Flavio Koutzii: “O ambiente é muito hostil. Direito ausente, mídia contra e Lava Jato seletiva: é uma parada muito difícil”. (Foto: Guilherme Santos/Sul21) |
Por Marco Weissheimer, no Sul21*
“O governo golpista será, não apenas profundamente regressivo, como também crescentemente repressivo. Todas as medidas já anunciadas, desde o momento em que ficou claro que o impeachment era irreversível, são de natureza neoliberal, conservadoras e regressivas. É por isso que utilizo a noção de traição. Eles pretendem vender o país muito rapidamente. E já começaram a fazer isso. O nome disso é traição. Não tem outro nome. Capitulação completa e traição ao país”. A síntese de Flavio Koutzii expressa a percepção de alguém que viveu o golpe de 64 e participou da luta contra duas ditaduras, no Brasil e na Argentina. No Brasil, foi filiado ao PCB, integrou a Dissidência Leninista do Rio Grande do Sul e, já no período da redemocratização, foi um dos construtores do PT. Na Argentina, militou no Partido Revolucionário dos Trabalhadores – Exército Revolucionário do Povo (PRT-ERP), que pegou em armas contra a ditadura. Preso na Argentina, entre 1975 e 1979, voltou ao Brasil graças a uma campanha internacional pela sua libertação e participou da fundação da PT, partido pelo qual foi vereador, deputado estadual e chefe da Casa Civil durante o governo Olívio Dutra.
Em entrevista ao Sul21, Koutzii fala sobre o atual momento político nacional e critica o modus operandi do juiz Sérgio Moro e da Operação Lava Jato, lembrando situações que viveu no período da ditadura. “Não quero ser autorreferente, mas tive algumas pequenas experiências de tortura. Eu sei como é que funciona. No caso da Lava Jato, pegaram pessoas que sempre tiveram poder e uma vida de confortos e as enfiaram seis meses numa cela, num cantinho lá de Curitiba. Isso é um pau de arara de outro jeito. Obviamente, essas pessoas não estão preparadas para esse tipo de situação e estão perdendo todo o patrimônio que tinham. Elas ficam dispostas a vender a alma e toda a genealogia da família para sair desta situação”.
Flavio Koutzii também fala sobre aquilo que se tornou o PMDB, partido que participou da resistência à ditadura nos anos 70. “Se nós, no PT, somos severos com a nossa própria auto-avaliação, o PMDB se tornou algo que está fora de qualquer classificação. O PMDB, hoje, não só se desclassificou como um partido minimamente democrático, com simpatia por algumas causas populares, como se tornou o algoz de um governo do qual ele participou de manhã, de tarde e de noite. A biografia do PMDB acabou de se completar. É um partido que tem a cara de seus principais próceres, que são algumas das figuras mais abjetas da política no presente, como Eduardo Cunha”. (...)
*CLIQUE AQUI para ler na íntegra a entrevista realizada por Marco Weissheimer com o companheiro Flávio Koutzii no Sul21.
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