Villaverde ressalta papel do Parlamento gaúcho durante ditadura
Porto Alegre/RS - Presidente da Escola do Legislativo Deputado Romildo Bolzan, editora da publicação, o deputado Adão Villaverde (PT) destacou, no lançamento da coletânea "A Ditadura de Segurança Nacional no Rio Grande do Sul (1964-1985) -História e Memória", na tarde da última quinta-feira (09), no salão Júlio de Castilhos, a importante participação da Assembleia gaúcha naquele período conhecido os anos de chumbo . "Além de ter sido uma fundamental trincheira da oposição sediando a resistência à ditadura, o Parlamento realizou duas CPIs vitais- a do caso das mãos amarradas do assasinato do sargento Manoel Raimundo Soares em 1966 e a do sequestro de Lilian Celiberti e Universindo Diaz ocorrido em 1978", salientou ele, ressaltando, também, uma emenda do então deputado Pedro Simon que em 1967 impediu a criação do cargo de vice-governador biônico, acabando com a tentativa de golpe institucional dentro do regime e permitiu que o presidente do Parlamento, Carlos Santos, fosse também o primeiro governador negro em exercício do Rio Grande do Sul.
Outro espaço essencial de resistência do Parlamento, segundo Adão Villaverde (na foto acima com este blogueiro, durante o evento na AL), foi a Comissão de Direitos Humanos presidida deputado Antenor Ferrari (MDB)e criada em 25 de junho de 1980. "Tudo isto está na cronologia da coletânea que, feita de forma sucinta como convém, revela-se extremamente didática e preenche diversas lacunas que existiam no resgate da nossa história, graças a um trabalho qualificado dos pesquisadores que integram a obra", disse ele, ponderando que a cronologia lista ainda todos os 41 deputados estaduais cassados do RS. O primeiro foi Marino dos Santos (da Aliança Republicana Socialista - ARS) em 14 de abril de 1964. Registra também, além dos parlamentares estaduais, os deputados federais do MDB Nadyr Rosseti e Amauri Muller cassados em 1976 e os últimos parlamentares que perderam mandatos no RS, em fevereiro de 1977, os vereadores de Porto Alegre, Glenio Peres e Marcos Klassmann.
Para Villaverde, revisada e atualizada, a segunda edição da coletânea contempla inúmeros pedidos que a Escola do Legislativo tem recebido, vindos desde bibliotecas públicas até entidades privadas, universidades, órgãos nacionais de pesquisa -mesmo que esteja disponível on line no site da Assembleia para pesquisadores.
"O golpe militar de 31 de março de 1964 causou profundos danos ao Brasil e aos brasileiros naqueles tristes idos que até hoje se refletem na vida do nosso país", observou ele."Basta ver a discussões que se travam, com fervor, ainda hoje, em relação às indenizações das vítimas do arbítrio, aos arquivos da ditadura ou ao alcance da anistia promulgada em 1979, com a correlação de forças possível à época, que perdoou vítimas e algozes. E basta ver repercussões nas vidas destroçadas pelas perseguições, pela torturas, pela mortes que foram legadas a parentes, amigos e conhecidos das vítimas, marcando gerações com a dor da violência e das perdas".
Villaverde afirmou que tenta preservar a memória da nossa história, no espaço nobre do Parlamento gaúcho, em que se debate, diariamente, idéias divergentes e convergentes em que aprovamos ou rejeitamos leis. Recordou o Grande Expediente Especial em que saudou a trajetória dos que resistiram à ditadura, dos que lutaram pela anistia e dos que construíram a redemocratização do Brasil.
"Simbolizei a homenagem nas pessoas da Flávia Schilling, do Flavio Koutzii e do Flávio Tavares que, neste período de trevas, estiveram presos em cárceres do Uruguai e da Argentina, caracterizando uma outra face tenebrosa da ditadura brasileira: a de ter celebrado uma parcerias de horror com os regimes ditatoriais do Cone Sul, na chamada Operação Condor", situou ele.
"Hoje, nesta instituição que, muitas vezes, se levantou contra o regime de exceção e defendeu a democracia, as garantias constitucionais e as liberdades individuais é um dia para se dizer, em alto e bom som: NÃO à tortura, que violenta e humilha seres humanos, que lastima almas, alucina corações, enlouquece mentes e até leva ao suicídio. Dizer NÃO, para que não se esqueça mas, sobretudo, para que nunca mais aconteça".
*Fonte: Assessoria de Imprensa do Gab. do Dep. Adão Villaverde - Créditos: Foto 1: Mateus Farias ; foto 2: Marcelo Bertani/Ag. AL.
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