Andreza Matais na TV Estadão. Foto: Reprodução
*Por Daniel Amorim, no DCM - Editora-chefe de Política do jornal O Estado de S. Paulo (Estadão), Andreza Matais, foi denunciada ao Ministério Público do Trabalho do Distrito Federal (MPT-DF).
O texto diz que a jornalista “assediou e obrigou repórteres recém-contratados” a publicar uma matéria que relacionasse o ministro da Justiça, Flávio Dino, a uma mulher identificada “dama do tráfico do Amazonas”. Na semana passada, o jornal publicou que Luciane Barbosa, mulher de um líder do Comando Vermelho, encontrou o ministro durante sessões na pasta de Direitos Humanos.
“Somos colaboradores do jornal Estadão e queremos denunciar aqui que a editora-chefe de política do Estadão (jornal Estado de S. Paulo), Andreza Matais, assediou e obrigou repórteres recém-contratados por ela (todos no ano de 2023) a preparar e publicar uma reportagem enviesada que foi previamente concebida por ela para denunciar supostas ligações do ministro da Justiça, Flávio Dino, com uma mulher apresentada jocosamente como ‘dama do tráfico do Amazonas'”, começa o documento.
O mesmo texto ainda afirma que Andreza arquitetou a matéria com intenção de desmoralizar Dino em prol do ministro Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU). Ambos disputam a vaga da ex-ministra Rosa Weber no STF. “Para viabilizar esse seu interesse pessoal oculto de ajudar Dantas e desmoralizar Dino, Andreza também usou uma entrevista do ministro Gilmar Mendes, do STF, igualmente amigo pessoal de Bruno Dantas e de Andreza Matais para inflar a gravidade da visita da ‘dama do tráfico’ e, assim, conferir ares de gravidade ao ‘factoide’ que é o encontro de uma suposta chefe do tráfico com autoridades do governo”.
O documento procede: “A tática imita operações de desinformação de arapongas e outros profissionais de ‘inteligência’, pois, na ausência de fatos que indiquem um favorecimento ou uma comunhão de desígnios com a tal chefe do tráfico, a fabricação de notícia busca conferir verossimilhança a uma narrativa pela qual Dino pareça alguém ligado ou simpático ao narcotráfico e, assim, seja considerado um nome impróprio para o STF”.
Por fim, a denúncia ao Ministério do Trabalho diz que Andreza chefia cerca de 30 jornalistas que foram obrigados a escreverem tal texto. “Recém-contratados, oriundos de cidades fora de Brasília, os jornalistas não tiveram alternativas que não fossem cumprir as ordens arbitrárias e enviesadas da chefe. Em paralelo, foram submetidos a jornadas degradantes sem contabilização ou pagamento de horas extras, como denunciado anteriormente, e com o emprego de recursos e objetivos escusos na prática diária do jornalismo, protegido constitucionalmente”.
Andreza Matais, por sua vez, nega as acusações: “A denúncia é improcedente e a direção de jornalismo já encaminhou o caso para o jurídico, que tomará as providências cabíveis”, declarou a editora-chefe de política do Estadão.
Confira parte dos prints da denúncia, que foram divulgados pela revista Fórum:
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