12 maio 2021

Na Rua da Margem


*Daniel Wolff e Raul Ellwanger

Na Rua da Margem - Daniel Wolff e Raul Ellwanger em supimpa marcha-rancho "estórica" do novo álbum.


Música-tema do novo disco dos parceiros Daniel e Raul, recorda momentos da história de Porto Alegre, mesclando verdades, bobagens e mentiras, às vésperas de seus 250 anos, numa levada agradável apesar de ter sido gravada no ano das Pestes - 2020.

Ao falar da epidemia da COVID-19, o álbum “Na Rua da Margem” é absolutamente atual, seja em Quarentena com sua linguagem descarnada, seja em Farrapos de Gaudí, alegoria dolorosa com ritmos e solos algo ibéricos de Daniel, que vão se intensificando com o dramatismo da letra, carregada de citações históricas, e acentuadas pelos derradeiros malabarismo vocais. Neste mesmo diapasão, a faixa-título Na Rua da Margem está repleta de lugares, episódios e figuras da cidade natal dos autores, numa bem humorada confusão de personagens, espaços e situações históricas, acentuada pela malemolência da marcha-rancho que a conduz. Também Te Procuro Lá, mesmo sendo uma canção “séria”, traz seus momentos de picardia em tempo de telecoteco, com brincadeiras vocais ao final.

Otro Rollo e Poema para Uma Vida são homenagens a pessoas falecidas (o poeta uruguaio Atilio Macunaima Perez e o Dr. Henry Wolff), e por seu caráter pessoal, conduzem ao próprio clima afetivo que as animou. O uso do idioma espanhol intensifica esta peculiaridade. Também carregada de emoções é A Blusa Que Eu Fiz, onde a letra de Raul mistura e ficciona histórias reais de refugiados étnicos das tragédias europeias que lhe foram contadas por amigos, estórias antigas porém atuais. As levadas de chamamê e candombe matizam o romantismo de Cabana de Santa-Fé e Seiva do Peito, nas quais é possível reconhecer o lirismo musical e poético dos autores, exacerbado ainda mais na declaração de amor paternal e na delicadeza musical de Raquel Menina. Nesta mesma órbita lírica e emotiva se situa Poemas de Ar, com certo ar trovadoresco e antiquado, quase provençal, nas cenas bucólicas que sugerem uma sensualidade apenas insinuada.

No campo das releituras, Cigana Tirana (parceria de Raul com Pery Souza) e Pealo de Sangue permitem solos inspirados do violão de Daniel e um reverdecimento destas canções de Raul. Os arranjos tem o feitio e a direção geral de Daniel, com participação de Raul. Luiz Jakka se ocupou do dezaine, Marcos Abreu da masterização e Tiago Becker da gravação.
Ayres Potthoff, Giovani Berti, Viktoria Tatour, Nelson Coelho de Castro, Cristina Caparelli, Rodrigo Alquati, Marcelo Delacroix, Veco Marques e Eliezer Fernandes são convidados de luxo que trazem sua arte desde as esferas erudita ou popular. De inhapa, temos a voz do poeta uruguaio Atilio Macunaima Pérez no candombe que o homenageia, assim como a da própria menina Raquel na canção que a nomeia. -Via youtube

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