19 janeiro 2014

Juan Gelman (Três Poemas)



Ilimites

Quem disse alguma vez: até aqui a sede,
até aqui a água?

Quem disse alguma vez: até aqui o ar,
até aqui o fogo?

Quem disse alguma vez: até aqui o amor,
até aqui o ódio?

Quem disse alguma vez: até aqui o homem,
até aqui não?

Só a esperança tem os joelhos nítidos.
Sangram. 
...

foto

Na fotografia que teus olhos tornam doce
há teu rosto de perfil, tua boca, teus cabelos,
mas quando vibrávamos de amor
debaixo da maré da noite e do clamor da cidade
teu rosto é uma terra sempre desconhecida
e esta fotografia o esquecimento, outra coisa.

...

a mão

não ponha a mão na água
porque se vai como peixe/
não ponha a água em sua mão
porque virá o oceano
e a margem depois/

deixa sua mão assim/
em seu ar
nela/
sem começo/

nem fim.

         Juan Gelman

*Tradução: Antônio Miranda

Nenhum comentário: