto-alegrenses. Já na parte mais intimista, Maria disse que não têm ídolos. “Guio-me por referências históricas de pessoas como Che Guevara, Martin Luther King e Mahatma Gandhi”. Segundo ela, a sua melhor qualidade é nunca desistir e o maior defeito é ser tímida. Além disso, o seu time do coração é o Internacional.

Referindo-se ao tratamento para dependentes químicos e usuários de crack, a petista salientou que se trata de um tema que diz respeito à toda juventude. “Aprendi com a vida que é preciso buscar caminhos, como no caso das drogas. O meu governo oferecerá Centros de Atendimento Psicossocial. Hoje não tem um lugar para levar o amigo, o namorado ou o irmão usuários de drogas”. Ela reafirmou que haverá repressão aos traficantes e incentivo cultural, esportivo, educacional e de lazer para evitar o ingresso de jovens no mundo das drogas.

Maria também contou para a galera sobre sua participação nos grêmios estudantis do Murialdo e do Instituto de Educação. “Participei do movimento pelas Diretas Já e coordenei a luta pelo voto aos 16 anos”.
E para combater a violência, Maria revelou seu compromisso de iluminar a cidade, que hoje tem uma em cada dez lâmpadas queimada, de instalar câmeras de vídeo em vários pontos da cidade e de cobrar o governo estadual mais policiamento nas ruas, pois faltam dois mil policiais na cidade pelos cálculos do Comando de Policiamento da Capital. Após o debate, candidatos e estudantes confraternizaram num coquetel com pizza e refrigerante.

*Pescado do sítio http://www.mariadorosarioprefeita.com.br

Charge do Santiago














*Charge do Neltair Rebés Abreu, o 'Santiago'

05 setembro 2008

Crítica & Autocrítica nº 42














* A campanha eleitoral encaminha-se para a 'reta final' (do 1º turno nas cidades com mais de 200 mil eleitores). Os partidos e seus respectivos candidatos, assim como os 'militantes' (cada vez mais raros) e os 'cabos-eleitorais (cada vez mais numerosos) empenham-se em conquistar os eleitores, principalmente aqueles que ainda estão 'indecisos' (?!!), e que constituem um grande contingente. Triste sinal dos tempos.

* Nessa guerra eleitoral, valem todas as armas, todos os argumentos, lícitos e ilícitos. A começar pelas famigeradas 'pesquisas de opinião', normalmente tendenciosas, com raríssimas exceções. Sob as barbas da Justiça Eleitoral...

* A continuar como está, lamento constatar que, na maioria dos lugares, essa será uma campanha onde perderá o sonho e a emoção - e o vitorioso será o velho pragmatismo oportunista. Lamentável.

* Tentando fugir dessa regra, em Porto Alegre representantes de rádios comunitárias, blogueiros e artistas gráficos estiveram reunidos recentemente com a candidata da Frente Popular, deputada Maria do Rosário. Foi-lhe entregue uma Carta salientando a importância da mídia alternativa no processo de democratização da comunicação, uma vez que, através dos variados meios de comunicação, circula informação de qualidade e credibilidade, caracterizada, principalmente, pela regionalidade de seus conteúdos. Os representantes da mídia alternativa também propõe, nessa Carta, sugestões para uma política de comunicação à futura prefeita de Porto Alegre, que dê conta da participação direta da comunidade porto-alegrense na comunicação, crie uma política de fomento voltado à mídia alternativa e proponha a educação para a leitura crítica da mídia nas escolas municipais.

*Na foto acima, da esquerda para a direita, o santiaguense Neltair Rebés Abreu (o consagrado chargista 'Santiago'), a deputada Maria do Rosário e este blogueiro, durante o encontro do Mídia Livre realizado no Café Apllause, no shopping Olaria, em Porto Alegre.

* Integrantes do Movimento Mídia Livre também estarão encaminhando em breve documento similar a outros candidatos do campo popular e democrático. Júlio Prates (Santiago), Stela Farias (Alvorada) e Jairo Jorge (Canoas) já estão sendo agendados pelos militantes midiáticos. (...)

* E por falar em pesquisa, a realizada pela revista Fato e divulgada na imprensa gaúcha no final de semana passada sobre a tendência das eleições em Canoas (município mais populoso da Região Metropolitana de Porto Alegre) apresenta os seguintes resultados: o atual vice-prefeito Jurandir Maciel (PTB/DEM/PRB/PMN) e o jornalista Jairo Jorge (PT/PP/PSB/PPS/PC do B/PR) estão empatados tecnicamente e encaminham-se para o segundo turno, deixando para trás o candidato da situação, Nedy Vargas (PMDB/PSDB/PDT/PV/PSC/PHS/PT do B/PSDC/PSL), apoiado pelo atual prefeito Marcos Ronchetti (PSDB) e pelo seretário de governo Chico Fraga (envolvido até a medula com o escândalo do Detran). Em quarto lugar vem Paulo Sérgio, do Psol. Segundo a pesquisa, Jurandir Maciel e Jairo Jorge (foto acima) estão empatados na simulação espontânea, com 19%.

* A mesma pesquisa revela que em Canoas os índices de apoio ao governo do Presidente Lula superam os 50% entre bom e ótimo, sendo apenas 14,8% de ruim e péssimo no município. Já a governadora Yeda Crusius tem apenas 17,7% de bom e ótimo e 41,8% de ruim e péssimo.

* Em Porto Alegre, existem pesquisas para todos os gostos. As últimas que sairam têm dado a liderança para o atual prefeito José Fogaça (PMDB/PDT...), seguido pela deputada Maria do Rosário (Frente Popular) e por Manuela Dávila (PC do B e PPS), praticamente empatadas tecnicamente no segundo lugar. No entanto, Fogaça é também o campeão em rejeição, o que o deixa na incômoda posição de, caso consiga ir para o segundo turno, perder tanto para Rosário quanto para Manuela. E, por último, segurando a lanterna, aparece o candidato da governadora Yeda, Marchezan Júnior (PSDB), também empatado tecnicamente com Vera Guasso, do PSTU.

* A coluna 'andou devagar' nas últimas semanas devido aos compromissos de trabalho do seu titular, ao tempo dedicado à faculdade, ao (pequeno) espaço reservado à campanha, ao condomínio (onde resido e exerço as funções de Síndico) e, também, ao desenvolvimento do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) que estou atualmente realizando (Direito/UniRitter).

* A propósito do TCC, discorro sobre 'O Impacto Ambiental Gerado pela Silvicultura na Metade Sul do Estado do RS', um tema novo e bastante polêmico, onde conto com a competente orientação do professor Paulo Régis Rosa da Silva, um dos maiores especialistas brasileiros em Direito Ambiental.

* Dias atrás tive o prazer de conversar longamente com o meu amigo e companheiro Flávio Koutzii. Foi uma longa e profícua conversa realizada em seu apartamento, no Bom Fim, entre dois velhos companheiros e amigos que continuam tendo enormes afinidades e, também, não menos preocupações em comum: sobre a conjuntura política brasileira e mundial, sobre o futuro do Partido dos Trabalhadores, sobre as atuais eleições e seus desdobramentos. Uma nova conversa entre nós ficou de ser agendada para os próximos dias.

* O ex-deputado Flávio Koutzii (PT/RS), após ter encerrado um longo e singular período de quatro mandatos consecutivos na Assembléia Legislativa gaúcha, onde destacou-se por sua inegável liderança, competência, combatividade e, sobretudo, pela ética (elogiado inclusive por seus adversários), teve uma rápida passagem pela Secretaria de Relações Internacionais do PT Nacional e hoje desempenha a função de Assessor Especial da Presidência do Tribunal de Justiça do RS (TJ).

* Também nos próximos dias estarei visitando Santiago, minha terra natal, atendendo ao gentil convite do meu amigo e companheiro Júlio Prates, candidato à prefeito pelo PT. Segundo ele informou-me, uma agenda está sendo montada e eu, como sempre faço ao longo de todas as eleições travadas em Santiago desde o surgimento do PT, em 1980, lá estarei dando minha modesta contribuição à campanha petista, especialmente à nossa chapa majoritária, muito bem representada pelo Júlio Prates e pela Vívian Dias, nossa jovem candidata à vice-prefeita. Em Santiago, o PT combate sozinho, enfrentando três coligações dos partidos tradicionais da direita. (Por Júlio Garcia, especial para o blog 'O Boqueirão').

** Crítica & Autocrítica : coluna que escrevo regularmente para o Blog O Boqueirão

04 setembro 2008

Artigo








Mendes, Veja e a degradação institucional

* Por Gilson Caroni Filho

Qual terá sido o objetivo da reportagem de capa da revista Veja em sua edição de 03/09/2008? "Denunciar" que a Abin teria feito grampos ilegais nos telefones do ministro Gilmar Mendes e outras autoridades e, com isso, alertar à sociedade sobre a existência de um Estado Policial que ameaça as instituições democráticas? Ou, como alertou conhecido blog “paralisar as investigações da agência sobre conspirações deflagradas contra o Estado de Direito, inclusive aquelas perpetradas nas páginas da Veja, sobretudo durante a campanha eleitoral de 2006, mas também com evidências no caso do "dossiê anti-FHC" para derrubar a ministra Dilma?”.

Há linhas que valem mais do que mil editoriais. São as que revelam os objetivos de um texto e o descompromisso com a informação divulgada. Não comportam normas prescritas em códigos de ética, seguem tão-somente a lógica da promoção de eventos. Algo do tipo "domingo é dia de botar fogo no circo, criar uma crise artificial e colher os frutos ao longo da semana". Lógico, para tal empreitada contam com o apoio logístico de outros meios de comunicação, além da acolhida eufórica de alguns jornalistas-blogueiros.É o caso da matéria assinada pelos jornalistas Policarpo Junior e Expedito Júnior: ”A Abin gravou o ministro”.

Além de editorializarem as supostas denúncias, fazem afirmações sem um pingo de comprovação, baseadas em “fontes” não identificadas, e, e inventam fatos deslavadamente, como nesse trecho:” Desconfiado (o ministro Gilmar Mendes), solicitou à segurança do tribunal que providenciasse uma varredura. Os técnicos constataram a presença de sinais característicos de escutas ambientais, provavelmente de aparelhos instalados do lado de fora da corte." Mentira. A varredura feita pela segurança do STF não encontrou qualquer vestígio de escuta clandestina.

A degravação de uma conversa entre o presidente do Supremo e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) seria a prova da seriedade do "jornalismo investigativo" praticado por Veja. O fato de os dois confirmarem o diálogo significa a existência de grampo? Se confirmar, o que leva a crer que tenha sido feito pela Abin e não por alguém empenhado em atingir Paulo Lacerda, o diretor da Agência?

Pois bem, o relato impreciso da revista é o pretexto para Gilmar Mendes afirmar que "não há mais como descer na escala da degradação institucional. Gravar clandestinamente os telefonemas do presidente do Supremo Tribunal Federal é coisa de regime totalitário. É deplorável. É ofensivo. É indigno."

Se levarmos em conta que um juiz, principalmente quando preside a mais alta Corte do país, deve buscar o estabelecimento de conduta ética que lhe permita entender os limites de sua atuação profissional, as palavras de Mendes soam como incompatíveis com a natureza do cargo que exerce.

O que é descer na escala da degradação institucional? Em artigo publicado em 08 de maio de 2002, o jurista Dalmo Dallari foi muito assertivo ao tratar da indicação de Mendes ao STF, pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso:

"Se vier a ser aprovada pelo Senado, não há exagero em afirmar que estarão correndo sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional".

"A comunidade jurídica sabe quem é o indicado e não pode assistir calada e submissa à consumação dessa escolha inadequada".

"Indignado com essas derrotas judiciais, o dr.Gilmar Mendes fez inúmeros pronunciamentos pela imprensa, agredindo grosseiramente juízes e tribunais, o que culminou com sua afirmação textual de que o sistema judiciário brasileiro é um "manicômio judiciário".

Os trechos transcritos não são exemplos explícitos de degradação institucional?

Tão logo ascendeu (em processo formal, sem candidato, como é praxe na Corte) à presidência do STF, Gilmar Mendes tomou a iniciativa inédita de convocar a imprensa para, sem ter sido solicitado, deitar falação sobre o quadro político.

Logo após, deixou-se "perfilar" pela revista Serafina, da Folha de São Paulo, chegando ao ponto de ceder fotos de "álbum de família" e se deixar fotografar na residência. Isso não é incompatível com a liturgia do cargo? Não degrada a instituição que preside?

Durante o julgamento da aceitação da denúncia sobre o chamado “mensalão”, um fotógrafo do Globo, premeditadamente, (pois teve que se posicionar por trás da bancada dos meritíssimos) violou, e o jornal publicou, a correspondência privada entre dois ministros (Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia), capturando imagens das telas dos laptops dos dois em plena sessão. Na ocasião, nem Gilmar Mendes nem a oposição fizeram qualquer restrição contra o flagrante desrespeito à "majestade" da corte. Isso não é degradação institucional?

O que o Supremo tem feito ao legislar indevidamente sobre fidelidade partidária, uso de algemas, número de vereadores, verticalização das coligações e nepotismo deve ser encarado de que forma? Quando se superpõe aos demais poderes como se fosse legislador ou chefe de Estado, o judiciário não colabora substantivamente para a degradação institucional?

Seria interessante que Mendes esclarecesse por que nunca se falou que a Abin tivesse grampeado qualquer outro ministro do STF? Isso só entrou em voga - partindo dele próprio- "coincidentemente", depois da concessão de dois pedidos de hábeas corpus (o segundo, ignorando solenemente os motivos da prisão) em favor de Daniel Dantas. Suprimir duas instâncias do Judiciário para soltar o banqueiro, dando-lhe foro privilegiado, não é degradação institucional?

Não seria o caso também de se declarar impedido de participar do julgamento de Raposa do Sol, já que sua posição contrária à demarcação contínua é conhecida desde a época em que era advogado-geral da União, no governo FHC? Não lhe faltaria imparcialidade sem a qual é inevitável a degradação institucional?

Há quem defenda que juízes devem falar exclusivamente por meio dos autos. Ao conferir à linha editorial de Veja um caráter de “realismo jurídico" não estaria o ministro firmando uma perigosa jurisprudência? E isso, não seria descer ainda mais na escala da degradação institucional? Uma sociedade controlada por monopólios de mídia e um Judiciário que substitui os demais poderes não está à beira de um golpe de Estado. Já o vive em plenitude. É preciso estar atento à banda de música que toca a mesma marchinha desde os anos 1950. Com seus acordes a democracia vive à beira do precipício.

*Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Observatório da Imprensa.

**Fonte: Agência Carta Maior

03 setembro 2008

Charge do Kayser
















'As ruas de Porto Alegre' sob a administração
Fogaça, segundo o genial cartunista Kayser

Inacreditável!



'Diretor da Abin já trabalhou com Dantas na Brasil Telecom'


Saiu no jornal Folha de São Paulo, matéria assinada pela jornalista Fernanda Odilla: "Escalado para assumir interinamente o comando da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Wilson Trezza já trabalhou com o banqueiro Daniel Dantas, preso na Operação Satiagraha --a ação da Polícia Federal que contou com a ajuda de agentes da própria Abin.

Durante pouco mais de um ano, entre fevereiro de 2002 e março de 2003, Trezza foi diretor de Seguridade da Fundação Brtprev, criada para cuidar dos planos de benefícios dos colaboradores da Brasil Telecom. Nesse período, era Dantas quem detinha o controle majoritário da telefônica. "Não me relacionava com ele", disse Trezza à Folha.

O oficial de inteligência, que começou a trabalhar em 1981 no SNI (Serviço Nacional de Informações), afirmou que foi selecionado no mercado para assumir o segundo maior posto da Fundação Brtprev. Pesaram, segundo disse, os dez anos que ficou fora da Abin, trabalhando para os governos de Fernando Henrique Cardoso.

No primeiro mandato de FHC, Trezza foi secretário de Previdência Complementar do Ministério da Previdência. Em 1999, tornou-se diretor administrativo do Ministério da Educação na gestão do então ministro e hoje deputado Paulo Renato (PSDB-SP): "Ele foi muito correto no tempo em que trabalhou como diretor do FNDE [Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação]".

Em 2003, após um ano como diretor de seguridade dos planos de benefícios da Brasil Telecom, Trezza decidiu retornar à Abin porque não concordava com a "visão gerencial" da Fundação Brtprev. Dantas perdeu o controle da companhia telefônica em 2005, após uma intensa disputa societária.

Agora, Trezza assume interinamente o comando da Abin com a missão de descobrir quem foi o agente que divulgou o diálogo que provocou mais uma crise no governo federal. Foram afastados três integrantes da cúpula da Abin, entre eles o diretor-geral Paulo Lacerda, depois que foi divulgado diálogo fruto de grampo ilegal entre o presidente do STF, Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

O grampo foi feito em 15 de julho, uma semana depois de Dantas ter sido preso duas vezes na Satiagraha. E foi Mendes quem assegurou, nas duas vezes, a liberdade de Dantas.

Trezza diz que desde segunda-feira a Abin investiga o caso. "A Abin não desenvolveu essa atividade. Mas alguém alega que recebeu de um servidor da Abin a informação. Vai ser preciso identificar. Mas é difícil dizer se será simples ou não, rápido ou não. Temos confiança que essas coisas todas vão ser esclarecidas", afirmou Trezza.

À Folha Trezza disse que não se surpreendeu com o afastamento de Paulo Lacerda do comando da agência, mas classificou a situação de "atípica". Admitiu ainda que é "possível insatisfação com representantes da PF" dentro da Abin, apesar de não ser uma posição generalizada: "Garanto que trabalhamos com harmonia".

Trezza disse estar disposto a mudar a imagem do serviço: "Nos acusam de coisas que de fato não são responsabilidade da Abin. Infelizmente, ainda que você tenha bons argumentos, carregamos esse ônus". Trezza afirmou que é preciso ter credibilidade e confiança da sociedade para mudar a imagem legada pela ditadura". (FSP)

...................

* Em relação à esta postagem, leia também o que foi publicado nos blogs Conversa Afiada e Diario Gauche.

02 setembro 2008

Eleições 2008: Porto Alegre


'Jovens devem conhecer trajetória de candidatos e partidos'

Um evento promovido pelos alunos do ensino médio do colégio Chapagnat reuniu os candidatos a vice-prefeito da capital na manhã desta segunda-feira (1º). O candidato da Frente Popular, Marcelo Danéris (foto), reforçou a importância de conhecer a trajetória dos candidatos e dos partidos políticos para dar um voto consciente. Danéris reafirmou o compromisso da Frente Popular com uma gestão democrática e participativa.

Cada turma do 2º e 3º ano preparou uma pergunta sobre temas gerais da cidade. Pelo sorteio, Marcelo Danéris respondeu sobre educação e os ciclos de formação. “Entendemos que o ciclo é fundamental, mas que atualmente é necessário fazer uma avaliação para sua qualificação”, disse ele. Os ciclos possibilitam que crianças, principalmente as de famílias de baixa renda, permaneçam na escola. “Uma das principais causas da evasão escolar são as notas baixas e a repetência. Se deixarmos essas crianças fora da escola, a violência e o narcotráfico acabam entrando em suas vidas”, ressaltou. Segundo Danéris, os ciclos serão avaliados através de uma Conferência Municipal de Educação específica sobre o tema.

Para o auditório lotado, o candidato salientou a experiência da Frente Popular nos 16 anos que administrou Porto Alegre. “O modelo de gestão participativa que implantamos na capital se tornou referência mundial. Queremos governar a cidade através do Orçamento Participativo e Conselhos Populares e estabelecer o controle social sobre a administração”, declarou.

Referindo-se ao candidato Berfran Rosado, da Coligação Porto Alegre é Mais, Danéris lembrou que ele se apresenta como novo, mas seu partido, o PPS, está a frente do DMAE (Departamento Municipal de Água e Esgotos), da Governança Solidária Local e da Carris e ainda possui 60 cargos na administração municipal. “A idéia do ‘novo’ proposta pela chapa do candidato Berfran, de novas soluções para velhos problemas, na verdade são novos problemas com velhos políticos”, afirmou.

* Do sítio http://www.mariadorosarioprefeita.com.br

'Direito à Memória e à Verdade'



Direitos Humanos e ditadura militar em debate

As violações dos Direitos Humanos na América Latina têm relação direta com as ditaduras militares articuladas pela Operação Condor. Para debater o tema “Direito à Memória e à Verdade” estarão reunidos dois ministros – Paulo de Tarso Vannuchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República e Eduardo Duhalde, que ocupa a mesma pasta no governo argentino – além do procurador da República Domingos Sávio Silveira, o embaixador paraguaio Mário Sandoval e os jornalistas Roger Rodriguez (La República, Uruguai) e Nilson Mariano (Zero Hora, Brasil). O painel acontece no dia 2 de setembro, às 19h30min, no auditório Dante Barone da Assembléia Legislativa e tem entrada franca.

Integrado à programação da Reunião das Altas Autoridades em Direitos Humanos e Chacelaria do Mercosul, o evento é promovido pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do RS (Ufrgs), Fundação Luterana de Diaconia e Agência Livre para Informação, Cidadania e Educação (Alice). Painéis como este estão acontecendo em diversas capitais brasileiras. Eles complementam o projeto “Direito à Memória e à Verdade”, inaugurado pela publicação do livro homônimo, em agosto de 2007, e que relata as conclusões dos processos envolvendo mortos e desaparecidos durante a ditadura brasileira. O projeto também envolve exposições fotográficas sobre o tema e memoriais instalados em locais públicos de grande circulação. O objetivo é resgatar esta passagem histórica, fundamental para a formação do pensamento crítico do cidadão.

O quê – Debate “Direito à Memória e à Verdade”
Quando – 2 de setembro de 2008, às 19h30min Onde – Auditório Dante Barone da Assembléia Legislativa

*Pescado do sítio PTSul

31 agosto 2008

Eleições 2008: Canoas/RS




JAIRO JORGE E JURANDIR MACIEL DEVEM DISPUTAR 2º TURNO EM CANOAS

Pesquisa realizada pela Fato e divulgada na imprensa gaúcha neste final de semana sobre a tendência das eleições em Canoas (município mais populoso da Região Metropolitana de Porto Alegre) apresenta os seguintes resultados: o atual vice-prefeito Jurandir Maciel (PTB/DEM/PRB/PMN) e o jornalista Jairo Jorge (PT/PP/PSB/PPS/PC do B/PR) estão empatados tecnicamente e encaminham-se para o segundo turno, deixando para trás o candidato da situação, Nedy Vargas (PMDB/PSDB/PDT/PV/PSC/PHS/PT do B/PSDC/PSL), apoiado pelo atual prefeito Marcos Ronchetti (PSDB) e pelo seretário de governo Chico Fraga (envolvido até a medula com o escândalo do Detran). Em quarto lugar vem Paulo Sérgio, do Psol. Segundo a pesquisa, Jurandir Maciel e Jairo Jorge (foto acima) estão empatados na simulação espontânea, com 19%.

Na pesquisa estimulada, Jurandir tem 30,1 %, Jairo Jorge 26,4 %, Nedy 16,4 % e Paulo Sérgio 1,1%. Portanto, a vantagem do candidato do PTB/DEM sobre o petista na induzida é de 3,7 pontos percentuais, numa pesquisa em que a margem de erro é de 3,5 pontos, caracterizando assim o empate técnico. O universo de entrevistados contabilizou 800 pessoas.

A mesma pesquisa revela que em Canoas os índices de apoio ao governo do Presidente Lula superam os 50% entre bom e ótimo, sendo apenas 14,8% de ruim e péssimo no município. Já a governadora Yeda Crusius tem apenas 17,7% de bom e ótimo e 41,8% de ruim e péssimo.

Segundo analisa a jornalista Rosane de Oliveira em sua coluna de hoje em ZH "os líderes da pesquisa em Canoas têm em comum o apoio de padrinhos poderosos: Jurandir é afilhado do senador Sérgio Zambiasi (PTB), um dos políticos mais populares na cidade. Jairo Jorge concorre com a bênção do ministro da Justiça, Tarso Genro, de quem foi o braço direito no Conselho de Desenvolvimento Econômico e no Ministério da Educação. Sua campanha investe na ligação com o presidente Lula, cujo governo é considerado ótimo ou bom por metade dos eleitores ouvidos na pesquisa Fato".

A tendência, portanto, em permanecendo o quadro atual da disputa (e se for bem capitalizado na campanha o apoio ao presidente Lula e o descontentamento geral com a governadora Yeda auscultado na pesquisa junto à população canoense) sem dúvida favorece ao candidato do heterogêneo Bloco encabeçado pelo candidato do Partido dos Trabalhadores, Jairo Jorge, capacitando-o a chegar com folga ao segundo turno e conquistar a vitória inédita que levará os petistas e aliados ao comando da prefeitura desse importante município gaúcho.

Poema







OS DESAPARECIDOS

De repente, naqueles dias, começaram
a desaparecer pessoas, estranhamente.
Desaparecia-se. Desaparecia-se muito
naqueles dias.

Ia-se colher a flor oferta
e se esvanecia.
Eclipsava-se entre um endereço e outro
ou no táxi que se ia.
Culpado ou não, sumia-se
ao regressar do escritório ou da orgia.
Entre um trago de conhaque
e um aceno de mão, o bebedor sumia.
Evaporava o pai
ao encontro da filha que não via.
Mães segurando filhos e compras,
gestantes com tricots ou grupos de estudantes
desapareciam.
Desapareciam amantes em pleno beijo
e médicos em meio à cirurgia.
Mecânicos se diluiam
- mal ligavam o tôrno do dia.

Desaparecia-se. Desaparecia-se muito
naqueles dias.
Desaparecia-se a olhos vistos
e não era miopia. Desaparecia-se
até a primeira vista. Bastava
que alguém visse um desaparecido
e o desaparecido desaparecia.
Desaparecia o mais conspícuo
e o mais obscuro sumia.
Até deputados e presidentes esvaneciam.
Sacerdotes, igualmente, levitando
iam, arefeitos, constatar no além,
como os pescadores partiam.

Desaparecia-se. Desaparecia-se muito
naqueles dias.
Os atores no palco
entre um gesto e outro, e os da platéia
enquanto riam.
Não, não era fácil ser poeta naqueles dias.
Porque os poetas, sobretudo
- desapareciam.
Se fosse ao tempo da Bíblia, eu diria
que carros de fogo arrebatavam os mais puros
em mística euforia. Não era. É ironia.
E os que estavam perto, em pânico, fingiam
que não viam. Se abstraíam.
Continuavam seu baralho a conversar demências
com o ausente, como se ele estivesse ali sorrindo
com suas roupas e dentes.

Em toda família à mesa havia
uma cadeira vazia, a qual se dirigiam.
Servia-se comida fria ao extinguido parente
e isto alimentava ficções
- nas salas e mentes
enquanto no palácio, remorsos vivos boiavam
- na sopa do presidente.
As flores olhando a cena, não compreendiam.
Indagavam dos pássaros, que emudeciam.
As janelas das casas, mal podiam crer
- no que viam.
As pedras, no entanto,
gravavam os nomes dos fantasmas
pois sabiam que quando chegasse a hora,
por serem pedras, falariam.

O desaparecido é como um rio:
- se tem nascente, tem foz.
Se teve corpo, tem ou terá voz.
Não há verme que em sua fome
roa totalmente um nome. O nome
habita as vísceras da fera
Como a vítima corrói o algoz.

E surgiam sinais precisos
de que os desaparecidos, cansados
de desaparecerem vivos
iam aparecer mesmo mortos
florescendo com seus corpos
a primavera de ossos.

Brotavam troncos de árvores,
rios, insetos e nuvens em cujo porte se viam
vestígios dos que sumiam.

Os desaparecidos, enfim,
amadureciam sua morte.

Desponta um dia uma tíbia
na crosta fria dos dias
e no subsolo da história
- coberto por duras botas,
faz-se amarga arqueologia.

A natureza, como a história,
segrega memória e vida
e cedo ou tarde desova
a verdade sobre a aurora.

Não há cova funda
que sepulte
- a rasa covardia.
Não há túmulo que oculte
os frutos da rebeldia.
Cai um dia em desgraça
a mais torpe ditadura
quando os vivos saem à praça
e os mortos da sepultura.

Affonso Romano de Sant'Anna

29 agosto 2008

25 anos da CUT












Vida longa à CUT

Nascida no berço das grandes mobilizações dos trabalhadores, a CUT completa hoje 25 anos de existência. Durante o 1º Congresso Nacional da Classe Trabalhadora (CONCLAT), realizado em São Bernardo do Campo no dia 28 de agosto de 1983, mais de cinco mil pessoas lotaram o galpão da extinta companhia cinematográfica Vera Cruz e lançaram as bases do novo sindicalismo brasileiro, autônomo e independente.

Ao mesmo tempo em que ruíam os alicerces da ditadura militar no Brasil, inúmeros setores da sociedade civil começavam a se reorganizar. É neste ambiente de profunda mobilização da classe trabalhadora por seus direitos e pela redemocratização do País que nasceu a CUT, como expressão concreta da luta contra o sindicalismo oficial.

Vinte e cinco anos podem parecer pouco tempo, principalmente se comparados com as trajetórias das centenárias das organizações sindicais da Europa. No entanto, em função dos obstáculos à livre organização dos trabalhadores em nosso País, este um quarto de século representa um imenso passo no sentido de assegurar um espaço para os trabalhadores organizados no cenário nacional.

Parabéns a todos que ajudar a construir a CUT.

* Do sítio PTSul

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** Nota do Blog: O 'titular' deste blog, à época trabalhando no jornal Correio do Povo (na 'fotocomposição'), participou desse histórico Congresso como delegado pelo Sindicato dos Gráficos do RS (eleito pela base) e teve a honra de ter sido um dos fundadores da Central Única dos Trabalhadores, a nossa CUT. (Júlio Garcia)

26 agosto 2008

Raposa Serra do Sol



Índios da Raposa Serra do Sol esperam que STF cumpra a Constituição



Indígenas representantes das comunidades da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, já estão em Brasília para acompanhar o julgamento de ações que contestam a demarcação da reserva em área contínua, marcado para amanhã, no Supremo Tribunal Federal (STF). Um dos líderes do grupo, o conselheiro de Saúde Valuar Alves de Souza, da etnia Macuxi, afirmou ontem que os indígenas confiam em uma decisão judicial que confirme o direito dos índios sobre as terras.

"Já viemos a Brasília falar com vários ministros que não vamos reagir e estamos aguardando a Justiça. Se existe Justiça no Brasil, se existe a lei, estamos esperando que se cumpra a Constituição", disse Souza.

Na Raposa Serra do Sol vivem aproximadamente 18 mil índios. A área foi homologada em 2005 pelo governo federal com 1,7 milhão de hectares. Entretanto, um grupo de grandes produtores de arroz e famílias de agricultores brancos se nega a deixar a área, por não concordarem com os valores de indenização propostos pela Fundação Nacional do Índio (Funai). Sustentam ainda ocuparem apenas 1% das terras.

Os índios insistem, porém, que a área deve ficar exclusivamente para a utilização pelas comunidades. "Há mais de 40 anos estamos lutando na Raposa Serra do Sol. Ela foi delimitada, depois foi feita a demarcação. Onde está uma lei para revogar outra vez? Vai ser um prejuízo para a comunidade. Nascemos ali, criamos nossos filhos e vamos permanecer ali", afirmou Souza.

Segundo relatou o índio macuxi, a Polícia Federal está monitorando a reserva, mas não haveria, por parte dos indígenas, disposição para um confronto com os agricultores após a decisão do STF.

"Nosso povo está mantendo firme seu trabalho e não estamos ameaçando ninguém", garantiu. (Informes)

Charge do KAYSER
















'GENTE INGRATA'

21 agosto 2008

RS: investigações prosseguem








Solicitadas novas investigações ao MP sobre compra da casa da governadora e indícios de tráfico de influência

A bancada do PT solicitou ao Ministério Público Estadual que investigue indícios de tráfico de influência praticado pelo ex-secretário Geral de Governo Delson Martini. O pedido foi motivado por notícia de que o ex-integrante da cúpula do governo do tucano teria participado, junto com diretores da Fundação CEEE, de visitas a entidades financeiras de São Paulo para arrecadar recursos para a campanha do PSDB no Rio Grande do Sul e se apresentado como representante do Executivo gaúcho. Em documento entregue nesta quarta-feira (20) à tarde ao procurador geral de Justiça, Mauro Renner, os deputados Elvino Bohn Gass e Raul Pont sugeriram que o MP requisite as fitas de gravações de segurança dos bancos que teriam sido procurados pela comitiva gaúcha. “É preciso saber qual foi o objetivo das visitas, quem integrou o grupo e como se apresentaram. O episódio evidencia que Delson Martini, mesmo afastado, pode estar ainda operando em nome do governo do Estado”, frisou Bohn Gass.

A representação do PT contém, ainda, novas informações sobre a compra da casa da governadora. Segundo os parlamentares, a empresa Self Engenharia, cujo proprietário vendeu a casa para Yeda Crusius, foi adquirida por duas firmas estabelecidas no Uruguai – a Starex Sociedad Anônima e a Starmax Sociedade Anônima. “Chama a atenção que uma empresa endividada junto ao Banrisul tenha encontrado comprador no Uruguai, país apontado como um dos destinos dos R$ 44 milhões desviados do Detran. É preciso que o MP investigue estes fatos, que são, no mínimo, estranhos”, defendeu Bohn Gass.

Negócio Insólito

O deputado Raul Pont pediu que o empréstimo contraído pela empresa de Laranja junto ao Banrisul também seja investigado. Para o líder do PT, o fato da dívida ter sido cobrada pelo banco só depois que o tema da compra da casa da governadora veio à tona na CPI do Detran é mais um elemento que coloca a transação imobiliária sob suspeita. “Há uma sequência estranha de fatos que envolvem o negócio da compra da casa. No que concerne ao Banrisul, a situação beira à temeridade. Se todos os devedores tiverem o tratamento dispensado a Laranja, que só foi cobrado quando o assunto tomou proporções de escândalo, a saúde financeira do banco corre risco”, assinalou Pont.

O parlamentar afirmou, ainda, que há aspectos insólitos no episódio da compra da casa da governadora que merecem atenção especial do MP. Pont se refere ao fato da negociação, firmada entre Laranja e Yeda, prever que os R$ 200 mil restantes para quitar o imóvel só serão pagos pela governadora quando o empresário resgatar suas dívidas junto ao Itaú.

Informações sobre a data da venda do Passat 1998 pela governadora para compor o valor pago pelo imóvel também foram agregadas pelo PT à representação entregue ao Ministério Público. Segundo o documento, no dia 2 de dezembro de 2006, o veículo, conduzido por Delson Martini, foi roubado. No dia 4, o carro foi recuperado e, conforme informações da assessoria de Yeda Crusius, já estava na garagem do prédio da governadora. No dia 6 de dezembro, a governadora teria efetuado o pagamento de R$ 550 mil a Eduardo Laranja, montante integrado pelos valores obtidos com a venda do Passat ao futuro secretário-geral do Governo.

O procurado de Justiça afirmou que irá instaurar procedimento para iniciar a investigação sobre os fatos denunciados pela bancada petista. Diferente do processo em andamento no Tribunal de Contas do Estado, o Ministério Público irá analisar a questão sob o prisma da Lei da Improbidade Administrativa. O TCE verifica os aspectos contábeis da transação e a evolução patrimonial do agentes públicos envolvidos. (Por Olga Arnt, do sítio PTSul)

* Charge de Eugênio Neves

17 agosto 2008

Eleições 2008 - Porto Alegre

















Nas fotos, flagrantes da reunião realizada em 14/08 no Café Applause (Shopping Olaria) por integrantes do Movimento Mídia Livre com a candidata da Frente Popular à prefeitura de Porto Alegre, deputada Maria do Rosário (vide postagem abaixo).

Acima, Neltair Rebés Abreu (o chargista 'Santiago') e este blogueiro, com a candidata da FP.

16 agosto 2008

Tortura Nunca Mais






Sobre a história, a impunidade e a responsabilidade dos torturadores

* Por Flávio Koutzii

Há divergências jurídicas.
Há avaliação sobre as motivações e cálculos políticos.
Há os que apenas julgam da conveniência de tocar no assunto.
Há sempre o jogral dos analistas de oportunidade.
(Nunca é hora para eles)
Mas para os que não esqueceram:
Há um grito suspenso no ar.
Há uma dor infinita.
Há um tabu indecente.
Há um seqüestro invisível.
(A honra das Forças Armadas de hoje, reduzida a escudo silencioso, da responsabilidade não assumida das Forças Armadas de ontem no golpe)
É claro que os torturadores têm que ser responsabilizados.
É certo que a anistia não é igual à amnésia.
É evidente que a história não aceita ficar sem sentido,nem com censura, nem com cortes, como um filme proibido.
É certo que não há a mais remota possibilidade de igualar quem lutou contra a ditadura
com quem prendeu, torturou e matou pela ditadura.
É certo que esta história tem começo, meio e fim:
e o começo é o golpe de estado,
a derrubada de um governo legal,
a censura aos jornais,
o fechamento dos partidos,
a suspensão do estado de direito,
a perseguição implacável.
As Forças Armadas é quem deram o golpe (junto com seus aliados civis).
Aqui, a ordem dos fatores altera o produto e o significado.
Eles, a ditadura, nós, a resistência.
Então quem fica ofendido somos nós!
Nós - "os elementos" - cidadãos na nossa opinião, democratas,
porque lutamos para restaurá-la.
Espantados, com a covardia
dos que não assumem suas responsabilidades
Deram ou não o golpe?
Perseguiram ou não?
Torturaram ou não?
Então, por favor!!!
É inaceitável que as Forças Armadas de hoje fiquem reféns
de um passado ditatorial indefensável.
Na verdade, no Brasil, além dos "desaparecidos", há uma grande desaparecida:
A VERDADE HISTÓRICA
História, entendida como reconhecimento dos fatos,
a totalidade das circunstâncias.
A História em tempo real.
A História com muita luz e pouca sombra.
A História para e do povo brasileiro,
de todos os brasileiros: civis e militares.
Tudo, não para o maniqueísmo simplório,
mas para respeitar a dignidade e a tragédia
de um grande período da história recente do Brasil
dos vinte longos anos de chumbo.
Lamentavelmente as Forças Armadas propõem
a esquizofrenia como situação permanente.
Não assumem sua responsabilidade.
Desrespeitam o Poder Executivo (legitimado pelo voto).
Atuam como contra-poder.
Logo defendem o que foram.
Logo são hoje o que foram ontem.
Mas isto, não é bem assim.
Isto é uma memória doente.
Verdade amputada.
Simulação inaceitável.
Queremos que os jovens soldados e os jovens oficiais
sejam livrados destes grilhões enferrujados.
E se devolvam para este Brasil.
Impressionante de presente
Futuroso
E haverá que defendê-lo de muitas maneiras:
suas possibilidades,
seu petróleo,
sua Amazônia,
suas fronteiras,
sua economia
e acima de tudo:
sua gente brasileira,
seu futuro,
seu orgulho,
sua história.

* Flavio Koutzii é Sociólogo e assessor especial do TJ. Exilado pelo golpe militar, ex-preso político na Argentina, ex-deputado estadual (PT/RS); foi chefe da Casa Civil no Governo Olívio Dutra, da Frente Popular.

Eleições 2008: Porto Alegre















Integrantes do Movimento Mídia Livre manifestam apoio à Frente Popular

Representantes de rádios comunitárias, blogueiros e artistas gráficos estiveram reunidos na tarde de ontem com a candidata da Frente Popular Maria do Rosário. Foi entregue uma carta salientando a importância da mídia alternativa no processo de democratização da comunicação, uma vez que, através dos variados meios de comunicação, circula informação de qualidade e credibilidade, caracterizada, principalmente, pela regionalidade de seus conteúdos. Os representantes da mídia alternativa também propõe, nessa carta, sugestões para uma política de comunicação à futura prefeita de Porto Alegre, que dê conta da participação direta da comunidade porto-alegrense na comunicação, crie uma política de fomento voltado à mídia alternativa e proponha a educação para a leitura crítica da mídia nas escolas municipais.
Estiveram presentes no Café Apllause, no Shopping Olaria (Cidade Baixa): Claudia Cardoso, Júlio Garcia, Josué Franco Lopes, Neltair Rebbés Abreu (Santiago), Luciano Kayser Vargas (Kayser), Silvio Nogueira, Rodrigo Oliveira, Gerson Júnior dos Santos Guterres e Renato Martinhos de Oliveira.

À seguir, a íntegra da Carta entregue à candidata a prefeita de Porto Alegre pela Frente Popular:

"Prezada companheira Maria do Rosário e

Prezado companheiro Marcelo Danéris:

Há muitos anos que os movimentos sociais se articulam para ações que visem à democratização das comunicações no Brasil. Para ficarmos mais próximos, nos anos 80, por ocasião da Constituinte, tal articulação fez surgir o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação e, bem recente, a realização do I Fórum de Mídia Livre, ocorrido em 14 e 15 de junho de 2008 na Escola de Comunicação da UFRJ. As lutas pela legalização das rádios comunitárias e a preservação dos jornais de bairro (em Porto Alegre) também se inserem no conjunto de reações ao modelo comercial de radiodifusão e jornalismo impresso privilegiado por anos a fios nos variados governos federais pós-anos 30.
Tal privilégio criou uma distorção no acesso às concessões públicas de rádio e televisão e no tamanho das empresas de comunicação neste país. Assim, 9 famílias concentram tudo o que se ouve, lê e vê em matéria de informação e entretenimento. Formaram-se grandes monopólios de comunicação em nível nacional e regional, a ponto de uma mesma empresa deter concessão de rádio e TV, possuir jornal e revista, portal de Internet, editora, gravadora, entre outros tipos de empreendimentos, tudo á margem da lei (Art. 220, CF 88). Junte-se a isso, a enorme quantidade de mandatos legislativos que detêm concessão pública de rádio e TV, circunstância proibida por lei e também solenemente ignorada pelo Executivo, Legislativo e Judiciário.
Mas como sempre há brechas e contradições no sistema, as resistências ao modelo de comunicação privilegiado se faz presente nas mobilizações citadas acima. É quando parte da população compreende que aquilo que lhe é apresentado como pauta, programação e conteúdo não condiz com a realidade factual, muito menos com o que se espera da responsabilidade social das empresas de comunicação. E as iniciativas para dizer a sua palavra e manifestar o seu pensamento ganham formatos variados, de acordo com as possibilidades de cada grupo social ou indivíduo: nos atos públicos de denúncia dessa mídia monopolista, golpista e conservadora, como fizemos recentemente em várias capitais estaduais, inclusive aqui no RS, em Porto Alegre, frente à sede do Grupo RBS; seja através de jornais de bairro, zines, revistas, rádios comunitárias, rádio-web, páginas na Internet, blogues, boletins, etc. Neste quesito de criar a própria mídia, cabe destacar a importância da Internet, suas potencialidades de trabalho em rede e suas diversas ferramentas comunicacionais. Além disso, o custo cada vez mais baixo dos aparelhos eletro-eletrônicos e áudios-visuais expandiram o leque das formas de comunicação de tais grupos e/ou indivíduos.
Paradoxalmente, partidos, políticos e governantes das esferas municipal, estadual e federal, inclusive do nosso partido, constantemente prejudicados por esta mídia corporativa, reprodutora do pensamento único dominante, visceralmente ligada aos interesses do capital, não tomam (com raríssimas exceções) nenhuma iniciativa em relação a sequer pensar numa política de comunicação conseqüente que:

1) Crie mecanismos legais – Conferência Municipal de Comunicação, Conselho Municipal de Comunicação - para pôr fim ao oligopólio da comunicação, através de um novo marco regulatório debatido pelos movimentos sociais, governos e empresas de comunicação, bem como a exigência de conselhos de comunicação nas 3 esferas governamentais;

2) Aproprie-se dos meios de comunicação como forma de exercer uma comunicação cidadã, bem como crie políticas públicas de fomento à entrada de novos agentes, apostando na pluralidade de informação e programação, através dos diferentes meios e suportes comunicacionais;

3) Crie políticas públicas de educação para leitura crítica da mídia, se considerarmos que vivemos na Era da Informação – como bem apontam inúmeros acadêmicos nas áreas da comunicação e da política.

É nesse sentido que nós, integrantes do Movimento Mídia Livre, vimos trazer aos companheiros Maria do Rosário e Marcelo Danéris, candidatos da Frente Popular, que nos representarão (e que terão nosso apoio militante nas próximas eleições municipais e que, quiçá, estarão à frente do Poder Executivo Municipal nos próximos quatro anos, resgatando para a cidadania porto-alegrense a transparência, a inversão de prioridades e a democracia participativa efetiva) esta Carta contendo não só nosso apoio, como também nossas preocupações e demandas, no sentido que seja dada à devida prioridade a este assunto tão importante, estratégico e atual.
Entendemos que, numa administração progressista, democrática, solidária e resistente, como apostamos que será a nossa a partir do ano vindouro, que seguramente não será refém do pensamento único dominante, precisará compreender a dimensão política que é a comunicação, ainda mais no momento histórico em que vivemos. Deverá apoiar as iniciativas de comunicação, principalmente via Mídia Livre, que surgem voluntariamente dentro dos movimentos sociais como reação à mídia corporativa/capitalista e, ao mesmo tempo, abraçará as reivindicações acima citadas, já que existe o entendimento de que esta é a atual luta política da esquerda. Esta Mídia Livre que já ocupa papel destacado, principalmente através da rede de blogues de combate, na Internet, que tem denunciado sem tréguas a crise ética, a truculência e a corrupção escancarada que inscrustrou-se no governo estadual, que continua blindado pela mídia conservadora, mesmo quando ela tenta dissimular essa sustentação.
Por fim, reiteramos que sem comunicação, ou ao se permitir a perpetuação do modelo comercial de comunicação existente, não há o espaço para o contraditório, para jornalismo dedicado à sua real função de informar, para programação que respeite os direitos humanos, condições mínimas que permitem a formação de opinião pública cidadã.

Saudações!

Porto Alegre, 14 de agosto de 2008".

Assinam (por ordem alfabética):

Adeli Sell
Cláudia Cardoso
Eugênio de Faria Neves
Hélio Sassen Paz
Josué Franco Lopes
Júlio Garcia
Luciano Kayser Vargas (Kayser)
Marco Weissheimer
Marius Segundo
Neltair Rebbés Abreu (Santiago)
Pedrinho Guareschi
Rodney Jr.

* Aparecem na foto, da esquerda para a direita: Sylvio Nogueira, Cláudia Cardoso, Maria do Rosário, Júlio Garcia, Neltair Rebés Abreu (Santiago), Luciano Kayser Vargas (Kayser) e Josué Franco Lopes.