Sociólogo é o convidado desta semana no BdF Entrevista, no primeiro programa deste ano. (Por José Eduardo Bernardes)
A corrente de opinião da extrema direita saiu do armário e essas pessoas descobriram umas às outras
As eleições municipais deste ano serão decisivas para o país. Vitórias de partidos de esquerda em importantes capitais devem reforçar o poder do governo federal, enquanto derrotas de candidatos progressistas para bolsonaristas podem realinhar o jogo político a favor da extrema direita brasileira.
Em São Paulo, por exemplo, Jair Bolsonaro (PL), deve apoiar o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), que está atrás do candidato do PSOL, Guilherme Boulos, nas pesquisas de intenção de voto. Os dois candidatos ainda sofrem com a sombra da deputada federal Tábata Amaral (PSB), que se mostra uma candidata viável na capital paulista.
No entanto, para o sociólogo Celso Rocha de Barros, o clã Bolsonaro retornará à "primeira divisão" da política nacional apenas caso ocorra uma conjunção de fatores. “Eles só voltam se houver uma crise muito grande. Se o governo Lula for um desastre completo, ou se a eleição do [Donald] Trump mudar completamente o equilíbrio geopolítico”, explica.
“E acho que tem que acontecer umas duas ou três dessas coisas para eles voltarem a esse tipo de protagonismo. Agora, uma coisa é dizer que eles vão eleger um presidente, outra coisa é se eles vão continuar com alguma relevância. E acho que eles vão continuar, [porque] essa corrente de opinião da extrema direita, do fascismo, saiu do armário e essas pessoas descobriram umas às outras, descobriram que não estavam sozinhas, que tinha outros fascistas como elas e acharam isso muito bom”, completa o sociólogo.
Barros é o convidado desta semana no BdF Entrevista, em seu primeiro programa de 2024. O sociólogo avalia que, apesar das tentativas de Bolsonaro e de seu partido, o PL, de voltarem a protagonizar no cenário político nacional, as investidas do poder judiciário contra a família Bolsonaro podem, de fato, retirar o ex-presidente do jogo político.
“Eu acho que se as instituições funcionarem esse ano, se a gente começar a ver tentativas sérias de responsabilização do Bolsonaro, se não houver um mega acordão que desmoralize completamente as instituições, eu acho que o Jair não deve voltar para o jogo assim tão diretamente”.
“O Bolsonaro praticamente fez o bingo do código penal, não tem artigo ali que ele não tenha conseguido infringir. Alguém botou outro dia que na faculdade de direito que ele fez, o pessoal fazia piada que no Brasil tinha um crime completamente imbecil que era importunar cetáceos. E o Bolsonaro conseguiu infringir esse capítulo, quando ele incomodou uma baleia lá na pesca dele em Angra dos Reis”, comenta Barros.
Ainda para o sociólogo, apesar das projeções mais baixas para a economia brasileira neste ano, o país pode seguir em uma trajetória positiva, já que no Congresso, os desafios devem ser menores do que aqueles de 2023. Ele alerta, no entanto, para os desarranjos eleitorais que as eleições municipais podem causar no governo federal.
“O FMI já subiu um pouquinho a nossa previsão, então, as coisas podem melhorar nesse sentido. Agora, não deve ser tão alto quanto foi no ano passado e com menos dinheiro, tudo é mais difícil. Você tem menos dinheiro para distribuir, é ano de eleição em um governo que é constituído por uma frente bastante ampla. E vai acontecer vários casos como esse de São Paulo, que a gente falou, que o presidente e o vice vão ter candidatos diferentes. O presidente e o ministro vão ter candidatos diferentes, isso pode criar também uma certa tensão”.
*Confira a entrevista ao Brasil de Fato na íntegra clicando AQUI
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