10 maio 2021

Na Folha, colunista diz a Lula que ele entrará para a história e lamenta que não houve regulamentação da mídia

 

Marilene Felinto e Lula. Foto: Reprodução/YouTube/Wikimedia Commons

A escritora e tradutora Marilene Felinto, colunista da Folha de S.Paulo, escreveu o texto “A mídia é macho, Lula“. Na publicação, ela elogia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e critica a atuação da imprensa.

Um dos criticados é Pedro Bial, que falou que só entrevistaria Lula com um polígrafo (detector de mentiras).

Lamenta que não tenha existido a regulação econômica da mídia.

Confira trechos:

“Sinceramente, Lula, quem vai entrar para a história é você (e em lugar privilegiado nesta infame história brasileira). Está na cara que é você. Não é nenhum jornalista. Então, esqueça os jornalistas (na figura daquele que disse que só entrevistaria você com polígrafo ao lado —um escárnio!). Nem cito nomes. Não vale a pena.

Esqueça essa imprensa que se autoprotege, que se autopremia, que é de um corporativismo, de um monopolismo constrangedor e comprometedor. Irresponsável, é indulgente consigo mesma, não reconhece os erros que comete.

Você viu só? Era jornalista entrevistando jornalista, polemista de extrema direita entrevistando o tipo jornalista pavão midiota, animador de auditórios imbecilizados. Jornalista metido a todo-poderoso é o que não falta, metido a senhor do espetáculo, metido a celebridade.

Veja bem: quem ganharia, de fato, com uma entrevista sua? O jornalista e a Globo, que você mesmo já não precisa disso.

Por mais injustiçado que você tenha sido, essa mídia vai sempre te perseguir, mas é claro que você sabe disso. E me desculpe se chamo você de você… Mas é com todo respeito à figura pública, ao político, ao ser humano que você é etc.

Desde que encontrei com você na fazenda do Raduan Nassar, há alguns anos, passei a te tratar nesse tom de intimidade… Conversamos ali, sentados à mesa do almoço… Contei a você um pouco da minha história na imprensa… Talvez você nem tenha registrado isso… Muita gente querendo falar com você etc.

(…)

E isso aqui não é ‘lulopetismo’ não —termo péssimo, aliás, surgido do sociologuês perverso, embotado, trapaceiro, que mais difama do que explica. Criado para se promover a tuas custas.

Isso aqui é indignação. Imprensa para mim é imagem e semelhança do macho, Lula, no pior sentido desse termo, como sinônimo de covardia, do macho que se esconde por trás do grupelho que o interroga, e que se coça grosseiramente em público, para demonstrar virilidade.

Um dos erros dos governos de vocês? Não terem avançado para uma regulamentação da mídia, por mínima que fosse, para o marco regulatório das comunicações.

Resta agora assistir à hipocrisia da besta que gerou Bolsonaro, como disse Nassif: ‘A besta gerou Bolsonaro, que assumiu o controle da besta através de algoritmos nas redes sociais’. Jornalista entrevistando jornalista: quem precisa desse espetáculo grotesco? Jornalista entrevistando jornalista é a cabal ‘falência da informação’, como também disse Nassif”.

*Postado por Pedro Zambarda de Araújo, no DCM

Nenhum comentário: