Até onde podem ir as investigações da Comissão da Verdade e Justiça nacional
Com a posse de seus sete integrantes, na próxima 4ª feira, a Comissão da Verdade e da Justiça nacional deslancha um dos processos mais aguardados pelos democratas e por todos os que prezam, clamam e lutam pelo respeito à justiça: o de trazer ao conhecimento do povo, à nação, aquilo que lhe foi negado esses anos todos, os crimes da ditadura militar e seus autores. Aqueles que os praticaram continuam impunes. A Comissão pode ir longe. Pode apurar as relações e responsabilidades do regime com os crimes cometidos na Operação Condor, e sobre os desaparecidos assassinados nas câmaras de tortura dentro de instalações das Forças Armadas, sob a direção de oficiais que agiam dentro da cadeia de comando que chegava ao gabinete do presidente da república de plantão.
Com a posse de seus sete integrantes, na próxima 4ª feira, numa cerimônia no Palácio do Planalto para a qual a presidenta Dilma Rousseff convidou todos os nossos ex-presidentes da República, a Comissão da Verdade e da Justiça nacional começará efetivamente a funcionar.
Deslancha, assim, de fato um dos processos mais aguardados pelos democratas e por todos os que prezam, clamam e lutam pelo respeito à justiça: o de trazer ao conhecimento do povo brasileiro, à nação, aquilo que lhe foi negado esses anos todos, os crimes da ditadura militar e seus autores.
Aqueles que os praticaram continuam impunes até hoje, passados 48 anos da instauração do golpe militar em 1964. Agora, finalmente, com a Comissão da Verdade, vamos regatar a memória histórica sobre a ditadura militar e de tantos e tão bárbaros crimes por ela cometidos - prisões arbitrárias, tortura, assassinatos e desaparecimentos de corpos dos que resistiram ao regime, dentre outros.
Desvendar a cadeia de comando que chegava ao presidente de plantão
A Comissão da Verdade pode, deve e tem condições de resgatar, inclusive, as relações e responsabilidades do regime de força que vigorou no Brasil com os crimes cometidos na Operação Condor, a aliança entre governos militares (para eliminar seus adversários) que levou à morte dezenas de milhares de cidadãos na América do Sul, que lutavam contra as ditaduras no Uruguai, Argentina, Chile, Paraguai e Bolívia.
A memória dos desaparecidos, assassinados nas câmaras de tortura dentro de instalações das Forças Armadas, sob a direção de oficiais que agiam dentro da cadeia de comando que chegava ao gabinete do presidente da república de plantão, é outro objetivo da Comissão, que pode e deve chegar a bom termo.
Este objetivo não pode ser esquecido, nem deixar de ser buscado não apenas em respeito à memória das vítimas e às famílias dos desaparecidos, mas para que o nosso povo, a memória histórica nacional e as novas gerações registrem e saibam quanto custou nossa democracia e a liberdade que desfrutamos hoje.
"Memórias de uma guerra suja", um bom roteiro inicial
Espero, torço e mantenho a esperança de que cada um cumpra com seu dever. Não apenas os membros da Comissão, mas também os meios de comunicação, o Congresso Nacional e a Justiça brasileira.
Repito a minha sugestão: "Memórias de uma guerra suja", o livro recém-lançado, escrito por Rogério Medeiros e Marcelo Neto, com o relato-memória de um policial que confessa ter cometido e acompanhado crimes perpetrados durante a ditadura pode ser um bom roteiro inicial para os trabalhos da Comissão. (por José Dirceu)-
*via http://www.zedirceu.com.br - Edição final e grifos deste blog
Nenhum comentário:
Postar um comentário