28 fevereiro 2009
Coluna
Crítica & Autocrítica – nº 51
* O PT completou 29 anos dia 10 de fevereiro último. A propósito da data, o vereador Adeli Sell, meu companheiro de fundação e um dos primeiros dirigentes da sigla no RS, faz importantes reflexões sobre o momento atual e sobre as perspectivas do partido, em contundente artigo amplamente divulgado na mídia estadual. Elenco a seguir algumas dessas reflexões:
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* "Ao completar 29 anos, o PT gaúcho necessita urgente de uma reflexão capaz de sinalizar sobre o seu futuro político no Rio Grande do Sul. (...) Há centenas de filiados parados, ausentes, descontentes. A repetição de nomes em nossos diretórios, normalmente ligados a bases parlamentares e detentores de cargos de confiança, cada vez mais distanciados dos movimentos sociais, deixa pouco ou nenhum espaço para militantes independentes, para quem está fora das estruturas institucionais. De nossas direções esperamos mais ousadia, ações propositivas, mais diálogo com a base. Precisamos voltar a ser um partido de vanguarda, que age na sociedade, nas comunidades, nas entidades. Queremos ter uma forte atuação nos executivos, retomando o vigor que tínhamos ao chegar às prefeituras em 89. Sem perder de vista, é claro, nossa atividade parlamentar, que deve ser menos demarcatória, mais propositiva”.
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* Enfatiza o vereador do PT de Porto Alegre que ”é notório e urgente o desafio de superarmos de vez as disputas das tendências e correntes, salutares no passado, porque se estruturavam em teses que formataram o ideário petista ao longo dos anos, construindo o modo petista de legislar e governar. Teses que ajudaram a construir uma nova e efetiva forma de participação popular nos executivos, de modo especial o Orçamento Participativo”.
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* Continua Adeli Sell: “O Partido dos Trabalhadores se fez massivo, amplo, democrático. Mas, de algum tempo para cá, tudo gira em torno de interesses imediatos de lideranças, parlamentares e nomes sagrados do partido. O debate deu lugar ao embate. As idéias cederam espaço aos cargos e posições. O "internismo" está sufocando a energia que o PT usou para vitalizar a política brasileira. Hoje, o trato que nos damos de "companheiro" é mera formalidade burocrática. Fomos e ainda somos importantes para o país. Afinal de contas, o governo de Lula demarcou a política em um antes e um depois. Estamos no espelho do mundo. Mas tudo que é sólido pode se desmanchar no ar, já nos ensinaram. Desaprendemos a dar um passo atrás para poder dar dois à frente depois. Sou daqueles que crêem na reinvenção, na renovação, na utopia, nos sonhos, nas buscas, na solidariedade, nas virtudes que não desapareceram, mas certamente estão submersas num emaranhado que ao chegarmos aos 29 anos saberemos desvendar”.
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* Sem dúvida, o companheiro Adeli Sell está literalmente ‘colocando o dedo na ferida’. Temos muitas coisas a acertar no partido (enquanto é tempo!), no RS e nacionalmente, se quisermos que o mesmo continue sendo a ferramenta de luta dos trabalhadores e da juventude que tão coerente, combativo e necessário foi ao longo das últimas três décadas da vida nacional.
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* Com relação às tendências internas do partido, também compartilho da preocupação do Adeli. Hoje faço parte das fileiras dos chamados ‘independentes’, que estão, mais ou menos - e sem exagero - no ‘limbo partidário’. Não por acaso, em janeiro passado encaminhei à atual direção da Esquerda Democrática meu pedido de desligamento dessa tendência que ajudei a fundar e da qual fui, com muita honra, membro de sua direção por vários anos consecutivos.
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* Dentre as razões que determinaram minha saída da ED, destaquei os seguintes componentes, extensivos hoje também ao conjunto do PT: (... ) “A falta de solidariedade, de companheirismo e de compromisso com a democracia interna da corrente”. Enfatizei ainda, ao final da Carta que entreguei ao coordenador-geral da tendência, companheiro Alessandro Barcellos, que minha decisão não foi um raio num dia de céu claro; não foi uma atitude isolada, intempestiva. Pelo contrário, foi uma decisão tomada após muita reflexão e questionamentos - e com uma ponta de tristeza e bastante sofrimento - ao longo destes últimos 12 meses, pelo menos. Disse então, dentre outras coisas que (...) "Aproveito ainda para externar que também compactuo e sou solidário com as críticas recentemente encaminhadas a essa direção pelo companheiro Flávio Koutzii, fundador e referência histórica dessa corrente, que também se desligou da Esquerda Democrática no final do ano passado”. Por fim, manifestei que “continuo onde sempre estive: na esquerda, ao lado dos trabalhadores e do nosso sofrido povo. E na luta!”.
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* Mudando de assunto: as gravíssimas denúncias encaminhadas pelo PSOL revelando a existência de uma verdadeira máquina de corrupção incrustada no governo do RS e a forma lacônica com que as mesmas (não) foram respondidas (?!!), mostram que o governo Yeda está numa enorme enrascada, o que pode ocasionar, uma vez materializando-se as provas, e no frigir dos ovos, no seu impedimento. Como diz o ditado popular, ‘se correr, o bicho come; se ficar, o bicho pega’.
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* Resumindo, o 'novo jeito de governar' de Yeda está numa verdadeira 'sinuca de bico'.
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* Durante o Seminário Nacional pela Campanha do Limite da Propriedade da Terra, dirigentes de 47 entidades, entre as quais o MST, a CUT e a CPT divulgaram manifesto de repúdio ao presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, que recentemente classificou como "ilegal" e "ilegítimo" o repasse de recursos públicos para movimentos sociais que "cometem ilícito", referindo-se à ocupação de terras promovidas pelo MST na luta pela Reforma Agrária. "Ele é o guardião da Constituição, um símbolo que deveria preservar o direito que está estabelecido, não se colocar ao lado de uma classe, como está fazendo com os latifundiários, ao tentar criminalizar os movimentos sociais de luta pela terra. Essa tentativa é inaceitável, um ataque ao Estado Democrático de Direito”, criticou o secretário-executivo do FNRA, Gilberto Fortes, ligado à Comissão Pastoral da Terra (CPT).
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* O manifesto denuncia também que "nunca a sociedade brasileira ouviu do ministro uma condenação aos grupos de latifundiários armados no campo ou a concessão de financiamentos públicos aos grandes grupos econômicos, que têm provocado o trabalho escravo, chacinas contra populações tradicionais e crimes ambientais". De acordo com a sugestão do seminário, cada proprietário poderia dispor de, no máximo, 35 módulos de terra (2.450 hectares ou 2,5 mil campos de futebol). Segundo Gilberto Fortes "é um absurdo que uma empresa consiga reunir 4 milhões de hectares de terra enquanto há 250 mil trabalhadores rurais sem terra no Brasil". (...) - (Por Júlio Garcia, especial para 'O Boqueirão)
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**Crítica & Autocrítica: coluna que mantenho
(i)regularmente no Blog 'O Boqueirão' http://oboqueirao.zip.net
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