15 abril 2009

Economia















O modelo Collor-FHC

*Por Wladimir Pomar


Desde que o Brasil ingressou fortemente na industrialização, na Era Vargas, houve um pacto entre os capitais estatais e os capitais privados, tanto nacionais quanto estrangeiros. Ao longo do tempo, o grau de participação do capital estrangeiro variou, seja em decorrência de problemas internacionais, seja devido a movimentos sociais pela estatização de setores econômicos, seja ainda por disputas internas entre os próprios segmentos capitalistas.

O período JK, como vimos, foi marcado por um ingresso intenso de capitais estrangeiros, embora acompanhado pelo fortalecimento relativo dos capitais estatais e privados nacionais. O regime militar, nascido com um forte discurso anti-estatal, paradoxalmente ficou marcado por uma abertura ainda maior à entrada de capitais externos (em 1985, a participação estrangeira na produção industrial havia se elevado a 31%), mas também por um intenso processo de criação de novas estatais.

O modelo Collor-FHC, entre 1989 e 2002, caracterizou-se pela tentativa de quebra do antigo pacto, com uma política voltada para a privatização das estatais e para a venda escrachada de ativos privados nacionais, na expectativa de que a nova ordem mundial seria fundada nos serviços e na informática. Entre 1985 e 2002, apenas 17 anos, a participação dos capitais estrangeiros na economia brasileira saltou para 40%. As 100 maiores empresas de capital estrangeiro, instaladas no Brasil, passaram a produzir 57% do valor da produção industrial brasileira.

Em 2002, as filiais estrangeiras controlavam 82% do setor da indústria baseada em ciência, a exemplo da eletrônica, farmacêutica e aeronáutica. No grupo das indústrias de produção contínua, como química, siderurgia e automobilística, elas controlavam 68%. No setor das indústrias de produção diferenciada, como máquinas, equipamentos, instrumentos médicos e eletrodomésticos, seu controle alcançava 73%.

A presença dos capitais estrangeiros só era menor no setor das indústrias intensivas em trabalho, como a têxtil, confecções, de calçados e mobiliária, e na indústria intensiva em recursos naturais, como a extrativa mineral, cimento, alimentos, bebida, madeira e extração e refino de petróleo. No entanto, mesmo neste grupo intensivo em recursos naturais, a participação dos capitais estrangeiros havia saltado de 15%, em 1985, para 24%, em 2002. Ou seja, tal participação cresceu 60%.

Ao contrário da antiga participação, em que os capitais privados estrangeiros construíam novas plantas e, portanto, colaboravam de maneira ativa para a transferência de elementos do modo de produção capitalista para o Brasil, durante o período Collor-FHC os capitais estrangeiros eram estimulados a comprar empresas já em funcionamento, mesmo que fosse para fechá-las e evitar que continuassem como competidores indesejáveis.

A política de Collor-FHC gerou uma tendência perversa, tanto de controle estrangeiro sobre os setores tecnologicamente mais avançados da economia brasileira, quanto para desequilibrar o desenvolvimento dos demais setores econômicos. De um lado, ganharam peso as indústrias baseadas em ciência e na produção intensiva em recursos naturais, enquanto perderam peso, minguaram ou foram destruídas as indústrias intensivas em trabalho, essenciais para a produção dos bens da vida cotidiana.

Ocorreu uma desindustrialização intensiva, fazendo surgir um Frankenstein produtivo, de cadeias produtivas descontínuas, sem sinergia e de baixa competitividade. Este foi o resultado mais dramático do conjunto das políticas macroeconômicas e macro-sociais neoliberais, levadas a cabo pelos governos Collor e FHC. Pretender comparar tal política com a política do governo Lula é o mesmo que não entender a natureza do neoliberalismo e confundir alhos com bugalhos.

*Wladimir Pomar é escritor e analista político.

Fonte: Correio da Cidadania

Um comentário:

caio disse...

Caro Julio:Faz dois dias a policia boliviana matou 1 e deteve 2 terroristas croatas, que já confessaram ter cometido o atentado contra a casa do arcebispo de Santa Cruz,orquestrado para incriminar o governo boliviano e encontrou planos e explosivos para matar Evo e seu vice.O verdadeiro combate em Santa Cruz anteontem,quinta, destruiu 30 apartamentos do hotel del las americas.A imprensa brasileira , de direita e de esquerda, ignora o fato.Porque vocês são assim tão obtusos e não percebem que o combate ao cerco da mídia deve se dar pela denuncia da censura, do mau funcionamento da mídia controlada e não pelo simples responder obedientemente, como carneirinhos, à pauta ditada por chefinhos de redação da Folha?A mídia golpista protege assassinos! ISSO É UMA NOTICIA! NÃO PERCEBEM?A CENSURA DA MIDIA DEVE SER ENCARADA COMO NOTICIA TAMBÉM!E DENUNCIADA!PARA DESMORALIZÁ-LA!LEIA ISSO AQUI e vá até www.abi.bo e parem de dar as costas para o que acontece na Bolivia e Venezuela, como faz a mídia golpista!A luta dos povos deve ser internacional, aprendendo com a experiência dos outros povos....veja isso aqui...Um dos terroristas era correspondente credenciado da BBC de Londres!Pelo menos me dê o privilégio da duvida e visite o site da agencia boliviana de informações e veja como existe um fato concreto de censura da mídia e que a propria midia de esquerda, É PAUTADA APENAS PELAS MERDINHAS QUE OS CHEFES DE REDAÇÃO DA BURGUESIA INVENTAM!http://www.abi.bo/index.php?i=no..._Expocruz_(ABI)