27 fevereiro 2017

Com enredo que enfrenta o agronegócio, Cacique Raoni e lideranças indígenas emocionam em desfile



Da Redação*
Quando o samba-enredo deste ano da Imperatriz Leopoldinense foi anunciado, setores do agronegócio brasileiro articularam uma onda de ataques à escola. O senador Ronaldo Caiado (DEM) chegou a propor a abertura de uma CPI para apurar irregularidades na escola, uma apresentadora de televisão defendeu que os índios deveriam morrer de malária e ser privados de remédios, o vice-presidente da Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) classificou o tema escolhido como “ignorância histórica e mistificação”. O incômodo veio com o samba-enredo “Xingu – O clamor que vem da floresta” e alas que criticavam a expansão do agronegócio sobre território indígena.
No início da madrugada desta segunda-feira (27), a escola, terceira a desfilar na Marquês de Sapucaí, enfrentou na avenida suas críticas. Durante a semana, porém, a Imperatriz, que no ano passado homenageou a vida rural, com um enredo sobre a dupla Zezé Di Camargo e Luciano, mudou o nome de uma das alas mais polêmicas. Retirou “O agricultor e seus agrotóxicos” para “O uso indevido de agrotóxicos”. Em nota, a escola também tentou se explicar dizendo que sempre deu espaço à “diversidade” e lembrando: “a região do Xingu ainda é alvo de disputas e constantes conflitos. A produção muitas vezes sem controle, as derrubadas, as queimadas e outros feitos desenfreados em nome do progresso e do desenvolvimento afetam de forma drástica o meio ambiente e comprometem o futuro de gerações vindouras”.
O último carro alegórico trouxe Cacique Raoni e outras 16 lideranças indígenas em destaque. Pouco depois do desfile, em entrevista à Rede Globo, traduzida por seu neto, Raoni disse que essa “era a primeira vez que os brancos lembravam de seus parentes”.
Cacique Raoni é um caiapó dos metuquitire. Sua tribo só veio a ter contato com o homem branco na metade da década de 1950 e aprendeu português no contato com os irmãos Villas-Bôas, indigenistas que dedicaram seus estudos ao Xingu. Nos anos 1970 e 1980, Raoni ficou conhecido mundialmente por sua defesa da região e da Floresta Amazônica. Ele passou a frequentar encontros com líderes mundiais, como o rei da Bélgica, Leopold III, e participou de uma turnê, em 17 países, com o roqueiro Sting, levando a mensagem do Xingu. (...)
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