Num julgamento, a defesa expõe seus argumentos, apresenta suas testemunhas em favor de seu cliente. A acusação faz o mesmo, em sentido contrário. E o juiz, ouvindo os dois lados, forma sua convicção para proferir a sentença.
Não é assim com o juiz Moro, pelo menos em relação ao específico caso envolvendo o ex-presidente Lula. O justiceiro de Curitiba aparentemente se irritou com as 87 testemunhas de defesa elencadas pelos advogados de Lula e resolveu punir o ex-presidente obrigando-o a comparecer a todas as audiências.
“Já que este julgador terá que ouvir oitenta e sete testemunhas da Defesa de Luiz Inácio Lula da Silva, além de dezenas de outras, embora em menor número arroladas pelos demais acusados, fica consignado que será exigida a presença do acusado Luiz Inácio Lula da Silva nas audiências nas quais serão ouvidas as testemunhas arroladas por sua própria Defesa, a fim prevenir a insistência na oitiva de testemunhas irrelevantes, impertinentes ou que poderiam ser substituídas, sem prejuízo, por prova emprestadas”, determinou Moro. [Fonte: Estadão]
Aparentemente é só uma disputa de poder, em que o juiz de primeira instância de Curitiba quer se ombrear com o presidente mais popular da história do Brasil e uma das figuras políticas mais importantes da atualidade no mundo.
Mas, se a gente levar em conta que até o Datafolha anda sondando o nome de Moro em suas pesquisas visando as eleições presidenciais do ano que vem e somar a isso o fato de que o comparecimento de Lula às 87 audiências vai obrigá-lo a ficar quase que ilhado em Curitiba, sem poder levar sua mensagem ao povo brasileiro, é possível imaginar que haja mais do que irritação na atitude de Moro.
Prender Lula em Curitiba, ao menos por enquanto apenas fazendo-o comparecer às audiências, e colocando-se como o anti-Lula, Moro faz o jogo dos que o projetam como futuro candidato a fazer frente ao ex-presidente.
A verdade é que o julgamento de Lula por Moro é cada vez menos jurídico e mais político - agora até mesmo político eleitoral -, o que o torna suspeito de julgar o ex-presidente, pois com uma canetada tem o poder de atrapalhar ou até mesmo barrar a candidatura de Lula.
Uma ilegalidade só possível num país em que o STF está sob golpe, por omissão ou compactuação.
*Por Antonio Mello, Editor do Blog do Mello (fonte desta postagem).
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