Escola de samba faz críticas à Reforma Trabalhista e a perda de direitos sociais dos trabalhadores no governo Temer. Quarta escola a cruzar a Sapucaí no primeiro dia de desfile do grupo especial no Rio de Janeiro,
a Paraíso do Tuiuti investiu em um tom político, carregado de críticas
sociais.
Carta Capital - Com o enredo, “Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?”,
dos compositores Claudio Russo, Moacyr Luz, Dona Zezé, Jurandir e
Aníbal, a escola recontou a história da escravidão no Brasil, nos 130
anos da Lei Áurea, propondo uma reflexão sobre a exploração do trabalho humano.
Ao som do refrão “Meu Deus! Meu Deus!, se eu chorar não leve a mal,
pela luz do candeeiro, liberte o cativeiro social”, a escola surpreendeu
já na comissão de frente, chamada “O Grito da Liberdade”. Os passistas
representaram escravos negros amordaçados, com grilhões nos pulsos e
corpos ensanguentados de tanto apanhar do senhor do engenho, também
negro.
Com 29 alas, a escola explorou o tema das mais diversas formas, representando o trabalho escravo rural, o tráfico de escravos, o trabalho informal e relembrando a publicação do primeiro jornal da imprensa negra no Brasil, “o Mulato”, em 1833.
Também não faltou um olhar contemporâneo ao tema, que buscou mostrar a
perda de direitos sociais no atual cenário político. Na ala
“Manifestoches”, a Tuiuti ironizou os manifestantes que pediram o
impeachment da presidenta Dilma. Os passistas vieram à avenida segurando
panelas e envoltos em patos que faziam menção à campanha da Fiesp “Não
vou pagar o pato”. As mãos que pendiam sobre as cabeças de cada um, os
colocavam como manipulados.
Na ala “Os Guerreiros da CLT”, a escola explorou a sobrecarga dos
trabalhadores. Os passistas vieram segurando carteiras de trabalho e
artefatos em vários de seus braços.
O último carro da escola representou um novo navio negreiro com a ala
dominante se impondo sobre os trabalhadores. Destaque para a
representação de um vampiro neoliberalista que trajava uma faixa
presidencial, com clara alusão à figura de Michel Temer que, com o apoio do Congresso, colocou em prática a Reforma Trabalhista e perda de direitos dos trabalhadores.
Ponto alto da passagem da escola, o carro Neo-Tumbeiro foi bem
recebido pela arquibancada e bastante comentado durante o desfile, a não
ser pelos comentaristas da Globo que, entre risos incômodos, se
limitaram a chamar o destaque de vampirão e ignorar a crítica feita ao governo Temer. (...)
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