24 setembro 2019

Frente com a direita: o PCdoB não aprendeu nada!

PT e os progressistas não devem repetir a Frente Ampla (1966) que ajudou a ditadura



Por Markus Sokol*

Um ato no Tuca, em SP, no último dia 2, criou uma frente: FHC, os ex-governadores Anastasia e Alckmin (PSDB) que enviaram mensagens, com os partidos Podemos e Cidadania, a Força Sindical, a UGT, um grupo do PSDB, segundo o site Congresso em Foco, junto com Ciro Gomes e o PDT, o governador Flavio Dino e o PCdoB, a UNE e Noam Chomsky. Presentes o arcebispo emérito d. Cláudio Hummes e o vereador Suplicy (o PT não foi convidado, nem se fez representar).

Isso se chama Direitos Já – Fórum pela Democracia. “Democracia” cujo manifesto não pede liberdade nem um julgamento justo para Lula.

Para que é, então?

“A narrativa que nos une no passado nos une quanto ao projeto de nação”, disse o governador Dino (PCdoB).

“Une”? Não uniu contra o impeachment de Dilma, nem contra a eleição de Bolsonaro, pois metade dessa turma foi golpista há 3 anos e bolsonarista há 11 meses! Luciana Santos, presidente do PCdoB, explica que foi “na luta para derrotar a ditadura militar no Colégio Eleitoral e a conquista de uma Constituição avançada”.

Mas o PT nada tem a ver com esta estória: o PT boicotou o Colégio Eleitoral da ditadura em 1984, onde o PMDB-PCdoB traíram a campanha unitária dos milhões pelas Diretas-Já, “elegendo” Tancredo-Sarney. A bancada do PT, liderada por Lula, votou contra a Constituição de 1988, que não contemplava a maior parte das aspirações populares e preservava boa parte das instituições do regime militar.

O que foi determinante para o PT crescer depois e se tornar o principal partido operário e popular da história do Brasil.

O PCdoB, de origem stalinista, não aprendeu nada. E parece que depois de se fechar a porta para governar com o PT, o PCdoB involui para a desastrosa política da Frente Ampla do velho PCB, com o deposto presidente Jango (PTB), atrás de parte da direita golpista (Lacerda) e do ex-presidente Kubistchek (PSD, centro-direita), patronal e pro-imperialista, valentemente denunciados por Brizola (PTB). O que desmoralizou a resistência, sem liderança nem programa, com uma aliança oportunista para eleições que nunca vieram.

E hoje?

No manifesto “Direitos Já”, sequer Bolsonaro é mencionado, apenas “a ascensão política de um discurso ultranacionalista, religiosamente fundamentalista, de ataque a instituições”. Como se Bolsonaro-Mourão pudessem mudar o discurso. “O momento”, conclui, “exige união e vigilância constante. É preciso que as forças democráticas do país superem suas diferenças programáticas e estejam conectadas e engajadas em torno de uma pauta comum: a defesa irrevogável dos direitos conquistados”.

O que quer dizer superar as divergências com Ciro, FHC, Podemos e Cidadania? É não falar da Previdência, nem da reforma agrária, nem do aumento do salário mínimo, nem das estatais nem da soberania nacional! Nem, é claro, de Lula Livre. É um manifesto contrarrevolucionário de colaboração de classes.

*Markus Sokol (foto) é economista, membro do Comitê Nacional do DAP e da Executiva Nacional do PT.

-Fonte:  Diálogo e Ação Petista - DAP  
https://militante.petista.org.br 

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