* O vídeo acima registra a fala do militante e professor Vito Letizia no lançamento do sítio Interludium.com.br na sede da
APROPUC (SP), em 23/0911. O sítio pretende ser um espaço "de militantes que se
dispõe a atuar nos movimentos sociais que resistem ou se mobilizam
contra o capital e o estado burguês, que destroem a natureza e degradam
as condições de vida do homem".
Vito Letízia, na ocasião, afirmou que o sítio é mais um instrumento na luta pela liberdade. "Nós queremos ter a liberdade para exercer nossa atividade vital, e o capital vem lesando essa possibilidade a todo o momento. O trabalho reduz o ser humano a uma máquina".
O Interludium registrou pesarosamente que Vito Letizia faleceu no último dia 08/07, em Porto Alegre/RS (cidade de seu nascimento), vítima de câncer no pâncreas, enfermidade que o afligia nos últimos dois anos e meio. Tinha 74 anos. Destaca que Vito "procurou incessantemente,
ao longo da sua vida, a compreensão das contradições que movem a
história da humanidade com o intuito de contribuir com o movimento
anticapitalista e assim poder pensar em uma sociedade justa e solidária.
Sempre foi um grande observador e um excelente ouvinte, que não queria
ditar regras, mas sim aprender a se movimentar com os anseios e
necessidades dos trabalhadores.
Vito iniciou a sua militância no PCB em
1961, depois militou no Partido Operário Revolucionário (J. Posadas), a
partir de 1968 na Fração Bolchevique Trotskista do POR, e depois
participando da fundação, em 1976, da Organização Socialista
Internacionalista (OSI)*, tendo abandonado a militância organizada
posteriormente, só retomando recentemente e por um curto período a
atividade militante no PSOL.
A sua vontade férrea (superando até
mesmo os desafios de uma doença perversa nos últimos dois anos e meio),
seu compromisso com os movimentos sociais e toda a sua vasta cultura e
talento revolucionários, que sempre estiveram postos a serviço dos
pobres e oprimidos em sua luta contra o capitalismo estão contidos nos
inúmeros textos e artigos que ele produziu.
Vito dedicou sua vida aos oprimidos pelo capitalismo e deles é seu legado, que Interludium
tem como objetivo divulgar amplamente, pois foi o seu principal mentor e
responsável por agregar e direcionar para uma militância. Vito Letizia nos deixa, viva Vito Letizia!"
Segundo José Arbex Jr. (camarada de Vitor e dirigente da OSI por muitos anos), em artigo escrito para a Caros Amigos, "Vito Letízia era um sujeito perigoso. Extremamente perigoso. Contra
ele, os fascistas de hoje poderiam, com toda justiça, aplicar a célebre
sentença proferida em 1926 pelo porta-voz de Benito Mussolini no
“julgamento” de Antonio Gramsci: “Devemos inutilizar esse cérebro pelos
próximos vinte anos”.
A ditadura soube reconhecê-lo como tal: entre a data de sua prisão,
em maio de 1970, quando era um jovem militante da Fração Bolchevique
Trotskista (FBT), e a sua libertação, quase três anos depois, permaneceu
dezoito meses numa cela solitária de onze passos de largura por onze de
comprimento, num quartel do exército localizado em São Leopoldo (perto
de Porto Alegre), sem luz e com permissão de leitura estritamente
controlada. Vários relatos de seus contemporâneos de prisão, incluindo
os de grupos adversários, dão conta de sua extraordinária capacidade de
liderança moral e política, razão pela qual foi isolado e submetido a um
tratamento especialmente cruel.
Letízia era perigoso por ser implacavelmente fiel aos seus
princípios. E, no seu caso, o princípio era a revolução. Mas nada na sua
maneira de ser aparentava o perigo. Ao contrário. Era tímido, muito
magro, discreto, silencioso, entrava e saía dos ambientes quase sem ser
notado. Exceto ao assumir a palavra. Esgrimia os conceitos, as
categorias e as análises políticas com a precisão e a elegância
mortífera de um samurai.
Erudito, era capaz de discorrer com profundidade e detalhes
inacreditáveis sobre os mais variados temas: dos apontamentos de viagem
feitos pelo sábio berbere islâmico Ibn Batutta (1304 – 1377) às
diferenças de método de criação de porcos por camponeses na Europa e no
Brasil; da vida cotidiana nas cidades gregas à época de Platão ao estado
da arte das tecnologias de ponta contemporâneas." (...)
*A Organização Socialista Internacionalista - OSI - da qual Vito Letízia (camarada Gilberto) foi fundador e um dos principais dirigentes - integrou o Partido dos Trabalhadores desde o seus primórdios (1980), constituindo-se depois na Corrente 'O Trabalho' do PT. No movimento estudantil, intervinha através da tendência 'Liberdade e Luta' - a Libelu, vanguarda das lutas estudantis, destacando-se nos movimentos (grandes passeatas, greves estudantis e apoiando a luta dos trabalhadores) contra a ditadura militar, sobretudo no final da década de 70 e início de 80. A OSI (após a realização de um acirrado congresso em 1985) resolveu se dissolver dentro do PT, tendo então a maioria dos seus quadros optado por integrar a antiga corrente Articulação (ligada então à Lula e José Dirceu, dentre outras lideranças). Um setor minoritário manteve, no entanto, a militância organizada no partido mantendo-se agrupado na corrente 'O Trabalho' (também o nome do antigo jornal da organização).
A triste notícia do falecimento do cda Vito Letizia chegou-me esta semana, através do meu prezado companheiro e amigo Omar Rösler, meu camarada de militância na OSI naqueles ásperos - mas também gloriosos - tempos. (Júlio Garcia)
** Leia mais sobre a vida - e a luta - do cda Vito Letizia Clicando Aqui, Aqui e Aqui
A triste notícia do falecimento do cda Vito Letizia chegou-me esta semana, através do meu prezado companheiro e amigo Omar Rösler, meu camarada de militância na OSI naqueles ásperos - mas também gloriosos - tempos. (Júlio Garcia)
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