São Paulo/SP - “Sem dúvida nenhuma, a greve de 1917 foi um marco glorioso
para a luta dos trabalhadores”. Essa é a avaliação do historiador José Luiz Del
Roio, um dos participantes da 15ª Plenária Estadual – Congresso Extraordinário
e Exclusivo da CUT-SP, que teve início nesta sexta (21).
Del Roio, autor do livro “A greve de 1917 – Os trabalhadores
entram em cena” participou do debate sobre o centenário da greve geral e os
dias atuais, momento coordenado pelo secretário de Mobilização da CUT-SP, João
Batista Gomes, e pela secretária de Combate ao Racismo da CUT-SP, Rosana Silva.
Historiador e militante, Del Roio contextualizou, a partir
de sua pesquisa, sobre as condições de trabalhado dos operários brasileiros de
1917 e sobre como se deu o levante que desencadeou a primeira greve geral do
país. Para ele, a luta e a resistência dos trabalhadores brasileiros que
realizaram a primeira grande paralisação devem inspirar os que saem às ruas nos
dias de hoje contra as reformas do governo golpista de Michel Temer (PMDB).
“Com o movimento de 1917, a questão do trabalho deixou
de ser caso de polícia e passou a entrar na pauta política. E hoje, muitas das
conquistas daquele momento estão em risco com esse governo”, afirmou.
Edna Roland, psicóloga e especialista independente das
Nações Unidas para a implementação da Declaração e Programa de Ação de Durban,
lembrou o papel dos trabalhadores negros naquele período.
Segundo ela, como a ‘abolição’ da escravatura havia sido
assinada somente há 30 anos antes, em 1917 os trabalhadores negros sofriam com
a falta de oportunidades nas indústrias da época, pois havia a ideia por parte
da elite dominante de que negros não serviam para o trabalho. “Só que até então
eles eram escravizados justamente para fazer o trabalho que os outros não
queriam.”
Edna comentou que, apesar disso, os negros tiveram
participação e protagonismo nesses momentos de luta dos trabalhadores, mas que
os registros se limitavam aos boletins de prisão e denúncias de tortura.
“Praticamente, a principal fonte para se buscar informações da participação dos
negros no mercado de trabalho são os boletins de ocorrências policiais da
época”.
Já o ferroviário Raphael Martinelli iniciou seu discurso
dizendo que a CUT precisa estar alerta no Brasil, sinalizando para a conjuntura
atual e fazendo referência à invasão e ao atentado que ocorreu nos últimos dias na sede da Central no
Ceará.
“A responsabilidade da classe operária é que vai decidir os
próximos rumos do país. Não admitimos que existam explorados e é por isso que
temos que identificar o nosso inimigo comum de classe. Aqueles que ficavam na
Avenida Paulista defendendo as bandeiras de direita estão vendo os erros que
cometeram. Nós temos que levar a consciência classista para toda a sociedade e
ampliar a luta do movimento sindical, fazer greves para manter os nossos
direitos”, disse Martinelli, que foi militante do Comando Geral dos
Trabalhadores (CGT) e um dos fundadores da Ação Libertadora Nacional (ALN)
junto com Carlos Marighella.
Ao final, os participantes cantaram “A Internacional”,
canção marco da classe operária em todo o mundo.
Memorial
No último dia 13 de julho, a CUT Nacional e São Paulo, o
Partido dos Trabalhadores e a Fundação Perseu Abramo lançaram no cemitério do
Araçá um memorial em homenagem ao sapateiro espanhol
José Inegues Martinez, morto em 1917, após confronto com as forças policiais de
repressão que atacaram os grevistas que lutavam por melhores condições de
trabalho, por dignidade e sobrevivência.
Plenária
A cobertura da 15ª Plenária Estatutária e Exclusiva da
CUT-SP pode ser acompanhada pelos canais de comunicação da CUT-SP e em tempo
real aqui pelo site.
-Escrito por: CUT-SP - Rafael Silva e Vanessa Ramos
Via http://cut.org.br
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