Peça 1 – Odebrecht e o fruto da árvore envenenada
O laudo técnico da Polícia Federal sobre o Drousy liquida com as
provas apresentadas nas delações da Odebrecht, a ponto de comprometer
todas as denúncias e condenações tendo por base os arquivos.
Em direito, existe a figura do fruto da árvore envenenada. São
transgressões legais que anulam inquéritos inteiros. Na Operação
Satiagraha, Daniel Dantas conseguiu anular as provas contidas nos HDs
encontrados em sua casa com o argumento de que a autorização de busca
era restrita a determinado andar e os equipamentos estavam em outro.
A Operação Castelo de Areia foi alvo de uma anulação mais
escandalosa. Alegou-se que as investigações começaram a partir de
denúncias anônimas, por isso deveriam ser anuladas. Quem conhece o
inquérito sustenta que não tinha nenhuma inconsistência. Hoje em dia são
de domínio público os verdadeiros motivos da anulação, mas o caso
permanece insolúvel no âmbito do Judiciário.
No caso da delação da Odebrecht, é mais do que o fruto da árvore
envenenada. A perícia da PF constatou que o banco de dados foi alterado
em dois momentos:
- Pouco antes da entrega para as autoridades suíças e também
- no período em que esteve de posse do Ministério Público Federal (MPF).
No relatório, há duas alterações ocorridas no período em que o sistema já estava de posse do MPF. (...)
A Lava Jato sabia há meses que a perícia da Polícia Federal iria
comprovar a manipulação do banco de dados da Odebrecht, confirmando as
denúncias do advogado Tacla Duran.
O banco de dados foi apreendido por autoridades suíças e submetidas a
uma empresa, especializada em analisar dispositivos eletrônicas, a Forensic Risk Alliance - FRA
O
material suíço e o analisado pela FRA foram enviados para a
Procuradoria Geral da República (PGR). De imediato, constatou-se que
houve manipulação de arquivos pela Odebrecht, antes mesmo da entrega
para as autoridades suíças.
Antes mesmo de conferir a consistência dos arquivos, a Lava Jato
aceitou o acordo estapafúrdio da delação de mais de 70 executivos da
Odebrecht, típico de quem quer produzir manchetes no dia, à custa do
comprometimento do futuro. O feito foi saudado pela Reuters como “o maior acordo de delação do mundo”.
Operações dessa natureza, de pagamento de propinas, envolvem poucas
pessoas-chave, os chamados prestadores de serviços, que controlam e
conhecem o sistema. Os Executivos que recorrem aos seus serviços são
chamados de clientes, e pouco têm a contribuir para uma investigação.
Ao incluir todos na história, como delatores, a Lava Jato conseguiu
complicar as investigações, incriminar inocentes, diluir a
responsabilidade dos culpados – os responsáveis pelo Meinl Bank, que
lavou bilhões de dólares, foram soltos mediante multas irrisórias -
dispersar energias e dar armas ao “inimigo”, na medida em que seria
muito mais fácil para os acusados identificar contradições.
Mas o método de investigação fordista da Lava Fato não admite análises mais sofisticadas ou mais profissionais.
Consiste no seguinte:
- O sujeito faz a delação, que tem que que conter, em algum trecho, a frase “Lula sabia disso”.
- Depois, apresenta uma prova qualquer para reforçar a delação.
E corre-se para o meio do campo para comemorar mais um recorde mundial.(...)
CLIQUE AQUI para lr na íntegra (via GGN)
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