PRISÃO
NO 1º DE MAIO
Por
Paulo Moreira Leite, na IstoÉ*
A
prisão de José Genoíno é um novo sinal político. Só durante a ditadura os
militantes do movimento operário eram presos no 1 de maio. Depois disso, a data
era respeitada. Havia um compromisso tácido, um respeito por aqueles milhões de
brasileiros que ajudaram a transformar o país numa democracia.
A
primeira a perceber o que se passava foi Maria Laiz Nobre Guimarães. Aos 89
anos, ela acompanhou o noticiário sobre
a volta do primogênito à Papuda pela TV parabólica da casa onde mora, em
Encantado, no interior do Ceará. Quando atendeu ao telefone, ficou com receio
de que tentassem amenizar sua dor:
--Só
não me venha com mentiras, meu filho, disse ao deputado José Guimarães, irmão
de Genoíno.
Genoíno
retornou a Papuda no 1 de maio, data histórica dos trabalhadores, depois de ter
sido preso pela primeira vez em 15 de
novembro, da República.
Justo
Genoíno, que tentou organizar trabalhadores rurais no Araguaia, onde seu
partido, o PC do B, queria montar uma guerrilha contra a ditadura militar. Que
foi torturado. Que ajudou a aprovar as principais leis a favor dos assalariados
no Congresso, onde foi uma das lideranças mais importantes desde a
democratização. Que ajudou a incluir cláusulas democráticas na Constituição.
(E
que continuou vivendo com a dignidade de seus vencimentos de parlamentar num
sobrado comprado com financiamento da Caixa na Vila Indiana, Zona Oeste de São
Paulo).
Veja
só. Ele foi condenado por corrupção ativa e cumpre pena de quatro anos e oito
meses. Genoíno embolsou algum no esquema? Nem um centavo. Colocou a mão em
algum trocado? Não. Entregou para alguém? Assinou os empréstimos do PT. Sabe o
que a PF concluiu? Que foram empréstimos legítimos, entregues ao partido.
Este
é o corrupto preso do 1 de maio.
Como
disse dona Maria Laiz: “só não me venha com mentiras, meu filho.”
É
mais engraçado do que isso.
Pimenta
da Veiga, um dos fundadores do PSDB, ministro das Comunicações no segundo
mandato de Fernando Henrique Cardoso, é hoje candidato ao governo de Minas
Gerais.
A
Polícia Federal informa, desde 2006 – está lá, no inquérito 2474 que ficou
escondido dos ministros do STF até o julgamento da AP 470 -- que Pimenta da Veiga recebeu R$ 300 000 das
agências de Marcos Valério.
Até
agora, Pimenta não foi julgado nem condenado. Já colheu um benefício: o tempo
trabalha para ele. A PF encontrou zero centavo a mais na conta de José Genoíno.
Também apurou as contas de familiares – e nada. O ministério público atesta sua
honestidade. Admite isso.
Mas ele voltou a Papuda, ontem. (...)
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