HORA DE BAIXAR A GUARDA?
Desde que começaram os protestos no país, no dia 6 de junho, em São Paulo, a rigor, esse é o primeiro final de semana em que as turquesas da disputa política afrouxam a pressão sobre o governo. Os sinais de alívio vem de várias direções. A virada na popularidade de Dilma, com inflexão de alta no Datafolha, é o corolário da mudança.A forte desaceleração dos índices de preços, talvez seja a melhor notícia econômica em meses. Em julho, o item alimentos registrou deflação. Uma oscilação sazonal previsível. Mas um símbolo necessário para desmontar o palanque do tomate, que em abril deu o mote à catequese do ‘descontrole econômico', uivado pela emissão conservadora. O crescimento em 10 dos 14 setores industriais pesquisados pelo IBGE, em junho, e uma desvalorização cambial em marcha favorecendo exportações, compõem ainda o clima de vento a favor. Há mais. Tabulações recentes do Ipea desmoralizaram a tentativa conservadora de desconstruir as conquistas sociais do ciclo de governos do PT. O rendimento domiciliar per capita, entre 2000 e 2010, mostra o Ipea, cresceu em média 63% acima da inflação nos municípios brasileiros. Na década tucana a desigualdade aumentou em 58% dos municípios (leia mais). Por fim, revelações de altos executivos da Siemens escancaram o conluio de 16 anos entre oligopólios e corrupção tucana no metrô de SP (leia mais). A pergunta é: o governo deve baixar a guarda? Basta administrar a inércia? A queda da inflação esgota a resposta às ruas de junho? A dispersão da agenda política dentro da própria esquerda sugere que não. O governo, o PT e aliados estão diante de uma disjuntiva: apascentar o conformismo empurrando a pequena vantagem até 2014; ou sinalizar um novo ciclo de construção da democracia social no país. A primeira opção dá o mando de jogo ao BC; a segunda exige rever equívocos e afrontar interesses. Interesses de corporações -caso da mídia beligerante.E interesses corporativistas de uma sociedade elitista, dentro da qual não cabe o Brasil revelado pelos avanços sociais dos últimos anos.O programa ‘Mais Médicos' consolida o geral no particular. Esboça uma nova família de políticas públicas necessárias ao passo seguinte do desenvolvimento e da democracia. Rompe a lógica incremental, aciona novos conceitos para enfrentar o estrutural e o emergencial. Carta Maior acredita que é crucial intensificar o debate em torno dessas escolhas (leia mais) , objetivo do ciclo de discussão que tem promovido com a intelectualidade em várias capitais (leia sobre isso nas reportagens de Maria Inês Nassif e Najla Passos; e as análises de Amir Khair, Lincoln Secco e Marcelo Justo, sobre desafios-gêmeos do PT e dos trabalhistas britânicos diante das urnas e dos interditos neoliberais)
Carta Maior;Sábado,10/08/2013
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