Agora, além da conspiração de 6 de janeiro, Bannon está sendo acusado de desrespeitar o Congresso
Por Luis Nassif*
Uma boa discussão, que esquentará nas próximas semanas, é sobre qual será o destino dos militares da reserva envolvidos na conspiração de Jair Bolsonaro.
Os próceres do Centrão já tiraram o corpo em relação ao vexame da reunião de Bolsonaro com o corpo diplomático. Atribuíram o desastre aos militares de Bolsonaro: generais Braga Neto, Augusto Heleno, Hamilton Mourão, Paulo Sérgio, Luiz Eduardo Ramos.
Com Bolsonaro derrotado, todos eles se tornarão cidadãos comuns. A condição de aposentados os tira da rede de proteção da Justiça Militar. Estarão sujeitos à justiça comum, a procuradores e juízes de primeira instância. E sendo acusados de crimes explícitos.
Os problemas enfrentados por Steve Bannon – o conselheiro-mor de Donald Trump – são um bom ensaio do que espera esses senhores. Ele está sendo julgado por um júri e acusado, pelo promotor, de “torcer o nariz” para o Congresso, devido à sua posição arrogante, de quem não conseguiu entender os novos tempos e a força das instituições.
Como declarou a procuradora adjunta Amanda Vaughn, “o réu decidiu que estava acima da lei e não precisava seguir as ordens do governo como seus concidadãos. Então todo esse caso é sobre um cara que simplesmente se recusou a aparecer? Sim, é assim tão simples.”
Nos próximos dias, o julgamento chegará a Trump, analisando sua atuação no episódio de invasão do Capitólio. Hoje, depois do seu depoimento, Bannon explodiu do lado de fora do tribunal. Ficou esbravejando que Trump foi o verdadeiro vencedor das eleições de 2020, como provavelmente farão os militares aposentados de Bolsonaro. “Eles estão me acusando de um crime?” esbravejava Bannon . “Tenha coragem e coragem de aparecer aqui e dizer exatamente por que é um crime.”
De sua parte, Vaughn fez acusações diretas. “Não foi um pedido e não foi um convite. Era obrigatório que ele desse as informações relevantes para atender o que aconteceu em 6 de janeiro e garantir que nunca mais acontecesse”.
Antes, Bannon já havia sido condenado por um esquema fraudulento de arrecadação de fundos, embolsando recursos que teoricamente seriam aplicados na construção de um muro para impedir a entrada de mexicanos. Assim como Bolsonaro com Daniel Silveira, Trump usou seu poder de indulto para livrá-lo da enrascada.
Agora, além da conspiração de 6 de janeiro, Bannon está sendo acusado de desrespeitar o Congresso.
Segundo o comitê de investigação, Bannon desempenhou “múltiplos papéis”, em relação a 6 de janeiro. Um deles foi estimular a opinião pública a acreditar que as eleições tinham sido fraudadas – o mesmo papel dos generais de Bolsonaro. Na véspera da invasão, bradou que “todo o inferno irá acontecer”, mostrando que tinha informações antecipadas da invasão. As duas acusações de desacato sujeitam Bannon a condenações de 30 dias a um ano de prisão.
*Jornalista, Editor do Jornal GGN, fonte desta postagem.
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